Living escrita por Absolutas


Capítulo 15
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde leitoras! Acho que não demorei muito dessa vez; e só para que vocês saibam: deixei de fazer minha lição de matemática para concluir esse capítulo, então se sintam importantes, ok?
Boa Leitura!



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CAPÍTULO 12

Meu coração batia acelerado; parecia que ia sair pela boca enquanto eu disparava pelos corredores abarrotados de caixas e empilhadeiras, tentando encontrar Taylor. Havíamos nos separado há algum tempo afim de encontrar os caras que tínhamos visto próximo a biblioteca; contudo, eu já encontrara um deles caído no chão, cercado por dois outros, os quais eu derrubara também. Talvez Taylor tivesse batido no primeiro...

Mas um pressentimento ruim ameaçava me abalar. Eu já andara quase o depósito inteiro e não a encontrara em canto algum – estava começando a ficar preocupada; pois afinal, fora eu quem colocara ela no meio da minha vingança estúpida. Já estava à beira do desespero quando ouvi um burburinho de vozes vindas de algum lugar à minha frente. Imediatamente fiquei alerta e me escondi atrás de uma das muitas caixas que haviam no local. Com uma leve inclinada de cabeça, consegui ver de quem se tratavam.

O ar fugiu de meus pulmões e meu sangue gelou em minhas veias. Com as mãos amarradas nas costas, ladeados por homens usando roupas pretas e coturnos, estavam Taylor e Elliot; sendo guiados por um fantasma. Sim, só poderia ser uma fantasma, pois eu estava presente quando ela morreu, virando fuligem em contato com dom de Lorena. Eu simplesmente não sabia o que pensar, no que acreditar. Movi meu corpo para encostar-se na caixa quando eles passaram.

– Fico feliz que tenham decidido se juntarem à mim. – disse a mulher loura com um olhar frio e satisfeito. – Só fico curiosa em saber, Taylor, o que faz aqui? Fiquei extremamente surpresa quando soube que estava vindo para Chicago...

– Não é da sua conta. – disse Taylor com a voz firme, apesar das lágrimas. Ela chorava de raiva, seu maxilar trincado provava isso e, graças à Deus, não parecia estar ferida. Ao contrario de Elliot que tinha um machucado feio na lateral da cabeça e sangue seco manchando ambos os braços - tive vontade de correr e tirá-lo dali.

– Está mais ousada e petulante do que me lembrava. –Dorothea riu. - Mas você não irá muito longe com isso, vou cortar suas “asinhas”.

Taylor não disse nada, apenas continuou fuzilando com o olhar.

Sentei-me cuidadosamente no chão. Precisava pensar em algo para tirá-los dali; e sem chance de chegar atacando. Havia dons demais para eu dar conta sozinha... e o que Taylor e Elliot poderiam fazer com as mãos atadas? Nada que pudesse melhorar a situação, acredito. Reprimi um suspiro.

– Alguma novidade sobre sua telecinésia, Elliot?- ele nada disse apenas virou o rosto para a direção oposta a que ela estava com uma expressão de raiva no rosto e os olhos fechados. – Foi que eu imaginei. – disse ela parecendo triunfante de orgulho da sua máquina monstruosa.

Elliot por fim abriu os olhos e me viu. Sua expressão mudou de raiva para desespero – ele me olhava como se me questionasse. Arqueei uma sobrancelha tentando entende-lo.

– O que você pensa que está fazendo? – ele apenas moveu os lábios para transmitir a frase, sem usar a voz.

– O que você acha? – retruquei da mesma forma. – Pensando em uma forma de salvar vocês!

– Vá embora antes que te vejam!

– Não! E trate de olhar para a frente antes que percebam!

Ele bufou e Dorothea se virou para olhá-lo. A expressão de ódio voltou ao seu rosto.

– Algum problema?

Novamente ele não respondeu.

Eles continuaram andando, porém agora, em silencio. Em intervalos regulares Elliot me lançava olhares alarmados e eu dava de ombros; precisava encontrar algo que os distraíssem... Meus olhos vagaram o local. Eu poderia derrubar uma caixa, mas isso denunciaria o local em que estava. Poderia atacar, mas provavelmente eles me deteriam. Eu quase não contive o grito de frustração que queria escapar por meus lábios.

Foi então que eu vi um painel elétrico... Sorri. Sorrateiramente andei em meio as caixas e consegui chegar até o meu destino.

– O que é isso! – ouvi Dorothea gritar. – Quem fez isso com vocês?

E eu apertei o botão. E tudo ficou escuro.

– O que está acontecendo ?–ela estava extremamente alterada.

Em seguida um tumulto foi audível, o som de golpes ecoou pelo local e apressei-me em segui-lo, desesperada para ajudar. Meu sangue parecia congelado e parecia que havia farpas de gelo no meu estômago por conta da ansiedade. E se ao invés de ajudá-los eu os tivesse condenado com meu ato mal pensado. Não consegui divagar muito sobre o assunto, ele me dava uma pontada aguda de dor no peito. Motivada, segui o som, tentando encontrar Taylor e Elliot e ajudá-los a fugir. Mas não era fácil chegar à eles no escuro – e cada gemido ou pancada que eu escutava, era como uma facada em meu coração. Será que eram eles sendo feridos? Ou estariam eles ferindo o inimigo? Não tinha como saber. Apressei o passo e fiquei alerta, pronta para ativar meu escudo em qualquer momento, mas antes que eu pudesse chegar até a massa de gente mãos se fecharam em torno de meus pulsos. Estava prestes a atacar o desconhecido quando ele se aproximou de meu ouvido.

– Vamos. – Elliot sussurrou em meu ouvido.

– Elliot? – suspirei de alívio. – Cadê Taylor?

– Estou aqui. – a voz baixa e suave de Taylor respondeu.

– Como conseguiram sair de lá?

– Devo dizer que a escuridão e uma faca no bolso interno do meu casaco ajudaram; tenho alguma experiência em andar no escuro. – falou Elliot. – Agora vamos!

***

Fugir no escuro era difícil, mas a mão de Elliot na minha ajudava a me orientar. Ele também não desamparou Taylor ajudando-a com a mão esquerda segurando o pulso dela, e se pudesse vê-la sei que estaria com expressão agradecida no rosto.

Agradeci mentalmente ao céus quando chegamos ao lado de fora, depois de muito andar, tentando ao máximo não trombar em alguém que pudesse nos denunciar.

– Meu carro está para lá. – falei quando Elliot parou, parecendo hesitar antes de dar o próximo passo.

– Ok. – ele então nos guiou adiante. Agora, com o auxílio da luz fraca da tarde e próxima como estava dele, notei que seu ferimento na cabeça era mais feio do que tinha me dado conta a distância. Elliot também havia ganhado um corte superficial no braço direito e na bochecha esquerda. Ergui minha mão livre e toquei a pele ensanguentada do rosto.

– Ai. – ele gemeu. – Isso dói sabia?

– Quem fez isso?

– Não posso lhe dizer com precisão. Não vi quem foi, desmaiei com a pancada.

Como se a lembrança trouxesse uma onda de adrenalina, ele apressou o passo, quase correndo, parando apenas quando estávamos ao lado do meu carro – o que era o certo a fazer, uma vez que ainda estávamos em território inimigo.

– Foi realmente uma pancada forte. – comentou Taylor, estremecendo antes de entrar no carro, no banco de trás. Seguindo seu exemplo, Elliot e eu também entramos – ele no banco do carona e eu no do motorista.

– Taylor... – comecei. Eu não havia dado muita atenção a ela antes, uma vez que não tinha ferimentos; mas ela não me parecia bem. Parecia... assustada.

– Estou bem. – garantiu. – Obrigada. Aos dois. Ela me teria nas mãos novamente se não fosse vocês.

Eu sorri minimamente para ela, e depois me concentrei em ligar o carro e sair, com um suspiro de alívio, daquele depósito.

O depósito não ficava exatamente perto da pensão, era cerca de trinta minutos de viagem e eu procurei me desligar dos meus dois amigos decadentes dentro do carro e me concentrar no caminho. Consegui fazê-lo por uns dez minutos, até que Elliot se virou para me olhar.

– Sarah... – começou Elliot assim que estávamos seguramente longe. Taylor dormia encolhida no banco de trás e Elliot parecia inquieto.

– Sim?

– Nós... Eu... – ele pareceu hesitar, e sacudiu a cabeça. – Esquece!

– Diga. –exigi, a voz firme; pois já havia notado o quão absorto em pensamentos ele estava desde que saímos e estava extremamente curiosa para saber o que o alienava tanto.

– Depois. – concluiu ele , por fim. Arqueei uma sobrancelha. – Confie em mim, é melhor.

Dei de ombros e me concentrei-me novamente no trajeto em que tinha que seguir, rumo a pensão. Ainda precisava pensar em uma desculpa para dar a Sra. Croollyn para o fato de Elliot parecer ter sido atropelado por um trem desgovernado e Taylor parecer uma garotinha assustada que havia acabado de presenciar um tiroteio. Ainda não tinha pensado em nada quando estacionei o carro na garagem dos fundos da pensão. Desliguei o motor, mas não saí do carro, a invés disso, recostei-me no banco e deixei um suspiro escapar; um suspiro de alívio, feliz de certa forma, pois havíamos escapado – fácil demais, na minha opinião, mas ainda assim, havíamos escapado. E isso em si, já era uma vitória. Contudo, não era hora de comemorações, era hora de lidar com as cicatrizes, então, abrindo os olhos, virei a cabeça e fitei Elliot. Seus olhos também estavam fechados, mas ao invés de uma expressão pacífica, suas belas feições me pareciam perturbadas. O que combinava com o ferimento na lateral da cabeça, indo da raiz dos cabelos até a maçã do lado esquerdo de seu rosto.

Incapaz de me conter, retirei o cinto, lançando um olhar sorrateiro para Taylor, certificando-me de que ela ainda estava dormindo, então me ajoelhei no banco e estendi minha mão e toquei seu rosto, próximo ao ferimento aberto. Ele abriu os olhos parecendo surpreso com meu toque - normalmente era ele quem me tocava - as íris verdes brilhando como esmeraldas ao me fitar. Eu não sabia o que estava fazendo, ou porque o fazia, mas precisava me sentir próxima à ele, cheguei tão perto de perde-lo...

– Sarah, eu...

–Está doendo? – perguntei, a voz suave. Isso também o surpreendeu, eu normalmente era ríspida quando me dirigia à ele.

– Um pouco. – sua voz não passava de um sussurro.

– Precisamos dar um jeito nisso. – meus dedos acariciaram sua bochecha e ele soltou o ar devagar. – Vamos entrar, vou fazer alguns curativos.

– Sim, vamos. – respondeu ele, mas não se moveu. Continuou a me fitar nos olhos, como se sondasse meus pensamentos, meus sentimentos. – Você me odeia. E tem pena de mi às vezes. – falou de repente, não como uma pergunta, mas como se estivesse certo disso, como se não houvesse nenhuma dúvida.

– Você entendeu errado. Não odeio.

– Às vezes parece que sim. – ele falava aos sussurros, o olhar firme no meu.

Agora parece? - indaguei.

Ele semicerrou os olhos por alguns segundos e se inclinou minimente em direção.

– Não. Agora não. – ele sorriu. – Mas você não age assim normalmente.

– Porque eu não sou assim normalmente. Só em casos extremos. – brinquei.

Elliot ficou sério novamente. Parecia quase fascinado enquanto me fitava intensamente.

– Você é uma mulher incrível! – ele piscou e recostou novamente no banco, afastando-se de mim e passando a mão pelos cabelos castanhos. – Pena que eu não te mereço. – notei que seu maxilar estava trincado, como se tivesse raiva da situação.

Não aguentei vê-lo daquele jeito, algo dentro de mim gritava para contradizê-lo, pois eu sabia o quão imperfeita era e o quão decente ele era – eu realmente não sabia o que sentia por ele, mas havia aprendido exergar suas qualidades. Será que estava apaixonada? Não acreditava nisso, mas não via muita diferença. Sim, eu poderia estar apaixonada, mas então porque só a menção ao nome de Nathan me deixava desorientada, desolada? Por que eu ainda desejava que ele tivesse escolhido à mim?

Não tinha respostas para essas perguntas. Mas não me importei. Ao invés de ocupar minha mente qualquer tipo de teoria sem sentido à cerca de meus sentimentos turbulentos, apenas deixei meu corpo falar. Precisava mostrar a Elliot que ele também era importante para mim.

– Então faça por merecer. – falei a voz firme e desejosa. Ele se virou com um olhar questionador, mas quando viu minha expressão engoliu em seco. Algo nela devi tê-lo calado. Mas não deixei os segundos passarem vazios de ações; mal as palavras saíram de minha boca, eu já estava ajoelhada no banco dele, de frente para ele, segurando seu rosto entre minhas mãos. Toquei seus lábios com os meus, e tive vontade de chorar ao sentir a textura, macios e delicados contra os meus.

Ele suspirou e suas mãos acariciaram meu rosto, lentamente como se eu fosse frágil, propensa a quebrar sob suas mãos. E por incrível que pareça, eu amei isso. Amei o zelo e o cuidado com o qual me tocou. Elliot afastou minimamente o rosto do meu e me fitou.

– Eu simplesmente não consigo não pensar em você. – declarou de repente. E eu não sabia como lidar com isso.

– E-eu.. –gaguejei.

– Shhh. – ele pôs um dedo em meus lábios. – Não precisa dizer nada, eu só queria esclarecer as coisas, para que não pense que estou me aproveitando de você.

– Eu jamais pensaria...

Taylor, então se moveu no banco de trás e se sentou, completamente acordada.

– Já chegamos? – perguntou, a voz sonolenta.

Eu soltei um suspiro, em parte irritado por ela ter interrompido e em parte aliviado por poupar-me de dizer algo significativo.

– Sim, - murmurei, saindo do banco do carona e retomando minha posição de motorista. – já chegamos.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? Eu espero a opinião de vocês nos reviws :D



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