These Days escrita por Riqui


Capítulo 36
Escolhas.




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De volta para casa eu fiquei pensando em como a vida era, como uma decisão é capaz de mudar tudo, é capaz de afetar tanta gente. Eu escolhi a Bruna e com isso eu perdi Bianca, foi uma escolha, uma decisão, se eu me arrependo? não. Bianca hoje é feliz como já mais foi ao meu lado nos poucos meses que passamos juntos e fico feliz em saber disso.

Deitado em minha cama uma coisa voltou a me incomodar, onde estaria Bruna essa tarde? eu fiquei com medo de entrar no MSN e vê-la online e perguntar, eu conseguia perceber que algo estava errado. Me levantei depois de algum tempo deitado, sentei no computador e abri meu MSN, Bruna estava offline, ainda fiquei online por alguns minutos até me deitar novamente e dormir.

Naquela terça-feira seria o dia, o dia que mudaria minha vida para sempre. Lembra que falei que a vida é feita de escolhas? de decisões? pois é, nesse dia uma escolha foi feita. Mas não foi uma decisão minha.

Sentado em baixo da arvore, aquele banco era um dos meus lugares preferidos. Eu gostava da sombra que fazia, o barulho das folhas, era uma posição confortável, dava uma visão de boa parte do pátio da escola e sendo assim não demorou muito para Bruna cruzar o portão, com seus cabelos balançando com forme ela ia caminhando, com sua bolsa em um de seus ombros, não demorou muito para ela me ver, sorrir e caminhar em minha direção.

Não sei se era saudade, não sei se era por causa da agonia que eu estava sentindo há quatro dias. Mas eu sorri quando Bruna se aproximou, eu apenas me levantei e sem dizer nada eu abracei forte como sempre, ela botou seus braços envolta do meu pescoço e ficamos ali por alguns segundos, o suficiente para eu perceber que em seus braços era o meu lugar preferido.

– Achei que não ia me soltar! - Ela sorriu enquanto sentava no banco.
– Era pra eu soltar? - Me sentei em sua frente.
– Claro, como vou estudar depois? - Ela botava sua bolsa na mesa e me olhava.
– Estudar? a senhorita até faltou ontem.
– É... - Ela parecia meio sem graça e ficou séria.
– Por quê faltou? - Perguntei e a olhei nos olhos, eu estava com o coração acelerado.
– Bom... - Ela ia começar a falar quando Eduardo apareceu e sentou-se conosco.
– E aí gente!
– Oi, Dudu - Falei meio sem acreditar que ele estava ali.
– Tá muito calor hoje, puta que pariu! - Ele balançava sua blusa.

Se eu não tinha uma coragem ou atitude até então, aquela foi a primeira vez, se eu fosse me declarar para Bruna, eu não podia deixar que Eduardo atrapalhasse.

– Ei Dudu, cê poderia nos dar licença? Estou tendo uma conversa séria com a Bruna. - Falei e olhei para ele, Eduardo pareceu confuso, olhou para a Bruna que ficou calada.
– Hm... Tranquilo, te vejo na sala então. - Ele se levantou, era a primeira vez que vi o Eduardo sério, parecia chateado com a situação

Voltei a encarar a Bruna, eu me senti aliviado, era a primeira vez que tive tal iniciativa, confesso que fiquei meio perdido, continuei olhando para ela, acho que enfim chegou o momento, enfim chegou a hora de falar tudo que sinto. Eu iria falar que amava, que me apaixonei no primeiro segundo que meus olhos a encontraram dobrando o corredor, que cada passo que ela deu naquele dia em minha direção era como se cada batimento do meu coração fosse única e exclusivamente para ela, daquele à todos os outros da minha vida. Porém, Bruna quebrou o silêncio.

– Tenho que te contar uma coisa. - Ela respirou fundo.
– Eu também. - Falei.
– Tá, mas me deixa falar onde eu estava ontem.
– Claro, fala. - Pareci aliviado, mas era engano.
– Ontem eu fui na casa de uma amiga, a Suzana.
– Suzana? - Interrompi Bruna, pois não sabia quem era.
– É, você não conhece.
– Tá, mas o que você f... - Bruna me interrompeu.
– Deixa eu falar! depois você fala, se quiser.
– Tã... - A olhei nos olhos e ela fez o mesmo.
– Eu me encontrei com o Yuri lá, estamos conversando há um certo tempo sobre isso de ficar por ficar, sem compromisso, a gente não tá namorando oficialmente, mas decidimos ficar mais sério e ver no que dá... e então ficamos lá na casa da Suzana.

Sim, foi um choque para mim também. Acho que foi a primeira vez na vida que fiquei sem resposta para algo, eu não sabia o que dizer, eu não sabia como reagir aquilo. Me deu um branco, eu só senti um aperto no coração, como se algo tivesse sido arrancado, eu juro que não consegui nem chorar.

Quando dei por mim, Bruna estava parada em minha frente, parecia esperar alguma resposta, então quando comecei a pensar sobre tudo aquilo, sobre tudo que estava acontecendo e aconteceu, eu só consegui falar uma palavra.

– Parabéns. - Saiu uma palavra seca e baixa.- Obrigada, mas você ia me dizer algo, o que é.
– Ah... né nada... era só saber por quê você faltou ontem, mas você já falou. - Falei me levantando, eu era um péssimo mentiroso.
– Já vai pra sala? - Bruna me perguntou enquanto pegava sua bolsa.
– Não, eu vou fazer outra coisa.

Comecei a andar sem olhar para trás, atravessei aquele pátio inteiro, eu não via mais nada na minha frente, eu ignorei as pessoas que por acaso iam me chamando enquanto passavam por mim. Eu fui na portaria, por sorte era o Alex que estava lá, um funcionário da escola bem gente boa.

– Ei Alex, preciso ir ali fora comprar umas paradas no armarinho. - Eu nem olhei para ele, eu estava agitado.
– Claro, vai lá, mas fecho o portão em cinco minutos. - Ele falou.

Eu apenas fui embora da escola, fui caminhando pela rua, estava um sol terrível, um calor de quase quarenta graus no inverno carioca. Eu atravessei a rua sem olhar para os lados, e quase fui atropelado por um ônibus, por um segundo pensei que seria até bom ser atropelado e morrer, sim, eu só queria fazer aquela dor parar, eu nunca tinha sentido nada igual.

Quando dei por mim eu estava na pracinha, caminhei mais alguns passos até me sentar no banco da arvore, fazia sombra e estava até fresco por causa do vento que batia nas folhas. Então eu chorei, eu simplesmente não conseguia não chorar, as lágrima desciam de uma forma que eu nem me preocupava mais, eu só queria fazer aquela dor no peito passar.

Eu não demorei para perceber que eu tinha perdido, que Bruna não seria minha, acho que ela jamais cogitou essa ideia em sua cabeça, acho que era o fim. Como falei, a vida é feita de escolhas, naquele dia Bruna escolheu outro, escolheu querer algo sério com outra pessoa, então eu deveria responder, eu deveria tomar uma mesma atitude. Eu decidi esquece-la para sempre.


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