Tudo o que eu sabia no momento era que estava viva.

Assim que abri meus olhos minhas retinas adentraram em labaredas, uma lufada de ar escapuliu de meus lábios, cada centímetro do meu corpo latejava. Ergui minha mão, no intuito de proteger-me da claridade. O solo sob o qual eu me encontrava era esturricado, blocos e mais blocos de areia estendiam-se até o limite do horizonte. O sol estava a pino.

- Levante-se – Murmurei, sentindo um sabor peculiar adornar minhas palavras. Era um sabor de ferrugem, denso. Sabor de sangue. Obriguei-me a levantar. Por mais que eu não fizesse ideia do que estava acontecendo, de onde eu estava ou por qual motivo, eu não podia continuar deitada, vulnerável. Minhas pernas tremiam de exaustão, bastou uma olhada para perceber os arranhões em minhas mãos.

Eu não estava certa se o que eu via era apenas uma miragem, uma alucinação ou era real. Uma longa e imponente muralha de ferro tomava forma a minha frente. A entrada tremulava devido a claridade, o ar ficava cada vez mais seco. Estava difícil de respirar.

- Ande – Rugi, forçando-me a lembrar de algo, eu precisava de ajuda. Minha cabeça doía, pedaços desconexos de memória e vozes surgiam como flashes. Por algum motivo meus sentidos diziam que eu não deveria continuar andando, mas como eu podia confiar neles se tudo que eu tinha ao meu redor era areia? Ergui meu pé direito, na esperança de que o esquerdo o acompanhasse, mas isso não aconteceu. E eu cai.

A última coisa que consegui enxergar antes de ser engolida novamente pela escuridão, foi um objeto reluzente. Um medalhão talvez.