Ignoto Submergido escrita por Wolfgang Schneider


Capítulo 3
Edessa


Notas iniciais do capítulo

O capítulo a seguir é uma memória. Essa é a primeira parte de três. Além disso, ficarei intercalando com esse passado com a história atual de Aghiel. Os capítulos seguinte que forem desse mesmo passado terão notas iniciais avisando.

Obrigado.



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O ar estava rarefeito, com odor forte e repugnante. Isso para Edessa era familiar, enquanto a escuridão lhe abraçava fortemente, ela se deixava ser feliz dessa maneira.

Edessa, filha da grande e nomeada família Ruihl. Tinha tudo que lhe conviesse, completamente tudo. Na manhã de uma terça-feira, Edessa completava seus onze anos de vida. Seu presente grande e robusto, algo incomum entre as meninas de sua mesma idade. Um cavalo.

— Não gostei pai, quero um melhor. Totalmente horrível. — disse Edessa a Sr. Far, seu pai. Enquanto ajeitava seu vestido amarelo de bolinhas azuis, Edessa mostrava sua cara de repudio ao olhar para seu presente. O pai, percebendo sua expressão, indangou:

— Pois não, minha pretty, por que não gostou? — estendendo a mão para pegar a palma de sua filha, que no caso, estava com os braços cruzados. Edessa se recusando a segurar levantou os olhos e respondeu:

— Uma de minhas colegas de turma, totalmente pobre... — revirando os olhos e balançando os pés continuou: — tem um brinquedinho quebrado igualzinho a esse cavalinho aqui. — suspirou e olhou firmemente para o seu pai e terminou: — Isso me lembra de pobreza papai, você sabe. E eu não gosto de pobreza.

Sr. Far, encarou-a por alguns segundos e se levantou de sua poltrona.

— Bem, pretty... não posso fazer nada além de devolver ele — passando a mão na cabeça do cavalo, cheirou-o e continuou: — Hm, bom cheiro. Pena que não gostou esse branquinho aqui, ele custou um pouquinho. — Deu um risinho e agachou-se até à atura de Edessa e disse:

— Vou viajar para Boondock hoje à tarde — suspirou e disse baixinho: — Trabalhos, trabalhos e trabalhos.

— Tá. — Edessa ainda com os braços cruzados, não esboçou nenhuma reação. Pegou sua boneca na mesa que estava do lado da poltrona, olhou uma última vez para o cavalo fazendo um biquinho e semicerrando os olhos e saiu para a cozinha.

Uma das empregadas chegou pela porta do fundo e olhando para o Sr. Far, indagou:

— Meu lorde, quer que eu comece por onde?

— Troque aquele quadro para ali e pinte quantas vezes for preciso esse quarto, mas quero-o em um amarelo forte. Esse marrom me enoja. — apontando para demonstrar onde seria, Sr Far mexeu em seu bigode, pegou um copo que estava no centro da mesa e continuou:

— Bem, chame a Sra. Near, estarei no porão esperando-a. — Terminando de beber seu vinho, abriu a porta de onde a empregada veio e saiu.

Edessa passando pelo salão principal dirigiu-se para o seu quarto, deitou-se dormiu. Não dava para fazer nada, além de dormir.

— Vou viajar de novo Fearlino? — indagou a Sra. Near ao chegar ao porão ainda descendo as escadas.

— Sim, vou. — Inquietante, indo de um lado para o outro, disse olhando para a sua esposa, o Sr. Fear. Às vezes dando uma espiada no armário que estava ao seu lado e intercalando para olhar a Sra. Near. Estava bem vestida, com um laço em seu pescoço e um grande suéter azul cobrindo seus braços que estavam cruzados esperando o seu marido falar algo, Sra. Near demonstrava um sorriso meigo, mas sutilmente triste.

Um grande silêncio ocorreu e retornou a falar:

— Antes, tenho que me prometer que irar proteger nosso bem maior — suspirou e olhou novamente para o armário e disse: — Nosso dinheiro.

Depois de viajar para Boondock enquanto deixava sua esposa e única filha na sua grande mansão, Fearlino entrou no mercado mais sinistro que tinha por lá. Todos temiam, seja por lendas, contos e até fatos que foram constatados naquela região.

Passando por um corredor que tinha várias portas, uma dúzia de lamparinas que estavam em cima das portas iluminava o local. A noite reinava naquele momento, enquanto a lua não brilhava suficiente para enxergar tudo a sua volta, Fearlino foi apalpando a parede de tijolos vermelhos até encontrar uma maçaneta e escrito em verde na parte de cima da porta, Fearlino soube que era ali o lugar. A MARIONETE, CASOS DE MÉDICINA LTDA.

Batendo na porta, a porta foi logo aberta. Atendido por um homem de rosto grosseiro e com várias machas de sangue, cabelos estilo “militar” e roupas que exibiam a sua musculatura forte, pegou um cartão que Fearlino o entregou e pediu para ele entrar.

O local era bem retro e mal cuidado. Várias baratas passavam em seus pés, enquanto ratos comiam restos de comida que estavam despejados na cozinha. O local certamente não era limpo há séculos, muito menos o rapaz, que estava com cheiro de suor bem forte.

— Desculpe jovem, mas como posso lhe chamar? — indagou Fearlino.

— Hm, não gosto que me chamem por um nome. Levante a mão que eu respondo. Apenas isso já basta. — Mexendo em papeis em gavetas, o rapaz pediu para Fearlino se sentar no sofá desgastado e quebrado ao lado de um armário. Fearlino sem hesitar sentou-se e juntou seus braços e esperou alguma reação vinda do rapaz, mas nada aconteceu além de que já havia. Apenas mexendo em papeis, e só. — Velho, quero que me diga qual substância você quer? — virou-se para ver o rosto de Fearlino, ainda segurando alguns papeis em suas mãos. — T-X H1. — respondeu Fearlino. Respirou um pouco e continuou: — O mais puro possível. Preciso dele para meu... Como posso dizer? Trabalho... isso! Trabalho. — sorrindo para o rapaz, Fearlino ainda sentando no sofá encostou sua cabeça e colocou os braços por trás.

Depois de pedir e olhar mais um pouco para os papeis, o rapaz entrou por uma porta ao final do corredor da provável sala onde estariam. Passando alguns minutos, ele volta com um frasco brilhante com um líquido roxo balançando de um lado para o outro. Ficou a frente de Fearlino e disse:

— Isso aqui é bem gostoso não é cara? — sorrindo com um tom de sarcasmo e lambendo o frasco de baixo para cima. Fearlino franziu a testa sem entender o que ele estava dizendo, depois de processar ele respondeu o rapaz:

— Não sei do que esta falando meu jovem, não mesmo. — ainda franzindo a testa e tocando o queixo com uma das mãos enquanto a outra se apoiava na sua coxa.

— Bem você pode testar... — dando risinhos extremamente insanos.

Quanto menos esperava o rapaz abre o frasco e joga-o na cabeça de Fearlino que instantaneamente começa a berrar de dor, enquanto tentava tirar o líquido com suas mãos inutilmente, o rapaz ainda estava rindo com um sorriso macabro expresso em seu rosto. Agachou-se e olhando nos olhos do Fearlino com um sorriso encharcado de maldade disse:

— Não quero pessoas com meu brinquedinho, tenho mais coisas para fazer. Somente morra com esse insulto a minha ciência. — O rapaz pegou o seu dedo passou em sua língua e tocou no rosto de Fearlino que estava sendo desintegrado, colocou em sua boca de novo e dessa vez lambeu o rosto, rindo a cada vez que lambia.

Levantou-se e olhando para Fearlino uma última vez e ainda rindo, entrou pela porta do corredor e sumiu dentre a escuridão.

Fearlino ainda se tocava e berrava com a dor intensa que sentia em seu corpo. O liquido estava em todo o seu corpo, correndo primeiramente sua pele, depois seus ossos até virarem pó. Fearlino se debatendo no sofá caiu no chão ainda tocando em seu corpo freneticamente. Mas já era tarde de mais.

O seu cérebro tinha sido corroído, e com isso, sua morte tinha chegado.


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