Eles estavam certos de que a matariam, e jogaram suas espadas nela.

– Não parece tão autoritária agora, parece ? – Perguntou um deles.

– Por que não brincamos de tiro ao alvo com ela ? – Sugeriu o outro.

– Ah sim, dê-me a espada. – Ele pegou a espada do companheiro e, com uma mira surpreendente, tentou atingir Ashe.

Ela não soube o que fazer. Sabia que ia morrer, mas não daquele jeito. Sua mãe morreu como uma guerreira, então, por que não ela ?

O primeiro reflexo que teve foi pegar a pedra que cobria a tumba e usar como escudo, se protegendo das milhares de espadas e pedras que eram atiradas contra ela. Foi quando uma espada feriu sua coxa gravemente que ela largou a pedra e agarrou sua própria perna, gemendo de dor. Deitou-se na neve fraca que invadia a caverna pelas nevascas, vendo a trilha vermelha se formar em volta dela. Deitou a cabeça no chão enquanto as esmeraldas iam perdendo o brilho, e as pedras continuavam vindo. Foi quando viu o brilho de uma arma azul. Pensou em ignorá-lo, mas não o fez. Não foi ela que pensou em não o fazer, foi uma força dentro de si que lhe deu fé. Esticou o braço e pegou a arma. Era um arco azul. O mais belo que já tinha sido feito em toda Freljord. Não teria outro assim no mundo. Não naquele mundo.

Quando esticou o braço para pegar a arma, gritou de dor. Não largou a arma de jeito nenhum. Seus gritos se tornavam mais e mais fortes. Se sentia nua em uma geada, a geada mais forte que Freljord inteira já havia visto. Era como o gelo tomando conta do seu corpo. Seu braço, seu corpo, sua perna ferida, e então sentiu que não tinha mais consciência de nada. Sentiu um poder sair de seu coração, um poder familiar, algo que sempre viveu dentro dela, só estava esperando para ser despertado.

Ashe virou-se para seus assassinos. Os que viveram (por um curto período de tempo, antes de Ashe atirá-los como comida para os lobos) disseram que não havia esmeraldas em seus olhos. Seus olhos estavam tão azuis que alguns diziam que era brancos, que não havia íris ou pupila. O cabelo tornou-se tão loiro que alguns disseram que estava albino. Disseram que não era a rainha Ashe que estava ali, que era outra rainha. A rainha Avarosa.

A loira ficou ereta e apontou o arco para eles. Sete flechas se formaram a partir da própria umidade do ar, e Ashe deu o comando para elas investirem. De sete em sete, as flechas de gelo atravessaram o crânio e a garganta daqueles que a humilharam e zombaram dela, até, a frente dela, a morte caminhar e recolher as almas que ali estavam. Quando ela retomou a consciência, ficou pasma. Não estava mais machucada, e estava sozinha, tirando as almas que flutuavam a sua frente. E a figura que caminhava recolhendo-as. Virou-se para a tumba e se ajoelhou, agradecendo a Avarosa. Por confiar nela, por dar aquela arma a ela, e jurando que iria fazer bom proveito de seu novo presente.

Ela caminhou durante um dia inteiro, a caminhada que teria feito para fugir de seus assassinos. Passou pelo meio da floresta e montou eu seu cavalo. Voltou para a tribo e, o amontoado de pessoas que sempre a recebia, não pareceram alegres. Estavam pasma. Reconheceram o arco da antiga lenda. Os olhares iam da estátua de Avarosa na frente do castelo de Rakelstake ao arco que ela empunhava. E assim, enquanto o cavalo de Ashe trotava elegantemente pela vila, não havia uma pessoa que não se curvasse diante a arqueira. Agora todos a conheciam como rainha. Não só a rainha de Rakelstake, mas a rainha de Freljord. Ashe tinha sido abençoada por Avarosa.