– E o que temos para hoje ? – Perguntou Ashe, sentada a mesa do café da manhã.

– A princesa Mauvole, da tribo Dervish Ice, faleceu hoje de manhã. – Anivia respondeu.

– Uma pena.

– Seria muito bom se você fosse prestar seus pêsames.

– Eu irei. – Ela levantou da mesa, se retirando para seus aposentos.

Prendeu o cabelo em um coque enquanto pensava sobre a tribo Dervish Ice. Colocou um vestido longo e preto. Eram poucos, a maioria bárbaros, mas eram diferentes de Sejuani. Arrumou as mangas do vestido, colocou seu capuz e se retirou para os estábulos, indo a procura de seu cavalo negro. Não sabia quem assumiria o comando, não se lembrava de algum parente da princesa Mauvole. Montou no cavalo negro e cavalgou até Dervish Ice. Ficava ao lado de Rakelstake, por isso não foi necessário uma grande cavalgada. Foi muito bem recebida pelas bárbaras da tribo. Lá não havia restrição de sexo, todos eram lutadores fortes, brutos e preparados. No velório da princesa Mauvole, prestou seus pêsames e fez um pequeno discurso, no qual pediu a Avarosa que ajudasse a alma de Mauvole a descansar em paz. Mauvole era uma grande amiga de sua mãe, e Ashe desejava que, se houvesse outro mundo, as duas poderiam ficar juntas e felizes. Após participar da caminhada, surpreendeu-se com o número de bárbaros que havia nela. Não imaginava que ainda houvessem tantos daquela linhagem. Montou em seu cavalo e voltou para Rakelstake.

Era noite e Ashe soltou o cabelo e tirou os sapatos, sentando-se na cama. Colocou os pés em cima de uma almofada e ia encostar a cabeça no travesseiro, quando alguém bateu em sua porta.

– Quem é ? – Ela perguntou.

– Rainha, temos visitas.

– Diga a visita que já estou indo. – Ela suspirou. Calçou os sapatos novamente e vestiu a capa e as luvas. Não se deu ao trabalho de bagunçar o cabelo desgrenhado. Trocou o vestido preto e longo por o seu habitual curto e sem mangas. Saiu do quarto dessa forma e caminhou até a sala de jantar.

Quando abriu a porta, ficou surpresa; na mesa estavam servindo-se Lissandra, Sejuani e um homem que não sabia quem era.

– Princesas. – Ela curvou-se, fitando Lissandra com os olhos azuis. – Desculpe-me a ignorância…

– Tudo bem. – O homem falou, sorrindo. Ashe notou que ele comia como um bárbaro. – Príncipe Tryndamere, de Dervish Ice.

– Oh… – Ela soltou um suspiro de surpresa, sentando-se a mesa. – Lamento pelo o que aconteceu com Mauvole.

– Causas naturais. Todos morremos um dia. – Ele respondeu com naturalidade.

– A morte de alguns pode ser adiantada. – Sejuani sorriu. – O que estamos comendo ?

– Carne de porco. – Não era isso. Mas Ashe respondeu com indiferença enquanto servia-se. Lissanda riu. – A que devo vossas humildes visitas ?

– Foi um convite de Tryndamere. – Lissandra falou pela primeira vez.

– Então quer dizer que… Tryndamere convidou vocês para vir a minha casa sem que eu soubesse ? Digo, não esperava visitas para hoje.

– Mal educado da parte dele. – Sejuani comentou.

– Me desculpe, vossa alteza, eu… – Ashe notou o envergonhamento na voz de Tryndamere e fez sinal para que ele parasse, pegando a taça de vinho.

– Tudo bem, tudo bem. Podemos ir direto ao assunto ?

– Claro, claro. Bem… – Ele começou. – Soube que princesa Lissandra uniu forças com Rakelstake. Correto ? – Ele olhou a Praeglacius.

– Sim, correto. – Lissandra respondeu com naturalidade, tomando uma taça de vinho.

– E, bem, quero que aceite meu convite. O convite de Dervish Ice. Para unir forças com Rakelstake.

– Rakelstake aceita sua oferta. – Ashe sorriu.

– Ótimo.

– Sejuani.. ainda há tempo. – Ashe olhou a outra princesa.

– Não me esconderei atrás do escudo de outro. Sua decisão é humilhante e nojenta, Tryndamere. Como bárbaro, esperava mais de você. – E dito isso, Sejuani deixou Rakelstake.

No fim do jantar, Ashe acompanhou Tryndamere e Lissandra até a corte do castelo.

– Está uma nevasca e tanta… vocês vão mesmo ?

– Não há nevasca que me insulte, criança. – Lissandra sorriu, desaparecendo vento a dentro. Ashe sorriu também.

– E você, Tryndamere ?

– Eu ficarei. Obrigada pelo convite.

– Bem, somos aliados agora.

Ashe estava dormindo como uma criança. Tinha essas recaídas de idade de vez em quando. Era uma noite especialmente fria. Ela dormia com uma roupa curta e pelo menos três cobertas feitas de pele de urso. Ouviu alguém entrar no quarto dela. A vela apagou-se. Ela abriu os olhos. Era uma sombra alta e grande. Uma mão puxou as cobertas de Ashe, fazendo seu corpo ficar exposto. A sombra aproximou-se e colocou a boca perto do pescoço da arqueira, beijando-a ali. Ela se arrepiou e se remexeu. Foi então que a sombra a tocou na cintura e subiu a poca para a da arqueira, mordiscando aqueles lábios carnudos. Quando a boca desconhecida subiu mais um pouco, Ashe puxou uma adaga e bateu na cabeça do desconhecido, ouvindo um urro de dor.

– Qual é, Ashe ? – O desconhecido reclamou.

– Tryndamere ? – Ela sentou, arfando e olhando para o guerreiro. – O que caralhos você estava fazendo ?

– Seremos rei e rainha agora, acho que devíamos nos acostumar com isso.

– Essa união não passa de algo diplomático, isso não tem nada a ver com os meus sentimentos.

– Não há mulher em Dervish Ice que resista a mim.

– Você não está em Dervish Ice! Você está em Rakelstake, coloque-se no seu lugar! E suma daqui antes que eu chame alguém para te por no teu devido lugar! Se quer fazer isso, faça com as vagabundas de Dervish Ice! – A arqueira arfava, segurando a adaga com força, enquanto o observava ir embora.

Deitou e sonhou com o menino loiro novamente.