–Tempo, por favor- peço, quando Aryeh parece ter acabado. -Onde é que entramos nisso mesmo?

–Bom, vocês chegaram quando Erik sumiu. Os acontecimentos devem estar de alguma forma interligados- Aryeh, o primo de Alyss conclui.

–Aryeh está certo- Alyss concorda. -De alguma forma, algo ou alguém nos tirou da Torre e trocou de lugar com Erik.

–Mas o que pode ter sido?- Owen sobe a dúvida. -O Caveira Vermelha, não. O Mandarim, não. Os Skrulls também não.

–Que tal Loki?- James sugere. -Temos mil motivos para suspeitar dele.

–Verdade, temos- Howard continua. -Mas exatamente por isso não deve ser ele.

–E o Aryeh disse que isso parece ser algo maior que o Ragnarok- May diz. -Então não deve ser Loki, certo?

–Não devemos desconsiderar- Alyss especula.

–Não devemos desconsiderar nada, pequena Alyss- uma voz diz atrás de nós, e nos viramos para ver quem é. Um homem extremamente parecido com Aryeh, mas até ainda mais bonito, sorri. Ele usa um manto roxo como o de Aryeh, e um distintivo de mão para prendê-lo. Isso, somado à toda a minha experiência com Game of Thrones me leva à conclusão de que ele é a Mão do Rei. Em outras palavras, é Balder, o tio de Alyss; e ela corre para abraçá-lo. -Senti sua falta.

–Eu também, tio- ela devolve. -Que faz aqui?

O deus sorri.

–Estava a procurar Aryeh, mas...- ele mira seu filho, que faz um meneio de cabeça reverente. -Já achei. Explicou tudo a eles?

–Tudo de que me lembro, pai- o jovem aesir devolve.

–Ótimo. Eles sabem quanto?

–Pouco, assim como nós. Seja lá o que for, não vem de Midgard.

Balder suspira pesadamente e corre a mão pelos cabelos.

–Sinceramente, meu filho? Eu preferiria se estivesse vindo de lá- diz, visivelmente exausto. -Nem que estivesse destruindo Midgard, Aryeh. Qualquer coisa seria melhor do que esse silêncio que temos.

–E Svartalfheim?- Alyss pergunta. -Aryeh disse que meu pai foi para lá.

–É verdade, pequena Alyss- Balder concorda. -Mas foi uma semana depois de sua ida que descobrimos sobre o desaparecimento de Heimdall, que é o que sabe controlar Bifrost. Portanto, não sabemos o que acontece em Svartalfheim.

–Ou em Midgard- Owen inteligentemente acrescenta, lançando um olhar preocupado ao seu irmão.

–Sem contato com lugar nenhum- Howard termina.

–E sem nenhuma ideia do que está impedindo que voltemos- May anuncia. -Amigos, estamos numa fria.

Alyss e James compartilham comigo um olhar significativo. Estamos numa fria? May nunca esteve mais certa. Não temos nenhuma ideia do que está havendo? Não exatamente, mas chegaremos lá.

Abro a boca para verbalizar meus pensamentos quando James me fuzila. Percebo que ele não confia o suficiente no nosso mais novo amigo para falar disso, então decido calar a boca.

–Qual é o plano?- pergunto à Balder.

–O que disse?

–Qual é o plano?- repito, mais alto. -Tem de haver alguma coisa que possamos fazer. Não dá pra gente ficar parado aqui olhando o mundo ruir.

May coloca a mão no meu ombro.

–O Ben tá certo- diz ela. -Deve ter algo que possamos fazer.

–Bom,- Aryeh diz. -talvez se nós-

–Aryeh, esse assunto estava encerrado, se lembra?- seu pai o interrompe. -Não falamos mais sobre isso.

–Mas, pai, nós não podemos ficar aqui! O midgardiano está com a razão!

–Aryeh, basta- Balder levanta a mão, se impondo. -É muito arriscado, não podemos fazer isso. Assunto encerrado.

A sala cai num silêncio constrangedor depois das palavras da Mão do Rei. Olho para minha irmã, dizendo-lhe com os olhos que estava agradecido. Ela esboça um sorriso condicente, em resposta,; e levanta as sobrancelhas na direção de Balder, em uma pergunta clara: "Qual é o problema dele?"

"Talvez ele só não queira dar ouvidos à midgardianos ignorantes", respondo, ainda sem falar.

"Aryeh não é midgardiano"

"Mas estava nos apoiando"

"E nós não somos ignorantes"

"Podemos ser"

Daí ela se irrita comigo e desvia o olhar, torcendo o narizinho da mamãe.

Suspiro. Por que é que, com milhões de possibilidades, eu tive de ser gêmeo de May Parker?

Balder se põe de pé de supetão, e o miramos.

–Bom, alguém tem que trabalhar por aqui, creio eu- ele mita seu filho, então. -Por favor, Aryeh, nada de coisas muito arriscadas.

Aryeh suspira e engole em seco em resposta, ao passo que seu pai deixa a sala.

–Nós vamos tentar algo arriscado?-pergunto, quase de imediato.

Aryeh levanta os olhos para mim, e os desce de novo para o livro.

–E muito.

***

–Achei que fossemos fazer algo arriscado- sussurro ao pé da orelha de James, sentado ao meu lado.

–Já somos dois-ele devolve, emburrado, enquanto coloca mais um pedaço de guisado na boca.

Owen balança a cabeça educadamente.

–Vocês são realmente muito implicantes- diz ele, atraindo a atenção de Howard. -Sabem que vamos fazer algo, e que não vai ser nada fácil. E mesmo assim, só porque o cara é mais bonito e tem mais ideia do que está havendo...

Howard dá um tapa na orelha de seu irmão, que desvia meramente.

–Fala sério, Owen. Aquilo não te incomoda seriamente?-diz, e meneia a cabeça para a mesa onde Alyss está.

Como princesa, ela se senta à cabeceira, May ao seu lado. Do outro, Aryeh e as duas meninas(e que meninas) na companhia de Balder e Sif.

Não que estejamos longe delas, mas James e Howard ainda se mordem de inveja.

May me lança um olhar, lendo meus pensamentos: "Como se você não estivesse morrendo de ciúmes". Torço o nariz e encho meu chifre de ponche.

Seria uma longa noite.