These Days escrita por Riqui


Capítulo 37
Bem-vindo Setembro.




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Três semanas se passaram desde a conversa que tive com a Bruna, foi estranho no início, tentar esquece-la seria uma missão impossível. Ainda mais estando com ela todos os dias, bom, sobre isso eu evitei o máximo. Nos quinze dias de aula desde aquele dia, eu estive realmente em seu lado apenas um.

Bruna percebeu meu afastamento, no MSN eu não puxava assunto e nem ela. Meus dias eram tristes, eu ficava na aula até as 18 horas sempre calado no fundo, eu estava em meu mundo particular enquanto os professores explicavam algo, enquanto meus colegas de classes ficavam conversando e rindo, eu estava lá no meio deles, apenas fisicamente, pois minha mente estava em outro lugar, junto do meu coração despedaçado.

Setembro chegou e com o início do torneio de futsal que eu programei. Uma das regras que criei é que os times não seriam feitos pelas turmas, e sim, os alunos poderiam montar seus times de diferentes turmas. Para minha surpresa, a minha turma montou time mas só do pessoal da 1010. Os garotos eram realmente unidos.

Não sei se era por que eu estava triste, e era bem nítido, pois ao passar dos meses, do garoto calado, eu era um dos mais brincalhões da sala, até virei o representante de turma. Era engraçado, nunca tinha me imaginado como representante de turma, mas fui o mais votado, acho que por ser do Grêmio estudantil ajudou, mas eu gostei.

Eduardo e outros garotos estavam na sala mesmo após o sinal do intervalo ter tocado. Eu não queria descer, aliás eu não queria nem ter ido para a escola, pois vê-la fazia meu coração doer com cada batida acelerada que ela me proporcionava.

— Henrique!? - Uma voz.
— Oi? - Levantei a cabeça, estava quase deitado em minha carteira.
— Você será nosso décimo jogador, você pode jogar mesmo sendo do Grêmio né?
— Eu? sim, mas eu sou ruim. - Falei de uma forma sincera.
— Esse é um time de amigos, e você é nosso amigo. Joga com a gente! - Eduardo falava sorrindo e botava um papel com a escalação.
— Bom... eu não sei.
— Para de viadagem, assina seu nome aí! - Eduardo botava a caneta na minha mão.

Eu realmente me senti querido, fazia tanto que eu não me sentia bem como naquele momento. Eu assinei e entreguei o papel a eles, Douglas, um dos meus colegas de classe desceu com o papel na mão, entregaria no Grêmio. Eduardo sentou no meu lado, eu sabia que ele tinha noção da minha tristeza, com certeza Bruna conversou com ele. Mas mesmo assim ele tentou me animar.

— Viu nome do nosso time? - Ele falou rindo.
— Vi não, qual é?
— Toca do Babau. - Ele ria, e os garotos ali presentes também.
— Hahaha esse não é o nome do bar do seu pai?
— Isso, vai patrocinar a gente com uns biscoitos, uniforme hahaha.

Conversamos por alguns minutos até a famosa Tia Elizete aparecer, ela era a coordenadora e ficava no corredor do meu prédio tomando conta, mandou todos nós descermos para o intervalo. Quando chegamos no pátio todos os garotos exceto Léo e Eduardo foram para o refeitório almoçar. Léo foi procurar sua namorada. Já Dudu caminhou no meu lado até eu perceber que seu olhar estava fixo, ele olhava para Bruna.

Bruna estava diferente nas três semanas. Ela se afastou das garotas, não andava mais com Alana, as gêmeas, Thayane e Lorena. Eu não sabia se o motivo disso era pelo meu afastamento ou se algo a mais estava acontecendo com ela. Óbvio que eu queria saber mas sinceramente, eu não iria correr atrás, não mais.

— Vai lá, vejo você depois. - Eu falava para Eduardo.
— Lá? aonde? - Ele ficou sem graça.
— Na Bruna. - Respondi com um sorriso no canto dos lábios, me virei e fui andando em outra direção.

Eu não sabia o que estava acontecendo entre os dois, eu só torcia para ela ficasse bem acima de tudo, comigo em sua vida ou não. Mais alguns passos alguém me puxou pelo braço, era Lorena e Alana juntas.

— E aí sumido! - Lorena falava, já Alana me abraçava.
— Eaí garotas. - Respondi, nada animado.
— Estávamos procurando você! - Alana respondia com seus braços em volta da minha cintura, ela era baixinha e era um cena fofa.
— Para quê? - Botei um braço em volta do pescoço da baixinha.
— Meu aniversário é na quinta, aparece lá em casa a noite. - Lorena sorria com a cena e falava.
— Depois de amanhã? - Respondi surpreso.
— Isso! - Ela confirmava.
— Não sei, não ando muito animado.
— Você vai sim! - Alana me olhava séria.
— Vai, cara, não será festa, só um bolinho, vai as gêmeas, Thayane, Alana, minha prima e Bruna.
— Hm... - Se minha animação era 0, sabendo que Bruna iria, ficou negativo.
— E os garotos né. - Alana dizia.
— É né, meu namorado, os das gêmeas e da Thayane irão.
— Então é por isso que você quer que eu vá? pra cuidar de você? - Tentei ri enquanto olhava para baixo, para Alana.
— Hahahaha idiota! mas é, quero você lá. - Ela me soltava.
— Quinta, 19 horas, você vai! - Lorena dizia quase como uma ordem.

«»

Eu realmente não iria nessa festa, eu até faltei a aula para não ter que inventar nada, mas naquela tarde de quinta-feira eu sai com meu irmão. fomos no centro da cidade fazer algumas coisas para ele. Paramos para almoçar no fim da tarde em um restaurante onde pela primeira vez contei sobre o motivo de está triste há semanas, até em casa era perceptível meu animo para nada, meu irmão claramente reparou.

Na volta para casa de taxi, ele me incentivou e disse que eu deveria ir sim, eu precisava me distrair e ele ainda me incentivou a ficar com Alana, o motivo? não sei. Mas meu irmão era o garoto mais sagaz com mulheres. Naquela época ele tinha 25 anos e nunca tinha namorado e eu nunca o vi sofrer por amor, talvez esse fosse o segredo da felicidade, não se apaixonar.

Paramos o Taxi perto de casa onde eu segui a pé para casa da Lorena, eram quase oito da noite. Quando cheguei na rua dela, eu a chamei, não tinha campainha. Lorena morava no segundo andar de uma casa, na varanda quem apareceu? Bruna. A gente se olhou por uns segundos, ela não disse nada, apenas se virou, foi chamar Lorena.

Quando entrei na casa dela, eu não falei com a Bruna, percebi que ela me evitou. Ela estava no canto com a prima da Lorena. Conheci o namorado da Lorena e a mãe dela. Esses eram os únicos que tinham chegado até então. Fiquei em um canto sentado bebendo refrigerante olhando para a rua.

Era impossível ficar tão perto dela e não olha-la. E das vezes que fiz isso ( e não foram poucas) sempre pegava Bruna me olhando também. Tentei imaginar o que estava se passando em sua cabeça, se ela sentia minha falta, como estava seu relacionamento com Yuri. Eram perguntas nas quais eu jamais teriam uma resposta.

Cerca de vinte minutos depois, em um carro, chegaram as garotas, Thayane, Alana e as gêmeas. Vieram em um carro nos pais das gêmeas. Dois minutos depois os namorados das três também chegaram. Nenhuma delas namoravam em casa, sério, apenas Lorena.

Percebi que essa festa era algo que principalmente as meninas esperavam muito, foi meio estranho ver as gêmeas beijando, sempre achei elas tão certinhas e como eram da igreja, achei só iriam namorar com gente de lá, mas não, os garotos eram comum, assim como eu. Simpáticos até, me cumprimentaram e ficaram conversando comigo um bom tempo.

Descobri nessa festa que o namorado de uma das gêmeas era o melhor amigo da Alana. Ela me apresentou ele e depois a mesma me puxou para um canto, eu sentei na escada e ela sentou ao meu lado. Alana estava bonita, era a primeira vez que encontrava com ela fora da escola, e as pessoas são bem diferentes quando estão sem o uniforme.

— Por quê tá com essa cara de cu? - Alana como sempre nada delicada.
— O quê? tô normal, só nada animado. - Respondi bebendo refrigerante olhando para ela. Não percebi que estávamos tão próximos.
— Você e Bruna não estão se falando, mas e daí? vamos se divertir cara, vamos lá dançar. Esquece que ela tá aqui. - Alana se levantava.
— Dançar? tá louca. - Eu não queria passar vergonha né.
— Vem, dança comigo. - Ela estendia a mão.

Por algum motivo eu fui com ela, fomos até a sala. Lorena era uma fã de Justin Bieber que na época tinha lançado seu segundo CD. Quando entramos, todos olharam para nós dois, talvez pelo fato de estarmos de mãos dadas. Alana segurou minhas mãos e ficamos com nossos corpos colados, por coincidência a música que começou a tocar foi uma lenta: Down to earth

Eu só rezei para não fazer nada de errado como pisar nos pés dela, mas foi tudo tão tranquilo, alguém desligou a luz no meio da música e eu poderia dizer que até rolou um clima, quando olhei para ela, Alana estava de olhos fechados com sua cabeça encostada em meu peito enquanto dançávamos por quase cinco minutos.

Quando acabou a música e nos "afastamos", namorado da Lorena fez um comentário baixo, mas o suficiente para nós dois e outras pessoas ouvirem: Só faltou o beijo.
Talvez, acho que iria ser um momento mágico, mas, se a beijasse ali seria tão injusta com ela, pois eu iria querer outra, uma outra garota que estar à poucos metros de nós.

A festa continuo por mais uma hora, Bruna não me olhou mais, alias, ela ficou isolada num canto com a Prima da Lorena, ela realmente não queria se "enturmar". Já eu estava mais a vontade, fiquei ao lado da Alana o resto da festa, pois as três garotas que namoravam, foram para o andar de baixo, uma garagem namorar. Eu fiquei sentado na escada com Alana e conversamos sobre diversos assuntos.

Foi a primeira vez em semanas que não fiquei martelando Bruna em minha cabeça, e passar um tempo com Alana me fez bem. Quando deu dez da noite, o carro do pai das gêmeas chegou e buscou as garotas, Alana me chamou para se despedir.

— Vem cá. - Ela falava no andar de baixo, perto do portão, sozinha.
— Oi, já vai então? - Falei depois de descer as escadas e me aproximar.
— Sim, aproveitar a carona né, ir lá para casa nesse horário sozinha é perigoso.
— Eu te levaria em casa, mas se eu fosse, eu chegaria em casa depois das onze, e é dia de semana.
— Sim, cabeção, sem contar que é perigoso né.
— Tá preocupadinha comigo? haha - Sorri.
— Claro, quem vai me dar o melhor abraço do mundo? - Ela sorria e me abraçava.
— O melhor abraço? - Encostei meu queixo em sua cabeça.
— Sim, o melhor! - Ela me apertava.
— Saiba que pode abraçar o quanto quiser então. - Afastei um pouco e a olhei.
— Vou abusar! hahaha. Olha, não falte amanhã viu?
— Por quê aí você ficaria três dias sem me ver, morreria de saudade né? - Falei num tom de brincadeira.
— Claaaaro, ia morrer de saudades sim. - Ela respondia de ironia e ria.
— Okay okay, amanhã vai me ver lá na escola.
— Ótimo. Agora se cuida... - Ela me abraçou de novo, beijei sua bochecha de uma forma demorada.

Assim ela entrou no carro e foi embora. Eu subi e voltei para o fim da festa, onde estavam guardando as coisas, ajudei, e olhei para Bruna, me lembrei sobre ser perigoso ir embora. Eu não a deixaria ir embora sozinha, apesar da casa ser tão perto, mas mesmo assim.

Quando caminhei até Bruna para perguntar se podia leva-la em casa, o namorado da Thayane apareceu falando meio alto.

— Ei Bruna, estamos indo, vamos?

Lembrei que todos moram perto, e que o caminho deles é o da Bruna, assim, eles a levariam embora. Não sabe a tranquilidade que me deu, ela ficaria bem. Então dei tchau a todos e fui para casa. Pensando no caminho que Bruna estava com algum problema, mas não era comigo. Pensei também que quando a vida fecha uma porta, uma janela se abre.

Eu tinha amigos, tinha Eduardo e o pessoal da sala que queriam me animar, tinha Alana que por algum motivo gostava da minha companhia. Simplesmente não poderia mais ficar para baixo. Não podia mais viver em função de uma pessoa.

Assim que cheguei em casa contei sobre a festa para meu irmão, detalhadamente e quando contei sobre a despedida com a Alana, ele só faltou me bater e eu não entendi.

— POR QUÊ DIABOS VOCÊ NÃO A BEIJOU??? - Ele tirava seu headset e parava de fazer o que estava fazendo no computador.
— Como assim? - Eu já estava deitado e de banho tomado, meu sono só dificultava o ponto que ele queria chegar.
— Meu irmãozinho... eu tenho certeza que na hora que os casais desceram lá para o estacionamento, se você a chamasse para ir, ela ia. E por qual motivo uma garota fala que o abraço de alguém é o melhor do mundo? afff - Ele parecia indignado, era engraçado.
— Sei lá, o abraço da Bruna é o melhor do mundo, para mim.
— E o que você quer com ela? beija-la no mínimo, acertei?
— É...

Meu irmão nem quis mais me responder, eu acho que ficou claro, ao menos para ele. Mas eu não tinha tanta certeza assim, na verdade eu preferia que isso nem fosse uma certeza, eu não queria me envolver com mais ninguém, Bianca e Bruna já foram o suficiente para um ano. Porém o destino me preparava mais emoção para os quatro meses restantes do ano.


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