O som das asas batendo dos pássaros ressoava pela floresta, por enquanto a floresta estava silenciosa. Lucy estava de pé bem no centro do penhasco que caiu pela primeira vez, de olhos fechados. O dia havia chegado. Treinou com Luke por longos dias e esses dias foram os mais movidos da sua vida. Treinava, ficava um pouco com Lucas e se escondia. O último dia foi tirado para o planejamento. Lucy não precisava ir atrás de Khan, ele viria ao seu encontro, sabia exatamente como chamar a atenção dele. Ainda com os olhos fechados Lucy começou a soltar uma pulsação, que se espalhava por toda a floresta com um forte impacto, Khan sentiria sua presença num instante. Dito e feito! Em instante Khan e seus servos apareceram frente a ela. Ela sabia que ele viria acompanhado, só não imaginava que fosse por tantos. Eram milhares de homens e Progenes cercando ela como uma meia lua, ela se preocupou se conseguiria lidar com todos, na verdade a sua verdadeira preocupação era se conseguiria matar Khan com tantos homens a impedindo. Khan a olhava com irá e ódio, o sentimento era recíproco, sua voz rouca e agonizante soa:

— Olha quem diria a ladra.

— Eu não roubei nada sei Khan, só peguei o que era meu por direito. — a voz de Lucy saiu firme, sem demonstrar receio ou medo. Era isso que ela queria demonstrar, que agora não tinha mais medo dele e que estava tão cheia de ódio que era capaz de mata-lo e assim o faria. Khan da um sorrisinho cínico e ordena:

— Peguem ela.

Imediatamente os servos avançam, mas Lucy não estava sozinha como aparentava. Logo Lucas, Luke e Laila saem das árvores onde estava muito bem escondidos e começam a atacar. Eles estavam ainda mais evoluídos e desenvolvidos, com melhor desempenho nas lutas e com ainda mais habilidades. Lucas, Luke e Laila usavam suas armas com desenvoltura, eram rápidos nos golpes e conseguiam acerta mais do que eram acertados. Lucy fazia batalha corpo a corpo, quebrava o braço de um ali quebrava o pescoço de outro lá e assim por diante. Seu sangue fervia, Lucy lutava da forma como estava o seu coração, com raiva e ódio. Acertava diversos e dificilmente era acertada até o momento em que se cansou, não queria aquela batalha com os servos, queria com o líder.

Lucy rapidamente se transforma no urso e bate fortemente suas patas no chão, provocando uma pulsação que lança os servos que a rodeavam para longe. Aquilo enfurece Khan. Ele há olha com um olhar mortal e dentes cerrados, então avança. Lucy logo se transforma para o tigre e parti para cima dele. Aquela luta não podia ser mais estranha, Lucy atacava em forma de tigre enquanto Khan era normal. O mais bizarro era que ele reagia e atacava normal, os dois sofriam danos, e não só ele. Khan possuía força o suficiente para ergue Lucy e joga-la longe, tinha força o suficiente para machuca-la por de baixo do pele e isso não era normal. Alguma coisa estava errada. Khan era apenas humano, como ele pode causar danos à Lucy? Lucy estava em cima dele, tentava morde-lo a qualquer custo, mas ele a segurava pelas laterais de sua boca. Khan então, em um movimento rápido, pegou seu pescoço com uma mão e com a outra pegou seu estômago a erguendo e a arremessando longe.

Lucy bolou pela terra, mas rapidamente se pós de pé, assim Khan também estava. Ela se agachou e começou a andar em volta, rosnando, estava em posição de defesa pronta para atacar a qualquer momento. Khan também dava voltas, eles se fuzilavam com toda a raiva que sentia um pelo outro, ninguém ousava interferir. Aquela luta era só deles dois. Lucy deu um pulo e no segundo colocou força nas suas patas traseiras dando um grande impulso e acertando Khan em cheio, dando uma mordida em sua garganta em cheio e o derrubando no chão. Lucy mordia seu pescoço e arranhava seu peitoral, Khan agarrou com força sua pelagem do lado esquerdo e deu um forte puxão a girando. Lucy deu um rugido de dor e soltou o pescoço de Khan, isso só ajudou a gira-la e ele deu um forte golpe no seu estômago, depois a chutou. Lucy rolou por uma pequena distância e novamente se pós de pé, ela apenas ofegava, não dava para ver nada por causa da pelagem, mas Lucy sentia que sua carne estava ferida. Já Khan tinha suas roupas rasgadas, o peitoral estava completamente arranhado e sangrando, assim como o seu pescoço. Os dois novamente voltaram a se encaram e uma voz carregada de agonia e raiva saiu de Khan:

— Pragas. Vocês são as pragas que a nessa terra. Odeio vocês, todos vocês.

Lucy agitou sua cabeça ferozmente de um lado para o outro e continuou dando voltas, seu olhar fixo em Khan. Ele estava com a postura rígida e continuou falando:

— Chega dessa brincadeira

Khan abaixou a cabeça e fechou os olhos, em instantes suas veias ficaram visíveis e sua pele ficou mais branca do que o natural, ao abrir os olhos eles estavam verde escuro e os fixou em Lucy. Khan parecia sem vida e transparente. Lucy não conseguia acreditar no que seus olhos viam, não era possível, um aspectro.

Um aspectro não é uma espécie, ele não nasce de um Genes e não é natural. Eles nem deveriam existe. Um aspectro é o vírus das espécies, ele nasce a partir de outros e não dura muito é o erro. Um aspectro tem grande força e alguns podem até chegar à cópia as habilidades de outras espécies, não é algo natural. Eles é a falha que existe nesse mundo, a única forma que um ser humano tem de se tornar uma espécie, mas só em pensar na possibilidade séria o próprio suicidou. Um ser humano não tem a capacidade de suportar o processo e se suportar, pode ter certeza, terá algum defeito. Lucy não podia acreditar que Khan fez isso com ele mesmo. Ao observar o estado de choque e silencioso de Lucy, Khan abriu um sorriso maléfico de canto e disse:

— Surpresa, não? É a mistura química do sangue de um metamorfose com um Progenes — ele olhava para se mesmo, mas dava para ver que não estava 100% contente com o resultado, como se queresse mais.

Khan fez essa experiência química e a injetou em si mesmo, aquilo não entrava na cabeça de Lucy, mas ela não entendia porque estava surpresa. Aquele era Khan, o cara que transformou a vida dela em um pesadelo e matou diversos metamorfoses por méritos próprios, não tinha mais o que esperar dele. Khan não esperou nem um segundo e a atacou novamente. Agora estava explicado o porquê dele não ter morrido ainda, um ataque de tigre num humano o teria derrubado na hora, mas um ataque de tigre num aspectro possuía mais resistência. Um aspectro tinha força o suficiente para lutar de igual para igual com qualquer espécie.

Eles retomaram a luta. Lucy mordia e arranhava Khan freneticamente enquanto o mesmo arranhava e arrancava seus pelos. Lucy já estava seriamente na possibilidade de mudar de espírito. Lucas, Luke e Laila estavam na mesma, quanto mais acertavam e matavam mais surgiam, parecia até a Hydra. Lucas já estava ofegante e seu corpo demonstrava os primeiros sinais de cansaço, Luke já utilizava seus poderes e Laila estava com suas roupas rasgadas e ofegante, mas não parava de acerta-los nem por um segundo. Khan novamente faz mais um truque e arremessa Lucy longe, ela bola e novamente estar os dois deitados olhando um para o outro.

Lucy olhou para os olhos de Khan, olhos humanos. Como um ser humano, um ser rebaixado que não tem capacidades para enfrentar a floresta, teve coragem de fazer isso consigo mesmo? Teve coragem de destruir diversas vidas, que não lhe fizeram nenhum mal, sem se importar? Lucy fazia essas perguntas e muitas outras, elas não paravam de vim em sua mente, ela não conseguia entender. Como Khan se tornou esse monstro, impiedoso e insensível, que não liga nem para se mesmo? Khan franziu sua sobrancelha e, como se a ouvisse, respondeu:

— Vocês não merecem nem um pingo de piedade. Todas as espécies são vermes desprezíveis que deveriam deixar de poluir esse mundo. Insensíveis, só enxergam a se mesmos. Vocês, metamorfoses, são os piores. Sempre se fazendo de vítimas, nunca enxergando a dor do outro. Odeio todos.

Khan rapidamente se levanta e ataca Lucy mais uma vez, ela bola e tenta se levantar o mais rápido possível, o atacando, mas algo estava errado. Khan parecia mais resistente e mais forte que antes, ele pegava Lucy de jeito e a machucava pra valer. Lucy o atacava, mas parecia não ter efeito. Novamente Khan a pega e a arremessa, ela permanece no chão:

— Quando eu era criança, apenas com oito anos, espécies diversas invadiram a minha casa e mataram a minha família na minha frente. — Khan novamente ataca Lucy que ainda nem sequer tinha se levantado e a faz ficar ainda mais ferida, ele continua:

— Eu tinha me escondido no armário por ordem da minha mãe, infelizmente não sabia que dali dava para ter visão de todo que acontecia. Eu os vi matarem quem eu amava de forma cruel e desumana. — Khan continuava atacando, Lucy tentava reagir, mas era complicado.

— Pode identificar cada espécie que estava presente e a maioria era metamorfose. Após terminarem e pensarem que não havia mais ninguém na casa, eles foram embora. Eu demorei para sair do armário, mas quando o fiz e vi tudo aquilo, tudo o que amava e acreditava destruidor em migalhas bem pequenas, um ódio tão grande cresceu dentro de me que eu promete para me mesmo que nunca mais ninguém ia passar pelo que eu passei. — Lucy estava atordoada, Khan não parava um minuto de ataca-la, ela conseguia revidar, mas não parecia o suficiente.

— Eu irei destruir todas as espécies e acabar com a praga delas nesse mundo, foi nesse dia que eu matei todos os meus bons sentimentos e deixei o ódio florescer. Vocês não merecem nem um pingo de bondade, a terra estar infectada e eu foi limpa-la, começando por você — após terminar Khan abriu a boca e em instantes dentes afiadas surgiram, ele se abaixo e mordeu Lucy com tudo. Ela arquejou as costas e rugiu de dor, os dentes perfuraram sua carne, Lucy dava azunhadas e chute até conseguir fazer com que Khan se distanciasse.

Ela cambaleou até longe e novamente fixou seu olhar nele. Khan estava com seus dentes pingando o sangue de Lucy e carregava um sorriso maléfico. Lucy estava atordoada. Era informação demais para processar, agora conhecia o passado e a causa de Khan ter se tornado assim, isso a deixava atordoada. Ela não esperava esse desabafo, não esse rancor em plena luta. Lucy sabia que Khan planejava algo ruim, ele mesmo havia tido sobre dominar o mundo, mas o que ele queria não era dominar o mundo e sim, destruir todas as espécies e que melhor forma de fazer isso do que trazer os vampiros de volta a vida. Lucy estava chocada, atordoada e fraca. Ela não parava no lugar, ficava cambaleando tentando se estabelecer, tinha forças para enfrenta-lo, mas com a mordida em sua carne complicava.

Lucy olhou para sua direita e viu Laila sendo segurada pelos dois braços, quando ela ia sendo atacada por um dos Progenes, ela corre um pouco para frente, da um impulso e pula para trás. Esse feito faz com os Progenes que a segurava pelos braços girem e ela é libertada. Lucy olha para a sua esquerda e ver Lucas tendo uma grande dificuldade de atacar, mas ele sabia lidar com isso com maestria. E enquanto Luke, ele estava utilizando seus poderes, agora conseguia derrubar mais de dois de uma vez.

Khan se aproximou e pegou Lucy nos braços, deu um forte ataque e mais uma vez a arremessou longe. Com tantos ataques e arremessos Lucy e Khan ficaram muito próximos ao penhasco e quanto Lucy foi arremessa pela quarta vez, caiu direto nele. Ela sentia o vento forte em seus pelos e o olhar assustado, Khan caiu ajoelhado e inclinado no penhasco observando Lucy. Lucas, no meio de suas lutas, olhou na direção de Lucy bem na hora de sua queda. Sua cabeça começou a encher de pensamentos e recordações, tudo o que ela passou vinha em sua mente. Lembranças quando era criança e ainda morando com seus pais, quando conheceu os irmãos, as lutas que enfrentaram juntos, as conversas e discussões que tiveram Lucas… tudo isso vinha em sua memória como flash. Lucy estava com medo, cair penhasco em sua forma humana e sem ferimentos é uma coisa, mas cair em forma de tigre e muito ferida é outra. Ela estava com medo de não resistir à queda.

De repente Lucy sente uma forte pulsação e todos os espíritos saem de dentro dela, ela imediatamente retorna a sua forma humana e ver um belo arco-íris, os espíritos voando de um lado para o outro. Lucy lentamente começa a fechar os olhos e rapidamente os espíritos começam a se envolver perto dela, para que seu corpo pudesse sentir a presença das energias e ela não morrer. Após poucos minutos Lucy pode sentir uma melhoria em seu corpo, o veneno ou qualquer coisa que Khan tivesse colocado dentro de seu corpo, havia sumido. Eles a estavam protegendo, curando todo mal que havia em seu corpo. Expulsando qualquer dano que pudesse prejudicar seu dono. Era assim que os espíritos demonstravam proteção. Eles estavam protegendo Lucy. Demonstrando para ela que eles a aceitam, que já se apegaram a ela. Que ela era sua metamorfose.

Lucas, que no meio de suas lutas havia visto a queda de Lucy e se desesperado gritando por ela e tentando salva-la, sentiu seu coração ficar aliviado quando uma linda águia surgi por entre o céu. Lucy estava diferente, era como se tivesse renascido, uma aura parecia envolvê-la. Ela irradiava seu próprio brilho. Lucy planou no céu, olhou para Khan que havia se levantando e a fixava como se não acreditasse que ela ainda estava viva e atacou. Lucy dava picadas em Khan sem parar, ele tentava acerta-la, mas não conseguia. A velocidade que Lucy utilizava era muito mais rápida que a de Khan. Lucy sabendo que as picadas não seriam o suficiente voou para terra e antes que tocasse o chão se transformou no leopardo, usando a velocidade a seu favor. Dava mordidas e arranhões, ficava fazendo rodízio entre espírito terrestre e espírito aéreo. Khan não conseguia acerta-la de jeito nenhum, ele já estava terrivelmente ferido e sem perceber estava indo cada vez mais para a beirada do penhasco. Lucy por último se transformou no seu tigre, Khan arregala os olhos ao perceber que Lucy não possuía mais nenhum arranhão anterior e ela ataca, o fazendo cair. Khan, apesar de ser aspectro, ainda era humano, podia morrer… e morreu.

Um silencio repentino se estala, todos param e encaram o penhasco. Lucy retornou a sua forma humana e encarou o fim do penhasco, sua face não demonstrava nenhuma reação, ela não acreditava. Um alivio enorme entrou no peito de Lucy, ela deu um forte suspiro e fechou os olhos. Acabou. Estava livre. Algumas lágrimas deslizaram pelas bochechas de Lucy, ela finalmente estava livre. Não precisava mais se preocupar, não precisava mais viver com medo, ela acaba de matar o único líder da última organização que existia, estava livre. Os Progenes ficaram perdidos, sem um líder para seguir, eles eram inúteis. Olharam um para os outros com seus olhos vazios e foram embora, a caça de um novo líder. Lucas, Luke e Laila se entreolharam e se aproximaram de Lucy, Lucas se senta e a abraça, ela inclina seu corpo e deitar sua cabeça em seu ombro, ele fazia um carinho em seus cabelos e a abraçava forte contra seu corpo. Luke e Laila estavam cada qual em um lado, os olhando. Finalmente, acabou.