POV Freddie

Ok. Essa eu não entendi. Ela me beija, diz que gosta de mim. Eu a beijo, ela reage. Depois me diz pra não fazer de novo. Desisto de tentar de alguma forma entende-la. O pior é que eu gosto dela. Mesmo sem entender o porquê, afinal passamos por todos esses anos um querendo voar no pescoço do outro, odiando um ao outro. Tudo foi tão de repente, o beijo, ela dizer que gosta de mim.

Estou tentando falar com ela há mais de uma hora e nada. Já mandei mensagem e ela não retorna. Melhor ir até a Carly e ver se ela tem alguma notícia. Bato em seu apartamento e uma voz me avisa que posso entrar.

– Então, alguma notícia? – Pergunto.

– Nada ainda. – Carly vem em direção à sala e se joga no sofá preocupada. – Estou lingando faz horas e ela não atende, liguei pra casa dela, pra tia dela e nada.

– Não sei mais o que fazer. – Me sento na beirada do sofá.

– Calma Freddie, vamos encontra-la e esclarecer tudo o que está acontecendo.

– Sabe, eu nem sei mais se quero esclarecer. Isso tudo é muita loucura.

– Você e a Sam juntos? Sim. É uma loucura. Mas eu gosto disso. – Ela solta uns risos.

– Acha que daria certo?

– Não sei. A Sam é muito imprevisível, principalmente nesses últimos dias. Pode ser que um dia ela seja toda adorável contigo, o que seria uma raridade, mas pode ser que mude com um namoro; e pode ser que ela acorde um dia querendo arrancar sua cabeça fora.

– Essa última parte eu já vejo todos os dias.

– Mas o que eu sei sobre isso? Namoro o rapaz mais fofo mundo. – Ela suspira.

– Eu só estou preocupado.

– Eu também, mas nós temos que...

Neste momento a porta se abre e uma loira, toda calma e tranquila entra por ela.

– Olá. – Ela diz indo em direção a geladeira, novidade.

– Sam! – Carly a repreende.

Ela se vira já mordendo em seu presunto.

Isso não é possível. Ela não existe mesmo. Depois de tudo que aconteceu ela ainda age normalmente como se não devesse nenhuma explicação.

– Dá pra você parar como isso?

– Oh, desculpe, não sabia que não podia comer. – Ela olha para o presunto e começa a guardar.

– Não estou falando disso Sam!

– Uai, então. – Ela desembrulha e começa a comer de novo.

– Chega! –grito – Já estou cansado desse joguinho seu Sam. De você sempre fugir e se esconder das coisas e depois fingir que nada aconteceu.

– Mas gente. Esqueceu-se de tomar seus remedinhos hoje Benson? – Ela diz toda irônica comendo o presunto.

– Olha aqui Sam, fique sabendo que eu não vou mais cair nessas suas brincadeirinhas idiotas. O que eu estava pensando? É Claro que foi tudo um jogo, me beijou, disse que sente algo por mim e quando penso que também posso sentir o mesmo você vai lá faz isso? Humilha-me na frente de todos. Desculpe-me, mas cansei de ser seu palhaço. – Disse num tom tão sarcástico e com ódio no olhar que pude ver seus olhos segurando certo medo. Carly me olha toda assustada.

– Calma Freddie está tudo bem. Deve haver alguma explicação para tudo que aconteceu. Não é Sam? – Carly diz e olha para Sam.

– Não me importo com o que você pensa. Eu não sou esse tipo de pessoa que entra com joguinhos, eu simplesmente faço as coisas e deixo bem claro minhas intenções. E outra, não te devo satisfação Nerd.

– Ah quer saber? Não suporto mais olhar pra você. Vou embora. – Me direciono para porta, sem olhar pra trás, quando ela diz algo que me obriga a parar e ouvir.

– Não se preocupe. Você não vai mais precisar.

– Como assim Sam? – Carly pergunta.

– Vou me mudar pra casa de uns tios em Los Angeles.

Neste momento estou parado em frente à porta com a mão já na maçaneta e cabeça baixa. Respiro fundo e tento não me questionar sobre o que acabei de escutar, então em silêncio, simplesmente saio e fecho a porta deixando Sam atrás dela, completando seu ponto final da frase.

Los Angeles. Está ai, uma boa. Ela vai ficar bem. Não era isso que você sempre sonhou Freddie? Um mundo sem a diaba loira, só você a Carly. Ok, eu não quero isso mais. Nem sei se cheguei um dia querer de verdade. É claro que ela vai fazer falta, temos o iCarly. Ai, agora vejo como ela é egoísta e só olha pro seu próprio umbigo. Ela num pensou no programa, quando tomou essa decisão. Admito que sem ela, não vai ser tão bom. Não pensou na Carly, sem sua melhor amiga. Cara, não pensou em como estou me sentindo.

Como estou me sentindo. Nem eu sei. Tipo, eu gosto dela. Aquele beijo significou algo. Pra mim.

Deitado, fazendo absolutamente nada, a não ser enrolando em meus pensamentos, ouso meu celular tocar e vejo no visor, ser Carly. Não quero atender, ela vai começar a dar aquele discurso moral dela, mas resolvo atender para apenas socializar um pouco.

“ – Oi Carly.

– Oi, Freddie. Então, preciso que você me busque aqui na clinica daquele psicólogo da Sam agora.

– Como assim? O que faz ai?

– Eu vim acompanhar uma amiga minha.

– Que amiga?

– Não. Não é a Sam. Você não conhece. Venha logo. Tchau.”

Ela desliga e eu não entendi nada. Mas resolvo ir mesmo assim.

Chego a clinica e Carly vem logo me receber.

– Que bom que veio. – Ela logo me puxa

Entro no lugar e não encontro ninguém além dela e o psicólogo.

– Então, cadê sua amiga?

– Ela foi ao banheiro, olha preciso que você entre aqui. – Ela logo me empurra para uma salinha apertada e logo fecha a porta.

– Mas o que significa isso? – Tento abrir a porta, mas ela está trancada.

– Ela trancou a porta com um sistema de segurança que não abre tão fácil. – Olho para trás a vim de verificar essa voz e encontro Sam sentada encostada na parede.

– Ahhh – Grito – Mas o que você está fazendo aqui? Carly, quer por favor me explicar isso?

– Vocês não vão sair dai enquanto não conversarem e se entenderem. Mesmo que demorem anos!

– O que?

– Isso mesmo. E não adianta fingirem, que estou monitorando vocês por uma câmera que vê e escuta tudo.

– Como...Não pode me deixar trancado com essa coisa aqui.

– Acha que to bem aqui com um nerd? – Sam diz.

– Não to nem ai pra você. – Me viro.

– Estamos num lugar tão pequeno pra correr Benson, não devia falar assim comigo.

– Ouviu isso Carly? Ela vai me matar! – não ouço nada de Carly – Carly?

– Ela desligou o microfone.

Contenho-me e sento encostado a parede em frente a loira. Ficamos em silêncio por alguns minutos.

– Me desculpe. – Ela diz baixinho.

Em meio a tantas interrogações, eu apenas disse:

–Está tudo bem.

– Eu sei que não está tudo bem Freddie. Eu devo muitas explicações. Só não sei se este é o momento certo para dá-las.

– E quando vai ser o momento certo Sam?

– Quando eu conseguir entender o que está acontecendo comigo.

– O que está acontecendo é simples. Você está com medo de admitir que está gostando de verdade. Mas isso é normal, não precisa ficar fugindo.

– Não estou fugindo. Eu só...

Aproximo-me dela e fico bem em frente a ela.

– Deixe-me te ajudar a entender Sam.

Ficamos nos olhando fixamente por alguns segundos, quando ela levanta.

– Não. Sai de perto de mim. – Ela vai para o outro canto da sala e fica de costas para mim.

– Ai fez de novo. Fugiu de novo. – Levanto-me e vou até ela.

– Não quero sua ajuda. Eu vou me mudar e tudo vai se resolver.

– É o que você acha. Mas nada se resolve quando deixa pra lá, não vai sumir. Tudo que aconteceu ainda vai fazer parte das nossas vidas.

Ela não diz nada e simplesmente começa a bater na porta pedindo pra que Carly a tire de lá. Se que posso me arrepender, que posso acabar saindo morto dali, mas preciso tentar. Nem que for pela última vez. Tenho sim amor à vida, mas tenho que arrisca. Aproximo-me mais dela, pego em seu braço e a puxo para um beijo. Não sei o que vai acontecer depois que eu a soltar, provavelmente vou ficar sem alguma parte do meu corpo, mas a sensação dos meus lábios nos dela é tão confortante que não penso em nada que virá depois. Percebo que ela deve estar pensando da mesma maneira. Ambos queríamos isso de novo. Eu sei.