Deixei meu queixo cair até o chão, tipo ,era mega impossível ser o professor gostoso com qual eu havia falado agora, né? Eu quase podia ver os dois se beijando na minha mente. Eca! Pensar que logo o professor que pareceu tão bonzinho aos meus olhos era na verdade um impostor mentiroso que não assume os próprios feitos, argh!

– Eu sei, você não pode contar pra ninguém – Ela me lançou um olhar desesperado, e no fundo eu sabia que aquilo era uma questão de vida ou morte. Quer dizer, ele era professor e ela novata, ou pior ainda, ele transformou ela e não assumiu! – Me promete, pela deusa?

– Olha, o certo seria você falar com ele, sei lá, vai que ele revê e diz pra todos que você é criação dele?

Certo, pra uma humana eu até tinha começado a entender esse história chata e assustadora dos vampiros, O.K., eles não eram de todos “Assustadores”,mas eles eram abridores de veias, então me dá um tempo.

Ele negou com a cabeça, estava na cara que falar daquilo ainda a magoava completamente e eu não podia julga-lá, eu me sentiria péssima.

– Ele me mataria, ele gosta de fazer as coisas acontecer do jeito dele, ele é mau Haven, ninguém pode contra ele – Ela suspirou.

– Maia, eu falei com ele agora pouco ele não parece ser isso que você diz – Ela assentiu com a cabeça e então soltou uma risada tão rouca que quase não reconheci como dela.

– Ele é professor de teatro, ele é bom ator Haven. Ele se manteve nessa farsa por 50 anos e não aceitaria cair por uma novata, além do mais eu o conheço melhor que ninguém.

O máximo que pude fazer foi assentir, era meio óbvio que eles tinham vivido algo no passado, e aquilo ainda se mantinha dentro dela. Ele podia não sentir o mesmo por ela, mas no fundo ele não parecia de todo uma canalha.

– Sobre o meu sangue, não conta pra ninguém eu preciso de tempo pra entender, e na verdade preciso fazer isso sozinha – Apertei os lábios, eu estava mentindo e só agora pude ver como eu se quer podia julgar Damen, afinal, eu não era diferente dele.

– Então fazemos uma troca de segredo, você não conta de mim, eu não contarei de você – Ela sorri

Assenti e dei um sorriso para ela, no fundo eu estava muito feliz de ter feito uma amiga e percebido que eu não era a única azarada desse lugar. Ela olhou sobre os ombros para o dormitório e murmurou alguma coisa naquela língua.

– Que língua é essa? – me ouvi dizendo. Omg! Como eu sou xereta.

– Latim.

– Anh, muita gente fala essa língua, mas eu não reconheci.

Ela sorriu e revirou os olhos, de novo eu me sentia maior idiota desse mundo.

– É uma língua que os vampiros usavam para fazer suas orações a deusa antigamente, deixou de ser usada já faz alguns séculos, mas Damen me ensinou e eu gosto dela, sabe é o mais próximo que eu tenho dele, além disso – ela ergueu a manga do casado deixando aparecer uma tatuagem de um uruboro na pulso - É o símbolo da imortalidade

(N/A: Uruboro- Alquimia antiga que se resume em uma cobra ou dragão devorando o próprio rabo, significa eternidade, imortalidade e etc...)

Fixei os olhos na tatuagem, ela era imensamente linda, gótica e mega estranha.

– Damen gosta desse símbolo, na época ele disse que a melhor coisa que já aconteceu com ele foi ter virado um vampiro e se livrado da família, mas eu descobri que ele não tinha família, ele era órfão.

Aiminhadeusa! Foi por isso que ele não queria falar sobre a família dele. Omg! Eu tinha super puxado a barra e agora além de idiota eu me sentia a pessoa mais chata e burra desse mundo. Maravilha!

– Haven? Tá tudo bem? Você ta branca, não, você já é branca, mas agora você ta um palmito! – Ela me olhou com uma sobrancelha levantada.

– Acho melhor você ir pro dormitório, eu quero ficar sozinha senão se importar – Euei um sorriso fraco para ela que assentiu, e com uma velocidade inumana ela sumiu do meu lado.

Eu não tinha me acostumado com aquilo e talvez não ia, os vampiros tem uma velocidade tão extremamente rápida que chegam em você como vento. Fiquei cerca de meia hora pensando em planos ( terríveis ) e em todas as burradas que eu fiz na minha vida - muitas, muitas mesmo!

Eu estava morta de saudades do meus pais, eu queria ligar e pedir para eles chamarem a policia ou algo do tipo para me tirar daqui, mas quem era a policia perto dos vampiros? Meros mortais que serviriam de comida para muitos vampiros famintos? Eu não tinha contato com o mundo lá fora a duas semanas, nem um celular ou direito de fazer uma ligação. Não queria envolve-los nisso, eu não podia e nem iria.

Eram cerca de 7:00 da manhã quando eu voltei para o dormitório. O negócio é, como eu já disse os vampiros tem sérios problemas com o Sol, por isso as aulas eram realizadas a noite e eles dormiam de dia, é claro que eu odeio a idéia, ser uma criatura noturna não é muito legal.

– NOVATOS! – uma voz feminina ecoou pelos corredores ás 13:00 da tarde. Caralho! Eu tinha dormido mais de 7 horas! Apertei meus olhos ainda grogue de sono.

– Ei Haven. Acorda! – Zoe começou a me sacudir os ombros.

– O que foi? – soltei entre um bocejo –a gente deveria estar dormindo

Ela me fuzilou com aqueles olhos vermelhos. Eu estava lá a duas semanas e não tinha me acostumado nem com as pessoas mega lindas que moravam lá, quem diria com um monte de gente com os olhos vermelhos, super rápidas e que estudam só depois das 1:00 da noite.

– Hoje é o dia que o clã de bruxas vem nos visitar, eles fazem isso todo mês para fazer os anéis para os vampiros que se transformaram e para purificar o local.

Ótimo. Um monte de bruxos para me olhar torto.

Pelo pouco que Zoe me disse enquanto íamos para a ginásio eu tinha entendido que eles tinham um dom maravilhoso para descobrir segredo – Ah, mereço – e que eram super poderosos, até os vampiros ficavam no chinelo com eles.

O ginásio da EPS era grande e um pouco abafado, diferente dos outros “colégios” a EPS era o lugar mais sem Sol que eu já tinha visto na vida e não me espantaria se as paredes fossem feitas de ferro. Tá, mas voltando ao assunto ele era bem espaçoso com uma ou duas janelinhas – bem “inhas” mesmo – que mal entrava vento, os outros pareciam não se importar, na verdade os vampiros nem sentiam as relações climáticas, mas eu sentia e estava derretendo até os ossos.

Limpei a testa com a manga da blusa. Zoe tinha basicamente me obrigado a colocar um casaco de frio e sim, ela era muito louca quando se tratava de frio, ela vestia 4 casacos no pior dia de verão do ano.

– NOVATOS! SILÊNCIO – a mesmo mulher ruiva que eu virá ontem subiu em um palco improvisado, não pude deixar de me sentir inferior já que ela era muito linda mesmo.

Olhei ao redor, todos estavam com os olhos totalmente fixos nela.

– Hoje, a Eternamente Sangue Puro recebeu um dos maiores clãs de bruxas dos últimos 100 anos – uma onda de palmas começou a ecoar no local –eles são nosso aliados contra as maldições de Apolo, Hécate prometeu lealdade a Kera e a ajudou muito durante os séculos. Então, sejam Bem-Vindos Clã de Hécate!

Todos ao meu redor começaram a assobiar e gritar saudações. Eu estava um pouco longe de Anne, Maia e Daniel mas dava para ver que eles estavam aplaudindo e gritando, procurei Zoe com os olhos mas ela estava longe demais para alcança-lá.

Comecei a me movimentar em meio a multidão, procurando ir até ela, mas fui barrada.

Ah inferno! Era ele. Levantei meus olhos até encontrar os azuis de Damen, ele era muito lindo mesmo, mas isso não mudava os fatos: ele era um canalha.

– Haven? Onde está indo? – ele estreitou os olhos

Eu queria sair correndo dali, eu não era boa atriz e nunca conseguiria engolir quem ele era. Eu mal conhecia o cara, mas pelo que Maia me disse ele não era nem de perto boa pessoa

– Embora, para o dormitório – dei um sorriso torto para ele.

Damen segurou os meus ombros, eu queria gritar e estava prestes a fazer isso quando me toquei que estava no meio de uma multidão

– Me deixa sair daqui – minha voz saiu mais pra um tipo de rosnado, e ele sorriu friamente

– Calma Haven eu não mordo, na verdade mordo sim –e ele sorriu

– Damen, eu só quero ficar sozinha

– Não. Você já ficou sozinha tempo demais, amanhã começa suas aulas e você precisa se enturmar e vou te ajudar com isso, mas pra isso você precisa vir comigo

Não!

– Tá – murmurei, ele soltou os meus ombros e me puxou para fora do ginásio