Deceased's town escrita por Heidi Biersack


Capítulo 1
Partindo para um novo destino




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Não existia mais aquele mundo que estávamos acostumados. A única coisa que restou foi um cenário de casas destruídas, sangue pelas ruas e furos de balas pelas paredes, além do horrível cheiro de carne podre. Toda essa calamidade começou quando um vírus transformou uma pessoa em um monstro morto devorador de carne. A praga se espalhou rapidamente, atingindo quase toda a população do mundo.

Nosso objetivo era chegar vivos até o presidente. Eu e mais nove pessoas: Vince, Lyla, Catherine, John, Danna, Sasha, Matt, Alexander e Camille. Somos sobreviventes. Eu, Katrina, sou a líder deles.

Era uma noite fria e nublada, não se via sequer uma estrela brilhando no céu. Vagava pela ruela destruída, com meus típicos trajes: minha jaqueta de couro preta, enfeitada com um pingente metálico em forma de caveira, minhas luvas de motoqueiro pretas, minha bandana de camuflagem e um óculos escuro, que eu raramente tirava. Levava uma pistola em uma das minhas mãos. Ao meu lado, estava ela, a loirinha que sempre me acompanhou. Camille, ou Cami, como eu a chamava.

Ela sempre estava confiante, não importava o que acontecia. Sempre havia um lindo sorriso em seu rosto. E ela sempre se atrapalhava quando estava ao meu lado, parecia que ela queria falar algo, mas não conseguia ou sei lá.

—Será que vamos ter sorte hoje, Trina?—ela me perguntou.

— Não sei. Talvez aqueles zumbis estejam menos agitados hoje, ou estão distraídos com alguma coisa. — respondi, ajeitando meus óculos.

— Eu ainda não entendo uma coisa... — ela para e diz isso.

— E o que seria?—perguntei.

—Por que esconde seus olhos? Eles são tão bonitos..._ disse ela, tirando meus óculos.

—É porque todo mundo fica me olhando como se eu fosse um ET quando eu mostro os olhos. — respondi, recolocando os óculos e voltando a seguir pela rua.

Sinto sua mão segurar meu braço e me puxar de volta. Ela tira meus óculos novamente e afasta minha franja.

— As pessoas não sabem o que dizem, são umas idiotas. — disse Cami, se aproximando de mim.

Percebi que meu rosto estava mais vermelho que meu cabelo. Ela ia se aproximando mais, até que ouvimos um disparo vindo do fim da rua.

Corremos para uma estação de metrô e lá encontramos Vince atirando em zumbis. Imediatamente peguei minha arma e comecei a atirar também. Cami também atirava, até que sua munição acabou e ela pegou uma faca para espantar os zumbis.

Quando aquela onda acabou, vejo um rapaz encolhido atrás de uma pilastra, tremendo de medo. Ele tinha cabelos de um tom castanho avermelhado e olhos negros.

Vince estendeu a mão para ele. Ele aceitou a ajuda e levantou.

— Q-quem são vocês?— perguntou ele, gaguejando.

— Meu nome é Vince. Sou um sobrevivente. Estas são Cami e Trina, minhas colegas. E quem é você, garoto?— perguntou Vince.

— Leonard. — respondeu ainda desconfiado.

— Ok, Leo... Posso te chamar assim? Vamos te levar para nossa base. — eu disse, já saindo daquela estação.

Todos vieram atrás de mim. Leonard agarrou firmemente o braço de Vince e dava uns passos bem desconfiados.

Vi uma caminhonete parada na rua. Entrei e liguei o motor. Todos foram me seguindo.

— Eu dirijo. —disse Vince.

— Tudo bem, mas leve ele na cabine. Eu e Cami ficaremos aqui, caso algum zumbi apareça. —Eu disse, pegando umas armas.

Saímos por uma floresta. As árvores já estavam secas e mortas. Havia uma camada espessa de folhas marrons sobre o chão, manchado de sangue. Junto das folhas, alguns ossos e pedaços de carne podre de zumbi. Tudo ia tranqüilo, até que apareceu um zumbi. Atirei em sua cabeça, e ele caiu no chão, deixando uma poça de sangue podre, preto, viscoso e com um odor insuportável.

Foram surgindo mais e mais zumbis, eu e Cami atirávamos em todos. Vince acelerou e conseguimos deixar os mortos-vivos para trás.

Chegamos à nossa velha base. Todos saímos da caminhonete e fomos entrando.

— Ora, ora... Trouxeram um garoto! — disse Lyla.

— Aposto que não vai durar uma semana aqui... —disse John, dando um sorriso sarcástico.

— Aposto que sobrevivo mais do que você. — revidou ele, dando um sorrisinho irônico.

— Olha só, ele é corajoso... Se eu fosse você, não ficaria tão confiante. — John disse.

—Ok, ok. Agora todo mundo calado, vamos dormir. —eu disse, a fim de acabar com aquela conversa chata.

Fui até meu quarto, troquei minhas roupas por um pijama e me deitei na cama velha e dura e me cobri com o cobertor encardido e rasgado. Virei-me para a parede e senti alguém se deitar ao meu lado e puxar meu cobertor.

— Trina... — Ouço a voz de Cami, que me abraçava naquele momento. — Deixei o Leo ficar com minha cama, se importa de dividir comigo?

— Pode ficar aqui. — respondi. — Só não vá roncar a noite toda.

— Ei! Eu não ronco, sua mentirosa! — protestou a loira, me batendo com um travesseiro.

— Você pediu! — acertei nela meu travesseiro, como uma forma de revanche.

Ficamos naquela guerra até nos cansarmos e cairmos no sono. Fiquei a noite toda sonhando com um mundo sem aqueles malditos mortos vagando pela rua e causando destruição. Acordei e vi o rosto de Cami colado ao meu. Fiquei a observando enquanto ela dormia, seus cachinhos dourados estavam esparramados sobre seu rosto. Ela era ainda mais bonita de perto.

— Bom dia, bela adormecida. — a despertei tocando seu rosto.

— Trina, ainda é muito cedo! — reclamou cobrindo a cabeça com o cobertor.

— Anda logo, se quer chegar ao local marcado, temos que ir depressa. — respondi, calçando minhas botas.

— Está bem... — reclamou Cami, se levantando.

Após trocarmos os pijamas por nossos trajes de guerra, fomos até a garagem, onde toda a turma estava reunida em volta da camionete preta.

— Não acabe com toda a nossa comida de uma vez, sua gorda estúpida. — disse John, arrancando o pacote de batatas fritas das mãos de Lyla.

— Me dê essa porcaria! E gorda é sua mãe! —gritou ela, pegando as batatas de volta.

— Crianças... — murmura Catherine.

— Vamos logo. — Eu disse, acendendo um cigarro e entrando na camionete.

Todos seguimos sob a luz do amanhecer. Passamos pelo asfalto deserto, onde havia alguns buracos e todas as placas haviam sido arrancadas. Tudo ia muito calmo, até o vento trazer o cheiro de podre. Olhei para trás e lá estavam eles.

— Vamos, todos atirando! — ordenou Vince, pegando um rifle.

Cada um pegou uma arma e começou a atirar. Matt deu uma arma nas mãos de Leonard, que já reclamou:

— Mas eu não sei atirar! Nunca usei uma arma em minha vida.

— É simples. Aponte para eles e puxe o gatilho. —disse Matt, demonstrando como se usava a arma.

Leonard tentou, mas em vez do zumbi, a bala acertou o chão.

— Precisa treinar mais. — respondeu Alexander, jogando uma granada sobre a onda de zumbis.

Tudo aquilo explodiu, causando uma chuva de sangue e carne podre. Todo aquele trecho havia sido encoberto por aquela mistura viscosa e nojenta. Continuamos dirigindo, até chegarmos em frente a um laboratório.


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