A Consciência de Ricky Prosper escrita por Bianca Ribeiro


Capítulo 15
Lola


Notas iniciais do capítulo

And it feels like I am just too close to love you...



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Saio da sala do vice diretor em silêncio. Sou a terceira que eles interrogam e não importa o que eu faça, minhas mãos não param de tremer.
Alguém atacou nossa sala de aula. Quando a direção da escola não obteve ninguém para culpar, chamou a polícia. Agora as coisas estavam sérias e Effy ainda está desaparecida.
Não tenho motivos para achar que minha melhor amiga pode estar envolvida nesse atentado contra nossa turma. Mas eu acho. Tenho quase certeza. E me sinto péssima por isso.
Effy sempre fez de tudo para esconder informações sobre ela mesma, mesmo as informações mais simples como quem são seus pais, onde ela vive, de onde veio... Nunca me ocorreu desconfiar dela. Até agora.
Por quê?
Dobro a esquina de um corredor e me deparo com um grupo de garotas conversando entre si. Reconheço Thalia, da turma de Química, e vejo que ela está chorando muito.
– Thalia?
As garotas me encaram.
– Eles acham que foi Brett - Thalia choraminga, sacudindo-se com um novo ataque choroso.
Brett é o namorado de Thalia e vive se metendo em encrencas com vandalismo. É esperado que desconfiem dele.
– Mas ele estava comigo! Ele estava comigo, eu juro!
– Calma, calma - uma das garotas a abraça.
– Se não foi mesmo ele, vai ficar tudo bem - eu digo, meio sem jeito. - A verdade acaba aparecendo, de uma maneira ou de outra.
Thalia olha para mim e funga.
– É.
Esboço um sorriso e me afasto. Onde foi que Effy se enfiou? Por que ela simplesmente saiu de cena daquela forma tão suspeita? Por que fugiu?
Esbarro em alguém e ouço um xingamento.
– Oh, desculpe - digo. Então olho para a pessoa em quem esbarrei.
Loyal.
Ele para e me encara, inexpressivo.
Entediado.
– Não foi nada - diz.
Encaro seus olhos escuros. Ele é bonito de uma forma rústica e até mesmo sombria. Meu coração começa a acelerar.
– Fique atenta - Loyal murmura, sem olhar para mim -, há coisas estranhas acontecendo por aí.
Abro a boca, mas fecho novamente. Não consigo encontrar minha voz.
Loyal inclina-se para perto de mim, a ponto de eu sentir o cheiro de seu perfume. Meu rosto arde. Tenho certeza de que ele pode ouvir meu coração descontrolado.
Seus olhos encontram os meus.
– Não vá se machucar - sussurra. Sua testa está quase encostada na minha.
Engulo em seco.
– Não vou - consigo dizer.
Loyal hesita. E então se afasta lentamente e vai embora sem dizer mais nada ou olhar para trás. Apoio as costas contra a parede e recupero o fôlego. Por um momento, achei que Loyal fosse me beijar. Por um momento, eu realmente desejei que ele fizesse isso. Mas há algo estranho nele, algo que eu não sei descrever...
Solidão.
Loyal exala solidão.
– Pare, pare com isso - sussurro para mim mesma, dando tapinhas em meu rosto. - Não se envolva com caras encrenqueiros. A própria Effy disse: esse cara é problema. Loyal é problema.
Preciso me concentrar em meus estudos e em descobrir o que está acontecendo com minha melhor amiga. Não há espaço para romance. Tenho sorte de ter levado um fora dele. Não preciso de mais um problema. Não preciso.
Guardo meus livros em meu armário e vou para casa, preocupada. Effy também não me deu seu número de telefone. Vou esperar até amanhã para falar com ela e esclarecer as coisas.
Assim que piso na calçada da escola, ouço uma buzina alta e um caminhão vem serpenteando na rua em minha direção. Recuo para fora de seu alcance e caio de costas no chão. O caminhão só para quando colide com o muro da escola, fazendo um estrondo horroroso. O motorista deve estar muito, muito ferido.
– Socorro! - grito, enquanto tiro o celular do bolso para chamar uma ambulância. - Socorro!
Emergência, em que podemos ajudar?
– E-eu acabei de presenciar um acidente! Por favor, mandem ajuda!
De onde a senhorita fala? Qual a situação?
Ouço um grito masculino vindo de dentro do caminhão e corro até lá.
O parachoque do caminhão está destruído e os vidros quebrados. Por entre a fumaça do motor vejo apenas uma coisa, que sem dúvida me fará ter pesadelos pelo resto da semana.
O motorista está desacordado, debruçado sobre o volante com os braços flácidos. Seus olhos são amarelos e estão esbugalhados.
Há uma faca negra atravessando seu pescoço.
Sangue por toda parte.
Eu grito.


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Notas finais do capítulo

Ooooooi, gente! Eu sei, eu sei... demorei demaais para voltar a postar. É que com tudo o que tem acontecido não tenho nem tempo para escrever, me perdoem! Mas está aí um capítulo para quem me pediu com tanto carinho para continuar. Obrigada por ler!



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