“Abri a porta para ouvir uma revelação bombástica de um dos enfermeiros:

- (...) Sou seu filho.

Olhava-os estagnada.”

POV Kaleb

Olhei para filha de Renée, chocada na porta do quarto, achei que a garota iria desmaiar a qualquer minuto, fui até ela, puxando-a para dentro e a colocando em uma cadeira, usando um dos vários catálogos de remédios e instruções para quimioterapia como leque abanando-a. Ela me olhava curiosamente, e após alguns segundos olhou para a mãe, sua expressão interrogativa.

- Olá. - Falei.

- Oi, é.. meu nome é Bella. - Disse um pouco tímida.

- Kaleb, é um prazer conhecê-la, mesmo em circunstâncias desfavoráveis como essa. - Respondi estendo-lhe minha mão para cumprimentá-la e sem muita cerimônia ela o fez.

- Então somos irmãos. - Falou por fim, e eu senti uma enorme vontade de chorar. Ela havia me aceitado tão rapidamente que era como se eu nunca tivesse estado longe delas.

Fitava-a, quando a mesma pequena garota de olhos castanho-chocolate me envolveu em um abraço e sem me conter chorei, ela fez o mesmo.

POV Bella

Fiquei tão completamente surpresa que não consegui me mexer, estava atônita, o enfermeiro foi ao meu lado e me puxou para uma cadeira tentando me acalmar, era incrível como eu já me sentia ligada a ele, com certeza era estranho, mas ele era bastante parecido comigo fisicamente. A atitude dele me pegou de surpresa, me acalmava usando uma espécie de catálogo para fazer vento em meu rosto.

Sorri para ele cumprimentando-o e após trocarmos poucas palavras nos abraçamos e choramos, não somente pelo tempo perdido, mas pelo o que estava por vir, por minha mãe.

POV Renée

Deixei lágrimas fluírem por meus olhos, vendo aquele encontro. Era como se Kaleb nunca tivesse estado longe de mim, de Bella.

Eles se soltaram e Kaleb secou as lágrimas da irmã com seu polegar, sorri com seu gesto em seguida, ambos me olharam e então por mais cansada que eu estivesse devia há ambos respostas e era exatamente isso que iria dar a eles.

- Bella, Kaleb, por favor, sentem-se, irei contar uma história. Talvez ela consiga responder as suas dúvidas.

- Mãe, olha não precisa, você está cansada e..

- Bella, por favor, me ouça. – Ela suspirou e se sentou.

- Eu era ingênua, imatura e lógico estava loucamente apaixonada. Então me entreguei ao meu primeiro namorado Miguel em um ato impensado. Fiquei grávida de seu irmão em plena juventude, tinha somente 16 anos. Mas como toda garota apaixonada no momento em que soube que estava grávida, me senti em êxtase, eu teria um bebê lindo e o homem que me amava – ou assim eu pensava – iria me pedir em casamento, teríamos uma casa com cerca branca e um labrador, quem sabe uma menina seriamos felizes um com o outro. Mas não foi bem assim, meu castelo de areia foi lavado pelas ondas e com ela meus sonhos, meu menino. Quando Miguel soube da gravidez fez o possível e o impossível para terminar com a vida do feto, tentou me matar até, foi quando disse a ele que não precisa de sua ajuda, que poderia criar essa criança sozinha.

- Renée.. – Começou Kaleb, achando o suficiente já.

- Shiu.. eu ainda não terminei. – Olhei para bella e em seus lábios havia uma pergunta silenciosa ou uma prece a qual ela engoliu.

- Meus pais estavam em um cruzeiro, logo, eu ficava com nossa empregada Rosemary, ela era minha mãezinha nessas horas, e foi ela quem me ajudou a escolher a família e mantê-lo seguro Kaleb.

- Rosemary era minha avó! Ela faleceu há uns anos. – Falou tristemente.

- Sim meu amor, eu sei. Mesmo distante acompanhei a sua vida, Rosemary me mandava cartas, algumas fotos de quando você ainda era só um bebê. – Falei segurando carinhosamente a sua mão.

- Quando conheci seu pai, Bella, achei que finalmente conseguiria me reerguer e criar uma família, uma nova vida ao lado dele, a vida que eu havia imaginado junto a Miguel. Então namoramos, nos casamos e durante quatro anos vi a minha vida sendo vivida por minha melhor amiga, que sempre me manteve ao seu lado, em todos os momentos compartilhando sua felicidade comigo. Cada aborto espontâneo que tive era uma forma de me castigar por tê-lo perdido, era tão difícil ter que conviver com a culpa, com o fato de que talvez eu nunca conseguisse gerar novamente uma criança. Quando Bella nasceu voltei a viver, ela se tornou a razão de minha existência, mas com o passar dos anos, a dor e as mudanças ocorridas a nossa volta fizeram com que eu me tornasse amarga, e me afastasse de minha amada filha. Assim que Alice e Emmett entraram em nossas vidas era como se tudo finalmente entrasse nos eixos, mesmo sem meu adorado sobrinho. Mas no fundo, sempre faltava alguém..

- Esse alguém era Kabe? – Disse Bella arrumando um apelido para o irmão mais velho.

- Sim querida, era Kabe.

- Isso é extremamente surreal. Eu nem sei o que dizer. – Resumiu minha filha.\t

- Se não se importa gostaria de fazer parte de sua vida Bella, ser seu irmão, isso claro se me aceitar.

- Achei que já o tivesse feito.. quero dizer.. é que.. é como se você sempre estivesse estado aqui, e agora bem.. está.

Kaleb sorriu e abraçou a irmã. Depois de um jeito meigo e autoritário disse:

- Okay mocinha, está ficando tarde e a senhorita precisa ir para casa descansar..

- Mas são 17h! – Bella falou alarmada.

- E você não dorme bem há dias. – Falou dando um beijo no topo de sua cabeça. Como imaginei todo esse tempo, ele tinha a mim e a irmã em um pedestal. Bella me abraçou e depois Kaleb, ele saiu com uma piscadela, segurando a mochila dela.

- Vem baixinha, precisamos te levar pra casa e você precisa mesmo descansar um pouco.

Sorri involuntariamente, meu mundo estava completo.

POV Kaleb

Sorri e pisquei para minha mãe, uma forma de dizer que ia cuidar da baixinha cabeça dura ao meu lado.

Coloquei uma mão sobre o ombro direito de minha irmã guiando-a até o carro de forma alguma eu a deixaria dirigir depois de passar quase 15 horas acordada.

- Kabe? – Chamou ela. – Onde estamos indo, meu carro está do outro lado.

- Vamos no meu. – Falei com um sorriso tímido.

- Mais..

- Nada de mais Bells, vamos no meu, você está exausta. E antes que pergunte eu sei o caminho. – Um pouco emburrada me seguiu e olhou surpresa para o meu kalebizinho, meu baby, tá, o meu carro.

- Oi baby, vamos hoje levar a Bells pra casa okay? – Vi minha mana arquear a sobrancelha e balançar a cabeça em negação.

- Deus você e Emm serão melhores amigos, posso até ver.. – falou bocejando.

- Ladies first*. – Brinquei com ela. – Ela riu entrando no carro, abri a minha porta e joguei a minha mochila e a dela no banco de trás e liguei o som.

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Tocava uma de minhas músicas favoritas, Human do The Killers. Bella fechou os olhos curtindo a música e em alguns minutos adormeceu. Tive certeza disso quando paramos em frente a sua casa e chamei-a baixinho. Ela respirava suavemente. Então peguei minhas coisas e as dela, fechei a porta, abri a porta do passageiro passei um de meus braços por seu dorso e outro pelas pernas, inconscientemente ela me abraçou e caminhei até a entrada e toquei a campainha, e uma garota morena de cabelos longos aparência de fada e um semblante preocupado abriu a porta me analisou de cima a baixo e quando viu minha irmã disse:

- Bella! O que você fez com ela? – Falou em um tom irritado.

- Nada, eu não fiz nada á minha irmã, você deve ser a Alice, muito prazer sou Kaleb.

- Bella não tem um irmão. – E antes que ela me enchesse de perguntas disse:

- É uma longa história, eu te explico assim que colocar a pequena aqui na cama, pode ser ou tá difícil? – Perguntei brincando casualmente com ela. A miúda deu um sorriso e escancarou a porta me dando direções para o quarto de Bella, depositei o corpo de minha irmã na cama e a enrolei nos edredons em forma de casulo, Alice riu e beijou o rosto de minha irmã tirando seus sapatos em seguida, me repreendi por minha própria estupidez, afinal que tipo de pessoa dorme de sapatos?

Balancei a cabeça enquanto Alice sorria com uma expressão enigmática. Antes mesmo de chegarmos a cozinha Alice puxou meu braço e literalmente me sentou na cadeira nunca imaginei que alguém tão pequena pudesse ser tão forte. Apontando seu indicador para mim disse acusadora:

- Pode ir abrindo ao seu bico mocinho! – estava prestes a dizer algo quando a mesmo me interrompeu – quem diabos você pensa que é pra ir entrando e chegando desse jeito, irmão da Bella! Tá legal! Rárárá! Você não me engana não o bonitinho... – Falava autoritariamente, eu me segurava para não rir da pequena anã a minha frente.

- Olha anãzin...

- Termina e juro que te mato! - Ameaçou.

- Digo Alice...

- Muito melhor, vamos continue, eu estou esperando, me deslumbra, ô irmão mais velho. – Disse zombeteira, cruzando os braços.

- Sou meio irmão da Bella, filho de Renée com seu primeiro namorado Miguel.

- FALA SÉRIO! PUTA MERDA! ISSO É..

- Allie menos, assim irá acordá-la! – Falei sorrindo.

- Eu já nem sei o que pensar.. isso é MARAVILHOSO! – Disse me surpreendendo, dando pulinhos. – Eu quero ouvir tudo – falou pegando o meu braço e finalmente me direcionando para cozinha.

- Sério, quero saber de tudo mesmo! Bella deve estar tão contente, a vida anda sendo tão dura com ela, sabe?

- Estarei aqui Alice a partir de agora, e não pretendo ir muito longe não.

- Ótimo. Vou fazer um chá.

E com isso passou a me relatar tudo o que sabia sobre minha irmã, descobri em Alice uma nova amiga e uma irmã em potencial. Já deveriam ser quase 4h da manhã quando Alice adormeceu. Havíamos caído em uma conversa no sofá da sala com a televisão ligada, Allie resumira um pouco de sua vida, falara muito de Bella e por fim falara também de Edward. Rapidamente me vi gostando muito de Emmett e Edward, pareciam dois caras que amavam a vida, e o mais importante amavam minha irmã e a Alicinha, e que Deus nunca a permita me ouvir chamando-a assim.

POV Edward

Fazia um bom tempo desde que Alice dava notícias, e honestamente eu não queria nada mais do que ouvir a voz de meu anjo novamente.

Minha vida andava caótica, como se isso fosse uma grande novidade, resumia-se a estudo, trabalho, estudo e mais trabalho.

Ouvia constantes reclamações de minha amada mãe Esme, dizendo que eu deveria relaxar um pouco, ir a praia, visitar mais ela, ou até, ela teve a coragem de dizer, visitar Bella. Com certeza minha mãe havia perdido a cabeça.

Eu tentava inutilmente encontrar em olhares, vozes, bocas e corpos alguém que ocupasse o lugar característico e único de Bella, mas era em vão. O que eu conseguia era magoar várias mulheres e magoar a mim mesmo.

Várias depois de alguns encontros desistiam, eu já havia dormido com várias, meu sentimento para com elas não chegava sequer perto do sentimento que sentia por minha menina. Nenhuma delas me atingia e contrariando a tudo e a todos, eu terminava rapidamente relacionamentos que mal começavam.

Era nestes momentos em que sentia inveja do relacionamento extremamente passional e companheira em que Emmett se encontrava. Eu sabia o porquê não havia seguido em frente com Rosalie, pois com ela não poderia ser só mais um cafajeste, eu a adorava como uma amiga é claro, e por isso não pude amá-la.

Eu andava nessas e vindas quando misteriosamente a família Denali composta somente por mulheres soube devido aos murmúrios chegou à pequena cidade de Forks.

E mais rápido do que eu pensava me encontrava sobre o charme de Tanya Denali a filha mais nova do casal. Ela tinha uma irmã Carmem, que segundo as informações morava no Alasca, havia sido enfeitiçado por sua beleza e carisma, Rosalie não gostava dela, dizia que era boazinha demais pra ser real, Emmett não ficava atrás da namorada e falava que por trás do rostinho bonito havia uma cascavel prestes a me abocanhar.

Logicamente ignorei. Tanya era simplesmente perfeita, se nunca me deixasse compará-la a Bella, pois perfeição só havia nela. Mas estava cansado e me sentia solitário e ignorando todos os meus sentidos e os avisos de meus amigos, me deixei levar pela garota estonteante sentada a minha frente, sim ela também estava cursando medicina, que ironia não é mesmo. Não que Tanya fizesse o meu tipo, mas ela era belíssima, lindos olhos azuis, cabelos loiros e um corpo com curvas metricamente delineadas, uma ótima perdição, devo dizer.