Survival Game: O Começo escrita por Catelyn Everdeen Haddock


Capítulo 31
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Notas iniciais do capítulo

Galera, infelizmente vou entrar em Hiatus até 01/12. Eu tenho provas para estudar nesse período. Mas faço questão de postar mais um capitulo hj.
Bjão!



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Chegamos à caverna. Encontrei Anne ainda dormindo dentro do saco de dormir. Como eu queria descansar. Lhe beijei na bochecha, mas me senti culpado por tê-la acordado, mas acordado sorrindo para mim. Ela deixou escapar um gemido devido à coluna que doía, mesmo tendo acabado de acordar.

– Como você está? - lhe perguntei. Ela respondeu.

– Estou melhor, Richie. - respondeu. Nos beijamos outra vez, quando Sophia entrou com Otto, então inconsciente. Anne quis saber. - Otto? O que houve com ele?

Me preocupei com isso. E o pior vai ser pensar no que falar para ela, sendo que ela acabara de sofrer uma lesão nas costas. Mas falei mesmo assim.

– Anne, Otto levou uma facada de Arnold pelas costas. - minha voz parecia trêmula.

– Mas como? - Anne pôs a mão na boca, mas logo sua expressão mudou para a expressão de suspeita. - Então, o tiro... Foram eles, não é?

Sacudi a cabeça em concordância. E ainda acrescentei.

– Eles só atiraram para nos atrair. Nos atraíram até um obelisco.

– Mas é contra às regras do jogo! - contestou. - Não se pode atrair um participante para matá-lo.

– Mas Frieda pensa que é ela quem manda aqui. - Sophia criticou, com ironia na voz. - Passados três minutos, aproximadamente, que Arnold aproveitou a chance de atacar a gente de surpresa, começando pelo Otto.

– E o curioso é que Lorne cortou a garganta do colega na minha frente, sem ao menos falar nada. - acrescentei. - A não ser nos dizer que aquilo serviu de lição.

– Mas você deve imaginar a cara que a Frieda fez, depois disso! - Sophia riu.

– Até que foi muito engraçado! - ri também.

Enquanto deitamos o Otto inconsciente de bruços sobre o saco de dormir, Anne se levantou com o meu auxílio, pois a sua coluna ainda doía, mas não tanto assim, segundo ela. Mas quando erguemos o casaco e a camisa dele, me deparei com uma abertura ensangüentada no meio das costas. Anne observou o ferimento minuciosamente e retirou uma conclusão.

– Até que não ficou tão grave assim. Mas vai gerar uma cicatriz, com o passar do tempo.

– Vai precisar suturar, doutora? - brinquei.

– Não sem antes antes de limparmos o ferimento. - respondeu, olhando para mim com os olhos de médica-cirurgiã.

***

Mesmo tendo feito tudo isso - eu banquei o enfermeiro - Otto ainda não demonstrou nenhuma reação, por estar ainda inconsciente. Até mesmo as pontadas da agulha para a sutura não o incomodaram. Pouco depois, Sophia, tossindo pela segunda vez, veio com um frasco de vidro pequeno, contendo um liquido transparente em seu interior.

– Encontrei dentro de uma caixa suspensa por um paraquedas lá fora. - disse. Me entregou o frasco.

O examinei minuciosamente. Seria um fármaco, se pudesse. Era um liquido transparente e incolor, mas, ao abrí-lo, era inodoro. Entreguei o frasco à Anne.

Anne me dissera ontem, depois de termos beijado naquela noite, que a tia era farmacêutica que tinha sua própria farmácia, próxima à Estação Ferroviária de Munique. Ela lhe havia dito que um fármaco deverá ser próprio para a prescrição, se para a sua produção forem respeitados a sua fórmula química, o balanceamento das suas equações e feitos os cálculos estequio... Estequio sei lá o quê e passar por fiscalização, isto é, identificar os cálculos, o prazo de validade, essas coisas. É, acho que vou me casar com uma médica...

Quase morro de susto quando Anne gritou:

– MORFINA! - ela se entusiasmou. - É isso! Morfina, para amenizar a dor!

– Mas como, se ele ainda está inconsciente? - questionei.

– Quando ele acordar, já não vai mais sentir dor.

– E como você sabia? - perguntei, incrédulo.

– Vi no rótulo abaixo. - ela me mostrou o rótulo selado no fundo do frasco. - e a validade. Para novembro deste ano.

Nem tinha percebido o rótulo no fundo. A vi abrindo a tampinha do frasco, onde tinha uma pequena espátula porosa de plástico presa a ela. Na hora em que Anne ia aplicando a espátula molhada de morfina na ferida do Otto, este acordou berrando de dor e ardência.

– ESTÃO ME QUERENDO MATAR, É? - arquejou, com cólera dentro de si.

Suspiramos aliviados.

– Não - falei. - pelo contrário, apenas estamos lhe curando.

– É - Anne assentiu. - e você devia nos agradecer por estar vivo.

– Com toda essa ardência?! - Otto questionou. - Deviam ter me acordado com água gelada! Mas com essa coisa ácida... - ele até pegou leve, pois a meu ver, até que a morfina está surtindo efeito. Falou ondulado. - eu não admito.

Nós rimos, mas não da sua reclamação, mas sim da sua cara.

– Afinal, que graça teria? - ri.

– É, e que graça teria se eu aplicasse morfina no seu braço ferido? - Anne me ironizou. Fiz careta.

– Ah, não! - revoltei, pondo a mão sobre o meu braço machucado. - Na minha ferida, NINGUÉM TASCA!

Otto riu.

– Até mesmo para suturar? - Sophia brincou. Os outros caíram cada vez na gargalhada estridente. Eu fechei a cara, mas logo deixei passar.

***

Hoje não teve pesadelo me atormentando. FINALMENTE! Desde o Dia da Seleção para cá, não vinha tendo um sono tranquilo, com os pesadelos me atormentando a cada dia que passa. Entrei em um buraco negro enquanto dormia. Era o meu bunker perfeito. Mas de repente, perdi o sono. Acordei no meio da noite. Durmo desde a tarde, com Anne e Sophia cuidando de Otto. Peguei o meu bloco de notas para anotar a listagem dos mortos nesta noite. Otto anotara duas vezes consecutivas, na primeira, em que eu lhe emprestei para anotar por causa de Lewis; na segunda, em que eu estava ferido no braço esquerdo (eu sou canhoto) e por causa da primeira noite de amor com a Anne. Hoje só teve um morto: Arnold.

Guardo o meu bloco na mochila, já desgastada com o tempo, restando molambos e retalhos improvisados. Em seguida, dou mais uma vistoria em Otto e na sua ferida, já com curativos. Ao abrir, quase caio para trás, quando me deparei com uma realidade nada boa e normal. Não era como eu pensava. Era bem pior do que eu pensava. O que outrora foi um corte ensangüentado, agora é uma massa preta e cintilante de decomposição. É uma coisa que nada mais é do que uma necrose. Minha intenção foi fugir dali, vomitar e mergulhar no lago. Mas tive que alardear.

– ANNE! SOPHIA! - gritei a plenos pulmões. - ME AJUDEM AQUI!

As duas acordam aflitas e aos pulos. Vieram ao meu socorro. Quando viram, tiveram a mesma reação que eu, com a necrose se formando no lugar da ferida do Otto. E ele voltou a ficar inconsciente.

– Meu Deus! - Anne levou as mãos à cabeça, aturdida. - Como isso aconteceu?

– Como essa necrose foi aparecer aí do nada? - Sophia indagou, assustada.

Eu respirava ofegante. Sophia tossia novamente. Anne já começava a ficar estressada. Poderá ter sido a morfina?

– Será que foi o remédio? - perguntei, pegando o frasco para mostrar às duas. Sophia pegou da minha mão.

– Não sei! - ela se estressou também, mas suspeitou. - Bom, se a morfina ameniza a dor, o que poderá ter sido?

– Só pode ser a validade! - Anne arrancou o frasco da mão de Sophia. - É isso! Só pode ser a validade, o balanceamento errado, o cálculo... É, devem ter feito o calculo errado!

– Não, - falei. - veja o rótulo!

Anne verificou, mas não tinha nada a ver com o prazo de validade, o cálculo, o balanceamento, NADA! Até que ela esbugalhou o olhar assustador.

– Anne, o que foi? - me preocupei, mas ela sussurrou algo inaudível.

– Formol... - ela murmurou. - ELES NOS ENVIARAM FORMOL!

FORMOL?!! Ah, não! Só pode estar brincando! Formol?! Por que que alguém iria mandar um frasco contendo formol?

– Eles mandaram o frasco errado! - Sophia arquejou. Afastei a franja com as mãos.

– E agora?! - me desesperei. Mas conclui que Otto... Ele estava no começo de um estado vegetativo.

Tivemos que nos apressar, pois as coisas pioravam para o nosso lado. Otto está em seu sono profundo, enquanto a gente estava nos matando para mantê-lo vivo. Ele é o nosso amigo. Quero muito que ele viva. Ainda bem que Lorne matou Arnold! Eu não sei por que, mas se ele estivesse vivo, eu o mataria. O queimaria vivo, esfolava vivo. O esfaquearia mil vezes até passar a cólera e a vingança. Foi um esforço exaustivo para que Otto sobrevivesse, e isso durou até mais tarde.

***

Tudo foi em vão. Otto morreu ao amanhecer. Morreu sereno. Pouquíssimos minutos antes, eu estava tão exausto e as meninas, pior ainda. Os nossos cabelos estavam bagunçados e descabelados por causa da noite. Verifiquei se tinha mais uma esperança dele sobreviver, procurando sentir a pulsação. Apertei com os dedos o seu pulso. Nada. Me aturdi. Além de ver o pescoço e o peito, se o coração bombeava sangue, foi tarde demais. As meninas também me olhavam inconsoláveis. Nos abraçamos profundamente, chorando juntos.

– Foi tarde demais. - sibilei.

Em seguida, levamos seu corpo para bem longe da nossa caverna. O céu estava encoberto de nuvens, mas estava cinza esverdeado. Passamos por inúmeros pinheiros e encontramos um lugar perfeito para que a nave se materializasse sobre ele. Derramei uma lágrima sobre o seu cabelo loiro. Anne passava a mão na sua testa. Já Sophia deixou um crisântemo lilás entre as suas mãos.

– O que é isso? - fiz questão de perguntar.

– Para enfeitar para o funeral.

– Bela tentativa, Sophia. - Anne elogiou.

Sophia agradeceu, quando a nave se posta sobre o corpo de Otto, emitindo a luz celeste sobre ele e o levitando para dentro dela. Depois desapareceu, emitindo um ruído estridente. Em seguida, dei mais um passo para frente, respirei fundo e, olhando para cima, fiz o gesto, daquele em que os alunos fizeram depois que eu discursei, no Dia da Seleção. Um gesto que dá honra!


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Notas finais do capítulo

Podem chorar, assoem o nariz, porque eu também chorei escrevendo essa cena.

P.s.: eu não faço Farmácia, mas Química é uma das matérias favoritas na escola. Se eu errei em alguma coisa, me avisem!
Bjos e até a próxima!



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