White in Black escrita por Lollipop


Capítulo 2
02- Corda


Notas iniciais do capítulo

Hi there~
Então, decidi tornar sábado meu dia oficial de postagem :3
Vou me esforçar para manter minha meta, que é finalizar um capitulo por semana.
Hoje também é um sábado especial~ Tcham, fiz quinze aninhos! Credo, to velha.
Queria deixar um capitulo postadinho no meu niver, yay~
Vejo vocês lá em baixo~



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01-Corda

Charlotte mexia em seu aparelho circular com maestria, apertando uma série de botões e códigos que eu não fazia a mínima ideia do que significavam. Parecia acostumada com ele. De início achei que fosse algum tipo de magia ou coisa parecida, mas estava enganado. Não sentia nenhum poder mágico vindo daquela bugiganga, era como um objeto inanimado, apenas um pedaço de metal, mas com uma grande tecnologia. Talvez esse fosse o ponto forte daquela espécie. Mesmo sem a força física, eles deviam se destacar pela alquimia ou algo parecido.

Willie parecia extremamente entediado, brincando com a grama ao seu redor, de vez em quando dando uma olhada em mim, um espírito sem forma. Tentei imaginar como estavam me enxergando. Tudo que via quando olhava para minhas mãos e pernas era uma aura estranha, como uma alma. Caroline estava recostada em uma arvore, me vigiando de relance. Seu olhar desconfiado não parecia que ia sumir assim tão cedo, principalmente sem eu ter a chance de conversar e provar minhas intenções e minha gratidão. Há muito esperava, sem perceber, o momento em que estaria livre outra vez.

– Ei, Charlotte! É mesmo necessário tanto tempo assim? - Caroline bufou em resignação. Já fazia torno de meia hora que estávamos assim, parados. Me perguntei o que ela esperava fazer com aquele aparelho e minha mente se voltou na conversa com o ser misterioso de antes. As palavras “missão” e “Guerra” ecoavam na minha cabeça, como se fossem um mau presságio. Sabia que aquelas pessoas estavam envolvidas em alguma coisa e sabia que acabaria por me envolver também.

– Huh... Estou quase lá – Charlotte começou a mexer com mais pressa nos botões, claramente ansiosa. Caroline lançou um olhar desconfiado e correu em tempo recorde para perto da companheira, tentando enxergar o que ela fazia.

– Estamos com interferência? – Murmurou, pasma. Não parecia algo comum pela expressão que fez, apesar de logo retornar para o rosto sério de sempre. – Estranhei termos saído fácil demais. Provavelmente esperavam nos tirar da jogada prendendo-nos no mundo humano.

O tempo pareceu parar. A palavra ‘humano’ ecoou em minha cabeça como se fosse uma parte importante do quebra cabeça. Já tinha ouvido aquilo em algum lugar, mas não me lembrava onde. Talvez por ser o lugar onde eu estava preso? Não, com certeza aquela palavra não era um simples ambiente. Parecia inútil. Quanto mais tentava puxar minhas memórias, mais elas escorregavam entre meus dedos e deslizavam para longe. A conversa continuou.

– Só preciso de um pouco de tempo para acessar o servidor...

– Não, por mais que você entenda como se mexa no Corda, acho que vamos precisar de ajuda de um profissional – Charlotte engoliu em seco, estremecendo. Me perguntei se ela sentia medo ou algo parecido pela pessoa na qual Caroline estava se referindo. Não, o sentimento era diferente. Culpa, outra vez – Eles não nos deixariam entrarmos novamente sem mais nem menos. Acho melhor pedirmos ajuda ao o Skip.

Charlotte baixou a cabeça, parecendo ceder. Com isso Willie, que até então estava observando a conversa a distância, se aproximou apressado, aproveitando seu pouco um metro e vinte de altura para escalar com habilidade Charlotte, mesmo que sob protesto, em uma mistura de ansiedade e exaltação.

– Nós vamos ver o Skip? Já faz meses que não conversamos com todo mundo!

Após perceber que tirar o menino-coelho de suas costas seria inútil, Charlotte voltou a mexer no aparelho circular ‘Corda’ apertando novamente aquelas combinações de botões que eu nada entendia.

Uma imagem em holograma se reproduziu em nossa frente, me trazendo de volta a realidade. Desde que despertara, não parava de voar em meus pensamentos e isso já estava me incomodando. Queria que todas as respostas simplesmente viessem na facilidade que se foram.

– Ah! Charlie! Carol! Willi! – O ser na tela exclamou – Quanto tempo!

Ele possuía cabelos e olhos escuros como os de Charlotte, mas os dele tinham um tom pouco mais claro, puxando para um mel. A pele era branca como se nunca tivesse pego sol e, no quesito de aparência, parecia apenas um pouco mais velho que Willie. Apesar de ser jovem, era possível ver olheiras profundas em seus olhos, como se não dormisse a dias. Mesmo com o rosto alegre, era claro sua exaustão.

Sua aparência em muito me lembrava Charlotte, então de início imaginei que seriam da mesma espécie, entretanto, ao olhar com mais atenção o holograma percebi orelhas pontudas que não estavam presentes na garota. A aura que emanava, porém, foi o que mais me chamou atenção. Não era uma espécie pura, era tudo que sabia.

– Skip!!! – Willie se balançou em cima de Charlotte, que soltou um gritinho ao desequilibrar-se – Como vão as coisas? Tudo bem? Você procurou pelos salgadinhos que eu pedi? Quando acha que vamos poder juntar todo mundo? – Ele hesitou por alguns segundos – Blake está por aqui?

O garoto Skip soltou uma risadinha antes de prosseguir.

– Normais. Tudo bem. Ah, sim. Aqueles salgadinhos são realmente deliciosos. Não acho que vamos poder nos reencontrar tão cedo, nossas missões estão longe de acabar não é? - Ele olhou para o coelho pedindo desculpas com os olhos, antes de responder a última pergunta com um suspiro – Blake foi para a linha de frente ontem. Desculpa. Tem algum recado?

– Ah... Não, não. Só curiosidade. – Apesar de claramente tentando esconder, era muito fácil ler Willie. Ele estava muito decepcionado. Me perguntei que tipo de relação todas aquelas pessoas tinham umas com as outras.

– Willi – Charlotte finalmente se pronunciou, tirando o garoto de suas costas – Skip deve estar ocupado. Vamos tentar ser breves.

Willie acenou com a cabeça, deprimido. Não tinha visto Charlotte falar em um tom tão frio até agora, mesmo eu entrei em choque. Algo estava mexendo com eles. Me perguntei como seriam suas personalidades e relação se essa coisa não existisse. É, eu estava preocupado com pessoas que tinha acabado de conhecer. Me perguntei isso era uma coisa normal. Só sabia que queria ajuda-los e que me sentia extremamente culpado por achar ruim em me envolver com meus salvadores.

Skip encarou Charlotte com seriedade, esperando que prosseguisse, mas essa não o fez.

– Parece que o servidor do Corda foi bloqueado. Não conseguimos voltar para Yiown – Percebendo que a morena não ia continuar, Caroline tomou iniciativa, sem precisar dar mais detalhes. No mesmo instante, Skip começou a teclar em uma versão grande do Corda de Charlotte, já parecendo entender a situação.

– Vou precisar de uma hora. – Ele murmurou após examinar alguns arquivos exibidos na tela de seu Corda. Caroline apenas confirmou com um aceno de cabeça antes da tela se apagar.

– Aaaaaaah – Willi, já recuperado da depressão, exclamou preguiçosamente enquanto deitava-se novamente na grama – Tudo isso?! Que tédio!

– Vamos pensar em algo para passar o tempo. – Charlotte sentou-se na grama ao lado de Willie. Caroline suspirou, acompanhando-a. O olhar da primeira voltou-se a mim – Desculpe, muita confusão. Acabamos esquecendo de você, não é?

Todos os olhares foram em minha direção, e por algum motivo fiquei nervoso com a atenção repentina. Não sabia como devia reagir, muito menos de qual maneira. Naquele ‘corpo’, meus movimentos ficavam limitados e não me restavam muitos meios de me comunicar. Charlotte, como se lesse meus pensamentos, tentou afobar uma risada.

– Não se preocupe, ninguém aqui vai fazer nada. – Ela me deu um sorriso sincero – Não te soltamos para te manter prisioneiro, te usar, abusar, ou sei lá. Venha aqui, acho que devemos explicações.

Forcei meu corpo a mover-se para frente, ainda não sabia muito bem andar sem pernas, parando onde ela me indicava. Me perguntei o quanto ela sabia e o quanto ia me falar. As dúvidas rondavam em minha mente como um rio estreito que se alonga até desaguar no mar infinito.

– Hmm... Por onde começo? – Ela ponderou para si própria enquanto Willie e Caroline me encaravam de uma maneira indescritível, talvez um misto de curiosidade com outra coisa - Eu sou Charlotte, uma humana que serve Yggdrasil. – Humana. Aquela palavra sozinha era o bastante para me dar enxaquecas – Ele e alguns outros estão tentando descobrir a origem de alguns objetos, magias e seres que estão presentes na Terra a muito tempo por motivo desconhecido, ou por serem muito antigos, ou por estarem escondidos, ou por se localizarem em áreas inacessíveis para a maioria das espécies.

– E nessa busca, eles acharam você – Caroline completou, seus olhos de felino perfurando minha alma – De acordo com o que descobriram, você está aprisionado aí dede os primórdios da humanidade. Não sei se tem noção, mas isso é muito tempo. Vários dos agentes de Yggdrasil e de outras entidades tentaram vir aqui quebrar esse selo que o prendia, mas por ser uma magia antiga, ninguém sabia realmente como te tirar daí. Daí chamaram Charlie, que possui muita experiência em magias de anulação. E o resto você sabe.

Minha mente entrou em branco. O que devia servir para me dar explicações apenas confundiu mais minha mente. O que aquilo significava? Quem eu era e por que havia sido aprisionado? Nada fazia sentido.

– Não se preocupe – William me olhou com um sorriso bobo, que, de algum modo, me fez relaxar – Nenhum de nós sabe exatamente o que você é, mas é por isso que te libertamos. Tem muita gente esperta por aí, o Skip, por exemplo. Aposto que logo daremos um jeito de descobrir sua identidade.

– É só uma pena que foi libertado em um momento tão importuno. – Ela suspirou – Com tanta coisa acontecendo... Precisaríamos de mais calma para examinar uma coisa assim....

Queria perguntar o que estava acontecendo, o que ela queria dizer, mas não podia. Senti o medo se apoderar de mim e minha visão escureceu. Trevas. De novo não. Não queria voltar para lá. Se tivesse um corpo, com certeza meus olhos estariam cheios d’agua. Me sentia fraco e incompetente. Até que uma luz invadiu meu corpo, trazendo de volta a paz e a serenidade que eu mesmo havia tratado de acabar com minhas inseguranças. Ao meu lado, Charlotte e Caroline conjuravam um feitiço de purificação.

– Acalme-se – A felina de cabelos prateados disse em uma rigidez que era, de algum modo, diferente da usual.

– Acho que foi muita informação de uma vez – Charlotte me olhou com a culpa invadindo seu ser outra vez – Desculpe-me... Devia ter pensado um pouco mais em como se sentia.

A luz me acalmava, como se fosse uma parte de mim. Sem ela, restavam apenas trevas. Não as trevas que me prenderam, mas minha a própria. Se eu perdesse minha luz e as duas não estivessem por perto, não sei o que teria acontecido.

– A Aura dele teve uma mudança tão brusca – Willie, que até então me encarava com um olhar de puro espanto se levantou, dirigindo-se para as companheiras – Ela era tão pura e branca há alguns segundos, como isso aconteceu?

– Dizem que aqueles que são bons demais são os que mais atraem as trevas – Caroline me encarou, as pupilas dilatadas, de modo que não soube exatamente o que aquele olhar queria dizer. Não entendi o que aconteceu mesmo estando bem na minha frente, tudo graças ao caos que aquelas informações me traziam. Só queria tempo.

Talvez o motivo por eu ter demorado tanto a perceber tenha sido por que tempo era a última coisa que eu tinha.


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Notas finais do capítulo

Então, sem muito o que falar, estou morrendo de sono, vou dormir logo~
Se leu até aqui, muitíssimo obrigada, você fez uma garotinha muito contente!
See ya~



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