Ela vestia preto e estava com o capuz sobre a cabeça. O capuz cobria seu rosto, dando a ela um ar sombrio. Quem olhasse para ela só veria as lágrimas brilhando sobre suas bochechas. Não falou, não fez nenhum gesto, apenas encarou o corpo da mãe durante todo o processo. Algumas pessoas que viviam no castelo disseram que ela também não comeu. Nada. Desde do dia da morte da mãe.

– Ashe… – Um homem a chamou.

A arqueira maneou com a cabeça.

– Estão esperando você no escritório de sua mãe.

Ela não queria ir pra lá. Já sabia sobre o que iriam falar.

– Diga a eles que já estou indo. – Sua voz falhou.

Deu um último beijo na testa de sua mãe e virou as costas para o caixão.

Ela entrou na sala. Vestido branco ? Odiou aquilo. Queria usar preto pelo resto de sua vida. Os convidados a esperavam em uma fila. Antes, teve a escolha de escolher qualquer um para ficar ao seu lado, mas todos se surpreenderam quando escolheu a criofênix de gelo.

O primeiro aliado era uma mulher. Alta e bonita, morena com os olhos castanhos. Não era velha, pelo contrário, devia ser um pouco mais velha que ela. Dezenove talvez ? Afinal, Ashe tinha apenas quinze. Usava uma cartola estranha e um vestido roxo. A mulher abaixou a cabeça, apoiando-se em sua arma. Como os cavaleiros faziam com suas espadas.

– Princesa Ashe.

– Caitlyn. – Anivia se precipitou. – Xerife de Piltover.

– Caitlyn. – A loira sorriu e apertou a mão da morena.

Ao seu lado estava uma mulher de cabelo rosa e tatuagem no rosto. Não sabia se significava “6” ou “VI”. O cabelo era rosa, tinha uma franja, dreads e era raspado do lado. Usava um colã com uma armadura no tronco. Os olhos eram azuis, como o mar mais belo que havia visto.

– Princesa Ashe, não é ? – Ela perguntou com muita indiferença.

– Sim.

– Vi.

– Olá, Vi. – A princesa sorriu. Não achou que a moça, um tanto quanto masculina, iria sorrir de volta. Aquilo a confortou.

O próximo par era um homem e uma mulher. O homem usava uma roupa estranha e uma espada igualmente… “curiosa”. Tinha um cavanhaque engraçado, e foi muito educado com Ashe.

– Princesa. – Ele segurou a mão da mesma e deu um beijo delicado.

– Master Yi de Ionia. – A fênix disse.

– Senhor Yi.

A mulher era estranha. Tinha orelhas e caudas que, quando juntas, formavam uma cauda só. Ashe contou, eram nove no total. Ela era morena e tinha um corpo lindo. A loira notou o ar superior vindo dela e aquilo a incomodou um pouco.

– Princesa. – Ela disse com certo desdém.

– Ahri. – Anivia sempre fazia os comentários importantes.

Ashe curvou-se com ironia, as esmeraldas fitando os olhos amarelos da mulher-raposa.

Os próximos eram dois homens.

Ashe dispensou qualquer formalidade e abraçou com força o mais alto. Ele a abraçou de volta.

– Jarvan… – Ela suspirou. Há muito tempo Demacia era aliada de Freljord, e os dois se viam muitas vezes. Ele devia ter a idade dela quando ela tinha apenas 5 anos. Ele sempre foi um irmão para ela. – Jarvan, que bom que você veio.

– Princesa… – Sua voz estava mais grossa. Ele estava mais bonito e parecia mais forte também. – Está tudo bem, tudo vai passar, ok ?

Ela esfregou seu rosto no peito dele e o olhou, sentindo-se com cinco anos novamente.

– Xin Zhao. – Ela sorriu e fez uma reverência. Conhecia a história do guerreiro e, se alguém merecia uma reverência, esse alguém era ele.

– Princesa Ashe. – Ele sorriu e beijou a mão da loira.

– Bem. – Começou Caitlyn, puxando uma cadeira na mesa. – Começaremos, então.

– Onde estão os mapas ? – Perguntou Vi.

– Mapas para que ? – Anivia retrucou.

– Bolar planos, sabe – A rosinha se explicou. – saber como vamos atacar, em quem vamos bater.

– Vi, acredito que Ashe não irá querer começar uma guerra agora. Estou certo ? – Jarvan perguntou, olhando para a loira.

– Eu… – Ela se endireitou na cadeira, limpando a garganta. – Talvez.

– Querida, entendo o que sente. Sei que quer se vingar de quem machucou sua mãe, mas esse não é o melhor caminho. – Disse Master Yi.

– Eu não sei… – Ela tirou as luvas e abaixou o capuz. Alguns pareceram surpresos pela aparência dela. Sem nenhum arranhão, apenas olheiras profundas.

– Seu rosto… você não lutou na guerra, não foi ? Só assistiu sua mãe morrer ? – Perguntou Ahri.

– Não foi bem isso. – Ela defendeu-se, fechando os punhos. Os Ionianos ficaram quietos a partir daquele ponto.

– Ashe, você precisa escolher entre assumir o trono de sua mãe ou partir em vingança. Devo dizer que eu lamentaria muito se escolhesse o segundo caminho. – Caitlyn sorriu de canto, passando um certo conforto para ela.

– Demacia e Freljord são aliados há muito tempo, e saiba que eu ficarei do seu lado, ou tentarei, independente de qual lado escolher. – As palavras do Demaciano a mantiveram segura e acalmaram seus pensamentos.

– Creio que ela seja muito nova pra assumir o trono. Não me leve a mal, princesa. – O guerreiro Ioniano acrescentou.

– Eu… – Ela respirou fundo. Pensou em todos os corpos das pessoas que feriram sua mãe no chão jogados a beira do rio, ou até menos suas cabeças penduradas na sacada de sua janela. Mas era verdade. Vingança gera vingança. Ela não queria mais guerras. Nunca mais. – Irei assumir o trono. Quem quiser continuar comigo, tudo bem. Quem quiser continuar ao lado da nova rainha. Nada na nossa relação irá nos afetar e continuarei como minha mãe sempre quis. Mas quem não quiser, por favor, se retire dessa sala.

Ela não esperava o que aconteceu a seguir, mas o espadachim de a moça com o ar petulante se levantaram. Em especial, ela primeiro. Ambos saíram da sala e ela jurou ter ouvido algum “me desculpe” vindo do espadachim. Suspirou e começou a conversar com seus novos companheiros.