To Die For... escrita por Caim BS, Bloods_Slaves


Capítulo 1
Prólogo




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Prólogo

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      A cabeça doía e latejava. Eu estava deitado, coberto por um lençol de seda branca. Não conseguia me localizar. Meus olhos estavam abertos, mas as trevas dominavam o ambiente. Tentei me levantar, mas a tontura me deixava trôpego, decadente. Gritei com uma angústia guardada a fundo. Não possuía a capacidade de tolerar frustrações, e isso me fez gritar com todo o rancor guardado. Caí no chão de mármore gelado. Ouvi passos, silenciei-me completamente. Escutei um zumbido, como se fosse um mosquito, uma luz se acendeu. Pensei que fosse uma armadilha, pensava que o temível astro-rei havia invadido a câmara onde estava com suas luzes fatais. Os olhos arderam, tentei me proteger, mas estava tonto e fraco demais. Aos poucos, me acostumei com a claridade inocente. Vi-me nu, deitado em um chão de mármore branco, tentando debilmente me proteger. Uma fúria tomou conta de mim, queria me vingar contra as pessoas que me aprisionaram. Olhei ao meu redor. Estava em uma grande caixa de madeira de ébano, feita nas medidas de um corpo, no centro da câmara. A luz vinha de um tubo branco pregado no teto, que fazia o barulho de mosquito. Não compreendia nada. Consegui ficar em pé novamente. Olhei para meu corpo. Parecia ser feito do material do próprio chão. Não podia ver meu rosto, não havia espelhos na câmara. Andei devagar, ajustando-me ao ambiente, examinando o caixão. Enrolei-me no lençol branco. Olhei para um portal feito de ébano, havia uma sombra do outro lado, alguém me esperava. Houve um barulho, o portal abriu-se, e um homem miúdo debaixo de um capuz entrou, indo em minha direção, sem olhar e falar. Eu fiquei esperando, o homem chegou mais perto, abaixou o capuz, mostrando um rosto feio e desconhecido. Com seus olhos negros incisivos e um sorriso malicioso, falou uma em uma voz infantil:


            - Finalmente acordou, mestre Koshchey de Ventrue.


            Os pensamentos correram velozes, contrastando com minha debilidade física. Ele sabe meu nome, não o meu nome verdadeiro, que apenas meu pai e meus irmãos sabiam, mas o nome que os mortais deram a mim antes de ir embora. O que está acontecendo?


            - Quem é você? Exijo explicações. – falei com uma voz forte e arrogante. O homem sorriu novamente.


            - Sou Adolf Müller, alguém em que você pode confiar.


            - Esse nome me é estranho. Você fala com um sotaque diferente.


            - As respostas irão vir mais tarde, mestre. Vista-se, o senhor deve estar com fome. Há um banquete a sua espera. Quando o mestre estiver saciado, iremos conversar melhor.


            Qual a intenção desse homem? Banquete. Ele sabe que eu apenas me alimento de um tipo específico? Não consumo qualquer coisa. Entretanto, a fome está insuportável. Só não me alimentei dele pelo fato de ele não ser meu tipo de alimento. Espero que esse homem, esse Müller, saiba.


            Müller saiu veloz da câmara, deixou as portas abertas. Vesti-me com rapidez, e fiquei bem dentro de um robe cor branca, que parecia se fundir com a cor de meu corpo. Ia sair da câmara, quando trinta crianças entre seis e oito anos entraram em meu recinto apavoradas. Sorri, o homem havia acertado. Não entendi como ele sabia dessas coisas, mas a Fome habitava dentro de mim, substituía minha alma há muito tempo perdida. As crianças me olhavam. Um olhar de medo, pavor, com a figura branca na frente delas. Gargalhei. As crianças choraram com a melodia sádica, tentaram fugir, mas as portas se fecharam, estavam presas com o monstro. As paredes, o chão, o robe e o corpo sujaram-se de sangue no banquete esperado, que se deliciava com o medo das crianças. Fiquei satisfeito, mas havia sobrado uma criança. Um menino loiro de grandes olhos negros, que não havia demonstrado medo. Ele não chorou como as outras, apenas ficou olhando, sem se abater. Eu, sujo de sangue, me aproximei da criança. Ela olhou com seus olhos negros penetrantes.


            - Não sente medo, criança?


            A criança não entendia a língua da criatura a sua frente. Continuou a me olhar.


            - Müller!


            O homem miúdo entrou na câmara rapidamente. Escorregou no sangue que manchava o chão. Minha pele cor de mármore havia sido substituída por um tom corado, até me parecia com um humano.


            - Mestre?


            - Essa criança não fala?


            - Ela não foi instruída na Língua Antiga, mestre. Muito tempo se passou durante seu sono. Dois milênios, para ser exato. A sua língua foi extinta, é objeto de estudo. Há tanta coisa para ser contada, mestre.


            - Então, instrua essa criança. Quero que ela receba a mais alta educação possível. No tempo adequado, ela será abraçada por mim. Se dois milênios se passaram, então deve haver mais de quatro gerações de vampiros. A criança será da Quarta Geração, mesmo após milênios. Ela deve receber a melhor criação possível. Será o meu segundo em comando. – eu dizia olhando para a criança. Poderia ser afeto, mas minha alma fria não era condicionada a tais sentimentos. Era interesse, estratégia, eu fitava o futuro e o poder que poderia vir. – E o mais importante, não anuncie que eu retornei. Agora, devo me limpar, quero roupas decentes, para mim e para meu novo filho. Após isso, quero explicações, nem que isso dure dias.


            - Como quiser, Mestre.


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