Londres, 3 de julho de 1992.

Oi, Ron!

Tudo bem? Já mandei uma carta para o Harry e agora estou enviando esta para você. Acho bom escrever para vocês porque assim não me esqueço de Hogwarts.

Aqui em casa tenho que deixar minha varinha e caldeirão escondidos e, com muito custo, consegui autorização para usar os livros de magia. Meu pai e minha mãe ainda não entendem muito bem que sou uma bruxa. Foi difícil para eles me matricular em Hogwarts. Só aceitaram porque não sabiam como me ajudar a “controlar os poderes estranhos” que eu tenho. Pensavam que na escola eu aprenderia a controlar isso, entende? Mas a primeira coisa que papai me perguntou, quando cheguei de férias, foi se agora eu já conseguia ter esse controle e podia voltar para a “escola normal”.

Eu me sinto um peixe fora d’água. Aqui não aceitam que sou bruxa. Em Hogwarts, alguns alunos acham que não sou “bruxa de verdade” porque venho de uma “família trouxa”. Ainda bem que agora você e Harry são meus amigos.

Agora somos amigos, não é? Depois de tudo que passamos juntos, penso que sim. Mas eu cheguei a acreditar que jamais haveria amizade entre você e eu. Fiquei triste quando disse que sou um “pesadelo”. Você ainda acha isso, Ron? Fala a verdade! Detesto mentiras.

Nesse meu primeiro ano em Hogwarts, fiquei surpresa em ver que alunos de famílias bruxas, os “sangues-puros”, como vocês chamam, não têm mais facilidade para feitiços do que eu, que sou de família trouxa. Isso mostra que o importante é estudar e você e Harry precisam estudar mais.

O segundo ano é bem difícil. Deixa a preguiça de lado, Ron, e aproveite as férias para rever algumas matérias. Eu estou fazendo isso, com o incentivo da mamãe. Meu pai acha que eu deveria ler apenas livros trouxas.

Devo ir à França para ver meus tios e primas, que moram lá. Vamos passar alguns dias na praia. Eu gosto muito do mar.

Como vão ser as suas férias? Não deixe de me responder. Vou ficar muito zangada com você se não me escrever.

Afetuosamente,

Hermione