Astrid abriu a porta e sorriu para mim. Eu bem que tentei sorrir de volta. Mas minha cabeça estava fervendo.

–Soluço, você está bem? –o sorriso sumiu de seu rosto. Isso estraga tudo Soluço.

–Astrid, eu... preciso que você me escute e... –ela me interrompeu.

–Entra Soluço - e me puxou para dentro de sua casa.

Eu me sentei-me à mesa e ela se sentou na minha frente. Eu dei um longo suspiro. Fechei os olhos. Não eram nem dez horas da manhã e já me sentia cansado. Abri finalmente os olhos.

–Apenas me escute, por favor.

Eu comecei a contar meu sonho. Mas de repente eu parei e meus olhos encheram-se de lágrimas. Só naquele instante aquele sonho me doeu. Meu pai havia falado comigo. Não havia me permitido chorar ou pensar nisso. Deveria ser forte. Porém com Astrid eu poderia me abrir, mas eu também não me permiti chorar com ela.

Ela colocou sua mão sobre a minha. Eu olhei nos seus olhos e respirei fundo, continuando o relato. Contei as palavras da Anciã.

–Então eu cheguei as minhas conclusões: O inimigo do passado só pode ser Dagur, já que os Exilados estão unidos a nós, na medida do possível. E o do presente só pode ser o Drago. Não nos envolvemos em guerras recentemente. Quanto ao frio, para mim parece que eles vão atacar no inverno. Isso poderá ser nossa derrota, se não treinarmos.

–Como assim treinar?

– Treinar no frio. Eu pensei muito e cheguei a conclusão que precisamos aprimorar nossa resistência ao frio em batalhas. –Nós somos vikings e aprendermos a conviver e sobreviver com climas extremamente frios. Mas não a lutar nessas condições.

–Claro isso vai nos fazer ganhar bastante tempo. Mas Dagur tem uma armada de beserkers e Drago aquela Besta Implacável. Como vamos... ?

– A Besta Implacável não pode fazer nada sem a permissão do Banguela. Quanto à armada... eu pensei que cada um de nós da Academia poderia montar um grupo de dragões de cada classe. Dragões do estábulo. Treinaremos em conjunto com eles e com os berkianos.

–Eu vou te ajudar quanto aos dragões e os pilotos - A Academia continua sendo “minha”. Os pilotos disseram que não poderia ser de outro já que eu fui o primeiro a treinar um dragão. Porém ela administra para mim, já que eu tenho que administrar uma ilha inteira. Mas às vezes dou algumas aulas lá para matar a saudade. Astrid continuou. –E quanto a treinar no frio, que tal que tal treinarmos na ilha de gelo perto do Santuário? É bem frio lá.

–Ótima ideia! Vou falar isso na reunião à noite.

–Reunião?

–A dos chefes dos clãs.

–Humm... Você está muito ocupado. Precisa descansar. São apenas dez horas da manhã e pela sua cara, você madrugou de novo.

–Já são dez horas? Antes eu até poderia descansar, mas agora...

–Tudo dará certo, não foi isso que a Anciã disse?

–Não foi bem isso que ela...

–Mas foi o que eu entendi. E o que o seu pai disse? Você é o melhor sucessor que ele poderia ter.

–Isso foi um sonho apenas.

–Não. Seu pai sempre confiou em você. Eu confio em você.

–Eu não sei o que faria sem você senhorita Hofferson.

Eu me levantei e lhe dei um abraço. Eu me senti ainda mais leve. É muito bom falar com ela. Ela sempre me dá forças para continuar. E não é isso que as pessoas que te amam fazem?

–Pode contar comigo sempre. –ela disse.

Então ela me beijou. Como sempre, seu beijo era doce. Parecia que eu estava nas nuvens. Quem ama sabe como é se sentir amado também. É incrivelmente bom.

Quando nos separamos, ela sorriu para mim e eu sorri de volta.

–Finalmente um sorriso.- ela disse.

–É assim que eu deveria acordar todo dia de manhã – eu disse para ela. –Te vejo na Academia mais tarde.

Dei-lhe um beijo rápido e saí. Chamei o Banguela e fomos para Academia. Porém, um líder deve ajudar seu povo. E eu lembrei que deveria ir para a ferraria ajudar o Bocão.

Quando os dragões mudaram para Berk todos foram “adotando” um aos poucos. Então sempre é necessário mais selas. Eu fiquei quase duas horas na ferraria até finalmente chegar à Academia.

Acontece que a recepção foi calorosa... até demais.