Let Me Go escrita por Mrs Jones, QueenOfVampires


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Olá! Aqui é a Queen. Primeiramente quero agradecer a todos que estão acompanhando e a todos que comentaram também! Ficamos muito felizes com a repercussão da fic e esperamos que gostem desse capítulo, nós duas escrevemos juntas! Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/551310/chapter/2

– Ela é o lobo... – O capitão sussurrou ao notar as correntes ainda presas aos pés de Ruby. Ela levantou a cabeça o olhando assustada.

– Como... como isto é possível, capitão? – perguntou Smee, olhando de Ruby para seu superior.

– Eu não faço ideia – respondeu o capitão, ainda encarando a garota caída ao chão do convés. Ele parou com uma mão no queixo e analisava a situação.

– Eu exijo que me soltem! – Ruby vociferou para os homens que a olhavam com luxúria.

– Sinto muito, amor, mas isto não vai acontecer – o capitão se abaixou, aproximando-se da moça. O homem fez Ruby erguer o rosto e ela se afastou com brusquidão – Mas que espécime interessante...

– Eu não sou um bicho! – ela praticamente rosnou pra ele e o homem sorriu.

– Oh é claro que não. Eu diria que você é bem humana, não fosse o fato de ser um lobo. Diga-me, amorzinho, como é que se transforma?

– Não lhe devo explicações! Exijo que me soltem! Agora!

– Oh, ela exige – o capitão gargalhou e seus marujos o acompanharam no riso – Eu sou a autoridade maior neste navio, querida. Você não tem o direito de exigir nada. Eu faço as regras e você as segue.

– Que se danem você e suas regras! Não pode me prender desse jeito como se eu fosse... como se eu fosse um animal perigoso! Exijo que me libertem!

– Como se eu fosse tolo. Não acha que vou perder a oportunidade de fazer um bom dinheiro, acha? Como lhe disse ontem à noite, vão me pagar pra levar o lobo vivo.

– Mas capitão... – Smee interrompeu – se o lobo na verdade é uma mulher, não poderemos entregá-lo.

– Oh, não seja tolo, Smee. Não vê o porquê de este lobo ser tão especial? A criatura é meio humana. Imagine só, uma mulher com a habilidade de se transformar em lobo... Isto poderia nos fazer ricos.

Os marujos concordaram com o capitão, todos eram tão ambiciosos quanto ele.

– Poderíamos ganhar muito dinheiro com ela – disse um dos homens – Devíamos percorrer cidade por cidade com o espetáculo da mulher-loba, como num daqueles espetáculos de rua, mas daí as pessoas pagariam para assistir.

Os outros piratas gostaram da ideia e agora faziam planos. O capitão não disse nada, porém, porque observava a moça. Ruby tinha plena consciência de que ele olhava seu decote e amaldiçoou a si mesma por não ter escolhido um vestido mais discreto.

– Escutem, eu não sou um bicho em exibição – ela disse em voz alta e todos a encararam – Espero que não estejam considerando me vender como se eu fosse uma peça rara.

– Oh, é exatamente isto que estamos considerando, querida – o capitão sorriu – Homens, levem-na para o porão.

– Não! Não, vocês não podem fazer isso comigo! Não podem fazer isso comigo!

Por mais que ela esperneasse e se debatesse, não havia nada que pudesse fazer. Ruby foi jogada no porão e suas correntes foram presas a aros de ferro na parede. A prática de prender pessoas no porão devia ser comum por ali, já que havia alguns esqueletos esquecidos a um canto. Ainda estavam com os braços presos a correntes e deviam ter morrido há muito tempo. Ruby estremeceu e tentou pensar em algo que não a morte. Ela não estava com muita sorte, no entanto, e ia acabar sendo vendida como uma mercadoria qualquer.

Vieram lhe trazer comida mais tarde. O capitão queria que a moça estivesse saudável porque na maioria das vezes as viagens marítimas não eram nada fáceis. Não era raro que marujos adoecessem e morressem em alto-mar e ele não queria se arriscar a perder tal jóia rara. A moça mastigou com sofreguidão, desejando ter algo melhor pra satisfazer sua fome e manter seu bebê saudável. Dali a pouco o dito cujo desceu ao porão para vê-la e ela fechou a cara pra ele.

– O que quer?

– Você vai me contar como faz isso – ele disse, aproximando-se e se abaixando ao lado da moça – Me mostre como se transforma.

– Eu não faço isto por livre e espontânea vontade – ela retrucou, desviando o olhar de seus olhos esplendidamente azuis.

– Então isto acontece contra sua vontade. Como?

Ela deu de ombros e não disse mais nenhuma palavra. O homem a encarava com interesse, como se estivesse diante da mais bela jóia.

– Oh você é realmente uma garota bonita – ele disse, puxando-a pelo queixo e obrigando-a a olhar pra ele – Jamais imaginaria que uma coisa tão delicada pudesse esconder um lado tão... tão...

– Monstruoso?

– Eu ia dizer animalesco – ele soltou uma risada meio rouca – Diga-me, qual é seu nome, amor?

– Por que quer saber meu nome? – ela o olhou com desprezo – Não passo de uma mercadoria.

– Ah você é mais do que uma mercadoria, isto posso afirmar. – ele ainda a segurava pelo queixo e admirava o brilho de seus olhos verdes - Uma criatura magnífica como você certamente não pode ser qualificada como mercadoria. Eu diria que você é uma jóia rara. Vamos, docinho, diga-me seu nome.

– Ruby – ela se deu por vencida e o capitão abriu um sorriso.

– Eu sabia! Uma jóia rara... Ah você vai me render um bom dinheiro – ele desceu a mão para o pescoço da moça e ela sentiu um arrepio percorrer seu corpo – Olhe só pra isto... Tão linda! Eu poderia fazer bom uso de você... na minha cama... – ele sorriu com malícia e Ruby se indignou, mas não disse nada - É realmente uma pena ter que vendê-la.

– Então não venda – ela retrucou, ignorando o fato de ele estar acariciando seu pescoço – Me leve pra casa e posso até poupar sua vida.

O pirata gargalhou e embora Ruby estivesse com ódio dele, tinha que admitir que ele era um tanto sexy.

– Você fala como se fosse perigosa. Foi tão fácil capturá-la na noite anterior... Eu diria que você é um bichinho manhoso, não faria mal a uma mosca.

– É mesmo? – ela sorriu perigosamente – Pois então espere até anoitecer. Eu tomaria cuidado se fosse você, capitão.

Ele riu e se levantou, depois caminhou até a porta e a abriu. Virou-se pra olhar a moça e lhe lançou seu melhor sorriso sedutor.

– É Capitão Killian Jones pra você. – E dizendo isso, subiu novamente para o convés.

A manhã foi se arrastando, apenas alguns feixes de luz entravam no porão e a comida que o capitão ofereceu não deixou a moça satisfeita e em poucas horas a fome a atacou de novo, já devia passar do meio dia e um certo enjoo não só pelo balançar do navio mas também por causa da gravidez.

Ruby se amaldiçoou por ter saído sem sua capa, à essa hora sua avó já deveria ter posto a cidade de ponta cabeça procurando sua neta ou então já teria ouvido a notícia de que o lobo fora levado por piratas. “Idiotas! Pegaram o lobo errado” A garota pensava se lamentando por estar no lugar errado e na hora errada.

– Hora do almoço, senhorita Loba! – Smee entrou no porão levando um prato de comida até Ruby.

– Eu tenho um nome! Quantas vezes vou ter que repetir? – Ela revirou os olhos enquanto o homem se aproximava – É Ruby!

– Ah, perdoe-me senhorita Ruby, eu não sabia seu nome e nem como deveria chama-la.

– Tudo bem... – Ela sussurrou enquanto o homem soltava suas mãos para que ela pudesse comer, ela deu uma olhada no prato com medo mas se surpreendeu ao ver frango com um pouco de farinha no canto – Hum, resolveram me dar algo melhor dessa vez!

– Ah sim! Na verdade nós tínhamos feito um estoque de carne para alimentar a fera no caminho de volta, nós não sabíamos do seu lado humano então o capitão pegou algumas galinhas e pedaços de carne em um açougue antes de partirmos, – Smee tagarelava sem nem parar para respirar – Mas creio que nessa forma a senhorita prefira comer algo cozido... Ou se não, eu posso pegar algo cru lá em cima! Eu realmente nunca encontrei uma criatura assim e não sei de sua dieta...

– Sr. Smee! – Ruby o interrompeu – Eu sou humana, certo? Sou uma pessoa como o senhor!

– Oh, mil perdões senhorita! Eu n-não quis dizer... – O homem começou a balbuciar desculpas.

– Tudo bem, apenas me dê a comida! – Ruby deu um pequeno sorriso para ele que lhe entregou o prato e saiu do porão logo em seguida.

Enquanto comia, ela olhou ao redor e começou a absorver os detalhes do lugar que estava, era úmido, escuro e tinha cheiro de morte. Ruby começou a achar engraçado o quanto as coisas mudam de uma hora para outra, em uma noite estava correndo livre e na outra se tornara um animal enjaulado.

– Talvez eu seja uma aberração afinal de contas... – Ela murmurou para si mesma jogando o prato de lado.

– Já vi muitas aberrações minha querida! – O capitão falou sentado em um dos degraus da escada que levava ao porão – E com certeza você não parece uma... – Ele se aproximou.

– O que quer agora? – Ruby se pôs de pé e perguntou irritada.

– Olha, como humana você parece mais ameaçadora do que como loba. – O capitão sorriu deslizando a mão pela lateral do rosto de Ruby, ele estava fascinado por ela – Diga-me lobinha, é capaz de viver em sociedade sem atacar ninguém?

– Você sabe que sim! Já te disse que não viro lobo no momento em que eu quiser!

–Ótimo, vamos subir então... Não deve te fazer bem ficar aqui nesse porão e eu quero você bem saudável! – O capitão soltou as correntes dos pés de Ruby e ela olhou cautelosamente antes de o acompanhar escada acima.

Quando saiu do porão, a claridade incomodou seus olhos e ela sentia como se tivesse ficado presa por dias e não por algumas horas.

– Ora, ora! É o nosso mascote! – Alguém gritou no meio dos marujos fazendo os outros rirem.

– Ei! – O capitão chamou a atenção de todos que logo se calaram – Não sei se notaram, mas a nossa prisioneira ainda é humana e até onde eu sei, ela não faltou com respeito a nenhum de nós! Então eu quero pedir... – Ele deu uma pequena risada – O que estou dizendo? Eu quero ordenar! Quero ordenar que tratem a senhorita Ruby com o devido respeito. Fui claro?

– Sim, capitão! – Todos os marujos falaram.

– Ótimo...

– Obrigada... – Ruby sussurrou para ele quando todos os marujos voltaram a suas tarefas.

– Não precisa agradecer, o dinheiro que está por vim vale bem mais que isso! – Ele piscou para ela e seguiu para o leme chamando o Sr. Smee.

– Sim, capitão? – Smee veio rapidamente até ele.

– Fique de olho nela, não parece uma ameaça... – Killian observava Ruby indo até a borda do navio e se apoiando lá para observar o mar – Mas não sabemos ainda do que ela é capaz... E certifique-se que ela não se aproxime da moça.

– Ela não sabe? – Smee perguntou.

– Sabe que pegamos o lobo e é altamente contra a caça de animais selvagens e inocentes. – Killian revirou os olhos – Imagina o que vai falar se souber que o lobo na verdade é uma pessoa... Vai ficar enchendo minha paciência.

– Ela é teimosa! – Smee riu – Igualzinha ao pai dela.

– É! – O capitão deu um olhar severo para Smee que parou de rir na mesma hora – Pra nossa sorte ela só sai da cabine quando é extremamente necessário, não acho que vá descobrir tudo...

– Estamos em um navio, ainda temos alguns dias de viagem e os marujos falam muito... Uma hora ela irá descobrir!

– Então certifique-se de mantê-la longe da moça, não deixe as duas se falarem... Não confio muito nessa lobinha e sei que ela esconde algo muito maior. – Killian encarava Ruby de longe e ela também encarava o capitão, tinha raiva no olhar dela.

Ruby se perguntava o que havia feito para merecer isso e desejava um jeito de escapar do destino que estava condenada, não queria morrer ou perder seu bebê. Alguns marujos nem chegavam perto da moça por medo e outros mais curiosos ficavam a observando e isso já estava deixando ela irritada, não podia levantar um dedo sem receber olhares de todos no navio.

– Pelo amor de Deus! Vocês não tem nada melhor para fazer além de me olhar? – Ruby se levantou pondo as mãos na cintura.

– Ninguém tem culpa se você chama atenção, senhorita! – Algum marujo gritou de longe.

– Estou começando a sentir falta do porão... – Ruby foi subindo o convés até chegar no leme, Smee se afastou um pouco nervoso – Capitão, posso conversar com você á sós?

– Claro. – Killian indicou que Smee saísse com a cabeça e o homem saiu rapidamente – Pode falar...

– Eu queria pedir umas acomodações melhores. – Ruby falou sem olhar diretamente para ele, não queria ter que pedir nada, porém tinha que engolir o orgulho pelo seu bebê. Mas não iria contar ao capitão o real motivo do seu pedido, ele com certeza iria tirar proveito disso.

– O que te faz pensar que irei te dar isso? – O capitão a encarou erguendo uma sobrancelha – Você é uma prisioneira, de noite se torna um animal selvagem, o que põe todos no navio em risco... Não acho que seja possível.

– Então pode me dar pelo menos uma alimentação melhor? – Ruby estava começando a ficar nervosa e com vontade de chorar, normalmente ela não ficaria assim, mas seus hormônios estavam bagunçando seus sentimentos.

– Está achando que isso é uma hospedaria? Ou que está de férias? – O homem se virou ficando totalmente de frente para ela disparando suas perguntas de forma arrogante.

– Em uma circunstância normal... Eu não te pediria nada! Mas... – Ruby tomou fôlego tentando conter as lágrimas que já queriam cair – Deixa pra lá! – Ela deu as costas ao capitão, não iria conta-lo sobre o bebê, foi de volta ao porão e decidiu dormir um pouco antes da noite chegar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Aguardamos comentários.
Ah e pra quem lê Ladykiller, eu sei que estou super atrasada, mas logo acabará meu período de provas na faculdade e eu terei mais tempo para escrever.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Let Me Go" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.