Kagami estava com os olhos vazios, mergulhado em uma diversidade imensa de pensamentos ainda podia ouvir as palavras de Momoi ecoando em sua mente “E se eu dissesse que me apaixonei por você?”, aquilo se repetia e realmente seria algo para se saltar de alegria, mas ele tinha acabado de receber uma ligação que o tinha deixado muito perturbado, era Kuroko dizendo que tinha algo muito importante para esclarecer a ele, como se não bastasse isso, ainda deixou o tema da conversa: Seu namoro com Momoi. Mas ela estava diante dele e algo tinha que ser dito...

_Eu teria problemas se você dissesse algo como isso... Pois eu teria que te rejeitar... – Respondeu ele com os olhos voltados para o chão, tentando em vão fugir do assunto.

_Eu não entendo... Não sei o que eu posso ter feito de errado para que você fique com esse olhar triste... Desde que começamos a passar tempo juntos eu sempre senti que você parecia feliz ao meu lado, eu li os sinais e não consigo entender o porquê de você estar sempre fugindo. – Respondeu ela procurando o olhar dele, mas este desviava a todo o momento.

_Você não fez nada de errado, eu já disse que tenho algumas coisas pra resolver e... – Dizia ele quando ela o interrompeu:

_Coisas pra resolver? Por que não me diz o que é, talvez eu possa ajudar... Ah entendi, você não confia em mim... Eu pensava que tínhamos uma sincronia, mas se não é assim... Por que você fez parecer que era? Pra invadir meu coração e depois brincar comigo? – Perguntava ela já em impaciente e quase aos berros.

_Eu invadi? Foi você que começou com isso de voltar comigo todas as tardes, e quem anda invadindo algo aqui é você, ou esqueceu que foi você que entrou aqui sem a minha permissão? – Disse ele retribuindo a hostilidade dela.

Ela ficou imóvel por um instante, suas mãos soltaram as dele, seus primeiros movimentos foram dois passos para trás e ainda olhando para ele sentiu escapar uma lágrima, então se virou e começou a caminhar rapidamente para a porta de saída. Kagami não sabia o que fazer, pois mesmo que a seguisse, não poderia explicar seus motivos de ter agido daquela forma, só pôde dizer duas pequenas palavras que seriam como copos de água em um fogaréu...

_Me perdoe...

_Não se preocupe em pedir perdão, eu entendi o que está acontecendo entre nós... Eu sempre fui um incômodo pra você, mas não se preocupe, eu não vou causar mais nenhum problema. – Ela disse essas palavras ainda de costas pra ele e assim que terminou, colocou a chave reserva sobre a mesa e se foi fechando a porta atrás de si.

Aquele simples ato de fechar uma porta pode até não parecer nada no cotidiano das pessoas, mas mesmo que muito silencioso, soou como um grande estrondo nos corações dos dois. Momoi seguia para sua casa como se tivesse com uma grande brecha em seu coração e Kagami perdia as forças em suas pernas, escorregou lentamente pela grade e acabou sentado no chão da varanda, ficou observando a porta fechada enquanto um quente e triste pranto corria pelo seu rosto.

Mais um suave fechar de porta pôde ser ouvido naquela mesma noite, Aomine que estava deitado no sofá da sala da república em que ambos moravam, ouviu que Momoi tinha chegado e percebeu que algo não estava certo já que ao chegar, ela entrou de fininho e, sem cumprimentá-lo, foi para seu quarto silenciosamente.

_Hey Momoi... Abra a porta. – Disse o alto rapaz do lado de fora do quarto da garota.

_Amanhã conversamos Dai-chan, estou muito cansada e... – Dizia ela quando ele forçou a porta a abrindo facilmente e logo pôde ver o rosto tão rosado quanto os cabelos da moça.

_Não vai me enganar assim tão facilmente... – Ele então a abraçou fazendo com que ela derramasse de uma vez toda a sua angustia – Eu iria agora mesmo matar aquele bastardo, mas por hora vou cuidar de você, amanhã acerto as contas com ele.

_A culpa não é dele, eu é que apressei as coisas e estraguei tudo. – Respondeu ela aos prantos, envolta nos braços do moreno.

_Ok... Quando estiver mais calma você pode me contar tudo, agora é melhor você descansar um pouco. – Disse ele afagando os cabelos da garota.

A noite foi dura para os dois, pois quando dois corações de repente se tornam um é realmente difícil mantê-los afastados, até mesmo as batidas que antes eram perfeitas e calmas, agora passaram a ser sentidas fortemente e descompassadas. Mas mesmo que uma noite possa ser difícil e longa, ela vai ter um fim e Kagami já estava cansado de esperar o dia amanhecer, assim que o horário de aula chegou, ele foi como que preparado para uma guerra, mas uma guerra entre amigos nunca acabaria bem, assim pensava ele.

Durante as primeiras aulas eles não puderam se falar, mas assim que o intervalo começou, eles foram para um local bem calmo em baixo de uma grade árvore, se sentaram e algo estranho aconteceu: Kagami não tinha nada em mãos para lanchar, sendo ele um cara que comia desesperadamente, Kuroko então atirou uma lata de suco para ele.

_Yo... Você não parece estar muito bem. – Disse Kuroko ao amigo que estava com a expressão de quem não tinha pregado os olhos a noite toda.

_É, a noite foi longa, mas eu estava preocupado com você, faltou à aula e ao treino ontem... – Observou o ruivo.

_Era aniversário de minha avó, ela faleceu no ano passado e como o túmulo dela fica em uma cidade vizinha acabei passando quase o dia todo atarefado. Ela era amiga também do pessoal do antigo time então fomos todos para lá, todos gostavam muito dos bolinhos que ela fazia para nós depois dos treinos. – Explicou Kuroko.

_Então foi por isso que Momoi não foi ao treino ontem também... – Disse Kagami pensativo.

_Ela cancelou o treino de ontem já que nem ela e nem o Aomine-kun iriam estar lá. E por falar nela, eu percebi que vocês estão bem próximos... Poderia ser que vocês acabaram se apaixonando? – Perguntou Kuroko em total calma.

_Ahn?! E-eu... Quer dizer... – Gaguejava o ruivo espantado pela pergunta repentina.

_Como eu pensei... Nós conversamos ontem sobre isso, mas a julgar pela sua cara de quem não dormiu, acho que os planos dela não deram muito certo. – Disse o pequeno a dar uma golada em seu suco.

_Planos? Como assim? O que vocês conversaram? – Perguntava Kagami desesperado.

_Ela está mesmo gostando de você e pretendia te surpreender com um jantar e essas coisas de garota... – Disse Kuroko abrindo um pequeno lanche.

_Mas eu queria falar com você primeiro, pois imaginava que você pudesse ainda gostar dela, então não pude aceitar a confissão de ontem. – Disse o ruivo reunindo toda a sua coragem.

_Eu gosto muito dela. – Disse o menor fitando-o.

_Se você gosta dela... Eu não ficarei no seu caminho, já pretendia voltar para a América se esse fosse o caso... – Respondeu Kagami desapontado.

_Você não pode ir sem falar com a Momoi. Se vocês se gostam, porque pretende fugir dela? – Perguntou Kuroko com um semblante confuso.

_Você é louco? Como eu poderia ficar com a garota que você gosta? Somos amigos não? – Respondeu Kagami com ares de decepção.

_Mas eu gosto dela como um amigo ou irmão... Nunca tive a intenção de namorar ou coisa assim, ela falava disso, mas eu nunca concordei, só não queria ofendê-la então não me importava com essas coisas. – Falou o pequeno enquanto começava a abocanhar seu lanche.

_Quer dizer que não tem problema se nós ficarmos juntos? – Perguntou Kagami se controlando para não explodir de felicidade.

_Seria legal, mas agora que você estragou tudo vai ter que passar pela “Aomuralha” e explicar as coisas... Ah... Hoje eles terão treino em dois horários pela falta de ontem, então se você se apressar pode chegar lá de manhã e ter uma chance de não trombar no Aomine, seria a sua chance de viver para poder se declarar. – Sugeriu Kuroko.

_Tem razão. Vou agora mesmo para lá! – Respondeu Kagami e em seguida saiu correndo enquanto agradecia ao amigo para todos ouvirem... – Muito obrigado Kuroko! Eu te amo cara!

_Tá... Mas isso você tinha que falar pra ela e não pra mim... – Disse o garoto de cabelos azuis, já em tom de explicação para os que ouviam aquilo.

Depois de passar em sua sala e pegar suas coisas, Kagami se apressou em escapar das últimas aulas e poder encontrar a garota de seus sonhos, nada poderia impedi-lo agora que tinha a aprovação de seu melhor amigo. Rapidamente ele chegou ao centro de treino do time de Touou e agora seria a hora de acabar de vez com todos os problemas que antes não permitiam que ele ficasse com a garota que amava...

Só restava uma questão: Será que Momoi o perdoaria?