White in Black escrita por Lollipop


Capítulo 1
01- Vaccum


Notas iniciais do capítulo

Então, após alguns muitos anos sem escrever nada, um querido amigo meu acabou me dando inspiração e... Yeah, aqui estou.
Essa é minha primeira vez escrevendo um original, então tratem de pegar leve comigo!
Ah, também estou postando essa Fanfic no site Social Spirit, caso acabem achando vasculhando por ai.
Minha meta é postar um capítulo por semana e no máximo um por mês. Depende da inspiração, mas não acho que ficarei sem por enquanto.
Chega de embromação, vejo vocês lá em baixo~



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01-Vaccum

Não me lembrava de nada nem ninguém. Não sei ao certo quanto tempo passou, quanto tempo esperei, tudo era vazio, uma mistura sóbria de preto e branco. De início, as cores brincavam em harmonia com minha mente, revezando entre si para me fazer companhia, mas aos poucos foi mudando, tornando-se apenas um preto inacabável.

Quanto mais ficava ali, mas me esquecia. As coisas que precisava fazer, meus sonhos, minha personalidade, tudo me foi levado por aquelas duas cores que de cor nada tinham. Com o tempo, parei me importar, e o tempo parou de existir como se nunca antes tivesse importado. Era apenas eu e o preto, numa eternidade efêmera.

Minha existência com o tempo foi esquecida pelos de fora, e por mim também, consequentemente. Eu queria sair, queria mostrar a eles que meu coração ainda pulsava, mas as trevas corrompidas eram mais fortes e arrancavam-me a força e o desejo de viver, mesmo morrer sendo impossível para mim. Se fosse, seria mais fácil, não haveria necessidade em me manter trancafiado como um animal em uma jaula naquele lugar terrível, sem luz. De repente, uma voz.

O tempo que há muito havia congelado pareceu voltar e senti as trevas ao meu redor vibrarem, lutando para manterem-se. Me perguntei subconscientemente o que seria capaz de quebrar um preto tão absoluto que foi capaz de me prender por tanto tempo. A luz. Ela invadiu meu ser após tanto tempo de preto. Mas não estava em sua forma original. Os raios de sol iluminavam o orvalho de uma campina, verde se alastrava em baixo de meu ser. O azul do céu era pincelado com manchas brancas. O infinito se estendia por cima de mim. Fui consumido pela alegria em seu estado mais puro. Estava alegre por ver a vida outra vez, depois de tanto tempo no vácuo.

Tentei mover-me para tocar as imagens que me pareciam tão distantes, só assim percebi a verdadeira situação. A coisa, ou melhor, o ser que havia me tirado das trevas não conseguiu no final das contas eliminar o selo por completo. Apesar de livre, eu não possuía matéria. Aquilo era realmente irônico. Aquele que antes não podia morrer, agora estava na mesma situação de um espírito moribundo perdido do fluxo das almas. Encarei meu salvador.

Ele era pequeno, muito menor do que se esperava de alguém com poder suficiente para quebrar aquela barreira sinistra. Possuía cabelos pretos como a noite, compridos e ondulados que estavam presos em um ponto atrás de sua cabeça, deixando algumas mechas escaparem pela frente, bem menores do que o restante, porém maiores que a franja. Usava tecidos brancos que tampavam todo o seu tronco, se abriam em um círculo e iam até os joelhos. Rendas e babados estavam presentes por toda parte. Imaginei que tipo de artesão teria costurado uma túnica tão bem trabalhada e cheia de detalhes. Os olhos eram escuros, num tom de castanho quase preto e a pele rosada, sem chegar a ser muito vermelha ou muito branca. Ele bufava e estava claramente exausto pelo que deduzi ser o esforço para me libertar. Sentou-se na grama macia da planície e tornou a olhar os céus, buscando fôlego.

- Então esse é o máximo que posso chegar, huh? – murmurou em uma voz bem aguda, fortalecendo meu pensamento de que talvez se passasse de uma fêmea daquela espécie – Desculpa, parece que não consegui quebrar o selo completamente...

Ela falava em uma língua que nunca tinha escutado antes, mas por algum motivo, consegui entender, talvez fosse uma das habilidades que as trevas me fizeram esquecer a existência. Uma segunda voz ecoou, vindo de lugar nenhum e de todos os lugares. Parecia que o seu dono não estava ali presente, mas tinha dado algum jeito de se comunicar com a garota. Me perguntei que espécie de magia era aquela, se eu podia faze-la e se, talvez, já a conhecesse. De repente, a curiosidade que me havia sido roubada retornou, e as perguntas de quem eu era e de onde vinha passaram a me assombrar mortalmente.

- Você fez bem Charllote, mais do que podia imaginar – A voz vibrou, forte e autoritária, mas ao mesmo tempo gentil. Percebi o afeto que tinha com a menina por traz da rigidez.

- Acha que podemos quebrar o selo nesse estado?

Ela encarou o céu azul com um olhar distante, perdida em pensamentos que com certeza iam além do selo em que eu estava preso. Ela parecia jovem, mas sabia que esse padrão muda de espécie para espécie. Enquanto alguns vivem apenas décadas e com pouco menos de cinquenta anos vão perdendo força e lucidez, outros chegam a sobreviver milênios sem sequer deteriorar o corpo. Com certeza possuía muita experiência de vida para ter tamanho poder. Suas características me eram familiares, mas por ação das trevas ou minha própria falta de atenção, não me lembrava onde a havia visto. Não possuía assas, não tinha tamanho, não possuía mandíbulas ou garras afiadas para a espécie ter condições de viver muito mais que alguns séculos, mas com certeza algo haveria de mudar nos padrões no tempo em que fiquei preso.

- Não tenho dúvidas. Agora que a força que o prendia foi quebrada, ficará muito mais fácil romper o que resta do selo. Eu diria, uma ou duas semanas. Um mês no máximo até ter tudo pronto. – A voz falou num tom imutável, mas percebi com clareza sua hesitação. Para mim era fácil perceber as segundas intensões seja de um ser comum, seja de uma grande entidade. – Até lá, preciso que tome conta do garoto aprisionado. Não temos muitas informações sobre ele, não sabemos o que pode fazer sem a supervisão apropriada.

- O que? – A garota se exaltou por um instante, parecendo insegura. Logo voltou seu olhar para o vazio, como se lá estivesse seu companheiro de conversas. – Você sabe que estou em outra missão agora, não sei se posso exercer o papel de uma supervisora da maneira correta.

- Os outros estão ocupados com a guerra – A menina estremeceu. Pude perceber que o ar se encheu de tensão nesse momento. Culpa. Ela se sentia culpada por algo. – Você tem experiência em cuidar de espécies que não conhece. Posso contar com você?

- Sim... Yggdrasil... – Ela murmurou, deixando escapar um suspiro. Já tinha ouvido aquele nome em algum lugar, mas não sabia onde. Logo depois disso, senti sua presença desaparecer.

A menina se voltou para mim. Seus olhos escuros encararam meu corpo sem matéria e sua cara de preocupação se desmanchou num sorriso.

- Você deve estar confuso, não é? Não se preocupe com isso – Apesar do tom forçado para esconder a insegurança, não senti mentiras em sua voz. – Você vai ficar comigo por um tempinho, então vai também conhecer meus amigos!

Tentei me comunicar, emitir algum som, mas percebi que era impossível, ela também o sabia. Apenas me encarou com um sorriso bobo enquanto tirava da túnica uma espécie de aparelho circular branco. Ela mexeu de maneira confusa naquilo e logo duas criaturas metade fera metade gente surgiram ao seu lado, como magia.

Um tinha a coloração de pele escura, da cor de uma montanha. Conseguia ser menor que a garota e parecia ser bem jovem. Do topo de sua cabeça, grandes orelhas de coelho caiam e se arrastavam no chão, morenas como seus cabelos. Três chifres pequenos também eram visíveis entre as orelhas. As unhas eram levemente pontiagudas e os dentes pouco afiados, como os de um herbívoro. Seus olhos eram verdes e cálidos como a grama que se estendia ao seu redor e em seus lábios um sorriso verdadeiro de pura curiosidade chamavam minha atenção. Me parecia uma espécie não muito forte em quesitos força física, tal como a garota Charlotte, mas percebi pelo modo impaciente e hiperativo que se portava que era naturalmente acostumado a correr, provavelmente para escapar de predadores. Não sabia ao certo o quão rápido podia chegar, mas a aura que emanava dizia-me para não julga-lo pelas aparências.

A segunda possuía um semblante sério e rígido. Era obvio que não confiava em mim. Era um pouco mais baixa que Charlotte e, em quesitos de aparência, pareciam ter a mesma idade. Seus cabelos eram prateados, lisos e muito compridos, chegando até pouco mais abaixo de sua espinha e pareciam muito sedosos, com uma cor arroxeada se instalando nas pontas. Do topo da cabeça saiam duas orelhas pontiagudas de gato, pinceladas de lilás e da espinha uma cauda comprida da mesma cor. As mãos possuíam garras e a boca mandíbulas afiadas. Os olhos eram em um azul claro profundo onde a pupila se encontrava em apenas uma linha preta vertical, eles procuravam em mim alguma maldade ou segunda intensão, tal como eu fazia com ela. Aquela espécie emanava força, parecia uma lutadora nata, independentemente do tamanho. Aquela, especificamente, tinha um ar de calma e seriedade, parecia uma líder não importa de qual ângulo a visse.

Não senti maldade em nenhum deles. Quanto tempo fazia desde que não saía das trevas? Meu coração se apertou com um sentimento que não conhecia bem.

- Esses são Willie e Caroline. Preciosos membros de minha família. – Charlotte encarou os dois com ternura e percebi a força de seus sentimentos. Me perguntei o que ela queria dizer com família, sendo que eles eram, obviamente, de espécies diferentes.

- Hey! – O então denominado Willie falou com entusiasmo enquanto corria em minha direção – Quem é você? De onde vem? Por que ficou preso naquilo? Quem fez isso? Como é sua aparência sem o selo?

Acredito que ele teria continuado falando se Caroline não tivesse interrompido com um pigarrear. Percebi também que cada um deles usava uma língua diferente, mas ainda sim pareciam se entender. Agora para mim era claro que além de meus poderes, aquele objeto circular que Charlotte carregava estava interferindo, como um tradutor em tempo real. A magia certamente havia avançado.

- Willie, acredito que saiba que ele não pode te responder – Ela caminhou em minha direção – Mas uma coisa é certa... Ninguém fica preso em uma barreira tão forte sem motivo.

Senti a desconfiança dela me penetrar, procurando alguma reação que pudesse usar para fazer um julgamento. Lastimável, por que eu tampouco sabia o porquê. Não me lembrava quem eu era ou como havia parado ali, então não importa o que tentasse, não poderia encontrar informações verídicas de minha verdadeira personalidade, pois eu a havia esquecido também.

- Vamos Carol! – Charlotte correu em direção da outra, segurando suas bochechas e apertando-as com força aparente, mesmo que sob protesto. – Não seja assim, ele acabou de acordar! Deve estar confuso! Você também Willi! Pare de importuna-lo.

Caroline bufou, mas cedeu. Percebi a afinidade das duas e o respeito mútuo que possuíam. Willie soltou uma risadinha antes de correr e pendurar-se em Charlotte, aproveitando-se do tamanho pequeno. Logo estava localizado em suas costas, como um bebe com sua mãe. Um sorriso tomou conta de meu corpo sem matéria, entendendo o que ela queria dizer realmente quando se referiu a família. Eu estava em boas mãos.


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Notas finais do capítulo

Então, esse capítulo foi só uma introdução geral a história, então não tem muita coisa além de uma enrolação básica para deixa-los curiosos. Sorry.
Teremos uma calmaria por enquanto, apresentando a história e o universo em que ela se passa, os acontecimentos marcantes ainda vão demorar um pouco para aparecer, tenham paciência.
É isso. Se leu até aqui vou te dar um Cupcake, de coração, obrigadinha! Você fez uma garotinha com seus 14 muito feliz e completou sua boa ação do dia!
Kissus~ Até o próximo cap!



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