These Days escrita por Riqui


Capítulo 6
Angra dos reis.




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Fazia tempo que eu não dormia em um lugar que não fosse minha casa. Mas naquela sexta de carnaval, eu dormiria em Angra dos Reis.
Bianca estava sem graça pois Lúcia, sua mãe, estava zoando nós dois pelo jeito que dormimos no carro. Bianca estava vermelha e ficava com covinhas em sua bochecha, achei fofo.
Após pegarmos tudo no carro, entramos na casa, era grande até, maior que a minha casa, a sala era enorme, mas estava tarde, estávamos todos com sono e cansados. Eu estava sonolento pois tinha acabado de acordar. Bianca mostrou meu quarto, eu iria dormir com minha mãe, Bianca tinha um quarto só dela, assim como Lúcia.
Eu simplesmente botei um lençol e capotei, não lembro de mais nada naquele dia, ou melhor, noite.

Sábado! Ah o sábado de manhã, tudo indicava praia lotada, sol, porém, o dia amanheceu com muita, mas muita chuva mesmo e um friozinho.
Tomamos café tranquilo, ficamos de papo nós quatro na varanda com a praia como nosso quintal, realmente a vista era linda. Lúcia falou que ia ter que no mercado fazer compras, pois a casa não tinha muita coisa, minha mãe iria com ela, eu não estava afim de ir no mercado, mesmo sabendo que não tinha nada pra fazer, Bianca então falou que ficaria em casa também.
Então ficamos nós dois lá, eu fui pro quarto, estava meio sem graça em ficar a sós com ela, Bianca era muito bonita, era rica, e eu, bom, eu não tinha nada pra acrescentar. Apenas deitei na cama por tempo e resolvi cochilar, mas menos de cinco minutos deitado, Bianca entra no quarto.

▬ Posso ficar aqui? - ela perguntou, enquanto abria meus olhos.
▬ Claro, a casa é sua né. - Sorri.
▬ Mas é você que tá no quarto, então, a casa é sua também, são os convidados. - Ela quer ser simpática, e eu apreciava isso nela.
▬ Passa sempre o carnaval aqui? - Fiquei sentado na cama com o cobertor até minha cintura, Bianca ficou na cama ao lado, onde minha mãe dormiu.
▬ Todo ano, porém, esse ano meu pai casou novamente, e O D E I O aquela mulher, então voltei a morar com minha mãe.
▬ Entendo, ter pais separados deve ser horrível, mas, eu queria que meu pai tivesse se separado da minha mãe, e não morrido. - Sinceramente, não sei por que falei isso, eu quase nunca, nunca mesmo, falo do meu pai.
▬ É... - Ela pareceu bem sem graça, mas falou. ▬ Eu entendo, mas não fique assim né, nada de vibe pra baixo! Tamo em Angra, cara hahaha. - Ela tentou me fazer sorrir, e conseguiu.
▬ Hahaha, pois é, eu nunca de fato viajei no carnaval.
▬ Te garanto que esse será seu melhor carnaval de todos!
▬ Será?
▬ Aham, daqui vários anos, tu vai se lembrar dessa semana! - Ela sorriu enquanto se levantava.
▬ Hahahaha, e o que de mágico tem aqui?

Ela só ficou me olhando por uns segundos e riu, e saiu do quarto sem responder minha pergunta. Eu sinceramente não entendi o que aconteceu, e não quis ir atrás. Apenas me deitei, e cochilei por quase duas horas. Acordei com minha mãe e Lúcia chegando com as compras. Ajudei a guardar, e naquele momento não estava mais chovendo, mas estava bastante frio, as ondas estavam bem altas, e a praia estava praticamente deserta, tinha apenas três surfistas e menos de 5 pessoas espelhadas pela praia toda. Bianca tinha trocado o vestido por shorts jeans, achei curto pelo frio que fazia, mas vai entender as mulheres. Ainda por cima botou um casaco, eu realmente não entendia mais nada, se tá com frio, por quê não poe uma calça? Enfim.

Fui tomar um banho, a água era quente demais, mas era gostoso o banho ali, após o banho botei uma bermuda e meu casaco, eu estava com frio. Bianca parecia ansiosa me esperando no lado de fora do banheiro.

▬ Ei, vamo dá uma volta?
▬ Hm... claro.

Eu tinha fui andando com ela na direção da praia, a areia estava gelada, era meio dificil caminhar, Bianca ria da minha cara, caminhamos devagar até por alguns minutos olhando as ondas.

▬ Não tem amigos aqui?
▬ Alguns, mas geralmente quando venho, eu trago o pessoal lá do Espírito Santo.
▬ Espírito Santo?
▬ Isso, eu morava lá com meu pai, mas como falei, agora estou com minha mãe. Essa casa é deles, e como não vou voltar pra lá, o pessoal não veio.
▬ Ahhh, entendi. Nossa, deve ser um carnaval chato pra você, sua única companhia sou eu, um cara que tu nem conhece! - Não fui dramático, juro, mas falei a verdade. Ela riu.
▬ Eu não te conheço, mas não muda o fato que pode sim, ser um ótimo carnaval ué.

E ela tinha razão, poderia e iria ser um grande carnaval. Caminhamos por mais um tempo até sentarmos na areia e ficamos conversando sobre assuntos diversos, coisas que gostamos, um papo bem distraído. Ficamos lá por quase três horas, e eu juro, o tempo voou. Só percebi que tinha se passado tanto tempo pois eu estava faminto e ela também. Resolvemos voltar pra casa.

▬ Se perderam? já almoçamos e tudo. - Era Lúcia brincando, as duas estavam na varanda jogando baralho.
▬ Ficamos de papo. - Bianca respondeu enquanto ia pra cozinha.
▬ Vai lá comer, filho, comida tá uma delícia. - Minha mãe falou enquanto embaralhava as cartas.

Caminhei até a cozinha, e advinha o que era o almoço? Miojo! (estou rindo) e é sério, minha mãe e seu ótimo senso de humor. Bianca estava fervendo a água.
Ela fez para nós dois, e após comermos, nos juntamos a nossas mães e ficamos jogando baralho até o início da noite. Tia Lúcia, era assim que eu já a achava falou que tinha um barzinho bom ali perto, que poderíamos ficar lá, ver pessoas, conversar. Todos aceitamos, depois de todo mundo tomar banho, pegamos o carro e fomos.

Sentamos em uma mesa, Bianca e eu ficamos no refrigerante, minha mãe e Tia Lúcia bebendo cerveja. O assunto foi diverso, falamos de tanta coisa, na verdade, eles, eu fiquei mais calado ouvindo. Bianca então se virou para mim e falou.

▬ Ta vendo pessoal da mesa ao lado? - Eu olhei antes de acenar com a cabeça. ▬ O garoto com óculos escuros não para de olhar para mim, quero que me faça um favor.

Antes dela falar o que era, ela só pegou dinheiro com a Tia Lúcia e disse que iria no balcão ver o que tinha. Me chamou, eu levantei, e assim que saímos da mesa, o tal garoto também se levantou, Bianca então pegou na minha mão e me puxou para ficar mais perto dela. O garoto então parou e ficou olhando, mas não pareceu muito a acreditar que tínhamos algo. No Balcão Bianca ficava rindo.

▬ Tu é maluca? O cara te quer.
▬ Eu sei, por isso que fiz isso.
▬ Por quê quer fingir que somos namorados?
▬ A verdade, aquele é o Thiago, meio que namoramos, sempre ficamos em todo carnaval, mas ele mentiu pra mim no último ano. Então, acabou.
▬ Entendo... mas não gosto dessa história de fingir.
▬ E quem disse que é mentira? - Antes da minha resposta, Bianca me deu um beijo, eu juro que fiquei sem reação naquele momento. Não foi bem um beijo, mal teve língua, foi mais um selinho bem demorado. Mas foi gostoso. Ela me olhou e sorriu.
▬ O melhor carnaval, lembra? - Ela falou isso enquanto segurava minha mão e íamos voltando para a mesa.

Ficamos por mais uma hora lá, Tia Lúcia não estava tão bem mais por causa das cervejas, e minha mãe não sabe dirigir, então decidimos voltarmos para a casa. No caminho de volta eu não troquei uma palavra com a Bianca. Eu estava pensando na Bruna.
Ao chegarmos e todos saírem do carro, Tia Lúcia foi direto dormir, minha mãe fez o mesmo. Bianca foi tomar banho, eu acho. Eu fiquei na varanda olhando as ondas, não estava com sono. Estava um vento gelado batendo em meu rosto, o céu estava estrelado, parecia que no domingo ia fazer sol.
Bianca apareceu na porta, e veio caminhando devagar até ficar ao meu lado.

▬ Não vai dormir?
▬ Sem sono, e você?
▬ Também não. - O assunto morreu ali, ficamos os dois olhando para as ondas por alguns minutos, sim, minutos!
▬ Acho que vou pro quarto. - Falei enquanto a olhei.
▬ Não quer ir pro meu? - Ela perguntou me olhando nos olhos. Eu fiquei com a barriga gelada, e meio que gaguejei na hora de responder.
▬ Ah... é... tá. - Ela então se virou e foi andando para dentro. Eu fiquei poucos segundos pensando no que estava acontecendo, mas nada vinha na cabeça. Apenas a seguir para seu quarto.


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