Noite.

Era assim que eu conhecia a vida. Era assim que eu estava acostumada a ver o tempo. Escuridão. Era Tudo o que sabia que existia.

A palavra “Dia” sempre esteve excluída do meu dicionário, não por ser proibida ou algo do tipo, mais porquê eu nunca tive motivos pra usa-la. Eu não sei o que e Dia.

Claro que não, Dia e sinônimo de Sol, então por que Diabos uma garota do Povo Lua, ou melhor, a Filha da Lua saberia o que e isso? Nossos povos vivem separados, vivem em guerra. Nada relacionado ao povo Sol deveria me interessar de algum modo.

Mais agora, interessa.

Eu estava andando pelos corredores do Castelo procurando por minha mãe, que estava provavelmente dando ordens a algum guarda sobre os possíveis ataques ao reino. Eles não eram muito comuns aqui, mais vivíamos em guerra constante com o povo Sol, então tínhamos que estar preparados.

Desnecessário, em minha opinião. Sempre que ocorriam pequenas guerras, eram todas iniciadas por meu Pai. Outra coisa que pretenderia discutir com mamãe.

– Perdeu o que Honey?- Cristal perguntou com as mãos no quadril enquanto parava na minha frente.

–Como?- Perguntei parando de andar e olhando pra ela.

–Te perguntei o que você perdeu. Está andando por ai como uma condenada olhando pra todos os lados.

–Ah, sim.- Sorri um pouco. – Estou procurando minha mãe. Viu ela por ai?

–Bom, não. Mais te garanto que morrer ela não morreu.

–O que? – Perguntei franzindo o cenho.

–Ela e imortal Honey.- Ela disse estralando os dedos.

–Eu sei disso.

–Foi uma piada.

–Ata. E que eu preciso mesmo falar com ela.

– Porque não procura no escritório do seu Pai?

– Era minha segunda opção caso você não soubesse.

–Plano B então Honey.

–Você nunca vai parar de me chamar de Honey?

–A quanto tempo a Gente se conhece?

–Desde quando eu nasci.

–A quanto tempo eu te chamo de Honey?

–Desde quando você aprendeu a falar Honey.

–Então, você acha mesmo que eu vou parar algum dia?

Revirei os olhos.

–Tchau Cristal.

–Tchau. Honey.- Disse com um sorriso.

Balancei a cabeça e continuei andando.

Quando cheguei à porta do escritório do meu Pai ela estava fechada. Bati duas vezes e abri um pouco.

–Mãe?- Perguntei colocando a Cabeça pra dentro.

Ela estava conversando com Alma, a cozinheira do castelo. Subiu o olhar dela pra mim e sorriu.

– Entre amor.

Caminhei ate ela e Alma, que olhou pra mim e sorriu.

–Como vai menina Luna?

–Muito Bem, e a senhora?

–Melhor que nunca.- respondeu, e eu sorri ao perceber que ela nunca estava triste, tinha 600 e tantos anos e sempre estava disposta pra tudo. Olhei para seu rosto, seus cabelos azuis escuros presos em um coque frouxo, os olhos puxados da mesma cor do cabelo e as rugas e marcas de expressão causadas pelo tempo, e então me entristeci ao lembrar que infelizmente ela não era imortal.

–O que ouve pra ficar tão triste assim de repente menina?- ela perguntou preocupada.

Forcei um sorriso.

–Nada. E que preciso falar um pouco com minha Mãe.

–Ah sim, não se preocupe. Já terminei aqui e também preciso ir pra cozinha. A conversa, por mais boa que seja, não vai terminar a comida pra mim.- ela falou e foi ate a porta.- Ate mais Rainha, ate mais menina Luna.

–Tchau. – Eu disse e minha Mãe acenou com a cabeça.

Então ela saiu.

–Diga meu amor.

–E, eu preciso falar com você. Mais pode ser no meu quarto?

–Claro, vamos.

Nós saímos do escritório e nos dirigimos ate meu quarto.

Durante o trajeto mamãe acenou com a cabeça algumas vez pra as pessoas que passavam e a cumprimentavam. Chegamos ao meu quarto e então ela se sentou na minha cama e apontou com a cabeça para me sentar ao seu lado. Fiz o que mandou.

–E então? Sobre o que quer falar?- Ela perguntou sorrindo.

–Quero que me conte tudo.- Respondi sem rodeios.

–Tudo o que?

–Tudo sobre a guerra entre o povo Sol e o Povo Lua.