Pata ficou sem reação, como aquela galinha da Marian pode? Ao mesmo tempo que Pata queria estrangula-la, queria achar um buraco onde pudesse enfiar a cabeça e não sair nunca mais.

– Quando ela te falou isso? – Perguntou Pata, respirando fundo.

– Hoje no cinema. – Respondeu Duda.

– Aquela vadia! – Gritou Pata indo em direção a entrada do orfanato, porém Duda a segurou pelo braço.

– Calma Pata! – Pediu o garoto a soltando. Pata então ficou parada o encarando. Houve um silêncio momentâneo. – Então... É verdade? – Perguntou Duda, novamente.

– Porque você quer saber? Não vai mudar o fato de você e a Marian estarem ficando! – Afirmou Pata.

– Isso foi um sim? – Perguntou Duda.

– O quê? – Pata ficou sem jeito. – Porque isso seria tomado como um sim?

– Porque você não negou! – Exclamou Duda

– Mas também não afirmei! – Retrucou Pata.

– Ah Pata, para de enrolar! – Insistiu Duda.

– Eu não tô enrolando nada! – Negou Pata.

– Tá sim! – Insistiu Duda.

– Ah Duda, se você prefere acreditar na idiota da Marian azar o seu! – Concluiu Pata.

– Olha aí, tá vendo? Tudo que você fala me leva a acreditar que é verdade. – Disse Duda.

– Como assim garoto? – Disfarçou Pata.

– Porque você odiaria tanto a Marian se ela nunca te fez nada? A não ser que o motivo fosse ciumes. – Deduziu Duda.

– Ah, agora você tá se achando! Nada haver Duda, eu odeio porque é uma falsa, só isso. – Insistiu Pata.

– Pois o que custa responder logo, e acabar com isso de uma vez? – Perguntou Duda, olhando nos olhos de Pata.

– Não Duda, eu não gosto de você! – Disse Pata desviando o olhar. Duda sorriu. – Tá rindo de quê? – Perguntou Pata confusa.

– Eu sei que você tá mentindo Pata! – Falou o garoto sorrindo.

– Qual é Duda! – Exclamou Pata revirando os olhos.

– Se fosse verdade você não teria desviado o olhar. – Afirmou Duda. – Mas deixa pra lá, eu não vou te pressionar, você é quem sabe...

– Tanto faz Duda... – Disse Pata sem paciência.

– Bom, já vou indo... Agente se ver! – Disse Duda despedindo-se.

– Tchau! – Disse Pata, entrando em seguida.

Antes de ir embora, Duda observou enquanto a garota caminhava em direção a entrada, este sorriu, balançou a cabeça de forma negativa e disse:

– Mulheres! – Entrando no carro logo em seguida.

No quarto das meninas, as garotas conversavam...

– Ai gente o cinema com o Duda foi demais, agente tá se dando tão bem! – Contava Marian.

– Ai que bom Marian, fico feliz por você! – Exclamou Cris.

– É mesmo vocês formam um belo casal. – Disse Mili.

– Quase tão lindos quanto eu e o Fábio! – Afirmou Teca.

– Ai Teca, eu ainda nem consigo acreditar que você tá namorando! Você é tão nova! – Disse Cris.

– O que é que tem? – Perguntou Teca.

– É Cris, o importante é ser feliz, deixa ela... – Concordou Marian. – Ah! E o você Bia? – Perguntou Marian, chamando atenção de Bia, que lia seu gibi sem dar importância ao que as garotas falavam.

– O que tem eu? – Perguntou Bia.

– Você não tem nada pra falar? – Perguntou Marian, fazendo Bia lembrar do pacto.

– Ah é... – Bia revirou os olhos. – Gente eu queria dizer que eu e a Marian fizemos as pazes, pois eu reconheci que exagerei, e ela não merecia levar uma surra tão forte... – Concluiu Bia, dando um sorriso falso. Marian fez o mesmo.

– Sério Bia?! – Perguntou Mili surpresa.

– Sim. – Respondeu Bia.

– Ai que demais gente, agora todas podemos ser amigas! – Exclamou Cris. Na mesma hora Pata entrou no quarto.

– Ah, oi Pata! Nem falei com você quando cheguei, é que eu tava meio nas nuvens... – Explicou Marian cumprimentando Pata. Pata a olhou com desprezo.

– Não te perguntei! – Exclamou. Deitando-se na cama.

– Toma essa! – Zombou Bia em voz baixa.

– Nossa... O que deu nela? – Marian se fez de desentendida.

– Sei lá... – Respondeu Mili.

No quarto dos meninos...

– Cara, eu não acredito que vocês se vingaram do Paçoca! – Dizia Mosca. – E sem agente! Porque não esperaram por nós?

– É que agente resolveu de ultima hora... – Binho tentou se explicar.

– Aposto que foi a Bia quem te convenceu! – Afirmou Thiago.

– Claro que não! – Exclamou Binho.

– Tá na cara, você tá todo amiguinho dela ultimamente! – Exclamou Thiago.

– Você tá com ciúmes Thiago? – Perguntou Binho.

– Da Bia? – Perguntou Thiago. – Puf... Faz-me rir.

– Porque Binho, tem motivos pra alguém sentir ciúmes de vocês? – Perguntou Rafa.

– Claro que não né bobalhão! – Disse Binho.

– Até porque se tivesse seria estranho você e a Bia juntos... – Disse Mosca.

– Porquê? – Perguntou Binho.

– Ela é mais velha e mais alta que você! – Disse Mosca.

– Ela é mais velha só por um ano! E eu não vou ficar desse tamanho pra sempre! – Retrucou Binho. O garotos se entreolharam e riram. – Tão rindo de quê?

– Nada não, nada não! – Exclamou Mosca.

– É, nada... – Disse Thiago.

– Mas termina de contar, quer dizer que quando vocês tavam destruindo as coisas do Paçoca, um dos amigos dele chegou?

– Sim, daí a Bia jogou areia nos olhos dele! – Continuou Binho.

– Mas ele conseguiu ver vocês? – Perguntou Rafa.

– Sim... – Disse Binho.

– Com certeza ele vai contar! Agora agente tem que ficar de olho, porque quando o Paçoca souber, com certeza vai querer revanche. – Disse Mosca, deixando todos os garotos preocupados. Os meninos conversaram por mais uns minutos até pegarem no sono, o mesmo aconteceu com as meninas, até que todos no orfanato adormeceram.

No dia seguinte...

Na escola o sinal do intervalo tocou. Todos saíam da sala quando Mosca sentiu um puxão em seu braço, este se virou para ver quem era.

– Mosca, agente precisa conversar... – Disse a garota.

– Ah, tudo bem Janu... – Disse Mosca desconcertado.

– Bom, eu notei que você vem me evitando desde aquele dia do cinema, e, eu queria saber o motivo. – Disse Janu.

– Ah... Bem... – Mosca não sabia o que dizer. Pensou em contar sobre estar com Mili, porém não queria ter Janu como inimiga. – É... Desculpa Janu, é que naquele dia foi tudo muito rápido e, eu não sabia como agir...

– Tudo bem Mosca, eu já entendi! – Exclamou Janu.

– Entendeu?! – Perguntou Mosca surpreso, pois nem mesmo ele havia entendido.

– Entendi... – Repetiu Janu. – Foi por causa que eu tentei te...? – Ao perguntar, Janu fez um gesto obsceno, como se estivesse escovando os dentes. Mosca não conseguiu conter o riso.

– Nossa Janu, você é mesmo uma figura! – Exclamou Mosca. – Mas, é ,aquilo me assustou um pouco sim...

– Caham! – De repente alguém pigarreou na porta, dando um tremendo susto nos dois.

– Rafa! – Gritou Mosca. – A quanto tempo você tava aí?

– Ah não muito... Só tempo o suficiente para ver a Janu simular o ato de "escovar os dentes". – Disse Rafa.

– É... Eu vou procurar a Bel... – Disse Janu saindo dalí depressa.

Mosca não soube onde enfiar a cara. Principalmente com aquele olhar reprovador do melhor amigo.

– Mosca, eu não tô acreditando nisso! – Exclamou Rafa.

– Calma Rafão, eu posso explicar... – Disse Mosca coçando detrás da nuca.

– Pois explica, porque eu não tô entendendo... – Pediu Rafa.

Enquanto isso no pátio da escola...

– Você não vai ficar vigiando pra ver se pega o admirador dessa vez Bia? – Perguntou Pata.

– Não, dessa vez não. – Disse Bia.

– É óbvio né, com esses presentes caríssimos, porque ela ia querer impedir?! – Exclamou Cris.

– Nada haver, você sabe que pra mim dinheiro não é tudo. – Retrucou Bia. De repente Cris arregalou os olhos em uma direção.

– Gente, olha lá! – Disse a mesma apontando na direção do mais novo casal, Teca e Fábio.

– Nossa, eles começaram a namorar ontem e já tão grudados assim? – Perguntou Bia. Teca e Fábio andavam de mãos dadas pela escola inteira.

– Ai Bia, deixa de ser insensível. Aposto que você ia adorar ter alguém pra andar assim de mãos dadas. – Disse Cris.

– Se é que ela não já tem. – Provocou Marian chegando de repente. – Né BiBi? – Bia fuzilou Marian com o olhar.

– Bibi? – Perguntou Pata sem entender.

– "Se é que não já tem?" – Cris também não entendeu.

– É gente, o admirador secreto! – Exclamou Marian.

– Ah tá! – Exclamaram as garotas.

– Mili, você tá tão pensativa, o que aconteceu? – Perguntou Marian.

– Nossa é mesmo, eu nem lembrava que a Mili tava aqui! – Exclamou Cris.

– Ah não é nada gente, só um pressentimento estranho. – Disse Mili.

Na sala de aula...

– Caralho! Então quer dizer que você ficou com a Mili, e depois com a Janu, no mesmo dia?! – Rafa estava pasmo.

– É, mas Rafa, eu juro que eu não pretendia ficar com as duas... – Disse Mosca.

– Mas pelo que você me contou, que a Janu te arrastou pro banheiro, bem que você podia ter evitado Mosca, você é mais forte que ela... – Disse Rafa.

– Eu sei, mas.. Você sabe que eu não consigo dar fora desse jeito... Ainda mais na Janu que é tão legal. – Explicou Mosca.

– Mosca, não me diga que você tá em dúvida entre as duas?! – Interrompeu Rafa.

– É esse o problema Rafa, eu não faço ideia! – Confessou Mosca.

– Ai meu Deus! – Exclamou. – Bom, mas pelo menos você deteve a Janu antes que a coisa esquentasse, com certeza se tivesse acontecido, sua consciência estaria muito mais pesada. – Concluiu Rafa.

– Tem razão... Ainda bem que você me entende Rafa, você é mesmo um amigão. – Disse Mosca. Então os dois continuaram a conversar, sem perceber que

alguém os observava de escanteio na porta.

Mais tarde no orfanato...

Mosca estava pensativo no pátio quando Mili apareceu.

– Mosca? – Chamou Mili.

– Oi! – Exclamou Mosca assustado.

– Desculpa, eu não queria te assustar... – Disse Mili, sorrindo.

– Ah, não tudo bem! – Disse Mosca.

– Ok. É... Eu só queria saber se o encontro de hoje ainda tá de pé. – Disse Mili.

– Ah, é hoje, né? – Mili notou que Mosca estava meio desconfiado. – Sim, claro que sim! – Concluiu Mosca.

– Você tá bem Mosca? – Perguntou Mili, estranhando a forma como o garoto estava agindo. Mosca engoliu seco.

– Tô! Claro que tô! – Exclamou o mesmo.

– Olha Mosca, se você não tiver disposto a ir hoje, eu entendo... – Disse Mili.

– Que é isso Mili, claro que eu vou, eu não faltaria por nada. – Disse Mosca. Nessa hora seus olhos se encontraram. Mosca sabia que estava fazendo errado, que devia esclarecer tudo isso antes de ir em frente, mas, tinha medo. Medo que depois de saber a verdade, ela nunca mas o olhasse nos olhos com tanto carinho e ternura. Assim como o olhava naquele momento. De repente, Mosca se levantou e foi em direção a ela, e ainda olhando em seus olhos, a acariciou o rosto e a beijou, como se com o beijo quisesse pedir perdão pelas suas falhas, falhas as quais ela não sabia que ele havia cometido.

Enquanto isso na sala...

Bia lia a carta que recebera novamente, porém desta vez sem presentes.

– "Para mostrar que não me interessa apenas te comprar com presentes, hoje te deixo apenas esta carta..." – De repente, a campainha interrompeu sua leitura. Esta levantou-se para atender a porta.

– Oi! – Cumprimentou o garoto sorridente.

– Oi Duda! – Cumprimentou Bia.

– Posso entrar? – Perguntou Duda.

– Claro! Mais vou logo avisando, a Marian não está! – Disse Bia.

– Ah! Tudo bem. É até melhor ela não está, porque eu queria mesmo era falar om a Pata... – Explicou Duda.

– Ah! A Pata tá no banho, se você quiser esperar aí... – Avisou Bia.

– Ah, Ok. – Concordou Duda. Houve um silêncio momentâneo. – E então... – Duda deu início a uma conversa. – ... Como andam as coisas por aqui?

– Tá tudo ótimo! – Exclamou Bia. – E você? Como está com a Marian?

– Ah, tá indo... – Respondeu Duda.

– Ih... "Indo" não é uma boa coisa... – Disse Bia.

– Ah sabe, ela é legal, gosto dela, só que ela é muito superficial... – Revelou Duda.

– Típico da Marian... – De repente Bia lembrou do acordo que tinha com Marian, o qual incluía falar bem desta, para Duda. – Mas... Se bem que, no fundo ela é uma ótima pessoa...

– Você acha? – Perguntou Duda.

– Sim. – Disse Bia.

– Hum, estranho, achei que você não suportasse ela. – Disse Duda.

– As coisas mudam as vezes... – Explicou Bia. – Bom, eu vou subir, e aproveito pra avisar a Pata que você está esperando, ok?

– Ah! Ok! – Concordou Duda. Então Bia se retirou.

Enquanto isso na rua...

– Eu tava procurando você! – Exclamou Marian.

– Olha só se não é a patricinha... – Disse o garoto se aproximando. – Tu tá pirando é? Como tu tem coragem de aparecer aqui depois do que os teus amiguinho fizeram? – Gritou o garoto.

– Não tenho medo de você Paçoca! – Exclamou Marian.

– Tem não é? – Perguntou o garoto. Este a puxou pela cintura. – Como não? – De repente os dois se atracaram num amasso estonteante. Paçoca passava a mão pelo corpo todo da garota enquanto a beijava, era realmente terrível de se ver.

– Chega! – Disse Marian se distanciando do garoto, esta estava sem fôlego.

– Coé patricinha? Eu mereço é mais! – Exclamou Paçoca aproximando-se mais uma vez da garota, porem esta se esquivou, o deixando irritado. – Tu tá me tirando é mina? – Perguntou Paçoca, pegando Marian pelo pescoço.

– Você tá me machucando! – Exclamou Marian friamente.

– Cê sabe que tá me devendo por aquele serviço lá! E tem outra, por culpa dessa tua trama aê, teus amiguinho me deixaram sem casa, então pense muito bem antes de se esquivar de mim de novo, porque da próxima vez eu não perdou...

– Ameaçou Paçoca sussurrando ao seu ouvido. Este empurrou a garota que caiu no chão. – Tá avisado! – Concluiu Paçoca deixando a garota sozinha, este seguiu em frente rumo a esquina.

– Verme idiota! – Gritou Marian, levantando-se.
No orfanato, Mili e Mosca preparavam-se para sair.

– Iaí pessoal! – Disse Duda que esperava na sala.

– Oi Duda! – Respondeu o casal.

– Cês vão sair? – Perguntou.

– É, agente vai na sorveteria... – Respondeu Mili. – E você o que tá fazendo aqui sozinho? – Perguntou.

– Esperando a Pata... – Respondeu Duda. Nessa hora Mosca o encarou seriamente.

– O que cê quer com a minha irmã? – Perguntou.

– Relaxa Mosca, só conversar... – Respondeu o garoto.

– Duda! A Bia disse que você tava me procurando...? – Disse Pata descendo as escadas.

– É, eu queria falar com você... – Disse Duda.

– Bom gente, agente já vai! – Exclamou Mili.

– Tchau Mili, Tchau Mosca! – Disse Duda.

– Tomem cuidado! – Exclamou Pata.

– Flws! – Disse Mosca.

Logo, os dois saíram, deixando Pata e Duda a sós na sala.

– E então? – Perguntou Pata.

– E então o quê? – Perguntou Duda.

– O que cê tem pra falar? – Perguntou Pata.

Duda apenas a encarou em silêncio. Fazendo suspense.

Enquanto isso no quarto das meninas...

– Bia! – Chamou Ana entrando de uma vez no quarto. Esta deu de cara com Bia e Binho em uma proximidade suspeita. Os dois se distanciaram assustados.

– Ana! – Gritou Bia, esta estava pálida.

– É impressão minha, ou quando eu abri a porta vocês tavam se beijando?! – Perguntou a ruiva em estado de choque...

Bia e Binho não sabiam por onde começar, só sabiam que dessa vez teriam que contar toda a verdade...