Deceased's town escrita por Heidi Biersack


Capítulo 3
O fim do pesadelo




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Já faziam umas cinco horas que estávamos caminhando. Nem sinal de vida, nem sinal de abrigo. O tempo estava esfriando muito, quando sinto o pequeno floco branco cair sobre meu ombro. Estava começando a nevar. Não tínhamos agasalhos.

Andamos mais pela rua deserta e escura, que ia sendo lentamente coberta de branco. Havia várias lojas por lá. Avisto uma vitrine em que se destacavam manequins com enormes casacos. Precisávamos daquilo.

— Deixe-me pegar isso... — eu disse, pegando uma barra de ferro e acertando com força o vidro, que se partiu em milhares de cristais transparentes e se espalhou pelo chão.

Entramos na loja e pegamos os agasalhos, levamos uma caixa cheia deles. Caminhamos por uma rua estreita cheia de destroços e alguns pedaços de osso. Ainda caminhávamos, até que ouço alguém surrando:

— Psiu! Aqui! Se quiserem abrigo, venham para cá!— disse o homem alto de pele negra e cabelos raspados que nos olhava através da janela de um prédio abandonado.

— Presidente Michael? Conseguimos a cura! — sussurrou Cami, levantando a maleta de couro.

Fomos até uma escadaria de cimento, que dava em imensos corredores com paredes rachadas e cobertas de mofo. Nesse corredor, comecei a sentir o cheiro podre. E lá estavam eles, indo em direção a sala onde estavam os sobreviventes e o presidente, prontos para atacar.

— Catherine, Vince, Leonard e Alexander vão até o presidente. Nós vamos impedi-los de chegar até os habitantes! — disse Matt sacando uma arma.

— Vamos nos separar e cada um cuida dos zumbis de uma sala. — diz Lyla.

Enquanto eles davam passos apressados dos outros até o presidente, Cada um se dividiu e foi até uma das salas. Fiquei com o porão, justo onde tinham mais e mais deles. Comecei a atirar enfurecidamente, estourando os miolos de cada um que se aproximasse.

No fim, o chão estava coberto pelo sangue preto e gosmento. Já ia sair, quando sinto uma dor horrível na panturrilha. Olho para trás e vejo o zumbi partido ao meio se arrastando e mordiscando minha carne.

— Merda! — gritei, deixando-me cair no chão.

Peguei minha arma e acertei a cabeça daquele maldito cadáver. Depois disso, senti minha vista escurecer aos poucos, me deixando lentamente entorpecida pela dor que agora se espalhava por todo meu corpo. Vou me despertando ao ouvir gritos desesperados de Camille.

— Trina! Trina, pelo amor de Deus, me responda! — gritou a loira, enquanto as lágrimas caiam rapidamente de seus olhos castanhos.

— O zumbi... Ele me mordeu. — respondi com minhas poucas forças.

— Não posso deixar você morrer e se tornar um zumbi, temos que te dar o antídoto! Você... Não pode... — chorava, enquanto tentava me carregar até o abrigo.

— Camille... Tem pessoas que precisam mais do que eu... — respondi, enquanto eu era carregada pela loira.

— Não! Se não tomar o antídoto, em três horas vai virar um deles! Você não pode morrer... Eu te amo, Trina! —disse Cami.

— Cami eu... Também... Te amo. — disse com minhas forças restantes. — Desde que nos conhecemos dois anos atrás...

Camille segurou meu rosto e tirou meus óculos, olhando para meus olhos heterocrômicos, um verde e outro castanho. Suas mãos percorreram uma trilha entre meus cabelos e depois me puxaram para mais perto, de encontro a seus lábios rosados. Após selar meus lábios nos dela, apaguei.

Acordei em uma sala branca, com luzes fortes. Ouvi vozes distantes e enxerguei alguns vultos. Minha cabeça doía.

— Trina, conseguiram te salvar. — vi Cami e todos meus outros companheiros ali ao meu redor.

— Todos já estão sendo curados. — afirmou Matt.

— Agora que todos estão sendo dizimados e as pessoas infectadas estão sendo curadas, já será mais seguro andar nas ruas. Não totalmente, mas já podemos partir para nossa próxima missão. — disse Sasha.

— Missão? E qual seria ela? — perguntei.

— Levar Leonard em segurança até a família dele. — respondeu Catherine, passando a mão pelos cabelos loiro-escuros.

— Vamos nessa. — respondi me levantando.

— Devagar aí, mocinha. Não poderá fazer nada perigoso ou que exija esforço nesse tempo. Agora durma, amanhã temos que viajar. — retrucou Vince, saindo da sala.

— Cami, espere... — interrompi seus passos.

— Pode falar, Trina. — respondeu a loira vindo até mim.

— Aquele nosso beijo foi real ou apenas um simples sonho? — perguntei, me sentando na cama coberta por lençóis brancos.

— Foi real sim, Katrina. — ela respondeu sorrindo para mim.

— Aquilo foi muito bom. — disse eu.

— Trina, posso passar a noite aqui com você? — perguntou ela.

— Claro que sim. — respondi, me deitando e dando um espaço para ela.

Cami se deitou ao meu lado e envolveu seus braços em minha cintura. Fechei meus olhos e fiquei sentindo sua respiração vindo contra mim, até que eu adormecesse.

Acordei no dia seguinte com Cami bagunçando meus cabelos vermelhos.

— Bom dia, minha Ariel. O pessoal já está nos esperando. — disse Camille se levantando e me estendendo a mão.

Me levantei com a ajuda dela. Seguimos até o carro, onde todos nos esperavam. Entramos e Matt começou a dirigir. Passamos por uma estrada entre um milharal amarelado. Entre o milho, podemos enxergar uma pequena cabana de madeira cercada por diversas grades de arame farpado, de onde saiu uma senhora baixinha que usava um vestido azul.

Estacionamos em frente à cabana e descemos do carro. A senhora de azul veio correndo e abraçou Leonard, dizendo:

— Meu filho está a salvo... Não sei como agradecer a todos vocês por isso!

— Só fizemos nossa parte. — respondeu Vince.

— Por favor, pelo menos entrem para um café. — disse a senhora de azul.

Concordamos e entramos na cabana de madeira. A senhora nos serviu café e biscoitos. Fazia tanto tempo que eu não comia algo feito em casa, foi uma refeição maravilhosa. Alguns minutos depois, fomos todos para a sala e Leonard ligou a televisão.

Estava sendo exibido o noticiário, em que o repórter dava a informação de que o número de zumbis havia diminuído em trinta e cinco por cento só naquele país. Suspirei aliviada, senti que finalmente um dia esse pesadelo acabaria de vez.

Depois de algumas horas, anoiteceu e eu fui para fora da cabana. Fiquei olhando para o céu estrelado, até que Cami chega até mim.

— Olhe ali, aquela estrela solitária. E não é que ela brilha mais que as outras? —disse ela, apontando para uma estrelinha mais afastada das demais.

— Sim, mas o que seria o significado dessa mensagem? — perguntei.

— Nada, só queria ficar aqui ao seu lado mesmo. Falando nisso, quero te pedir uma coisa. — retrucou a loira.

— Peça! — exclamei.

— Quer namorar comigo? — perguntou ela, acariciando meus cabelos.

— É claro. — aceitei.

Ficamos a noite toda ali, admirando as estrelas e trocando alguns beijinhos de vez em quando. E assim terminou aquela noite.

FIM


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Notas finais do capítulo

É gente, minha short chegou ao fim.
Agradeço a presença de todos vocês, meus leitores maravilhosos.
Beijos e até a próxima!