– Caramba, isso não pode ser verdade! - murmuro desacreditada com a vista mais que maravilhosa da praia.
– Também não estou acreditando, amor. - Finn concorda.
– Isso é incrível! Katniss é um anjo nas nossas vidas! Tem presente de casamento melhor que esse? - Exclamo contente, gesticulando a praia ao nosso redor.
– Tem. Mas isso eu mostro depois. - Corei com suas palavras. Qual é?! Anos juntos e eu ainda ruborizava com suas insinuações maliciosas! Isso chegava a ser patético, na minha opinião, mas Finnick dizia achar até fofo - claro que rindo e zombando. - Agora temos que conhecer nossa suíte! - Ele me puxou pela mão, me colocando debaixo de seu abraço e beijando minha cabeça.
Já havíamos resolvido as coisas na recepção, por isso fomos diretamente para o elevador, e Finn girava a chave do quarto nos dedos, ansioso. A decoração de tudo ali parecia ter haver com o Havaí. As luzes amarelas e mais fracas, as plantas e flores, os bambus usados em aparentemente todos os espaços, a madeira entalhada. Era tudo tão bonito.
– Vamos, Ann? - meu marido chamou minha atenção. Se referir a ele assim era tão... Reconfortante, perfeito, algo que me desconcertava. Mas acho que não demoraria a me acostumar com o fato de eu passara de senhorita Cresta para senhora Odair.
– Vamos - Entrelacei nossos dedos, e saímos do elevador para caminharmos até uma das portas do corredor cumprido. Bem, só havia três, e a nossa era a última.
Finn virou a chave, e antes que eu pudesse processar algo, ou ao menos girar a maçaneta, ele me pegou no colo.
– Finn! - ri surpresa.
– É a tradição, amor. - Piscou sorridente.
Aquela com certeza seria a melhor viagem de todas.
******
– Vamos, Ann! - o loiro resmungou pela décima vez, de bruços na cama.
– Já estou pronta. - Anuncio dando uma volta, segurando o vestido branco. Katniss pensara em tudo.
– É. Tenho que lidar com isso. - Ele suspirou.
– Ahn? - me confundo.
– Lidar com o fato que a minha mulher é a mais linda do mundo! - Ele me beijou castamente, mas não tirou seus lábios sobre os meus. - Vou ter que quebrar a cara de muitos só de te olharem. - Me beijou mais uma vez, sorrindo. Eu ri com sua constatação.
– Não, não vai. Se controle. Se tiver algum outro que me olhe, é só lembrar: eu sou sua. - declarei me afastando com os braços em volta de seu pescoço.
– É, eu sei. E esse fato me deixa muito mais tranquilo. E muito mais feliz. - Frisou o "muito". Sorri; espera, eu não havia parado de sorrir desde que saímos do parque!
– Então, vamos? - perguntei o olhando nos olhos, admirada como sempre com aquele verde profundo.
– Vamos - Me puxou para a porta.
O hotel havia nos mandado um convite para um luau que teria na praia, e obviamente iríamos. Finn havia colocado uma bermuda e uma camisa branca, e o meu vestido era da mesma cor.
Alguns funcionários estavam na frente do prédio, sorrindo e colocando colares de flores nos hóspedes.
Tinha um palco com música ao vivo, acústica, mesas com bebidas e petiscos.
Finn e eu nos divertimos a noite inteira. Comemos, dançamos, observamos a praia, caminhamos pela beira com os pés na água.
– Vou pegar mais uma bebida pra gente. - sussurrou no meu ouvido, me deixando no meio das pessoas que estavam na frente do palco, do mesmo jeito que nós.
Eu o esperei, mas ele não voltou. Ele apareceu no palco, no lugar do vocalista da banda, sentado em um banco com um violão negro. Arfei, sabendo o que o loiro faria.
– Oi, gente! - Cumprimentou todos, animado. - Bem, eu me chamo Finnick e me casei há algumas horas com aquela mulher perfeita ali. - Ele aponta para mim. Contenho a vontade de esconder meu rosto, que com certeza passou do tom escarlate. - Annie, eu não poderia estar mais feliz com isso. Eu ainda duvido que você saiba o quanto eu te amo, porque nem eu mesmo consigo demonstrar. Mas eu te amo, eu te amo e eu te amo. Nunca vou me cansar de dizer isso. Nunca vou me cansar de acordar do seu lado, e ver sua cara fofa de sono. Nunca vou me cansar de cozinhar contigo, e acabarmos sujos de farinha. Nunca vou me cansar de ver você vermelha por meus comentários maliciosos. Nunca vou me cansar de te ter em meus braços. Serei eternamente apaixonado por ti, Olhos Verdes. - usa meu antigo apelido, e sorrio ao me lembrar de nosso primeiro encontro, quando ele o me deu. E meu sorriso aumentou quando ele começou a tocar Jason Mraz - se isso era possível, claro.
– Well, you done, done me and you bet I felt it, I tried to be chill but you're so hot that I melted, I fell right through the cracks, now I trying to get back!– Começou. Eu simplesmente amava a música. - But I won't hesitate, no more, no more. It cannot wait, I'm yours!– Finnick não tirava os olhos dos meus.
Eu não podia evitar que as lágrimas não caíssem. Patético, Annie! Você já chorou demais por um dia, não acha?
Só que o dia não podia estar sendo mais perfeito.
Tudo se passou pela minha cabeça. Eu quando criança, brincando com Katniss e falando que meu príncipe encantado chegaria um dia e seríamos muito felizes, com chances de ser para sempre; eu chateada quando adolescente, achando que nenhum menino me achava bonita; eu finalmente crescendo e entendendo as coisas e quase o amor. Até porque ninguém entende o amor.
E me lembrei do dia em que conheci Finnick, o mesmo dia que voltei para casa saltitando e pensando no loiro.
"-Vamos, Steve! - Gritei da grade, torcendo para meu outro primo quando o outro garoto jogou a bola branca com força.
– Ele vai rebater. O gordinho ali jogou meio sem força. Uma bola muito fácil - alguém comentou ao meu lado, e a profecia foi cumprida. Steve usou o taco de madeira em suas mãos facilmente, fazendo a bola voar para longe.
– É, você acertou - me virei para olhar quem que fosse o vidente.
Boa ou má ideia?, me perguntei.
O garoto era muito bonito. Muito bonito mesmo. E o tom verde de seus olhos incrível.
– Acertei - concordou com um sorriso. Seu cabelo era loiro escuro, mas não aparecia por causa do boné vermelho. E ele tinha covinhas tão perfeitas! - Ele é algo seu? - perguntou apontando o campo, onde Steve comemorava.
– Meu primo - respondi meio sem graça.
– Ah, claro. Finnick Odair - se apresentou.
– Annie Cresta - sorri. Quem me diria que anos depois eu teria o mesmo sobrenome?
Aquilo era só o começo de nossa longa história."
– É uma mulher super incrível, sabia? - Disse ele à minha frente. Ele havia descido do palco?
– Tem que parar de me deixar sem graça - faço beiço.
– Não, é sério. Quem mais me faz cantar Jason Mraz na frente de tantas outras pessoas? - Brincou. - Eu te amo tanto. - Sussurrou.
– Eu te amo tanto - repito de olhos fechados, o beijando e ouvindo palmas ao nosso redor.
Era tão surreal acreditar que meu príncipe chegara.
E trazia junto o nosso felizes para sempre.