A Consciência de Ricky Prosper escrita por Bianca Ribeiro


Capítulo 16
Loyal


Notas iniciais do capítulo

I'm saying something I should've never thought of you...



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Acabo de eliminar um Cinzento.
É o terceiro que encontro desde que cheguei à Terra há três meses, e sem dúvida o mais fácil de matar. Ele estava dirigindo tão distraído e tranquilo, que sequer notou minha faca arrebentando sua garganta.
O único grande problema é o estrago que a porcaria do caminhão causou em um dos muros da porcaria da escola. Como parte da Armada Mercenária dos Sombrios, terei descontado do meu salário o dinheiro para reparar esses danos. Porque é assim que as coisas funcionam para nós, assassinos contratados de Nobre Vida: quanto maior o prejuízo que causarmos em nossas caçadas na Terra, menor a recompensa a nos ser dada. O motivo disso? Discrição absoluta. Os humanos não devem ter a mínima ideia de que invadimos seu mundo e que estamos caçando uns aos outros nele.
Maravilha.
Salto do telhado de onde lancei minha faca e corro até o local onde o caminhão parou. Dentro dos corpos de Iluminados, Cinzentos e Sombrios há uma espécie de pedra de vida que serve como aquilo que os humanos chamam de coração. Quando elimino uma vítima, preciso arrancar sua pedra e levá-la para o pessoal da Armada Mercenária, como prova de que o trabalho foi cumprido e como garantia de salário. Devo chegar ao Cinzento do caminhão antes que...
Ah, droga.
Reconheço os cabelos castanhos de Lola no instante em que meus olhos pousam neles. Aquela cor é tão exótica que sempre chama minha atenção. A garota está perto demais do caminhão arrebentado e seu rosto vermelho e molhado demonstra horror e desespero. Uma expressão intensa demais. Humana demais.
Quero dar meia volta e evaporar antes que ela me veja, mas se eu não conseguir a pedra do Cinzento, não poderei me manter por mais este mês. Por isso, enrosco-me numa árvore exatamente acima da carroceria do caminhão e observo.
Ver Lola desolada dessa maneira me dá uma sensação tão desconfortável que acho que eu seria capaz de saltitar na frente dela e fazer palhaçadas para fazê-la sorrir. Que coisa mais idiota.
– Lola! - alguém se aproxima. Uma professora que semana passada ameaçou me reprovar. A mulher vê a cena e começa a gritar por ajuda, mas Lola de alguma forma a conforta.
– Já chamei uma ambulância - diz, segurando o ombro da professora.
– Quando foi que aconteceu? Não ouvi nenhum barulho de lá de dentro...
– Foi bem agora - funga Lola. - Ele deve ter perdido o controle e...
A professora abraça a garota.
– Você viu tudo? Oh, coitadinha...
– Acho que devemos chamar o vice diretor -murmura Lola, olhando para o muro derrubado. - Ele vai querer dar uma olhada nisso.
– Sim, sim. Farei um comunicado já - a professora assente. - Você deve ir para casa agora, meu bem. Vá e descanse.
– Mas e quanto ao...
– A ambulância já deve chegar, não é?
Lola assente.
Vá embora, imploro em pensamento. Vá para casa.
Quero essa garota fora da minha vista, bem longe de mim. Ela é perigosa. Ela me atrai.
E ela vai embora em silêncio.
Suspiro, aliviado.
– Você realmente pensa que pode se safar disso? - diz uma voz desafiadora e... feminina.
A professora está olhando diretamente para mim com uma carranca furiosa. Há algo errado.
– Conte até três, Sombrio! - ela rosna. - É o tempo que vai levar para eu acabar com você!
Iluminada.


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Notas finais do capítulo

Hey, hey! Obrigada por lerem!



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