After all this time escrita por eq


Capítulo 1
Prólogo - MOMENTO ZERO




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Emma podia ouvir apenas o som de seus próprios passos e o som pesado da sua respiração, enquanto corria pelos corredores excepcionalmente vazios. Sentou-se no corrimão de uma das escadas, deslizando para o patamar seguinte. Conseguiu chegar no salão com a metade do tempo necessário, com aquele expediente.

Não encontrou ninguém.

O castelo, tão vazio e silencioso, a deixava arrepiada. Ele nunca tinha sido assim e Emma tinha passado quase metade da sua vida entre aquelas paredes.

Recomeçou a correr em direção dos subterrâneos, dando um rápido olhar às ampulhetas gigantes. Uma delas estava deitada no chão, completamente destruída, os cristais vermelho-sangue esparramados pelo chão.

Emma escorregou em frente da porta do Salão Principal, e quase caiu ao tentar voltar para trás.

Agachados embaixo das quatro mesas, meia centena de estudantes a encarou com um olhar aterrorizado.

Emma lançou um olhar para o corredor deserto, antes de decidir entrar.

Afinal de contas, ela estava ali para isso.

Entrou, para ter certeza que estivessem todos sãos e salvos, mas assim que ela pisou no salão, sentiu a ponta de uma varinha pressionar na curva de seu pescoço.

Lentamente, Emma levantou as duas mãos. “Meu nome é Emma Swan.” disse.

Em resposta, recebeu somente um depreciativo “E nós deveríamos acreditar em você?”

A pessoa que falou com ela devia ser muito jovem. Emma virou a cabeça ligeiramente, fazendo seus olhos baterem com aqueles duros de um lufano que devia ter no máximo treze anos.

Ele a encarou, pressionando sem hesitação a varinha contra sua garganta.

“Pelo que sabemos você pode ser um deles sob efeito da poção Polissuco.”

Emma teve que reconhecer que aquele garotinho tinha coragem.

“Vocês lufanos melhoraram muito desde que eu frequentava Hogwarts.” Emma tentou, sorrindo.

Um respingo de faíscas vermelhas queimou seu pescoço, fazendo-a gemer de dor.

“Eu sou realmente Emma Swan, garoto!” exclamou.

O rapaz a estudou por um instante infinito, antes de mover ligeiramente sua varinha. “Prove com um Patrono.”

Emma se virou para encara-lo, perplexa. “O quê?”

“Você entendeu muito bem. Invoque um Patrono.”

Emma olhou para o garoto, depois para os cinquenta alunos que os fixavam com terror debaixo das mesas. Ela não tinha tempo para essas merdas, ela tinha…

Tinha que encontrar Regina.

“Tudo bem” ela disse finalmente. Colocou a mão por baixo da roupa, e os seus dedos se envolveram ao redor da varinha; puxou-a para fora e apontou com confiança para o centro do salão.

Conhecia bem aquele feitiço. Emma o aprendeu com ela.

E também sabia que iria convencer o menino a confiar nela. Até as crianças sabiam que um Patrono não podia ser evocado por aqueles que possuíam uma alma negra e atormentada.

Era um feitiço extremamente complexo, e apenas quem possuía dentro de si a tranquilidade e paz interior necessária poderia evocá-lo. O patrono se alimentava de paz, calma, e sobretudo, de felicidade.

Pensou em seus olhos, a sensação de seus lábios em sua pele e o modo em que repetia seu nome, num tom brincalhão e quase infantil.

“Expecto patrono.” sussurrou, mal movendo seu pulso.

Uma estreita linha de fumaça branca surgiu a partir da ponta da varinha, envolvendo-a em uma nuvem etérea, que se difundiu pelo ar e logo assumiu uma forma definida.

O cisne de prata abriu as imensas asas mágicas e levantou vôo, subindo em direção do teto infinito do Salão Principal. O Patrono voou em círculos por cima das cabeças dos alunos, que se espreitaram para fora debaixo das mesas para admirar a beleza do feitiço.

O Patrono pairou por algum minuto infinito, verificando que a situação estivesse tranquila. Então, com uma baforada elegante de fumaça, o cisne girou em si mesmo e se consumiu.

Emma voltou a olhar para o garoto. “Agora você confia em mim?”

O jovem lufano assentiu com um meio sorriso, abaixando a varinha. Nesse gesto, os alunos começaram a sair de debaixo das mesas, para se aproximar cautelosamente da recém-chegada.

“Qual é seu nome, garoto?” perguntou Emma, passando a mão pelo cabelo.

Ele estendeu a mão. Em seus olhos, Emma pareceu encontrar um flash de algo familiar, mas não soube reconhecer o que fosse.

“Henry.”

Emma sorriu para ele, apertando sua mão. “Só Henry? Você não tem um sobrenome?”

Henry encolheu os ombros, guardando a varinha na manga do manto.

“O orfanato me deu um, mas eu nunca uso ele.”

Emma se arrependeu imediatamente de ter feito tal pergunta. “Muito bem, Henry” exclamou rapidamente, apoiando a mão em seu ombro “Você realmente teve coragem de me enfrentar daquela maneira. Quantos anos você tem?”

“Onze.”

Emma se virou para olhar para ele, espantada. Não era sua intenção conversar, mas o menino a tinha surpreendido. E além do mais, ela precisava de informações.

Se as mensagens que chegaram ao ministério estivessem corretas, seus companheiros aurores estavam em dificuldades numérica.

"Onze?!" exclamou, enquanto um estranho alarme soava em sua cabeça.

Emma olhou para o garoto. Não podia ser...

Observou seus olhos, que retornaram o olhar com curiosidade e orgulho junto.

Ela poderia perguntar.

Só uma pergunta.

Algumas palavras.

Não era difícil, certo?

"Henry, você tem que me ajudar." ela disse, ao invés disso, com a voz trêmula, ignorando a consciência do estranho e do novo.

"Você tem que me dizer exatamente para onde se moveu a batalha."

Ela o segurou pelos ombros. Ele era alto para a sua idade.

"Eu preciso saber onde os aurores estão lutando."

Henry, cercado por companheiros e amigos, foi rápido em coletar informações. Os meninos olhavam para Emma como se ela fosse uma espécie de miragem.

Suas visitas à escola e suas ações prodigiosas dos últimos meses tinham rodado rapidamente pelo mundo mágico. Quase todo mundo sabia o nome dela.

"Nas masmorras." disse Henry, acenando com confiança.

Emma tocou seu rosto com a ponta dos dedos. Um par de olhos escuros a encarou com confusão. Emma engoliu em seco, fazendo cair sua mão para o lado.

"Toma cuidado, garoto."

Henry a deslumbrou com um sorriso brilhante.

Emma bateu rapidamente os olhos, antes de dar ré e começar a correr em direção às masmorras.

Seu coração estava batendo em seu peito, na cabeça, cobrindo até mesmo o som de seus passos.

Emma estava tentando não ser pega por seus próprios pensamentos.

Não podia se dar ao luxo de se perder neles. Ela não podia.

Ela não tinha tempo.

Ela não tinha força.

Passou dois anos perseguindo pistas falsas, sendo mimada por esperanças que se infringiram em apenas pouco tempo, exultando por um resultado que mais tarde se revelou uma mera ilusão.

Ela não podia se permitir de ainda ter expectativas.

No entanto, aqueles olhos…

Emma sacudiu a cabeça, empurrando uma tapeçaria. Ela sorriu vitoriosa, quando as escadas se materializaram diante de seus olhos. As passagens secretas de Hogwarts. Ela e Ruby tinham descoberto todas elas, durante os últimos anos.

Ruby.

Emma cerrou os dentes.

Ela não podia, não devia pensar sobre ela. Ela não podia se permitir nem isso.

Sabia que Ruby conseguiria. Ela conseguiria sobreviver, depois iria se casar e todos ficariam felizes...

Quase sem perceber, Emma caiu no inferno mais absoluto.

Uma risada que gelou seu sangue chegou de um ponto não específico do largo corredor.

"Olha só quem está aqui" disse uma voz que Emma conhecia muito bem. "A salvadora.”

Emma extraiu rapidamente a varinha, apontando à cega, aproveitando a oportunidade para olhar ao seu redor.

Dois dos aurores que lutaram lado a lado dela no Ministério estavam deitados no chão. Um deles jazia em uma poça de sangue que escapava de um ferimento na têmpora.

Emma deu um passo adiante.

Um Comensal da Morte, agarrado a uma das armaduras, levantou o braço para tentar enviar um feitiço, mas estava muito fraco para tal gesto. Seu braço ficou mole sozinho e o Comensal se curvou sobre si mesmo, tentando suportar a dor que quem sabe qual feitiço lhe causado.

A mulher evitou ao último momento um flash de luz vermelha, que passou roçando seu ouvido. Ela pulou de lado, deixando passar um Auror que estava lutando heroicamente contra dois Comensais da Morte.

Emma passou por cima de um par de corpos -de inimigos ou aliados, não sabia dizer- e prosseguiu pelo corredor mal iluminado.

Houve um flash de luz branca aos seus ombros, e foi então que ela as viu.

Regina estava encolhida sob a batente de uma porta, um braço em volta do estômago e o outro levantado com a varinha em punho. Sua mão tremia, tremia como se só o gesto de apertar aquele pedaço de madeira lhe custasse o maior esforço de toda a sua vida.

"Regina…"

Emma ergueu a varinha bem na hora, e o clarão de luz verde mudou direção, desviado pelo seu feitiço de proteção.

"Você veio para salvar a minha filha indigna e ingrata, Salvadora?"

Emma se arrastou com as costas alinhadas com a parede, sua varinha apontada para a mulher sentada confortavelmente no pedestal que já abrigou uma das estátuas dos fundadores. Agora, a estátua de Godric Gryffindor estava em pedaços aos pés de Cora Mills.

"Eu nunca suportei esse sujeito" disse Cora, com um gesto distraído para o entulho. "Ou dos de sua casa em geral."

Emma apertou os dedos com força em volta da varinha, olhando de soslaio para Regina, que tinha parado de tremer, mas cujo rosto ainda estava manchado de lágrimas.

"Saia daqui, idiota." ela sibilou, olhando para ela com um olhar de puro terror.

"Sem você?" disse Emma, com uma risada sombria. "Você ta brincando, eu espero."

Cora estalou a língua. "Olha só. Vocês parecem um casal de velhos." balançou a cabeça. "Regina, minha querida. Você nunca foi capaz de se impor. Você sempre deixou que essa imunda ladra de sangue nobre te comandasse como uma marionete”.

A varinha de Regina deu um pequeno espasmo, e um débil jorro de luz vermelha surgiu da ponta, voltado para Cora. A mulher o dispensou com um gesto entediado da mão.

"Não fale assim dela, mãe." Regina rosnou, tentando se agarrar ao batente da porta para levantar.

Emma deixou para trás seu bom senso e se ajoelhou ao lado dela, passando o braço por sua cintura e puxando-a para cima.

Regina gemeu de dor, mas não abaixou a varinha. "Você é uma idiota inconsciente." sibilou.

Emma voltou a olhar para Cora, que parecia estar se divertindo. "Obrigada, Regina. Agora cala a boca" sussurrou, fazendo cada sua conexão nervosa trabalhar febrilmente para encontrar uma solução.

"Então" Cora disse, batucando sua varinha na palma da mão. "Eu cruciei minha filha por um longo tempo, mas pelo que parece ela ainda não aprendeu a lição.”

Aquelas palavras fizeram uma mola disparar na cabeça de Emma, e por pouco a mulher não deixou cair Regina para se jogar em Cora.

"Você torturou ela por mais de dez anos" Emma cuspiu com raiva "E você ainda não entendeu que ela não é como você.”

Cora deslizou para baixo do pedestal, por nada tocada pelas palavras da loira "Em parte você está certa" concordou com tranquilidade "Mas veja, a questão é que agora entendi onde eu errava.”

Cora se aproximou a elas, brincando com sua varinha como se fosse um simples pedaço de madeira. Por alguma razão, aquele gesto deixou Emma nervosa.

Ela teria preferido que Cora apontasse a arma para dela, ao invés de ficar brincando com a mesma.

Isso a fez perceber que Cora se sentia tão segura a ponto de não se preocupar em mantê-las à mão armada.

"Eu sempre puni minha filha acreditando que sua fraqueza residisse em seu coração" Cora deu de ombros. "Ou, de qualquer maneira, em seu estúpido defeito de ser capaz de amar as pessoas mais erradas para ela.”

Emma deu um passo para trás, e Regina se pendurou nela, tentando permanecer estável.

"Eu sempre pensei que remover o mal pela raiz seria a solução mais simples.”

Cora bateu a ponta de sua varinha contra seus lábios, sorrindo na direção de sua filha. Seus olhos estavam negros como o breu, cheios de um ódio e um terror que nenhum ser humano jamais deveria sentir.

"Mas então eu percebi que o problema a ser eliminado era outro.”

Antes que Cora o proferisse, Emma compreendeu o que ela estava dizendo.

"É você, Emma Swan." disse Cora, com uma voz persuasiva. "Você é o problema a ser eliminado.”

A varinha de Regina tremeu violentamente; seu braço teve um espasmo e um feitiço um pouco mais forte do que os outros flutuou na direção de Cora. Esse também foi parado no último segundo.

Cora balançou a cabeça, teatralmente. "Não se preocupe, minha filha. Quando você deixar essa escola, o seu coração estará morto, e o seu amor junto com ele.”

"Eu nunca vou permitir isso." arfou Regina.

Seus olhos estavam cheios de lágrimas não derramadas com dificuldade, mas agora eles estavam repletos de medo.

Emma, por sua vez, de repente percebeu o que tinha que fazer. "Portanto, tudo o que você quer é me matar." ela disse categoricamente.

O olhar de Cora pousou sobre ela, e ela abriu um sorriso maligno. "Posso perceber que você é muito mais inteligente do que a sua mãe." Emma não respondeu, apertando sua mandíbula. "Veja, Salvadora... Quando você morrer, o coração da minha filha vai ceder de uma vez por todas. Não vai ter mais espaço para o amor. Apenas para o ódio, e a vingança. Então, sim, Emma Swan. Tudo o que eu quero é te matar.”

Emma engoliu em seco. Ela sabia que essa era a única solução. Mas se render na frente da morte... Não era exatamente a coisa mais fácil do mundo.

"Tudo bem." ela finalmente disse, e abaixou a varinha.

"NÃO!"

O grito furioso e desesperado de Regina foi tão doloroso a ponto de forçar Emma a fechar os olhos por um breve momento, sentindo o seu coração começar a rachar.

Se o seu plano tivesse sucesso, talvez Regina pudesse se salvar, e junto com ela, a sua alma.

Emma esperava apenas que Regina fosse forte o suficiente.

"Tudo bem?" repetiu Cora, surpresa. Ela havia parado de brincar com sua varinha, e fixava Emma com um olhar de pura perplexidade. "Você deseja morrer, Salvadora?"

Emma cerrou os dentes. As unhas de Regina, cuja mão ainda estava apoiada em seu quadril, se cravaram em sua carne.

Emma se obrigou a não olhar nos olhos a mulher ao seu lado, enquanto a deitava delicadamente no chão. Regina estava fraca demais para opor resistência. Até mesmo o simples ato de levantar a varinha se tornou uma esforço muito grande para ela.

"Pelo contrário" respondeu Emma, endireitando-se. "Eu desejo viver. Mas eu desejo mais que Regina viva no meu lugar, sem sofrer uma única tortura.”

As sobrancelhas de Cora se arcuaram pela curiosidade.

"Eu aceito morrer por sua mão, Cora Mills" Emma cuspiu, como se cada palavra lhe custasse uma dor imaginável. "Mas somente se você selar o Voto Perpétuo."

O silêncio caiu pesadamente nas masmorras.

Atrás de Emma, o último Auror tinha caído. Apenas um Comensal da Morte tinha permanecido de pé, e agora observava a cena de não muito longe, o capuz ainda puxado sobre o rosto.

"O Voto Perpétuo?" repetiu Cora, com uma lentidão perturbadora.

Emma assentiu, mal levantando sua varinha.

"Sele o Voto Perpétuo e me prometa que não vai mais encostar um único dedo na Regina, nem vai pedir a alguém para fazer isso por você" expôs Emma, ganhando mais confiança. Não podia deixar nada ao acaso, ou a vida de Regina estaria em perigo. "Me prometa que, uma vez que você tiver lançado o feitiço que irá por fim a minha vida, você irá embora desse castelo sem comprometer uma única vida inocente, esta noite. Me prometa isso, e eu vou te dar à disposição um só tiro para me matar.”

Cora abriu a boca, pronta para discutir, mas Emma a precedeu.

"Aceite essas condições, Cora" ela continuou, séria e calma. "Ou lute contra mim e contra toda a sede de vingança que há em meu corpo neste momento. Lute contra mim e desafie meu poder.”

Os olhos de Cora faiscaram.

"Lute e você terá cinquenta por cento de chance de me matar igualmente. Mas se você fizer isso, eu vou fazer de tudo para te arrastar junto comigo.”

Regina gemeu, de pânico e dor, conseguindo levantar sua varinha. Antes que ela pudesse fazer qualquer coisa, no entanto, o Comensal presente nas masmorras puxou a sua, e fez a varinha de Regina rodopiar pelo ar, até desaparecer no meio dos escombros.

"Não..." foi o lamento plangente de Regina, que observou suas últimas esperanças desaparecem com sua única arma.

Emma se segurou para não voltar ao lado dela. "Decida rápido, Cora" disse, ao invés disso. "Você vai selar o Voto Perpétuo?”

Cora a fixou. Ela a observou por um longo instante. Emma sabia que Cora era uma ótima oclumente, e que ela provavelmente estava tentando ler sua mente para descobrir o truque daquele plano.

Emma a deixou fazer isso , porque não haviam truques.

Cora pareceu notar. Ela olhou para a filha, cujo rosto estava novamente coberto de lágrimas. Regina balançou a cabeça bruscamente, implorando em silêncio para sua mãe.

Foi provavelmente esse gesto, que Cora considerou patético e humilhante, que lhe deu o impulso necessário.

"Eu vou" respondeu.

Regina soluçou. Ela se odiava. Ela odiava sua fraqueza, ela odiava as torturas que lhe haviam sido infligidas e que agora a impediam até de se levantar para lutar, de se levantar para tentar salvar a vida da mulher que tinha mudado sua existência.

"Emma, por favor..."

Mas Emma se obrigou a permanecer surda ao lamento. Não podia permitir distrações. O Voto Perpétuo era uma coisa séria, e se ela errasse a proferir sequer uma única palavra, tudo estaria perdido.

"Vamos precisar de um avalista" Emma disse friamente.

Cora fez um sinal com a mão para o Comensal da Morte encapuzado.

O mesmo se moveu em sua direção, levantando a varinha.

Emma respirou fundo antes de esticar a mão direita em direção à Cora. Ela a agarrou imediatamente na dela, e a jovem teve a forte tentação de retratá-la. Ela não o fez, e apertou aqueles dedos frios e ásperos entre os seus. Embora o rosto de Cora não demonstrasse a idade da mulher, suas mãos falavam muito claramente dos anos que ela tinha vivido.

O Comensal da Morte apoiou a ponta da varinha sobre as mãos entrelaçadas, sem dizer uma palavra.

Emma começou a falar, ignorando o enésimo soluço débil de Regina. "Cora, você promete não infligir mais nenhum tipo de feitiço ou tortura contra sua filha aqui presente, Regina, nem deixar alguém machucá-la a seu pedido, a partir de agora até o dia em que você morrer?”.

Cora nem sequer olhou para Regina, quando respondeu. "Eu prometo."

A tênue língua de fogo brilhante flutuou da varinha e se envolveu em torno de suas mãos com um fio incandescente.

"Emma…"

Emma sabia o que Cora estava pensando: achava que Regina passaria definitivamente para o lado negro, e que ela não teria mais necessidade de infligir qualquer dor para convencê-la.

Por um lado, Emma temia que ela estivesse tremendamente certa.

"E você promete que não irá infligir torturas, feitiços ou maldições letais para qualquer uma das pessoas presentes neste castelo, hoje à noite, depois que tudo terminar?.”

"Eu prometo" disse Cora.

Uma segunda língua de fogo brotou da varinha do Comensal e se entrelaçou com a primeira, formando uma fina corrente ardente.

"...Parem...Parem...Mãe, eu imploro..."

"E você promete usar apenas uma maldição da morte, para pôr fim à minha existência, minha apenas?"

Regina soluçou mais alto, e uma única lágrima correu o rosto impassível de Emma.

"Eu prometo" disse Cora, enquanto um meio sorriso pintava em seu rosto.

A terceira língua de fogo irrompeu da varinha e se acrescentou as outras, envolvendo as mãos unidas.

Emma levantou o olhar naquele de Cora, no qual as chamas mágicas do feitiço refletiam.

"E você promete que, Emma Swan," Cora finalmente falou, com a voz que vibrava de prazer mal disfarçado. "Sacrificar a sua vida, não fugindo de meu anátema letal, não fazendo qualquer tentativa de defender a si mesma?"

Emma engoliu em seco, seu rosto pálido iluminado pelas chamas da magia. "Eu prometo”.

A última língua flamejante serpenteou da ponta da varinha, concluindo o feitiço, amarrando suas mãos e suas proprietárias no poder do encantamento.

E, em seguida, a cadeia de pura magia se dissolveu em uma nuvem de fumaça vermelha e amarela, e a mão de Emma deslizou rapidamente da de Cora.

Emma sentiu um peso pressionando seu estômago, como se o feitiço ainda pairasse à sua volta, tornando cada vez mais inevitável a decisão que ela havia tomado.

Engolindo em seco, Emma embainhou sua varinha e, finalmente, decidiu olhar para Regina.

Regina escapou de seu olhar, enrolando-se em si mesma, como se a dor que sentia naquele momento a aniquilasse muito mais do que as torturas sofridas mais cedo.

Emma se ajoelhou ao lado dela. Ela precisava olhá-la nos olhos, falar com ela. Pela última vez.

Tocou-lhe o rosto com a ponta dos dedos, mas Regina recuou, como se o toque de Emma queimasse.

Para Emma foi como uma facada no estômago. "Regina, por favor..."

Dois olhos escuros como a noite se embateram nos seus, cheios de lágrimas.

"Por que você fez isso?”

Emma a segurou pela capa, tentando trazê-la para mais perto dela. Regina lutou debilmente, antes de cair em seus braços, chorando.

Atrás delas, Cora revirou os olhos, entediada por aquele teatrinho, e ordenou ao Comensal para ir vigiar a porta. Ela não iria permitir que ninguém a fizesse errar seu único tiro.

"Você sabe por quê" Emma respondeu, a apertando em seus braços.

Regina soluçava, fraca e exausta. "Eu também te amo..." ela sussurrou, olhando para cima para ver o rosto de Emma.

Ela fechou os olhos, apoiando sua testa contra a dela. "Então não deixe que ela vença" murmurou, beijando-a suavemente nos lábios. Pela última vez.

Regina respirou fundo, e quando o fez, Emma se afastou dela, levantando-se.

"Não..." Regina tentou impedi-la, mas sem sucesso.

Emma se posicionou na frente de Cora. Puxou sua varinha e a jogou no chão. O pequeno pedaço de madeira sacudiu no chão de pedra e foi parar a poucos metros de distância.

Cora a chutou para longe, endireitou os ombros, e seu sorriso alargou.

Ela levantou sua varinha.

"Finalmente"

Emma fechou os olhos e cerrou os dentes, mas as lágrimas escorreram igualmente pelo seu rosto pálido e perfeito.

"Não..."

Regina tentou de todas as maneiras levantar, seus pés escorregando, as pernas que tremiam.

Mas era tarde demais.

"Avada Kedavra!"


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado ♥ comentem, não faz mal!



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