Assim que chegaram de viagem, a maioria dos garotos nem quiseram saber de conversa, tomaram um bom banho quente e foram direto para as suas camas recuperarem as forças devido à escola no dia seguinte. Eram 19:00 da noite e só havia 5 pessoas acordadas no orfanato inteiro: Ernestina, Mosca, Cris, Marian e Samuca.

Mosca e Cris usavam o computador, Samuca trabalhava em seus experimentos no laboratório, e Marian estava na cozinha mexendo no celular.

Na sala...

– Nossa como essa internet tá lenta! – Reclamava Cris.

– Né... – Respondeu Mosca.

– Ô estrupícios! – Excamou Matilde.

– Ai, é você Ernestina. – Disse Mosca virando-se rapidamente.

– Só pra avisar que eu vou sair, e só volto amanhã a tarde, avisem aí pro resto do pessoal.

– Aonde você vai? – Perguntou Cris.

– Não te interessa! – Respondeu Matilde, saindo do orfanato.

– Nossa, que estranha... – Disse Cris.

– Agora que você reparou? – Perguntou Mosca.

– Oi gente! – Exclamou Marian chegando na sala. – O que vocês tão fazendo?

– Oi Marian... – Responderam os dois.

– Eu passando o tempo.. – Completou Mosca.

– E eu nada, já tô saindo do pc. – Disse Cris levantando-se. Logo esta foi em direção à cozinha. Em seguida Marian ocupou seu lugar no computador, ao lado de Mosca.

Na cozinha...

Cris tomava um suco enquanto pensava na vida.

"É incrível como as coisas dão errado pra mim, todos os meninos que eu gosto nem me dão bola ou gostam de outras garotas, aí eu acabo descobrindo que o único menino que gosta de mim é alguém que eu menos esperava, o Thiago. Alguém que eu nunca ficaria...", pensava. De repente esta e assustou ao ouvir um barulho na dispensa da cozinha.

– Meu Deus! – Exclamou. Logo viu que se tratava de Samuca. – Samuca o que você fazia na dispensa? – Perguntou curiosa.

– Nada. – Respondeu Samuca desprezando a garota.

– Ah... Esqueci que você não fala mais comigo... – Lembrou Cris.

– Pois é. – Concordou Samuca andando em direção a porta.

– Samuca espera por favor! – Pediu Cris. Logo o garoto parou de andar e olhou em sua direção friamente. – Eu já te pedi desculpas... – Completou a garota.

– Eu sei Cris. – Disse Samuca.

– E então? – Perguntou Cris.

– Então o quê? – Perguntou Samuca.

– Ai Samuca para de me dar gelo... Foi até bom todos saberem, ninguém t tratou com indiferença, pelo contrário, você até ganhou atenção da Vivi. – Disse Cris, nessa hora Samuca aproximou-se friamente olhando em seus olhos.

– Como você ousa falar desse jeito? Quer dizer que acha que eu estava querendo atenção? – Perguntou. – Você acha que eu fico feliz em saber que todos me tratam bem, apenas por pena? Ou por medo de que eu me machuque?

– Samuca isso não é verdade...

– Você acha que a Vivi foi atrás de mim por gostar de quem eu sou? Acha?! – Perguntou. Cris ficou em silêncio. – Não! Ela foi por pena. Todos tem pena de mim Cristina, inclusive você!

– Não é pena Samuca, nós nos preocupamos com você... – Disse Cris.

– Faça-me o favor Cris, quer dizer então que você estava preocupada naquele dia quando me beijou na escola? Claro, daí você ver alguém morrendo e acha que beijar a pessoa vai ajudar.

– Eu me importo com você...

– Não, não se importa. Você não me beijou por estar preocupada, muito menos por gostar de mim, você apenas se aproveitou do meu momento de fraqueza, só isso! É só o que você sabe fazer! – Exclamou Samuca. Enquanto Samuca falava, Cris deixava cair lágrimas em seu rosto.

– Eu te amo Samuca... – Disse a garota. Nessa hora Samuca a encarou e sorriu em forma de deboche.

– Olha só a merda que você tá falando Cris... – Debochou o garoto. – Claro, você me ama, assim como é louca pelo André, e ficou com o Janjão.

– Eu...

– Por favor Cris, não fala mais nada, porque você falar só vai piorar minha opinião sobre você. – Concluiu o garoto, saindo da cozinha. Logo Cris passou a chorar desesperadamente.

Na sala...

Mosca e Marian continuavam no computador quando notaram Samuca subindo às escadas furioso.

– Nossa o que será que deu nele? – Perguntou Mosca.

– Vai ver não encontrou a gilete pra se cortar! – Zombou Marian, deixando Mosca tenso.

– Isso não teve graça Marian... – Disse Mosca.

– É, desculpa... – Disse Marian desconcertada. Logo votaram a ficar em silêncio por alguns segundos. – É... E como tá com a Janu? – Perguntou Marian quebrando o silêncio.

– Ah! Ainda não falei com ela depois que voltei. – Respondeu Mosca.

– Ah tá... Mas e aí o que tá rolando entre vocês? Não pense que eu esqueci que você prometeu me contar! – Lembrou Marian.

– Ah! Não era nada demais, era bobagem! – Exclamou Mosca tenso.

– Para de mentir Mosca, desde que eu voltei, eu percebi que você tava todo estranho. Vai fala, pode confiar em mim. – Insistiu Marian.

– T-tudo bem, eu vou te contar... – Decidiu Mosca. De repente Cris entrou na sala, com a cara inchada de tanto chorar, logo esta subiu as escadas sem falar com ninguém.

– Pronto agora não te com quem se preocupar, vai desembucha! – Exclamou Marian.

– Ok... – Disse Mosca. – É que eu... Eu fiz sexo. – Contou Mosca.

– Quê?! – Exclamou Marian chocada. – Com a Janu?! – Perguntou.

– Claro né, com quem mais seria? – Afirmou Mosca.

– Nossa... Mas e aí qual o problema disso? Vocês tão juntos não estão? – Perguntou Marian.

– O problema é esse, eu não quero mais ficar com a Janu... – Revelou Mosca.

– Não? – Perguntou Marian. – Porque?

– Sei lá, depois que agente fez, eu vi que não gostava dela de verdade e não quero iludir...

– Ah, muito simples, só terminar. – Afirmou Marian.

– Simples? Se eu terminar ela vai achar que eu usei ela! – Exclamou Mosca.

– Ah, então não termina... – Completou Marian.

– Bela ajuda a sua... – Ironizou Mosca.

– Mas o que você quer que eu diga Mosca, quem tem que tomar essa decisão é você. – Concluiu Marian.

– Eu sei, mas eu não quero dar esperança pra ela com uma coisa que não vai rolar. Mas queria descobrir um jeito de falar isso sem que ela ficasse magoada... – Disse Mosca.

– Ta eu já entendi... Nesse caso não tem outra solução, você vai ter que dar um corte nela, se não ela vai ficar pegando no seu pé. E o pior é que ela pode ficar se iludindo. – Explicou Marian.

– É você tem razão... – Concordou Mosca. – Valeu Marian...

– Não há de quê. – Concluiu Marian sorrindo.

No quarto das meninas...

Cris chorava em sua cama, o que acabou chamando atenção de Vivi, que ainda não estava dormindo.

– Cris? – Chamou Vivi.

– Oi? – Perguntou Cris.

– Você tá chorando? – Perguntou Vivi.

– Não... Impressão sua. – Respondeu Cris. – Agora me deixa dormir. – Pediu.

– Ok... – Concordou Vivi. – Agora quem ficou sem sono fui eu... – Disse, logo esta se levantou e foi em direção ao banheiro. Ao chegar no corredor, deu de cara com Samuca.

– Oi Vivi! – Exclamou o garoto. Vivi notou que este parecia um pouco tenso.

– Oi Samuca, você não dormiu? – Perguntou.

– Não. Não sou acostumado a dormir essa hora, até tentei descansar um pouco, mas não consegui. – Explicou.

– Ah e o que você tava fazendo? – Perguntou Vivi.

– Nada na verdade... – Respondeu Samuca.

– Ah eu também não... Tá um tédio né? – Perguntou.

– Completamente. – Concordou Samuca.

– Já sei! – Exclamou Vivi assustando o garoto. – Eu tive uma ideia Samuca, porque você não começa a me ajudar com as aulas de canto?

– Agora? – Perguntou Samuca.

– É! Já que agente não tá fazendo nada... – Disse Vivi.

– T-ta ok então... – Concordou Samuca.

– Pois vamo lá pro pátio então! – Disse Vivi puxando o garoto pela mão.

Minutos depois, no pátio...

– Eu gosto tanto e nem sei desfarçaaaar, eu gosto tanto e nem sei explicaaaaaaar... – Cantava Vivi, quando esta percebeu que Samuca fazia uma cara tensa enquanto a observava. – Que cara é essa Samuca? – Perguntou.

– Que cara? – Perguntou Samuca.

– Essa cara de enterro que você acabou de fazer... – Completou Vivi.

– Ah... Digamos que você desafinou um pouquinho. – Explicou Samuca.

– Ai meu Deus, cantar é muito difícil! Não tá rolando! – Exclamou a garota irritada.

– Não rolou mesmo. – Concordou Samuca, fazendo Vivi o fuzilar com o olhar. – Ops...

– Porque você concordou?! – Gritou Vivi. – Era pra você dizer que eu tava cantando bem e que tudo ia dar certo!

– É que eu não sou bom de contar mentiras! – Retrucou o garoto.

– Comé que é?! – Perguntou Vivi chocada.

– Ops de novo... – Disse o garoto sem jeito.

– Tá não precisa ficar tenso... Você tem razão, foi uma péssima ideia a minha, achar que poderia cantar... – Disse a garota desanimada.

– M-mas eu nem disse isso! – Exclamou Samuca.

– Mas pensou. – Afirmou Vivi, sentando-se no banco do pátio.

– Não fica assim Vivi... – Pediu o garoto sentando ao seu lado. – Você é uma garota confiante e determinada, aposto que antes que você perceba, vai estar cantando perfeitamente bem! – Afirmou.

– Você acha? – Perguntou Vivi sorridente.

– Eu tenho certe... – Antes de Samuca completar a frase, foi surpreendido, Vivi acabara de lhe dar um selinho.

– Não fala isso pra ninguém! – Ordenou a garota, logo esta levantou-se se retirando do pátio.

– N-n-nossa... – Falou o garoto paralisado, sem acreditar no que acabara de acontecer.

No dia seguinte...

Na escola...

Mosca estava sentado no pátio da escola, pensando em como iria falar com Janu sem que a mesma se sentisse magoada. Este ensaiava o que falar quando avistou a garota se aproximando.

– Ai meu Deus, ela tá vindo... É agora ou nunca! – Pensou alto.

– Oi Mosca! – Cumprimentou a garota sorridente com um beijo em sua buchecha.

– Oi Janu... – Respondeu o garoto sem jeito.

– Eu senti saudades! – Disse a garota. – Você quer fazer alguma coisa hoje a tarde? – Perguntou, sem dar espaço para Mosca falar o que gostaria.

– É.. Janu eu preciso falar uma coisa com você... – Disse interrompendo a garota.

– Sobre? – Perguntou a garota.

– É, eu gosto muito de você... – Disse. Nesa hora Janu abriu um sorriso enorme. – Mas não é do jeito que você gosta de mim... – Completou.

– Como assim? – Perguntou a garota sem entender.

– Eu gosto de você mas, só como amigo, e eu não quero te iludir e acabar te machucando, então eu acho melhor agente não ficar mais. – Explicou. – Janu você é uma ótima pessoa, mas o problema não é com você, é comigo entende? – Perguntou.

Janu ao ouvir toda aquela baboseira, sentiu o ódio lhe consumir, então não disse nada apenas acertou Mosca com um terrível soco no rosto que acabou o derrubando do banco, e saiu chorando dalí. Bel ao ver o estado da amiga, saiu atrás desta que ia em direção ao banheiro. enquanto isso Mosca levantou-se sentindo sua cabeça girar devido a pancada.

No banheiro...

– Janu?! – Chamou Bel entrando no banheiro. – Janu?

– Me deixa Bel! – Exclamou a garota que chorava. Esta havia se trancado no box do banheiro.

– Eu vi o soco que você deu no Mosca! O que aconteceu? – Perguntou Bel preocupada.

– O Mosca é um idiota! – Gritou a garota aos prantos.

– O que que ele fez? – Perguntou Bel.

– Tudo Bel, ele fez de tudo pra me magoar! – Respondeu Janu.

– Janu, por favor abre a porta pra gente conversar melhor... – Pediu Bel. Logo a garota abriu a porta. – Me explica essa história direito Janu.

– Ele disse que não quer mais ficar comigo Bel... Depois de tudo que aconteceu... – Contou a garota, decepcionada.

– Eu não acredito... – Bel ficou sem saber o que dizer, apenas abraçou a amiga.

– Ele sabia Bel, ele sabia que era a minha primeira vez! – Choramingou a garota. – Ele me usou, e ainda teve a coragem de dizer que só me queria como amiga, depois de ter estragado a minha vida desse jeito! – Completou. Janu estava muito mau, estava vermelha de tanto chorar.

– Ai Janu, eu não sei nem o que dizer... Fica calma tá? – Pediu Bel, acalmando a amiga. – Se não todo mundo vai saber que você tava chorando...

– Eu sou uma idiota... – Afirmou Janu, Lavando o rosto na pia.

– Não Janu você não é idiota, aconteceu... Agora bola pra frente, o importante é que ninguém sabe... – Disse Bel.

– Mas eu sei, e o Mosca também... – Disse Janu. – Mas quer saber... Eu não vou ficar aqui chorando por causa desse garoto.

– Então cê tá melhor? – Perguntou Bel.

– Tô sim, porque isso serviu pra mim abrir os olhos e ver que nenhum garoto presta! – Exclamou Janu.

– Também não precisa ficar generalizando... – Discordou Bel.

– É a verdade, e você devia tomar cuidado, aposto que o Rafa vai fazer o mesmo com você, porque ele é amigo do Mosca! – Afirmou Janu, deixando Bel em silêncio. – Agora vamo, eu não vou ficar aqui que nem uma boba. Um dia ele ainda vai me pagar por tudo que fez comigo. – Concluiu saindo do banheiro seguida de Bel. Estas não sabiam, mas enquanto conversavam, Cris escutava tudo de dentro de um dos boxes.

– Caralho! Eu não acredito no que acabei de escutar... – Disse Cris sozinha, chocada com a situação.