Distúrbios. escrita por Padecida


Capítulo 3
Pátio.


Notas iniciais do capítulo

" 'Mas eu não quero me encontrar com gente louca',observou Alice.
'Você não pode evitar isso', replicou o gato. 'Todos nós aqui somos loucos. Eu sou louco, você é louca'.
'Como sabe que eu sou louca?', indagou Alice.
'Deve ser', disse o gato, 'ou não estaria aqui'. "
— Lewis Carroll, Alice no País das Maravilhas



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II



Um campo de cimento com musas quebradas. As estátuas de gesso combinavam com a maioria das pessoas que moravam na casa de giz e perambulavam de um lado para o outro – com partes faltando, um quebra-cabeça incompleto. Mas o menino não ligou, estava acostumado com gente assim, os que papai dizia ser de mentirinha. Ora, bolas, se era de mentirinha, não enxergaria.

O que preocupava Larry era a quantidade de gente. Nunca estivera num lugar cheio como aquele. Era um Pátio descoberto, em que tentou contar quanta gente tinha e se perdeu no vinte e cinco. Quase. Saberia em breve que ali estavam os seus vinte e nove colegas de dormitório, todos vomitando insanidade pelas narinas... Como ele.

Seus bichinhos estavam mais agitados do que o normal.

(Comida)

Aquele lugar parecia com o que irmão chamava de escola. Deveria, então, fazer companheiros de escola. Não tinha tanta facilidade em construir relacionamentos com vivos, gostava mais de espíritos, porque os espíritos machucam de mentira.

(Às vezes pode ser de verdade, pequeno)

Causaria uma má impressão se ficasse plantado no chão. Começou a caminhar, sentindo frio contra os pés descalços, assim como os outros. Uniformes iguais tanto para senhoras e senhores, crianças de todas as idades – camisa manga longa e calça, ambas de um branco mais para cinza pelo uso constante. Uma moça de cabelo laranja parecia um cachorro, sentada enquanto roía as unhas com os dentes sujos de sangue, pois não havia mais do que a pele para se alimentar. Outro dizia ser o legítimo Dorian Gray para o seu amigo folha, que resumia a vida em abrir a boca e fechar, abrir e fechar. Fotossíntese.

Larry esbarrou-se em alguém sem querer. Tomou um susto; deveriam ser os espíritos chatos a procura da sua caixa de sapatos. Ao levantar o rosto sardento, percebeu que era uma mulher de cabelo raspado e olhos borrados de maquiagem, marcas de quem muito chorou. Ela sorria para Larry de um jeito esquisito, como se tivesse um tique na bochecha esquerda.

– Bom dia, amorzinho.

Olhou para os lados e depois para a moça. Ela estava falando com ele. E o chamou de amorzinho!

– Oi – acenou, tímido. Larry não se dava bem com gente. Principalmente com moças. Mamãe conseguiu ensiná-lo que são um enigma indecifrável, que amaldiçoam aquele que antes chamavam de salvador.

– Novo por aqui? Posso te apresentar o hospício... Se quiser, claro. Quantos anos você tem? Dou uns dez. Você é tão engraçadinho– ela se aproximou. Larry, apesar do pavor que sentiu sobre a aproximação da moça, não conseguiu deixar de ficar revoltado, porque ele tinha doze anos. Estava dois anos e três meses longe de ser um pirralho de dez. – Esses olhos cor de texugo... – Com o polegar, ela puxou a pálpebra inferior para baixo – dá vontade de apertar.

– Com licença, senhorita. Eu queria fazer uma correção relativa a minha idade. Eu tenho doze anos. E três meses - sorriu, queria parecer o mais simpático possível para a mulher com sinais de costura que circulavam a cabeça.

Ela segurava um olho entre o indicador e o polegar. Quem sabe era dele. Larry compreende que não havia olho algum, era uma das brincadeiras de mal gosto dos seus Sete. Todavia, ele enxergava aquilo. Era verdadeiro para ele. O olho era de um menino chamado Billy, os bichinhos projetavam as imagens na cabeça dele como num filme mudo. Foi encontrado no quarto da irmã com as janelas da alma arrombadas. Quando a mulher fechou os dedos, que nem uma pinça, o negócio estourou. Sangrou. E saiu água. Ânsia de vômito, estômago vazio... Era hoje que viraria ao avesso que nem a Srta. Ratazana.

Uma muleta pisou o pé da moça, fazendo-a gritar. Larry quase gritou junto também, como um menino de dez anos.

– Você tá assustando o coitado do garoto! – Disse o seu salvador.

– Não se meta, Deformado.

– Querida, não sou cachorra que nem você pra ficar me jogando ordem.

Larry apertou a caixa com mais força. O que foi aquilo?! A mulher iria cortá-lo em pedacinhos e dar aos porcos. Ela apontou o dedo para a cara dele.

– Isso não ficará assim! – Gritou. Virou de costas, empinou o nariz, e foi buscar uma nova vítima a molestar. Larry ficou boquiaberto, o moço simplesmente mandou a mulher ir buscar seu lugar na fila do pão.

– Ai, ai. Sophie adora receber uns coices, e ainda aponta a porra do dedo cheira-cu pra mim, acredita? Você se acostuma com as quengas depois de um tempo – virou para frente de Larry, apoiado em uma muleta de madeira com a ponta desgastada. – Joe Deformado, prazer.

Uma locomotiva passara dentro do hospício e atropelara o moço a sua frente, levando consigo o braço esquerdo e a perna direita. Havia rasgos no rosto; um na testa, encoberto pelo cabelo castanho escuro e desgranhado, outro na bochecha que ia do canto da boca ao início da orelha. Orelha? Que orelha? Os buracos estavam lá, mas a parte de fora desaparecera. Papai diria para Larry que a figura seria mais uma criação da cabeça imaginativa e o mandaria voltar ao quarto. Mas Joe Deformado era de verdade, o que foi um tapa na cara do cadáver de papai. Estendeu o braço e deu um cutucão na barriga dele só para confirmar. E confirmou, nada de creca saindo da barriga, do sujeito explodindo como fogos de artifício, ou seu dedo engolido por um ser interdimensional.

Joe Deformado virou a cabeça de lado, analisando um outro ângulo da face rechonchuda a sua frente. Perguntava-se o que uma coisinha pequena e solitária fazia num lugar daquele. Vai ver os novos são os favoritos da loucura.

– Qual seu nome, moleque? – Larry percebeu que tinha uns três dentes faltando em Deformado, formando as clássicas janelinhas no conjunto de cima.

– Larry... Oi – sorriu. Estendeu a mão para cumprimenta-lo. Joe ficou uns segundos a observar, até começar a rir. Collins observou-o com cara de paisagem.

– Pode guardar essa mão, se eu apertar isso aí, caio no meio do Pátio e aí a cabeça quebra que nem ovo. E com a moral que tenho com o pessoal daqui – levantou o nariz, com um ar de superioridade. Larry sentiu-se arrependido.

– Desculpe – encurvou os ombros, envergonhado.

– Pffffffft. Tá perdoado. Gostei de você. Vamos, novato, vou te apresentar a fazenda. Não quero que te levem pro abatedouro tão cedo - Joe Deformado, para um moço deformado, tinha a postura de um líder sabedor dos mistérios da vida.

O menino da caixa ficou animado, tinha feito um novo amigo de verdade. Enquanto caminhavam, Larry abriu o seu bloco de anotações mental e desceu o punho, querendo tirar nota do que o professor esquisito no sentido de engraçado falava. Enquanto caminhavam, – Joe com a ajuda de sua muleta – Deformado falava:

– O hospício, sem contar com o térreo, tem três andares. A gente, pacientes menos perigosos, dorme no primeiro. A vinda pro pátio é por dormitório, então todo esse pessoal incrível são coleguinhas. E ficamos aqui por uns – fez contas com os quatro dedos da mão intacta – umas horas, sei lá, e acontece três vezes na semana. Você vai pegando o jeito com o tempo.

“No segundo, tem as salas dos médicos, tratamentos, vai-e-vem. Não gostam muito do andar. Ou gostam. É, tem uns que gostam... Difícil saber os sentimentos desse povo. Mais alguma coisa? Ah. Cada paciente tem os seus horários e sessões. Como você tá na turma dos que foram jogados pro mundo com a bunda virada pra cima – pra todo mundo ir metendo o pau – acho que vai ter uns serviços extras. Bestagem, isso o doutor te explica um dia talvez. Dúvidas?”

Larry verificou o que tinha anotado. Havia o desenho de uma deliciosa sopa de batatas e de bonecos palitinhos andando na chuva, cantando ópera e brincando no mato. O “O” do início da página demarca o momento exato em que ele parara de prestar atenção em Joe Deformado. Droga. Ele olhava para Larry como se aguardasse sua fala. Nervoso, sem acompanhar o rumo da conversa e com medo de Deformado acha-lo um retardado em potencial, perguntou:

– Quando nós comemos? – sentiu a barriga roncar com mais força. – Tá ouvindo? Estou morrendo! – Choroso, pressionou a caixa contra o estômago e jurou ouvir no canto da cabeça os bichinhos chamando-o de vários nomes. Deve ter sido impressão.

– Temos um problema. Acho que vai ter que aguentar, ou tascar o pedaço de alguém. Eles deram o almoço há uns trinta minutos, nada de comida até depois de anoitecer. A não ser que seja aniversário. Aí pode ter pão. Isso me lembrou dum cara do terceiro que dizia que a comida vinha pra ele. O maroto fingia uma convulsão, esperava a enfermeira chegar junto e aí dava-lhe o bote. Já arrancou a bochecha de uma assim. Sujeitinho engraçado, as coisas eram movimentadas com ele.

(Pergunte sobre o terceiro você não perguntou sobre o terceiro)

(Engula essa fome antes que coma as próprias bochechas, nhac, nhac), Mosca Gorda estava movimentada para o bichinho que tinha a maior gula do universo.

– Não falou do terceiro andar, Sr. Deformado – resolveu seguir os conselhos por um grande motivo: fome. Fome fazia Larry aceitar qualquer conselho dos bichinhos que pareça, de primeira vista, inofensivo. Na cabeça dele, os neurônios dormiam. Nada de sinapse, nada de nada.

A aparência doente de Larry contrastava o sorriso no rosto do Deformado. Estava aguardando a frase como quem aguardava a sobremesa depois de um prato de brócolis cozido. Larry franziu o nariz ao pensar nos cogumelos podres verdes, mas antes de pensar “eca”, foi puxado por um Joe Deformado com a audácia de um cidadão do Centro. Talvez ele seja de lá, pensou, gente que sabe lidar com gente normalmente vem de lá – ou melhor, daqui. Barnes era uma maçã com a parte de fora vermelha e suculenta. O miolo, onde Larry estava, mamãe dizia ser podre. Já papai afirmava que tudo era podre, por isso que era melhor para o pequeno Collins ficar na proteção de sua moradia. Com a sua família.

(Porque eles amavam te fazer sofrer)

– Me siga, Larry. E pode me chamar de Joe, jornalista investigativo Joe – parece que gostou muito do novo título, olhando o horizonte para aumentar o nível de ‘dramacibilidade’ – Vamos fazer uma entrevista exclusiva com um recém-chegado do terceiro. Aqui te tratam que nem cachorro; se você se comportar direitinho, te dão biscoito, e no caso dele foi um pedaço suculento de carne (fome). Larry, esse é Gavin; Gavin, Larry.

Olhos amarelo mijo fitavam a paisagem a frente, desfocados. Joe Deformado gesticulou com o cotoco do braço para Larry sentar do outro lado de Gavin, no banco que poderia ter sido roubado de uma das praças da Periferia se não fosse pelas manchas vermelhas acompanhadas das lascas de madeira. O moço de partes faltantes sorriu, surgindo uma covinha sob a cicatriz grande.

– Ei, Gavin – cutucou o paciente com uma grande animação. – Meu novo amigo quer saber o que você viu no terceiro. – O rosto de Gavin demonstrou uma leve irritação, como se fosse uma coruja que tivera o sono perturbado por presas infelizes.

A voz monótona de ovelha desgarrada saiu da garganta:

– Os olhos enganam. A essência de tudo ao redor está no que os ouvidos ouvem.

– E o que você ouviu? – Perguntou Deformado, sem perder o interesse que soava quase como uma admiração. Que nariz mais lindo esse cara do terceiro tem. Tudo dele era lindo para Joe Deformado, e os modos sociopatas eram um charme.

– Ouvi o vermelho que escorria do corpo dos artistas, a mais bela marcha fúnebre. Gritos de condenados, a dor do desequilíbrio – havia um forte saudosismo no rosto dele – e o bater de asas de um anjo.

Joe Deformado apoiou o cotovelo na muleta e a mão, na bochecha. Soltou um longo suspiro de Julieta apaixonada:

– Tão profundo...

Eram os artistas que ficavam no terceiro, prisioneiros daquilo que ousaram abusar para materializar o que chamavam de beleza. Larry pensou que, do jeito que Gavin falava, as pessoas não gostavam das composições dele. Ficou com dó do moço de olhos fundos. Cabrito Vermelho disse em voz baixa que (eles não servem batatas no ex-andar de Gavin), coitado! Um pouco de contato humano era uma ação solidária, principalmente se você quer dar o ombro amigo a um assassino que abriu o corpo de (vinte e) cinco para melhor escutar a orquestra da vida. Por isso as mãos cheias de calo. Usava as entranhas dos instrumentos como cordas de violino.

Deu umas batidinhas nas costas de Gavin.

– Tudo bem, passou – Gavin ignorou Larry, o que fez o menino considerar que ele precisava de um tempo sozinho após a experiência traumática de ficar sem batatas.

Gavin captava um som baixo, uma colmeia de abelhas. De onde vinha? Da caixa do garoto que violara seu limite de contato. Pôs o indicador nos desenhos desalinhados da tampa. Larry aguentou o ensaio de infarto, deixou-o examinar. Porque seria muito rude para um primeiro encontro suar frio como estava enquanto o músico borrava seus desenhos e gritar e pular e (explodir a cabeça do filho da puta, abra a caixa e poderemos dançar sob uma chuva de órgãos)

(Juntos)

– Que que tem dentro disso aí? – perguntou Joe Deformado.

– Meus bichinhos – tentou afastar a caixa gentilmente de Gavin. O dedo maldito seguia o movimento da Caixa como se estivesse grudado com cola de sapateiro. E agora, ao invés de um dedo, eram cinco mais a palma da mão. Apelou para indiretas diretas. – É que são uns fujões, daí se alguém encostar com a falta de orientação de um profissional, ela abra e eles saem. – Gavin não pareceu se importar tanto.

– Essas coisas comem? – Franziu o cenho.

– Comem sim, aqui a boca coletiva – conseguiu livrar o seu santuário das presas do músico de um jeito sutil, fingindo que roubara a caixa para apontar para o ovo deitado cheio de dentes tortos e pontiagudos. – Uma vez por semana.

– E respirar? Vai me dizer que o ar entra pelo papelão da caixa?

Larry ficou preocupado. Eles respiram? Chacoalhou a caixa. Silêncio. Chacoalhou mais forte. Os bichinhos viveram doze anos sem o contato com o ar exterior muito bem, obrigado. Borboletas também viviam muito bem em potes de vidro trancafiados até caírem duras. Deveria abrir a caixa para verificar, como um bom dono faria, com certeza. Joe Deformado fazia um monólogo para Gavin sobre as roupas do hospício deixarem o músico com mais pinta de músico e menos de insano. Mas Larry sabia que era um código, Deformado estava... Estava falando para Gavin o quanto era irresponsável de um jeito que ele achasse que era outra coisa, mas era isso.

/Cadê vocês?/

Sophie. O homem-árvore. Dorian Gray. Os demais. Pacientes olhavam, fingindo não olhar. Sabem que ele é um herege, será posto na fogueira. Dissecavam-no com o olhar na tentativa de entender como um menino bonzinho – só um pouco doente – foi negligente com os seus /APAREÇAM/

(Shhhh... Estamos tentando dormir), disse Mosca Gorda.

Larry soltou um suspiro de alívio. Olhou para Joe Deformado. Gavin não estava mais ali para mexer em um instrumento que não era dele. O músico deslizava o dedo para cima e para baixo, fazendo uma partitura ou coisa do tipo. Joe Deformado, com as sobrancelhas levantadas e canto da boca retorcido, parecia estranhar o sardento.

– Psicose – disse Joe Deformado, por fim. Vendo que Larry era um menino relativamente lerdo de entender as coisas do mundo de verdade, resolveu mudar o assunto para um mais interessante e que envolve a sua vida íntima. Compartilhar sobre seus amores para um novato? Claro, principalmente quando ele é um dos poucos capazes de dar respostas com um pouco de sentido. – Como eu fui?

– Ahn?

– Você sabe – pausou por uns instantes. – Eu. Gavin.

– Você foi bem – disse, sem saber direito o que Joe Deformado queria dizer com aquilo. De qualquer jeito, isso não importava. A felicidade estampada no rosto dele bastava para o pequeno Collins que, pela primeira vez, fez uma pessoa – com partes faltando – sorrir.

– É, eu sei - disse, convencido. - Ah! Já te contei o que eles servem? Não? Pois é, vou te explicar o cardápio também. Na Segunda é sopa de tomate, na Terça, sopa de tomate, na Quarta, sopa de cebola, na Quinta tem carne de porco, na Sexta...

Olhava para Joe Deformado como quem ouvia as coisas com atenção. Entretanto, a mente de Larry estava ocupada demais, entupida de arco-íris e céus azuis celeste. Porque ele, Lawrence Green Collins, protetor da caixa, filho bastardo, diabinho da mamãe, conseguiu fazer um amigo. Ria das piadas do moço quebrado por fora e fazia um juramento quase sagrado por dentro.

/Vou ser um menino feliz na minha nova casa. Cheio de amigos. Nada de choro de madrugada, nada de sonhos ruins. Vocês também vão gostar daqui, é um cafofo confortável, terão toda a ração que precisam/

(Nós gostamos muito daqui), disse Enguia Frita.

(Muitas almas num só lugar), Mosca Gorda lambia os lábios. Larry se lembrava muito bem de que precisava alimentar os bichinhos, antes deles se alimentarem de si.


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Notas finais do capítulo

espero que gostem do capítulo, comentários e críticas construtivas são bem vindos :D



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