Let Me Go escrita por Mrs Jones, QueenOfVampires


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Hello people! Mrs Jones aqui. Eu sei, esse capítulo demorou a sair, mas tanto eu quanto a Queen estavámos ocupadas e com bloqueios criativos. Também estamos um pouquinho desanimadas com a queda nos comentários, no último capítulo só tivemos dois, sendo que o contador mostra mais de 30 visualizações. Poxa gente, não custa nada comentar. Nem que seja só pra dizer se gostou ou não gostou. Leitores fantasmas, eu sei que vocês estão aí! Apareçam! Nós fazemos isso aqui por amor e não ganhamos nada em troca de proporcionar a vocês alguns minutos de distração. Tudo o que recebemos são comentários (e às vezes recomendações) e acreditem, a opinião de vocês é tudo pra nós. Ser ficwriter dá trabalho, quem também posta no site sabe. Não basta escrever, você tem que pensar no que é melhor para dar continuação à história, tem que saber como transferir as emoções para o papel, como agradar seus leitores... e depois revisar tudo e, algumas vezes, apagar e escrever tudo de novo kkkk Mas chega de drama. Se não estiverem gostando da história, digam o que precisa ser melhorado e faremos melhor nos próximos capítulos.



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Assim que amanheceu, já era possível avistar a terra ao longe, Ruby sabia que o capitão não iria desistir, ela só esperava que nenhum conhecido a visse e que não conseguissem pegar mais nenhum condenado. Ela explicou como Catherine deveria achar a Vovó e o que falar.

Ruby ficou na cozinha, observando sua vila por uma brecha na parede enquanto se aproximavam. Ela não estava querendo sair do navio e não queria nem pensar na possibilidade de pisar ali de novo, o que falariam? Deduziriam que ela é o lobo? E se sua avó a visse? Mas a moça sabia que o capitão não iria desistir, assim que atracaram, não demorou muito para que ele viesse.

– Vamos lá! – Killian foi puxando Ruby da cozinha sem que ela ao menos tivesse terminado o que estava fazendo.

– Capitão... – Ruby já estava cansada de explicar a ele – Isso é impossível! Olhe bem pra mim! – Ela puxou o braço e parou pondo as mãos na cintura.

– O quê? Está linda como sempre, qual o problema? –O capitão já demonstrava irritação na voz.

– Se me visse andando na rua, o que iria pensar?

– Tem certeza que quer que eu fale tão explícito assim? – Killian deu seu habitual sorriso malicioso.

– Tudo bem! Pensaria muitas coisas... Menos que eu sou um lobo!

– Fale baixo! – Killian se aproximou dela a repreendendo – É, não pensaria... Mas qual o problema?

– Como vamos identificá-los na luz do dia? – Ruby ficou irritada com a insistência do capitão.

– Esperamos a noite!

– Não é lua cheia! – Ela começou a elevar a voz – Você é burro? Ou está tão cego de ganância que não consegue assimilar o óbvio?

– Olhe como fala comigo! É claro que é possível identificá-los e você vai me ajudar! – Ele a segurou pelo braço novamente e foi a arrastando para a rampa do navio – E nem pense em fugir... Pois quando eu te encontrar, os dias que passou acorrentada no porão serão suas memórias felizes! – Ele sorriu cruel bem perto do rosto da moça, podia até sentir sua respiração acelerada e o ódio que escapava dos seus olhos.

– Finalmente estamos em terra! – Catherine praticamente explodiu cabine afora e foi correndo até onde seu pai estava – Me deixe ir com vocês!

– Não mesmo, fique no navio. Será uma passagem rápida! – Killian falou sério, mas a menina não se intimidava.

– Pai! Você prometeu! – Ela fez beicinho como uma criancinha.

– Deixe ela ir, a vila não é tão grande e estará fora de perigo durante o dia. – Ruby notou o quanto ficar trancada no navio afetava o desenvolvimento mental de Catherine e resolveu ajudar.

– Tudo bem... Mas o Smee vai com você! – Ele chamou Smee e Catherine arrastou o pobre marujo correndo em direção à vila. – Cuidado! – Ele gritou quando os dois já estavam fora de vista.

– Sabe, não é bom para ela passar a vida toda em um navio, principalmente agora que está crescendo... Tem que aprender coisas como convívio social, boas maneiras e formas de lidar com as situações da vida. – Ruby falava enquanto andava com o capitão ainda segurando seu braço, mas nenhum dos dois pareceu se incomodar com isso.

– Ela não precisa aprender isso porque ela não vai usar isso! Ela sabe como se defender em caso de uma invasão de piratas inimigos, sabe o que fazer caso um monstro marinho nos ataque... São essas as coisas que ela precisa saber para a vida!

– Mas essa é a vida que ela quer?

– É a vida em que estará segura. – Killian parou e ficou de frente para Ruby – Você deve saber bem o quanto esse mundo aqui é perigoso.

– Tudo isso é por causa do modo que sua esposa morreu?

– Não tem nada a ver! – Killian desviou o olhar, ele não queria demonstrar a dor e não queria falar sobre isso – Vamos logo. – Ele arrastou a moça tentando escondê-la dos outros até a floresta.

No meio do pequeno vilarejo estava montada uma feira de rua. Catherine tinha ido a terra no máximo umas cinco ou seis vezes e sempre acompanhada dos piratas. Sr. Smee era a companhia mais agradável, pois ele sempre escutava as reclamações e os monólogos que a menina ditava sobre a vida injusta que levava. Sem falar que ele era muito adorável quando queria.

– Sr. Smee, olhe quantas frutas! – Ela parou em uma barraca – Devem ser de tantas ilhas diferentes!

– Sim, senhorita... É porque nessas florestas daqui tem frutas diferentes das ilhas também, não são tropicais... – Smee foi explicando algumas coisas, mas a atenção da menina mudou totalmente quando ela avistou uma idosa ao longe.

A velhinha parecia perturbada e caminhava de um lado para o outro, abordando as pessoas que encontrava na rua. Seus cabelos eram quase prateados de tão brancos, e ela usava óculos redondos na ponta do nariz. Combinava perfeitamente com a descrição que Ruby fizera de sua avó.

– Sr. Smee! O senhor pode ficar aí escolhendo umas frutas diferentes para que eu leve? Eu não saberia escolher as melhores! – Ela se virou para o marujo. – Eu vou ali naquela barraca, acabei de ver umas flores lindas! Não se preocupe, não sairei da sua vista! – Ela foi falando enquanto corria para não perder a senhora de vista.

– Você viu a Ruby? – a viúva Lucas perguntava a todos que encontrava pelo caminho – Com licença, você por acaso viu minha neta Ruby? – e desanimava com as respostas negativas.

Ninguém iria admitir, mas todos pensavam que Ruby Lucas podia ter sido seqüestrada pelos piratas que atracaram na vila há uns dias. Vovó não acreditava nisso, embora soubesse que, bonita como era, Ruby bem poderia ter atraído os olhares daqueles homens desprezíveis.

Mas a Vovó também sabia que homem nenhum mexeria com sua neta, não quando esta mantinha oculto seu lado mais feroz e animalesco. A Vovó tinha visto o que o lobo fizera com Peter. Bem, o lobo poderia, de alguma forma, agir quando Ruby mais precisasse, não é? Da última vez em que os piratas estiveram ali, ainda era lua cheia. Vovó acreditava que Ruby pudesse tê-los matado se houvesse necessidade, caso tentassem seqüestrá-la, ou ousassem tocar nela.

Em todo caso, devia haver uma explicação para o sumiço da moça e a viúva Lucas acreditava na possibilidade de sua neta ter fugido para longe quando soube que havia caçadores na vila. Na pressa, Ruby esquecera sua capa vermelha. Chapeuzinho com certeza voltaria para buscar a capa. A não ser que a esta altura já estivesse morta...

– Você viu a Ruby? – a vovó perguntou a um vizinho seu, que tinha acabado de fazer compras na feira – Ela está sumida há dias!

– Sinto muito, não vi sua neta.

A Vovó desanimou. Parou no meio da rua e botou uma mão no coração. Onde é que aquela menina desajuizada se metera?

Uma onda de medo atingiu Catherine quando ela se aproximou da senhora, ela nunca tinha falado com alguém de fora antes e nem muito menos para um assunto tão importante. Ela hesitou um pouco antes de se aproximar, mas percebeu que era sua única chance.

– Senhora Lucas? – Catherine gaguejou ao chamá-la.

– Sim? – A vovó se virou na direção dela, abatida, com olheiras fundas, mas com certeza ainda tinha uma feição adorável.

– Eu tenho uma coisa importante pra falar com a senhora, sobre a Ruby! – Catherine falou mais baixo.

– Oh meu Deus! Ela está bem? – Vovó a puxou para longe da barraca que estavam – Onde ela está?

– Calma... – Cath estava ficando mais nervosa ainda – Ela está bem sim, ela pediu para transmitir um recado! Ela disse que não vai voltar, mas que está bem, disse que está numa situação que não pode voltar aqui e seguir com uma vida em paz. Ela disse que a ama e espera que entenda sua escolha! – A menina falava devagar tentando não se esquecer de nenhum detalhe.

– Oh meu Deus, graças aos céus! Minha neta está viva, achei que tinham a matado! Ela... Ela está sem a capa! – A vovó falou esperando que Catherine soubesse o que queria dizer.

– Sim, ela disse que a falta da capa era um problema, mas ela vai se virar bem... Eu tenho que ir agora!

– Espere! Onde ela está? – A idosa segurou o punho de Catherine com força – Por favor, ela é a única pessoa que eu tenho.

– Sinto muito... Eu não posso falar, ela apenas me deu esse recado para ser transmitido... Está me machucando! – Algumas lágrimas se formavam nos olhos da menina, por medo e por pena.

– Desculpe... Entregue isso a ela, eu levo comigo esperando que a encontre por aí. – Vovó tirou a capa de Ruby dobrada de dentro da sua cesta – Mas agora que sei que ela não quer ser encontrada, não tenho mais motivos... Você me garante que ela está bem né?

– Ela está sim... Obrigada pela capa, eu realmente tenho que ir! – Catherine correu de volta até Smee, ele nem perguntou pela capa vermelha que a garota carregava, apenas pegaram as frutas e voltaram ao navio.

Dentro da floresta, Killian estava com a espada em mãos e Ruby andava entediada, não havia nada ali. O capitão estava sendo burro, mas Ruby não ia contrariá-lo, pois sabia que não o venceria nem com o melhor de seus argumentos.

– E então, onde estão eles? – perguntou o homem.

– Eu não sei! – ela suspirou, completamente entediada – Eu já lhe disse um milhão de vezes!

– É claro que você sabe, só está tentando protegê-los. – Killian parou, encarando-a – Eu sei como essa coisa funciona... Devem fazer parte de uma mesma matilha e convivem numa espécie de camaradagem. É óbvio que protegem uns aos outros.

Ruby gargalhou tão alto que assustou um esquilo que ia passando.

– Você andou exagerando no rum, não foi? Eu já lhe disse que os outros não têm consciência do que são. Não tem essa de camaradagem, é cada um por si. Se eles soubessem o que são, já estariam muito longe dessa vila. Não é como se pudéssemos ter uma vida normal aqui.

– Ora, e por que não foi embora então? – Killian recomeçou a caminhar, irritado por Ruby ter rido dele.

– Isto estava nos meus planos, até um bando de piratas me capturar e me fazer prisioneira num navio – ela disse tranquilamente, seguindo o capitão de perto – Em todo caso, não queria deixar a vovó sozinha.

– Família... Quando não te protege, te mata aos poucos! – disse o capitão, debochado – Se tivesse pensado mais em você, não estaria nessa situação.

– Engraçado você dizer isso. Não é exatamente isso que está fazendo a Catherine? Protegendo, mas matando aos poucos? – Ruby devolveu na mesma moeda e o capitão ficou zangado, embora soubesse que a moça estava certa. Ele estava matando a menina com tanta proteção!

– Não se meta! Isto é entre mim e minha filha.

– É egoísta o bastante para pensar apenas em sua própria felicidade. – ela continuou. Agora que cutucara a ferida, ia remexer até que sangrasse – Acha que mantê-la por perto é protegê-la? Detestaria perdê-la também, não é? Como perdeu sua esposa... É o que você diz aos outros, mas não é bem assim... Você a mantém por perto porque não suportaria viver sozinho, porque não consegue ser feliz assim... E por isso nunca vai deixá-la ir. Sabe o que vai acontecer se não permitir que ela tenha uma vida e faça suas próprias escolhas? Ela vai te odiar pelo resto de sua vida!

O capitão pareceu considerar o que Ruby dissera, porque a encarou por um bom tempo. Depois balançou a cabeça e continuou a caminhada.

– Você não entende...

– Então me explique! – ela pediu – Por que acha que precisa protegê-la?

– O mundo é perigoso e você sabe disso!

– Sim, mas não deve tratá-la como uma criatura frágil, capaz de se quebrar a qualquer momento. Ela é mais forte do que você pensa!

– Acha que eu não sei? – Killian se virou repentinamente, quase beijando Ruby acidentalmente, já que ela estava tão perto. Ele falava tão rápido que gotículas de saliva acertaram o nariz da moça – Eu conheço minha filha! Eu sei como ela se sente, sei como odeia viver num navio cheio de homens, sem uma mãe que cuide dela...mas não há nada que eu possa fazer. Ela não pode sair por aí sozinha, fazendo o que bem quiser e quando quiser. Há limites estabelecidos! Sou o pai dela e Catherine precisa entender que só estou fazendo o bem a ela...

– Pra que ela fique segura, eu entendo... Por causa do que aconteceu à sua esposa, não é?

– Ela morreu, se é o que está perguntando. – o capitão girou nos calcanhares e seguiu em frente.

– Eu quero saber como. O que aconteceu? – Ruby o seguiu, tropeçando nas raízes das árvores.

– Não é da sua conta, okay? Esqueça isso.

– Como espera que eu entenda se não me conta nada? – Ruby explodiu, demasiado irritada com o capitão – Eu te contei sobre mim e minha família, mas você não me conta nada. Não me contou nem sobre sua filha e adivinhe só, fui descobrir sobre a menina quando por acaso entrei na sua cabine e ela estava lá, desenhando numa tela! O que é que pode ter acontecido de tão terrível pra te transformar nisto? Um egoísta, ganancioso e insensível... Me explique, porque eu não consigo entender.

Oh, Ruby realmente remexera nas feridas e agora elas sangravam. Killian virou-se para olhá-la, seu rosto se transformando numa máscara de dor e tristeza.

– Ela morreu, está bem? Por minha culpa, porque não pude protegê-la... Tiraram minha Milah de mim...

– Quem tirou?

– O Senhor das Trevas – Killian apertava os punhos – Ele arrancou o coração dela bem na minha frente... e o reduziu a cinzas sem nenhuma misericórdia... Eu não pude fazer nada para protegê-la. Eu me esforço para proteger Catherine desde então. Tenho medo de ele voltar para... para pegar minha menina...

Por um momento, tudo o que se ouviu foi o som do vento brincando com as folhas das árvores. Killian, envergonhado por ter compartilhado um fato doloroso de seu passado, apenas encarou o chão, enquanto Ruby, pela primeira vez, foi capaz de compreender o homem.

– Por que alguém iria querer a Catherine? – ela perguntou, calmamente – Ela é só uma criança...

– O Senhor das Trevas era o marido de Milah. Ele diz que eu a roubei dele, mas a verdade é que ela o abandonou por escolha própria, porque não suportava a covardia do homem. Ela se apaixonou por mim, o que eu podia fazer? Quando ele adquiriu poder, voltou para se vingar. Ele a matou naquele dia, quem garante que não voltará para dar fim a Catherine, a criança que nasceu de nosso amor? Eu só estou tentando mantê-la segura... Não posso perdê-la também, Ruby.

– Eu entendo... Mas mantê-la trancada num navio não é o melhor jeito. Dizem que o Senhor das Trevas é muito poderoso. Ele poderia encontrá-la em qualquer lugar, principalmente no navio...

Killian assentiu.

– Você tem razão.

– De qualquer forma – ela continuou – não acho que ele seria capaz de machucar a menina, ela não teve nada a ver com a história.

– Você não o conhece como eu conheço – Killian riu, trocando o peso de uma perna para a outra – Ele não hesitaria em machucar minha filha se quisesse. – e suspirou – Sabe o que vejo quando olho para Catherine? Ela tem as mesmas feições da mãe, a beleza, a doçura... ela herdou até o talento para o desenho. Se o Senhor das Trevas a visse... Não sabe o quanto meu coração fica apertado por vê-la sair sem mim.

– Ela vai ficar bem, ela é... elaé forte e decidida, como o pai dela. Um pouquinho arrogante também, mas isso não vem ao caso.

– Eu sei – riu o capitão, puxando Ruby e incentivando-a a continuar. Se parassem a todo momento, nunca encontrariam os outros lobos. – Fico realmente feliz por você e Cath serem tão próximas. Ela nunca teve uma influência feminina na vida dela, pelo menos não uma que não fosse uma das mulheres que levo para minha cabine à noite.

– Me poupe dos detalhes! – a moça resmungou, torcendo o nariz ao imaginar o capitão com uma das mulheres que ela já vira na taberna da vila – Coitada da Cath... ela deve odiar suas vagabundas.

– Ei, olhe como fala. Você podia ser uma dessas vagabundas, se fosse fácil levá-la para minha cabine... – o capitão brincou, provocando-a.

– Como é que é? – Ruby pôs as mãos na cintura, muitíssimo indignada – Era isso que planejava, me usar e depois me despachar para um comprador qualquer? Fico feliz por não ser uma de suas vagabundas, então.

– Calma, lobinha! Eu só estava brincando... – ele gargalhava como se não tivesse revivido lembranças dolorosas há poucos minutos – Mas se mudar de ideia, as portas estarão sempre abertas para você. Garanto que Cath não a julgaria, já que ela te adora tanto.

– Ela disse isso é? – Ruby sorriu. Ela também adorava Cath, já até se apegara à menina.

– Ela não precisa dizer, conheço a filha que tenho. Ela está mais sorridente e falante do que de costume. Ela realmente gosta de você.

– Seria bom se o pai dela também gostasse. Eu esperava que ele tivesse um tiquinho de misericórdia e desistisse dessa ideia maluca de me vender. – ela o olhava esperançosa, embora soubesse que o capitão já tomara sua decisão.

– Não é que eu não goste de você... Me ofereceram uma enorme recompensa pela loba...

– Por que precisa de dinheiro, capitão? Sua filha já não é recompensa suficiente? Não estou pedindo para ter pena de mim, estou pedindo para reconsiderar sua escolha. Deixe-me ir.

Como ele podia recusar um pedido daqueles? Por que ele simplesmente não a deixava ir? Os olhos dela estavam lhe pedindo. Não, estavam implorando. Por que não deixá-la ir?

– Não posso... – foi o que ele respondeu, ainda encarando os olhos verdes da loba – Desculpe, eu não posso.

– Por que não? – ela o olhava com a mesma intensidade – Você pode dizer que eu fugi. Você só precisaria mentir. Por que não pode fazer isso?

– Eu... eu só...

Pareciam estar hipnotizados um pelo outro. E então não houve mais palavras. Agarraram-se ao mesmo tempo: Ruby puxando o capitão pela gola do casaco e Killian segurando a moça firmemente pela cintura. As bocas travaram uma batalha, enquanto uma das mãos do homem enganchou nos cabelos da garota, puxando-a ainda mais para perto. Ruby quase perdeu a sanidade. Aquela barba malfeita raspando no rosto dela, o aperto na sua cintura, a mão agarrando seu cabelo... Oh, era por isso que as vagabundas ficavam loucas quando se tratava de Killian Jones: ele era um ótimo amante.

– Mas que é que está fazendo? – ela se livrou do capitão, tão logo percebeu o que estava fazendo. Como ela pudera se render tão fácil?

– Eu quem pergunto, lobinha – ele riu satisfeito – Por que demorou tanto pra me agarrar desse jeito?

– Eu não te agarrei, você me agarrou – ela respondeu, limpando a boca com brusquidão e ajeitando a roupa – Está pensando que sou fácil assim?

– Foi você quem me agarrou – Killian justificou, também ajeitando o casaco, que saíra do lugar – Não esperava isso, mas claro, não estou reclamando.

– Não ouse me agarrar de novo! – Ruby vociferou apontando para o capitão – E se o fizer, farei questão de esquecer a minha consciência na próxima lua cheia!

– Está me ameaçando, lobinha? – Ele riu achando impossível que Ruby o atacasse.

– Advertindo. Agoravamos logo com isso, quanto mais cedo eu te provar que não pode pegar os lobos... Mais cedo saímos desse lugar. – Ela passou a frente de Killian seguindo para a parte leste da floresta onde acontecia a maioria dos ataques.

– Não vai me fazer desistir tão fácil... Só saio daqui arrastando um condenado! – Killian a seguiu apontando a espada para cima em um gesto determinado.

De fato, o capitão era bem determinado, já estava anoitecendo e eles, obviamente, não encontraram nada. Ruby estava começando a se divertir vendo o capitão se esforçando para não dar o braço a torcer, ele inventava teorias sobre onde os lobos estariam, estava parecendo um louco. No final das contas Ruby estava sentada em um tronco caído enquanto Killian andava de um lado para o outro pensativo.

– Já podemos voltar ao navio? – Ela perguntava pela milésima vez naquele dia – Estou com fome, o senhor também e creio que a tripulação esteja enlouquecendo sem notícias... Assim como sua filha.

– Bobagem, eles sabem que estou bem.

– Killian. – Ruby se levantou ganhando a atenção do capitão – Não vamos achar nada, vamos voltar. Eu... Eu vou com você sem resistir, vou ser entregue e depois você segue sua vida. Apenas pare com essa ganância e vamos voltar para o maldito navio!

O capitão a olhou, chocado e pensativo, e por fim aceitou. Eles retornaram ao navio, alguns dos marujos estavam bebendo no convés, Sr. Smee conversava com Catherine perto da cabine, realmente não estavam preocupados com Killian.

– Vamos lá! – Ele gritou fazendo todos se levantarem e assumirem seus postos – Hora de partir, próxima parada... Qualquer lugar que tenha um portal! – O capitão foi para o leme seguido por Smee.

Ruby foi para a cozinha e Catherine foi logo em seguida levando sua cesta.

– Eu achei a sua avó! – Ela falou assim que entraram.

– Ah! Me diga que ela está bem... – Ruby se aproximou da garota falando mais baixo.

– Está sim, ela estava procurando por você... Eu falei tudo que me pediu, ela disse que entende sua escolha e mandou isto para você. – Cath tirou a capa da cesta e entregou à Ruby.

– Oh! Minha capa! – A moça sorriu emocionada, ela abraçou a capa afundando seu rosto no tecido vermelho como se fosse a coisa mais importante do mundo – É a única coisa que vai me lembrar da minha antiga vida, muito obrigada!

– Não foi nada... E obrigada por fazer com que meu pai me deixasse sair, ele não escuta ninguém e foi realmente uma surpresa. – Catherine deu um sorriso maroto, igualzinho o de Killian – Talvez ele esteja se apaixonando por você.

– O quê? – Ruby foi ficando tão vermelha quanto a capa, na hora veio a lembrança do beijo que acontecera mais cedo – Não, claro que não... Se estivesse não iria me vender.

– Ele vai mudar de ideia... Acho que ele ainda não desistiu porque quer que você fique mais tempo por perto.

– Não acho que seja esse o motivo.

– Você gosta dele? – Catherine tinha uma pontinha de esperança na voz.

– Não, nem um pouco! – Ruby deu as costas à menina e foi andando até o balcão – Ele me sequestrou, me humilhou, me manteve prisioneira sob as piores condições, me fez de empregada, me fez andar um dia inteiro na floresta inutilmente e ainda por cima me beijou a força, pra completar ele vai...

– Espera! – Cath a interrompeu – Ele te beijou?

Ruby percebeu que falara demais, agora é que a menina não ia parar de insistir naquela história mesmo.

– Ah... Talvez. – Ela respondeu sem olhar para a garota.

– Eu sabia! Ele gosta de você, isso vai tornar tudo tão mais fácil!

– Um beijo não significa que ele goste de mim, você mesma sabe quantas mulheres ele traz para cá. – Ruby se virou pondo as mãos na cintura.

– Ele olha pra você de um jeito diferente. Às vezes ele fica te encarando de longe, como se estivesse tentando entender alguma coisa muito complicada. – Ela riu – É bem engraçado, ele levanta uma sobrancelha, coça a cabeça e depois bebe um gole de rum. Ele normalmente faz isso quando está tentando decifrar algo.

– Ou talvez ele seja apenas louco! – Ruby deu de ombros.

Catherine rolou os olhos e saiu da cozinha a procura de seu pai, ela não iria desistir de provar que Killian estava se apaixonando pela loba.


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Notas finais do capítulo

Pra quem não viu na capa, a Cath é essa: https://lh6.googleusercontent.com/-dvP-5b2N44Q/Uf0FuPi8xrI/AAAAAAAAAAo/Jv0PV5CM4dw/Grace%2BPhipps.jpg
http://media-cache-ec0.pinimg.com/236x/f6/9d/20/f69d20962fef0deb68f9b29d75d6191b.jpg
Esperamos que tenham gostado. Beijos e até a próxima



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