Entre beijos e paixões escrita por Eterna Queen Chaddad Vieira


Capítulo 80
O drama de Bia


Notas iniciais do capítulo

Oie gente aqui vai mais um capítulo õ/
Só lembrando que esse é o penúltimo galera Buaaaaa ç.ç
Mas calma isso significa que ainda tem mais um (Que talvez eu divida em dois u-u) heuaheheua
Enfim, tenham uma boa leitura! Beijos e comentem!!!



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Ao chegar no quarto andar, Bia caminhou lentamente, porém antes de chegar no terceiro corredor, a mesma decidiu parar. Bia respirou fundo.

– Ai meu Deus… – Disse. – Será que finalmente eu vou conhecer o meu irmão? – Perguntou. – E se for uma armadilha?! – Questionou insegura. – Acho que não, afinal ninguém de fora sabe… Bom, é melhor eu ir logo. – Finalizou, dirigindo-se ao terceiro corredor. Assim que chegou, a mesma se deparou com um bilhete no chão, onde tava escrito “Sala 19”. Nesse momento sua ansiedade aumentou. Então caminhou até a porta da sala 19, a qual estava destrancada. Então ao abrir a porta, Bia deu de cara com um garoto virado de costas. Este era magro, e tinha cabelos lisos, usava jeans, tênis e uma jaqueta verde.

– C-Carlos? – Chamou Bia, na mesma hora o garoto se virou, causando um enorme choque em Bia.

– Oi Bia… – Atendeu Carlos, um tanto inseguro.

***

Bia não conseguia acreditar naquilo, de início ficou sem reação, apenas encarou o garoto surpresa, então, depois de alguns segundo voltou a si.

– O que você tá fazendo aqui garoto? – Perguntou, em busca de uma explicação.

– E-Eu…

– Eu já devia saber que era uma cilada! – Afirmou Bia, inconformada.

– Bia…

– Eu só quero saber por que você tem que se meter em tudo? Anda fala logo? O que você ganha com isso? Já não basta tudo que fez contra mim?! Não, né? Não basta… – Interrompeu Bia. – Fala sério Paçoca, se passar pelo meu irmão, pra me trazer até um lugar onde não tem ninguém!

– Beatriz, será que pode me deixar falar? – Pediu Paçoca.

– E agora o que você pretende fazer? Me matar? Ou vai tentar me estuprar primeiro? – Perguntou.

– Cala a boca, garota! – Exclamou Paçoca nervoso com a situação. – Será que da pra deixar eu falar? – Pediu diminuindo o tom da voz. Bia ficou calada, porém Paçoca nada disse apenas a encarou.

– Já devia saber que não era nada. – Disse Bia. – Melhor eu voltar lá pra baixo, e procurar o meu irmão, que deve tá me esperando. – Concluiu dando as costas.

– É isso que você não entende, velho… – Disse Paçoca enquanto Bia caminhava até a porta. – Eu sou o seu irmão! – Revelou, fazendo a garota parar de caminhar. Nessa hora Bia se virou novamente para o garoto, e o encarou sem entender.

– O quê você disse?! – Perguntou, esperando não ter ouvido direito. Então Paçoca tirou algo de dentro do bolso de sua jaqueta, uma fotografia. Logo, estendeu a mão a mostrando para Bia, que ao olhá-la, teve um grande susto. A fotografia era parecida com uma que seu tio havia lhe dado, onde havia ela e sua mãe, porém, com uma pequena diferença, agora não estava apenas ela e sua mãe, Paçoca estava nela.

Bia não sabia o que dizer, nem mesmo o que pensar, mas, de uma coisa tinha certeza, queria estar morta naquele momento.

– Bia, fala alguma coisa por favor… – Pediu Paçoca.

– Não… – Disse Bia. – Isso não pode ser verdade! – Exclamou, passando a chorar.

– Bia… – Disse Paçoca tentando aproximar-se.

– Sai de perto de mim! – Gritou Bia, o empurrando. Pata que estava do lado de fora ouvindo tudo, decidiu entrar na sala. – Você não é meu irmão, seu marginal! – Completou, ainda alterada.

– Bia! – Exclamou Pata, segurando a garota, que tentava agredir o irmão. Paçoca passou a chorar.

– Eu te odeio! Eu te odeio! – Afirmava Bia, aos berros.

– Me perdoa por favor, Bia… – Pediu Paçoca.

– Não! – Gritou Bia. – Eu quero que você morra, seu imundo! – Acrescentou.

– Paçoca, é melhor você sair daqui… – Pediu Pata. – Vou tentar acalmar ela… – Completou. Paçoca assentiu, saindo.

– Pata… – Disse Bia. – V-Você já sabia? – Perguntou, ainda chorando. Pata assentiu. – Quem mais sabe disso?

– Só eu, e o Mosca… – Disse Pata.

– Por que não me disseram? – Perguntou Bia.

– A gente descobriu por acaso, porque vimos o seu tio com o Paçoca, e no dia ele afirmou ser tio dele. E depois no dia da festa no sambão, você me apresentou ele também como seu tio, aí foi quando caiu a ficha. Depois o Mosca também veio me perguntar, porque lembrou do seu tio quando viu ele na festa com você, aí eu tive que confirmar, mas ele guardou segredo. – Contou Pata.

– Então é verdade mesmo… Eu e o Paçoca, somos irmãos? – Perguntou Bia. Pata assentiu. Logo, Bia passou a chorar novamente, porém, desta vez, em silêncio. Pata então a abraçou.

– Eu quero morrer Pata… – Choramingou Bia.

– Calma amiga… – Pediu Pata.

– Por que tudo pra mim tem que ser tão terrível assim? – Perguntou. – Logo agora que eu tava feliz por ter encontrado minha família, aí de repente descubro que meu irmão… É o Paçoca! – Lamentou-se, tornando a chorar.

Enquanto isso, em outra parte da escola…

Mili e Mosca conversavam num canto, quando Duda apareceu.

– E aí Duda, já achou a minha irmã? – Perguntou Mosca.

– Não, nem sinal dela, procurei em todo canto. – Disse Duda. – Mas que droga, só porque eu queria dar a boa notícia a ela, ela some. – Lamentou. Nessa hora Binho apareceu.

– Galera, vocês viram a Bia? – Perguntou, este parecia agitado.

– Não. – Respondeu Mili. – Ela também sumiu? – Perguntou.

– Como assim também? – Perguntou Binho.

– É que a Pata também não tá em lugar nenhum. – Disse Duda.

– Nossa, será que não é bom a gente procurar elas? – Perguntou Mili. De repente Mosca avistou Paçoca andando rapidamente para a saída da escola, também notou que o mesmo parecia chorar. Então deduziu o que podia ter acontecido.

– Eu acho que já sei o que houve. – Disse Mosca, levantando-se. Todos notaram que o mesmo foi em direção a Paçoca, então levantaram-se e o seguiram.

– Ei chapa! – Chamou Mosca. Paçoca que estava quase na saída, então olhou em sua direção.

– Qual é cara? – Perguntou Paçoca, naturalmente.

– Pela sua cara, a Bia já sabe a verdade. – Disse Mosca.

– É. – Confirmou Paçoca, desanimado.

– É a vida cara, a gente só colhe o que planta. – Afirmou Mosca. – Mas a Bia apesar de ser cabeça dura, tem um bom coração, então, quem sabe ela não te perdoe um dia. – Concluiu, dando um tapa no ombro de Paçoca. Paçoca então baixou a cabeça, então Mosca o deixou ir embora.

– Mosca, o que houve? – Perguntou Mili, aproximando-se junto de Duda e Binho.

– Por que você tava falando com o verme do Paçoca? – Perguntou Binho.

– Ele tem algo a ver com o sumiço da Pata, ou da Bia? – Perguntou Duda.

– É uma longa história… – Disse Mosca. – Mas tudo se resume em uma só afirmação. – Completou. – O Paçoca e a Bia são irmãos. – Afirmou. Deixando todos em choque.

Dias depois…

Cris, Samuca, Binho e Thiago conversavam na sala, quando a campainha tocou.

– Eu atendo. – Disse Thiago, indo atender a porta. – Oi amor. – Era Ana.

– Oi Thi. – Cumprimentou Ana, dando um selinho no garoto.

– Entra. – Convidou Thiago. Ana entrou.

– Oi pessoal. – Cumprimentou.

– Oi Ana. – Responderam todos.

– Cadê ela? – Perguntou Ana.

– Ainda no quarto… – Falou Binho.

– E como ela tá? – Perguntou Ana.

– Do mesmo jeito. – Disse Cris. – Não fala com ninguém, não quer comer, e nem quer sair da cama.

– Sem contar que tá perdendo as provas finais da escola. – Lembrou Samuca.

– Já vai fazer uma semana que ela tá assim… – Disse Binho, entristecido.

– E o Paçoca, apareceu de novo?– Perguntou Ana.

– Ele veio aqui duas vezes, ontem, e segunda feira. – Contou Cris. – Mas a Bia não quis falar com ele, na verdade ela afunda a cara no travesseiro toda vez que entra alguém no quarto.

– Nem comigo ela quer falar. – Disse Binho.

– E o Paçoca? – Perguntou Ana.

– Por mais que eu deteste aquele garoto, confesso que tô com pena da situação, porque ele parece tá tentando mudar mesmo, pela Bia… – Disse Thiago.

– É, isso é lamentável… – Disse Ana. – Bom gente, eu vou subir lá no quarto, ou tentar falar com ela de novo. – Concluiu.

– Boa sorte. – Desejou Cris.

No quarto das meninas…

Ao entrar no quarto, Ana deu de cara com Bia embrulhada em seu cobertor, da cabeça aos pés.

– Bia… – Chamou. Bia não respondeu. – Bia, eu sei que você não quer ver ninguém, mas, sou eu, a Ana, fala comigo por favor. – Pediu. Bia descobriu a cabeça e encarou Ana. A garota possuía olheiras enormes e o cabelo bagunçado.

– Nossa que feia! – Exclamou Ana. – Você tá parecendo a menina fantasma das pegadinhas do Silvio Santos.

– Seria mais engraçado se você tivesse falado isso pra Janu… – Disse Bia, mostrando um meio sorriso.

– Bia! – Exclamou Ana, abraçando a garota. – Você falou amiga!

– Ai, tá me enforcando… – Disse Bia, afastando os braços da garota.

– Desculpa. – Pediu Ana. – Como é que você tá? – Perguntou. Bia ficou em silêncio. – Eu soube que você não quer comer, nem sair da cama, e que também não quer falar com ninguém… – Completou.

– Não quero falar sobre isso… – Disse Bia, voltando a se enrolar com o cobertor.

– Bia… Não dificulta as coisas… – Pediu Ana. – Você não pode ficar assim pra sempre…

– Como você pode ter tanta certeza? – Perguntou Bia.

– Porque vai ser pior, você precisa aceitar o que a vida te proporciona. – Afirmou Ana, Bia a encarou.

– Pois se a vida me proporciona ser irmã do Paçoca, eu prefiro deixar de viver. – Afirmou Bia, friamente. – Acho que já tá na hora de você ir pra casa. – Concluiu, colocando o travesseiro sobre a cabeça novamente. Ana ao ver que não tinha mais jeito, decidiu sair do quarto.

Na cozinha…

Todos lanchavam quando Ana entrou na cozinha.

– E aí Ana, conseguiu falar com ela? – Perguntou Mili.

– Muito pouco… – Disse Ana. – Ela continua pensando da mesma forma.

– Isso que tá acontecendo com a Bia é muito grave gente… – Disse Rafa.

– É mesmo, ela tá com começo de depressão… – Afirmou Cris.

– Também, com um irmão daquele, quem não ficaria com depressão? – Perguntou Vivi.

– Vivi! – Repreenderam todos.

– Tô mentindo? – Perguntou a garota. Nessa hora Dani entrou na cozinha.

– Cadê a Bia? – Perguntou a garota.

– No quarto, como sempre. – Disse Neco.

– É só pra avisar que a Carol tá chamando ela na diretoria. – Avisou Dani.

– Duvido que ela vá. – Falou Tati. – Ela não tá levantando nem pra tomar banho direito. – Completou.

– Que nojo… – Disse Neco.

– Isso é o que dar namorar o Binho! – Zombou Thiago.

– Qual é! – Repreendeu Binho. – Pera, eu vou lá avisar a ela que a Carol tá chamando. – Decidiu, indo até o quarto das meninas.

No quarto das meninas…

Binho entrou no quarto.

– Bia… – Chamou. Bia continuou coberta com os lençóis. – Fala comigo gatinha… – Pediu Binho. Logo Bia se descobriu e o encarou. – Eu tô preocupado com você… – Disse. Nessa hora Bia acariciou o rosto do garoto, lhe dando um selinho. Então Binho deitou-se ao seu lado. – Por que você não levanta, e come alguma coisa, amor? – Perguntou, a abraçando.

– Não… – Disse Bia, num tom de voz baixa, virando para o lado da parede, Binho então a abraçou em forma de conchinha.

– Eu te amo, quero te ver bem… – Disse Binho.

– Eu também te amo… – Disse Bia. – Mas eu quero dormir agora… – Concluiu.

– Ok… – Concordou Binho. – Ah, eu já ia esquecendo. A Carol tava te chamando na diretoria. – Avisou. Bia o encarou.

– Fala pra ela que é a mesma distância de lá pra cá. – Disse Bia.

E assim…

Na diretoria...

– Eu disse a Bia que você queria falar com ela Carol, mas, ela disse que tava indisposta pra vir até aqui, então pediu que por gentileza, você fosse até lá. – Disse Binho. (Traduzindo para uma forma educada o que Bia havia dito e.e) Carol concordou, então foi falar com a garota no quarto das meninas.

Ao chegar no quarto das meninas, Bia estava sentada em sua cama, de pijamas, lendo um de seus gibis.

– Princesa… – Chamou Carol.

– Oi. – Atendeu Bia.

– Como você tá? – Perguntou Carol.

– Bem. – Respondeu Bia.

– Tem certeza que tá tudo bem? – Perguntou Carol.

– Não. – Respondeu Bia. Então Carol concluiu que seria uma tarefa difícil conversar com a garota.

Enquanto isso, por aí…

Paçoca andava entristecido pelos cantos, quando parou perto de uma galera estranha.

– Qual é mano! – Cumprimentou um deles.

– E aí Maurício. – Cumprimentou Paçoca, desanimado.

– Trouxe o bagulho? – Perguntou Maurício.

– Trouxe, tá aqui, 30 gramas, como você pediu. – Falou Paçoca, entregando a mercadoria. (Tratava-se de drogas).

– Valeu parça! – Agradeceu Maurício. – Quanto te devo?

– 70 conto. – Respondeu Paçoca.

– Vou te pagar 40 agora, quando eu vender a mercadoria, te passo o resto. – Afirmou Maurício, entregando o dinheiro ao garoto.

– Beleza, mas ver se não demora, porque se não o chefe vai zoar no meu ouvido. – Afirmou Paçoca.

– Relaxa. – Concluiu Maurício, piscando o olho. Paçoca se despediu de Maurício e (sua gangue?) então passou a caminhar novamente, quando de repente avistou um garoto tocando violão na praça, logo, este decidiu ir até o mesmo.

– E aí parça. – Cumprimentou.

– E aí. – Respondeu o garoto.

– Maneiro o violão. – Afirmou Paçoca.

– Valeu! – Agradeceu o garoto.

– Será que eu podia experimentar? – Perguntou.

– Pode. – Concordou o garoto, entregando o violão para Paçoca. Nessa hora o mesmo passou a tocar e cantar o trecho de uma música. (link da música nas notas finais)

(Atenção: A música é em inglês e essa é a tradução :3)

Não sou uma pessoa perfeita

Há muitas coisas que eu gostaria de não ter feito

Mas eu ainda estou aprendendo

E eu nunca quis fazer aquelas coisas com você

E então tenho de dizer, antes de partir

pois eu quero que você saiba

Que encontrei uma razão pra mim

Para mudar quem eu costumava ser

Uma razão pra começar tudo de novo

E você é essa razão

Peço desculpas por te machucar

Convivo com esse erro todos os dias

E as dores que lhe causei

Eu gostaria de levá-las embora

E ser aquela pessoa que limpa todas as suas lágrimas

E é por esse motivo que preciso que me ouça

Que encontrei uma razão

Para mudar quem eu costumava ser

Uma razão pra começar tudo de novo

E você é essa razão

E você é essa razão

E você é essa razão

E você é essa razão (…)

Assim que terminou de cantar a música, Paçoca se encontrou rodeado de pessoas o assistindo, impressionadas com o talento do garoto, alguns deles estavam até filmando, outro colocaram até moedas para o garoto. Aquilo o deixou completamente estático, porém fez com que o mesmo mostrasse um pequeno sorriso em seu rosto.

De volta ao orfanato…

Carol continuava conversando com Bia, ou, pelo menos, tentando.

– Escuta, princesa, eu sei que não é nada fácil passar pelo que você tá passando agora, mas…

– Como você sabe se nunca passou por isso? – Perguntou Bia, a interrompendo. Carol ficou sem o que dizer.

– Bia, princesa, não faz assim, por favor… – Pediu Carol.

– Desculpa… – Desculpou-se a garota.

– Enfim… – Iniciou Carol. – Eu vejo que não tá sendo nada fácil pra você passar por isso, mas, princesa, você não pode ficar assim, você é uma pessoa tão forte, uma das meninas mais fortes do orfanato.

– Uma das? Eu sou a mais forte! – Corrigiu Bia, aborrecida. Carol não conteve o riso.

– Então, Bia, por que agir dessa forma? – Perguntou Carol. – Por que não enfrentar a situação?

– Não consigo Carol… – Disse Bia. Houve silêncio.

– O seu tio já conseguiu a sua guarda… – Lembrou Carol. – Nem eu e nem ninguém aqui, vamos obrigar você a ir morar com ele, mas, Bia, você devia pelo menos conversar com os dois, e explicar seus motivos de não querer ir.

– O problema é o Paçoca, e isso já tá mais do que claro pra todo mundo. – Finalizou Bia.

– Eu sei. – Disse Carol. – E é por isso que eu chamei ele pra vir aqui junto com o seu tio hoje, pra que vocês possam conversar e resolver isso de uma vez por todas. – Avisou.

– O quê?! – Exclamou Bia.

– E dessa vez, eu não vou permitir que você fique neste quarto, mocinha, querendo ou não, você vai descer e falar com eles. – Concluiu Carol. Bia revirou os olhos.

– Tudo bem. – Concordou.

– Tudo bem mesmo? Posso confiar que você vai ser gentil? – Perguntou Carol.

– Pode. – Concluiu Bia, desanimada.

Mais tarde…

Acabara de anoitecer, quando Edgar e Paçoca chegaram ao orfanato. Bia continuou no quarto por um bom tempo, então Cris subiu até lá para avisar que os dois a esperavam na sala. Bia respirou fundo, então resolveu descer até o local.

– Bia! – Exclamou seu tio, levantando-se, junto de Paçoca, que a encarou.

– Oi tio… – Cumprimentou Bia, desprezando a presença de Paçoca.

– Que bom ver que você está melhor, sobrinha. – Disse Edgar.

– Na base do possível. – Afirmou Bia. Houve silêncio. – Bom, tio, eu vou ser bem clara, e não vou repetir o que vou falar, então espero que você e os outros ouvidos que escutam, entendam bem. – Iniciou a garota. – Eu sei que você veio na esperança de uma resposta positiva minha, mas, eu já me decidi. Espero que não se chateie comigo, mas, não tem como eu ir morar com você, se a pessoa que eu mais odeio no mundo, mora lá também! – Afirmou alteando a voz. Aquilo atingiu Paçoca por completo.

– Não se preocupa Bia, se o problema sou eu, eu vou embora, e você pode ir morar lá com ele. – Disse o garoto.

– Isso vai embora mesmo, ou melhor, morre garoto! Você é um inútil nesse mundo! – Afirmou Bia, aos gritos. Os olhos de Paçoca encheram-se de lágrimas ao ouvir tantas palavras amargas.

– Bia! Bia!!! – Exclamou Carol, interrompendo.

– Parece que não foi uma boa ideia ter vindo com o Carlos aqui… – Disse Edgar. – É uma pena mesmo que você tenha decidido por não ir morar na minha casa, Bia. Mas não se preocupe, eu venho aqui lhe visitar sempre, afinal você é minha sobrinha. – Concluiu Edgar, Bia percebeu que o mesmo estava bastante chateado com a decisão da mesma, porém, nada disse. Então o homem foi embora junto de Paçoca. Assim que ambos sairam, Bia subiu as escadas, e voltou ao seu quarto, passando a chorar descontroladamente, e enquanto isso, a mesma desarrumou toda sua cama e jogou todas as suas coisas no chão. Ninguém interferiu, preferiram não perturbá-la, porém sofreram, ao ouvir de longe todo o drama da garota, que depois de um tempo adormeceu.

No dia seguinte…

Os garotos desciam as escadas calmamente quando Cris os assustou com um berro.

– Meninos!!! – Gritou.

– Nossa, que susto! – Afirmou Rafa.

– O que foi dessa vez Cris? – Perguntou Binho.

– Vocês não vão acreditar nisso aqui! – Afirmou ainda em choque.

– O que? – Perguntou Thiago.

– Fui olham os vídeos mais vistos da semana, e olha com o que eu me deparei… – Falou Mostrando o vídeo. Se tratava do vídeo em que Paçoca cantava e tocava violão na praça.

– Caralho, não dá pra acreditar nisso!!! – Exclamou Thiago.

– Esse aí é quem eu to pensando que é? – Perguntou Rafa. Na mesma hora, Bia desceu as escadas. Então Cris minimizou a aba do vídeo.

– Qual foi? – Perguntou Bia. – Por que você fechou a janela da internet quando me viu, Cris? – Perguntou.

– Não é nada não, gatinha… – Disse Binho.

– O que vocês tavam olhando que eu não posso ver? – Perguntou Bia. Logo esta tomou a frente no computador, e acabou vendo do que se tratava. Ao ver o vídeo de Paçoca, e a letra daquela música, Bia ficou sem reação. Então o vídeo acabou.

– Bia… – Chamou Cris sem jeito, ao ver que a garota continuava estática. Porém Bia nada disse, apenas se levantou, foi até a porta da sala, e saiu.

– Bia! – Exclamaram Binho e Cris.

– Deixa ela pessoal, acho que ela precisa de um tempo sozinha… – Disse Rafa.

Perto dalí…

Bia caminhou por um tempo, não estava nada bem, então parou em uma praça, e sentou-se, pensativa. Não estava triste, tão menos arrependida, continuava amargurada, pois, por mais que Paçoca pudesse estar arrependido, Bia não conseguia perdoá-lo, na verdade não queria isso. Foi quando alguém interrompeu seus pensamentos.

– Tá perdida Beatriz? – Perguntou aquela irritante e conhecida voz.

– Não me enche Janjão… – Disse Bia, sem ao menos virar para ver se era ele mesmo. O garoto notou que havia algo de errado com a mesma, então decidiu sentar ao seu lado.

– O que tá pegando? – Perguntou.

– Desde quando você se importa? – Perguntou Bia.

– Tem razão, não me importo. – Disse Janjão deixando Bia com cara de tacho. – Tô zoando… Anda fala logo.

– Não é da sua conta. – Disse Bia.

– Se eu tô perguntando é porque é. – Retrucou Janjão. Bia ficou calada. – Olha, cara, eu sei que tá acontecendo alguma coisa com você. – Afirmou. – Faz quase uma semana que você não pisa na escola, e em época de prova. E vocês lá do orfanato nunca faltam na escola! – Reparou. Bia não respondeu. – Bom, já que você não quer me falar, eu mesmo vou tirar minhas conclusões. – Decidiu. – Você tá assim por que descobriu que o Paçoca é seu irmão. – Adivinhou. Bia o encarou, tensa.

– Quem te…

– Sou amigo da Vivi, esqueceu? – Lembrou Janjão.

– Ah é, devia ter suspeitado. – Disse Bia, com cara de tacho.

– Pois é… – Disse Janjão.

– Mas mesmo assim, você não tem nada a ver com isso. – Disse Bia.

– Eu sei que não tenho. – Disse Janjão. – Mas, você quer um conselho?

– Não! – Exclamou Bia. – Eu tô cansada de ouvir a mesma coisa! – Janjão a ignorou.

– Te garanto que ninguém falou o que eu vou te falar agora. – Afirmou Janjão. Bia então esperou que o mesmo falasse. – Você tá sendo uma idiota, sabia? – Lançou, surpreendendo a garota.

– O quê?! – Exclamou Bia, sem acreditar. – Como você ousa dizer isso? – Perguntou. – Escuta aqui garoto, você não faz ideia do que eu tô passando! Você não sabe o que passar a vida toda desejando conhecer a família, e quando finalmente esse dia chega, você descobre que seu irmão, é um pilantra que já se meteu com você e com seus amigos!!!

– Pelo menos o seu irmão tá tentando mudar, pra que possa ser aceito por você! – Exclamou Janjão. – Pior é a minha mãe, que só piora a cada dia, e eu quem tenho que aceitar, e sofrer nas mãos dela! – Acrescentou. – Velho, ela me maltrata desde quando eu era um bebê! Eu preferia mil vezes ser órfão, do que ter uma mãe assim. Pra você ter uma ideia eu tô indo morar com a minha vó, porque, já tá demais essa situação, então, não me diga que eu não sei o que é sofrimento por causa de família! – Finalizou. Bia não soube o que dizer a não ser, se desculpar.

– D-Desculpa Janjão… – Pediu. – Eu tinha me esquecido… – Completou.

– Por isso eu torno a dizer que você tá sendo idiota! Porque você nunca conviveu com seu irmão, não sabe os motivos dele pra ser assim. – Afirmou Janjão. – Então cara, dá uma chance a ele de te mostrar, perdoa ele! Ele nem sabia que vocês eram irmãos, se soubesse, com certeza não tinha te tratado mal. – Completou.

– Eu não consigo Janjão, eu peguei um horrível nojo da cara dele! – Disse Bia, entre lágrimas.

– Por que você conhece ele só como o Paçoca marginal, quem sabe quando conhecer ele como o seu irmão, isso não mude Beatriz? – Disse Janjão. – Fica a dica. – Concluiu, piscando o olho. Logo o mesmo levantou-se e saiu.

– Espera! – Chamou Bia. Janjão voltou.

– Onde é que mora a sua avó mesmo? – Perguntou.

– Em Tocantins. – Respondeu Janjão.

– E quando você vai? – Perguntou Bia.

– Assim que acabarem as aulas… – Respondeu Janjão. – Até outro dia, Bia.

– Até…

***

As palavras de Janjão impregnaram na mente de Bia. Foi quando de repente um flashback veio em sua mente.

Flashback on

– Mas, me escute Bia, o destino nos prega muitas peças, e precisamos lidar com a verdade, e saber perdoar a todos, sem exerção. – Disse Madame Esmeralda.

Hã? – Perguntou Bia, sem entender.

Ele é um bom garoto, mas, a vida o fez andar pelos caminhos errados, então não o julgue por isso. – Aconselhou Madame Esmeralda.

Flashback off

– Ela não tava falando do Janjão… – Concluiu Bia. – Era do Paçoca… – Então, após pensar em todas as situações, e em tudo que lhe disseram relacionado ao assunto, Bia tomou uma decisão.

Depois…

No orfanato

Bia procurou Carol na diretoria.

– Carol, eu vim aqui falar com você, porque eu pensei bem… – Iniciou Bia. – E decidi voltar atrás na minha decisão.

– Que decisão princesa? – Perguntou Carol.

– Eu decidi que quero morar com meu tio… E com o Paçoca. – Revelou.

– Isso é sério Bia? – Perguntou Carol, surpresa.

– Sim, é. – Disse Bia, decidida.


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Notas finais do capítulo

E aí o que acharam? Gostaram? *-*
Ps: Link da música do Paçoca: https://www.youtube.com/watch?v=d99G8qLyfPo