A história antes da história escrita por Sensei


Capítulo 1
Mães


Notas iniciais do capítulo

Gente, sério... Eu adorei escrever essa história, sobre as mães da Lyra, do Nate e da Rose.
Fazer vocês conhecerem elas um pouco mais.
Espero que gostem...
Câmbio e desligo



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PDV Kate

-VOCÊ NUNCA VAI SER ALGUÉM NA VIDA! –Ela gritou apontando o dedo na minha direção.

-VALEU PELA INJEÇÃO DE ENTUSIASMO VOVÓ! –Gritei de volta.

Bati a porta do quarto e tirei a mala de cima do guarda-roupa, eu sabia que estava na hora de ir embora, ela agora tinha alguém que ficasse com ela, não era mais minha responsabilidade.

Não é que eu odeie minha avó, não... Eu e ela somos parecidas demais para viver no mesmo teto, é isso! Ela vive por me jogar na cara que se eu continuar com o Jake, meu namorado, eu vou acabar numa casinha do subúrbio, com três filhos pequenos, um na barriga, um cachorro, dois gatos e muita bagunça, além de um marido preguiçoso e bêbado.

Assim como ela.

Essa é a vida que ela sempre quis evitar para as suas filhas e conseguiu... Agora ela passou para as netas.

Eu a agradeço por isso e sei que ela só quer o melhor para minha vida, mas as vezes ela tem que me deixar tentar fazer o que eu acho melhor para a minha vida, eu não sou mais uma garotinha de dez anos, eu já tenho quase 30 e estava na hora de me casar, ter um filho...

-Para onde você vai? –Ela perguntou batendo na porta.

-Vou para casa do Jake! –Respondi calmamente.

-Você está cometendo um erro Katherine! Esse homem não serve para você. –Ela disse.

Fui até a porta e abri num rompante, ela ficou momentaneamente surpresa.

-E quem serve pra mim? O Ronald? Aquele corretor de merda metido a rico? Eu detesto aquele homem vovó! Não o quero perto de mim! Tudo o que ele quer é ter uma mulher troféu para exibir aos amigos, eu sou mais do que isso! –Falei irritada. –Eu tenho um cérebro sabe? E teria magia também se a senhora não tivesse impedido a mamãe de me matricular em Hogwarts quando a carta chegou pra mim!

Ela arregalou os olhos.

-Como você sabe disso? –Ela perguntou temerosa.

-A senhora achou que iria guardar esse segredo pelo resto da vida? Achou mesmo que eu não descobriria que sou uma bruxa? –Reclamei.

-Bruxaria é coisa do demônio querida! Não queria que você fosse para o inferno! –Ela disse com convicção.

-Como a minha mãe caiu nessa ladainha? –Me perguntei.

-Tenha respeito garota, eu ainda sou a sua avó! Como você descobriu isso? –Ela perguntou irritada.

-O último marido da mamãe era bruxo. –Falei. –Ele notou os meus poderes e quis me ensinar. Mas mamãe não permitiu, disse que não queria que você me renegasse. Sabe eu preferia que ele tivesse me ensinado.

Então ela simplesmente me desceu a mão na cara! Uma bela de uma tapa que deixou meu rosto ardendo, meu rosto foi para o lado com a força e eu simplesmente fiquei chocada demais para me mexer.

-Oh Meu Deus! –Ela exclamou colocando a mão em frente à boca com um olhar arrependido. –Me perdoe Katherine.

Eu virei para a mala feita e a fechei com força ignorando a minha avó que vinha para o meu lado pedindo desculpas. Nunca permiti que ninguém me batesse, ela não seria a primeira.

-NÃO! –Gritei. –Não vou perdoa-la vovó! É somente por todo o respeito que sinto pela senhora que não retribuirei a tapa, mas nunca mais volte a encostar a mão em mim.

Peguei a mala e saí de casa.

---

Quando cheguei na casa de Jake era a hora que ele geralmente estava no trabalho. Tentei abrir a porta da frente, mas estava trancada, então passei a mão atrás do jarro no terraço onde ele deixava a chave, fiquei um pouco surpresa em notar que não havia chave alguma lá.

Deixei a mala em frente a porta e dei a volta na casa, a porta dos fundos estava aberta, mas ele só deixava assim quando estava em casa, empurrei delicadamente.

-Jake? –Chamei.

Ninguém respondeu.

Ouvi o barulho de alguma coisa caindo no chão lá no quarto. Sorri, ele devia ter chegado mais cedo, olhei para o relógio... wow, muito mais cedo.

Fui em direção aonde o som havia vindo, estava um pouco desconfiada do que ele fazia ali naquela hora, me aproximei da porta do quarto dele, estava aberta e a porta do banheiro trancada, pude ouvir o chuveiro. Aproximei-me da porta e coloquei o ouvido na madeira, consegui ouvir uns barulhos abafados... Aquilo eram gemidos? Ah não, por favor, que não seja o que eu estou pensando.

Puxei a maçaneta com força e empurrei a porta, Jake virou o rosto em minha direção e ficou parado naquela posição meio constrangedora com uma vadia de joelhos na frente dele... Espera, eu disse “na frente dele”? Quis dizer, com a boca nele.

E surpresa! Aquela era a amiga da secretaria dele.

-Filho da P***. –Falei.

-Kate! –Jake gritou jogando a mulher no chão com o susto.

A vadia gritou de surpresa e fez um som de desagrado.

-Jake! –Ela falou irritada com o tratamento rude.

-Eu... Eu... Porra! Eu confiei em você. Desgraçado! –Falei irritada.

Virei às costas e saí em direção a porta, eu só queria sair dali o mais rápido possível, mas Jake me seguiu segurando no meu braço antes que eu saísse.

-Kate, eu posso explicar. –Ele disse seriamente, mas era meio difícil levar ele a serio quando estava pelado.

-Ah, mas eu vi muito bem ali no banheiro, aquela cena não precisa de legenda! –Gritei. –caramba Jake, eu te amo. Eu achei mesmo que a gente ia ficar junto, que íamos ter filhos.

-Filhos? Caramba Kate, nós namoramos há alguns meses. –Ele disse meio desconfortável.

-Alguns meses? NÓS NAMORAMOS HÁ DOIS ANOS SEU IDIOTA!

-Tá bem, dois anos... Mas...

-Quer saber? Você é um babaca!

Então eu abri a porta e peguei a minha mala que estava lá na frente, saí sem olhar para trás, aquele pedaço de lixo não merecia nem a minha presença.

---

Sentei-me num banco que havia ali, era uma pracinha com uma fonte no centro e alguns brinquedos infantis, onde as famílias costumavam vir para passear. Já fazia uns seis meses que eu havia terminado com Jake, depois que saí da casa dele comprei uma passagem para Londres, voltar para casa é que eu não ia, não depois do que a minha avó tinha feito comigo.

Em Londres me hospedei com uns amigos até encontrar um emprego e uma casa para alugar.

Meu celular vibrou no bolso, olhei para a tela e suspirei.

O nome Vovó em letras grandes preenchia a tela. Desliguei a chamada.

Eu estava por minha conta, já estava na hora de aprender a me virar sozinha! Eu não podia viver debaixo da asa da minha família para sempre e nem queria.

Vi uma menininha loira passar correndo por mim.

-Olhe papai, uma borboleta! –Ela gritou correndo atrás de uma borboleta amarela.

Era isso que eu queria. Uma criança para cuidar, para amar, para chamar de minha. Ah, eu tinha tanto amor guardado... Senti lágrimas nos olhos. Eu queria um filho! Mas simplesmente não podia fazer um sozinha...

Ou podia?

---

PDV Andrea

O médico passava o gel na minha barriga avantajada, era gelado, sorri animada.

-Bem, vamos ver o que esse bebê é. –Ele disse sorrindo tranquilizador.

Eu apenas acenei com a cabeça.

Olhei para a porta ansiosa esperando o Max, meu marido, ele ensinava química numa faculdade em Londres e era muito ocupado, por isso estava sempre atrasado para os nossos compromissos.

Suspirei tristemente.

-Senhora Kepner? –O médico chamou minha atenção.

-Sim? –O olhei ansiosa.

Ele indicou o monitor com o queixo, havia ali a imagem meio desfocada do meu bebê, o médico sorriu.

-Parabéns, é um menino.

Senti lágrimas nos meus olhos... Um menino, Max sempre quis um menino.

A porta se abriu de repente.

-Está atrasado. –Falei para Max enquanto limpava as lágrimas.

-Eu vim não é? –Ele disse dando de ombros.

-Você é o pai? –O médico perguntou.

Max apenas acenou que sim enquanto veio até o meu lado e colocou a mão no meu ombro.

-Bom, meus parabéns papai, é um menino.

-É um menino?! –Max arregalou os olhos.

-Sim! –Eu respondi animada.

-Um menino! –Ele exclamou feliz.

Max me deu um beijo na testa e virou de costas pegando o celular para ligar para alguém, abri a boca para reclamar, mas decidi não falar nada, Max nunca mudaria.

-O senhor poderia imprimir uma dessa para mim? –Pedi ao médico apontando para o monitor.

---

A manchete no jornal me saudou com uma energia mórbida.

-Não pode ser possível! –Ofeguei enquanto lia as letras garrafais de uma primeira página que meu marido segurava bem na minha frente.

“Clínica de Inseminação troca amostras de pacientes”

-Eu espero que você não tenha sido uma dessas pacientes, Andrea! –Max gritou jogando o jornal no meu rosto.

-Max! –Gritei enquanto ele saia pela porta. –MAXIMILIAN!

Mas ele não retornou. Peguei o jornal e joguei do outro lado da sala.

No dia que eu entrei naquela clínica de inseminação artificial eu estava tão nervosa! Queria tanto um filho, mas tinha dificuldades para engravidar por causa de um problema nos ovários e isso deixava o Max muito frustrado. A família dele sempre foi muito tradicional.

Fiquei feliz de ter conhecido Angela e Katherine, elas me deixaram mais calma.

E mas essa agora... Minha vida já não era agitada o bastante sendo professora de adolescentes cheios de hormônios?

E se esse filho não fosse mesmo do Max? O que eu devia fazer? Mandar para adoção?

Aquela palavra ficou ecoando na minha cabeça... Adoção. Adoção. Adoção.

Eu não sabia o que fazer. Eu teria coragem de fazer isso? Teria coragem de dar meu bebêzinho? Agora era a hora de fazer a minha escolha. Meu filho ou meu casamento.

---

Empurrei a porta da lanchonete. Vi Angela sentada numa mesinha, sua barriga de três meses começando a aparecer, ela acenou me chamando.

-Hey. Como você está? –Ela perguntou levantando da mesa e me dando um abraço.

-Não sei... Não sei. O que isso significa? –Perguntei tirando o jornal da bolsa.

Ela fez uma careta e me encarou.

-Vou esperar Kate para podermos te explicar.

-Então você sabe o que houve... Angie eu quero respostas.

Então ouvimos a voz de Kate.

-Com licença, barriga gigante passando!

As pessoas sorriam a abriam espaço para que ela passasse. Sua barriga de sete meses se destacando na multidão.

-Olá meninas. –Ela disse quando se aproximou. –Trouxe o que eu te pedi? –Ela perguntou me olhando.

Abri a bolsa e tirei de dentro os documentos da minha inseminação artificial entregando a ela.

-Por favor, me diga que não sou uma dessas pacientes. –Eu falei assustada.

-É isso que vamos ver. –Angela disse olhando os papeis junto com Kate.

-Meninas, o meu marido viu a reportagem no jornal. Ele está com muita raiva! Acho que... Acho que se esse filho não for dele, Max vai querer que eu o tire ou o ponha para adoção. Ele não vai criar o filho de outro homem.

As duas levantaram a cabeça para olhar para mim, os rostos chocados.

-Você não vai fazer isso... Vai? –Kate perguntou.

-Andy, é um bebê. –Angela disse um pouco receosa. –Além do mais o bebê está muito desenvolvido para que você o aborte. Teria um risco muito grande de morte para você ou até sequelas irreversíveis.

Abracei minha barriga sem saber o que fazer.

-Não quero dar o meu bebê. –sussurrei baixinho.

-Como eu imaginei... –Kate disse batendo no papel. –Vê Angela? Igual ao nosso. O número da amostra... É diferente. Antes da operação era esse. –Ela apontou para algo no papel. –Mas depois da operação mudou para esse.

Angela olhou para mim pesarosa.

-Sinto muito Andrea... Seu filho não é do Max.

---

Deitei a cabeça no encosto do sofá, a carta do meu pai estava na minha mão e lágrimas rolavam pelo meu rosto. Pai! Você foi um homem incrível e me orgulho muito de ser sua filha. Passei a mão delicadamente pela minha barriga. Não, eu não iria me desfazer do meu filho, ele podia não ser do Max, mas era meu e isso é valioso para mim.

A porta abriu com um estrondo. Levantei do sofá assustada e Max entrou irritado. Ele olhou meu rosto molhado pelas lágrimas e pareceu ficar mais irritado ainda.

-Essa criança não é minha, não é? –Ele perguntou.

-Não, sinto muito. –Falei limpando o rosto.

Ele pegou o abajur de cima da mesinha de cabeceira e jogou na parede gritando.

-Não espere que eu crie esse bebê Andrea, você vai ter que se livrar dele se quiser ficar comigo. –Ele gritou.

Naquele momento eu senti o cheiro de bebida.

-Eu não esperava que você criasse um filho que não é seu Maximilian. –Respondi fria. –Jamais faria isso com você.

-Então o que você vai fazer com isso? –Ele perguntou apontando para minha barriga.

Coloquei a mão na frente numa tentativa de proteger a minha pequena bolinha.

-“Isso” é o meu bebê. Então não se refira a ele desse modo idiota.

Ele pareceu desnorteado.

-Eu não entendo... Eu achei que...

-Eu sei o que você achou. –Falei. –Eu quero o divórcio.

---

PDV Angela

-É o bebê mais lindo da Tia Kate, é sim! –Kate falava para o bebê careca que ela carregava no braço.

Soltei uma risada. E ela me olhou sorrindo.

A pequena Lyra dormia tranquila no cercadinho e eu podia ouvir a voz de Andrea cantarolando na cozinha fazendo a mamadeira do Nate.

Era uma vida tranquila aquela que eu consegui. Acariciei minha barriga pensando em tudo o que havia acontecido, meu coração ainda doía pela traição do homem que amo, mas aquele bebê me ajudaria... Ela me salvaria da tristeza.

-Amanhã é Hallowen! –Kate falou sentando ao meu lado, o pequeno Nate fez um barulhinho de desagrado quando ela o trocou de posição.

-Sim, talvez pudéssemos sair para dar uma volta com as crianças. O que você acha? –Perguntei.

-Com a sua barriga desse tamanho? –Ela disse apontando para mim e riu. -Não vamos nos arriscar. Essa menininha vai nascer a qualquer momento.

Pensei nisso melhor e percebi que ela estava certa. Minha barriga estava muito grande e só faltava uma semana para que ela completasse nove meses. A espera era o pior.

Andrea veio para a sala com a mamadeira na mão.

-Me dê cá esse homenzinho. –Ela falou sorrindo.

Kate entregou o pequeno Nate para a mãe.

-Do que estão conversando? –Andrea perguntou sentando ao nosso lado e aconchegando Nate nos braços para lhe dar comida.

-Kate estava comentando que amanhã era Hallowen. Dei a ideia de sairmos com as crianças, mas a minha condição... –Expliquei.

Ela acenou que sim com a cabeça.

-Estão certas. É melhor não arriscarmos. Pedi para o meu irmão vir passar um tempo no apartamento que ele tem aqui perto só no caso de termos que sair de repente para o hospital e não podermos deixar os bebês com alguém. –Ela explicou.

-É uma ótima ideia! –Kate sorriu animada. –Ah, falando nisso, será que vocês poderiam ficar com a Lyra hoje à noite? Tenho uns assuntos para resolver e provavelmente vou chegar tarde.

-Tudo bem, sem problemas. –Andrea respondeu sorrindo.

Então um choro alto soou no ambiente.

-Acho que alguém acordou. –Falei sorrindo.

A pequena Lyra se remexia e Kate sorriu indo em direção a filha.

---

Já era mais de uma da manhã quando eu levantei com algumas contrações na barriga, o que era bastante normal no meu estágio de gravidez, me estiquei um pouco e respirei fundo esperando a dor passar.

Então um líquido quente escorreu pelas minhas pernas.

-Droga! –Gemi.

Eu sabia o que aquilo significava, que a minha pequena estava chegando.

-Respira Angela... –Falei para mim mesma e gritei pelas meninas. –ANDREA! KATE!

Ouvi o choro da Lyra, havia acordado a bebê com eu grito.

-ANDREA! –Gritei de novo.

As contrações passaram e pouco depois voltaram, de novo.

-DROGA ANDREA VEM AQUI CARAMBA! –Gritei me irritando.

Andrea apareceu na porta do meu quarto com a pequena Lyra no braço e foi ligando a luz.

-Você acordou a Lyra com toda essa... Oh Droga! –Ela arregalou os olhos para a cama. –Acho que isso não significa que você fez xixi na cama, não é?

Olhei para ela cética.

-CLARO QUE NÃO! –Gritei sentindo mais uma onda de dor.

-Okay, vou ligar para o Ash. –Andrea falou indo para a sala.

Senti um arrepio quando ela pronunciou aquele nome.

Ela disse mesmo Ash?

Outra contração. Respira. Respira.

-ONDE É QUE ESTÁ A KATE DROGA? –Gritei.

Levantei da cama tomando cuidado com a barriga, podia ouvir a Andrea falando com alguém no telefone.

Contração. Respira. Respira.

Andrea voltou.

-Ash já está vindo. –Ela falou me ajudando a ficar de pé e me levando para a sala. –Kate saiu e ainda não voltou.

Ela me deixou sentada no sofá. Contração. Respira. Respira.

Andrea virou as costas para voltar para o quarto, mas segurei a mão dela.

-Você disse que o nome do seu irmão é Ash? –Perguntei.

-É apelido. –Ela respondeu. –O nome dele mesmo é Talon.

Fiquei paralisada.

Não podia ser... Não podia ser...

Andrea não podia ser a irmã que ele tanto gosta. O destino não faria uma brincadeira dessas comigo.

Contração. Grunhido de dor. Respira. Respira.

Andrea voltou com a bolsinha que tínhamos arrumado para me levar a maternidade.

A campainha tocou.

Olhei para a porta com olhos arregalados... Que não seja o mesmo... Que seja coincidência que eles tenham o mesmo nome e o mesmo apelido.

Mas o destino realmente não estava do meu lado.

-Você demorou! –Andrea falou censurando quando abriu a porta.

-Vim o mais rápido que pude. –A voz ofegante dele respondeu.

Aquela voz... Chamou meu nome tantas vezes. Com amor, raiva, carinho, irritação, graça.

Balancei a cabeça negativamente, com força, não podia ser. Não podia ser ele.

-Vamos embora Angie. –Andrea falou chegando à sala.

-Andrea... –Olhei para ela, desesperada.

Contração. Respira. Respira.

-O que foi? –Ela perguntou assustada. –Alguma coisa errada?

-Angela? –A voz dele chegou aos meus ouvidos, delicada, surpresa.

-Não... Você não... –Falei tentando me levantar. Ele veio me ajudar. –Não toca em mim! –Empurrei suas mãos.

Ele fez uma careta arrependida. Levantei do sofá, Andrea olhava de um para o outro sem entender o que acontecia.

Contração. Respira. Respira.

-Angela, eu... –Ele hesitou. –Você fugiu. Eu venho procurando por você todo esse tempo, eu só queria...

-Espera! Você é o ex-namorado canalha da Angie? –Andrea perguntou se intrometendo na conversa.

-Canalha? –Ele perguntou um pouco ultrajado. Então olhou pra mim. –Você sabe o que aconteceu, não foi minha intenção... Eu só queria...

-Você não quer nada! –Falei. Contração. Respira. Respira. –Nós já falamos tudo o que tínhamos para falar. Eu ouvi suas explicações, mas eu simplesmente não vou te perdoar Talon! Agora se me dá licença eu tenho uma criança para colocar no mundo.

Fui em direção a porta, Andrea correu e segurou minha mão para me ajudar a ir até o carro.

-Angela... –Talon chamou.

-Não! Ash, péssima hora para um reencontro. A criança está nascendo. –Andrea falou preocupada. –Nós temos que ir.

Contração. Respira. Respira.

Então descemos até o carro e ela me acomodou no carona.

Acariciei minha barriga avantajada e suspirei. Não acreditava que aquilo estava acontecendo, ver ele de novo foi como uma avalanche de memórias, todos os risos, os beijos, os carinhos, por que ele tinha que engravidar outra mulher? Por que droga?

Contração. Respira. Respira.

Não notei que estava chorando até que Andrea sentou no banco do motorista.

-Ei, ei, ei, não! Não chora, por favor. –Ela disse levantando meu rosto e limpando minhas lágrimas. –Eu sei o quanto você sofreu por ele. Eu juro Angie, não sabia que o meu irmão era o seu ex-namorado.

-Tudo bem... Tudo bem... –Falei.

-Olha pra mim. –Ela disse olhando nos meus olhos. –Sua filha está nascendo! Uma menininha linda que você vai cuidar e amar com todo o seu coração. Não é a hora de se preocupar com o Talon.

Como se para reforçar o que ela havia dito senti outra contração e sorri.

-Você está certa. –Falei. –Vamos logo antes que eu tenha que ter essa criança no seu carro.

-Jesus, não! –Ela disse rindo.

---

Eu nunca imaginei que ter uma criança era algo tão difícil.

-Vamos lá, você consegue. –Andrea falou segurando a minha mão. –Empurre quando vier a contração.

Acenei com a cabeça indicando que eu entendi, inspirava e expirava sem parar, eu já estava toda suada e nem queria pensar naquele médico olhando para as minhas partes intimas, eu na verdade não queria nem pensar em como estava as minhas partes intimas.

-Doutor tem uma mulher aí fora pedindo para entrar, disse que é amiga paciente. Chama-se Katherine Anderson. –A enfermeira falou.

O médico olhou para mim.

-Pode deixaAAAAAAAAAAAr. –A contração me pegou bem no meio da frase. Soltei um lamurio de dor.

Um minuto depois Kate entrava na sala e segurava minha outra mão, ela beijou minha testa suada com entusiasmo.

-Então? Prontas para trazer mais um integrante da nossa estranha família ao mundo? –Ela perguntou. Eu sabia que ela sorria debaixo da máscara.

Sorri de volta.

-Com toda certeza. –Andrea respondeu.

Era isso... Essa era a minha família, essa era a família que eu queria dar para a minha filha, era a família que eu escolhi para mim.

-Não se esqueça de empurrar quando a contração vier. –Kate falou apertando a minha mão, confiante. –Estamos aqui.

E eu sabia que elas estariam sempre do meu lado.

---

-Olha quem veio visitar a pequena Rosemary! –Kate falou segurando Lyra e Nate nos braços.

Eu ri quando vi que os dois usavam uma fantasia de bruxos. Kate deu pulinhos, animada, ela adorava Hallowen.

-Não faça isso Kate. –Andrea reclamou dos pulos indo pegar as crianças, as duas, e ninando elas, fingindo que Kate não estava ali.

-Ela roubou a minha filha! –Kate disse numa expressão fingida de choque.

Balancei a cabeça negativamente, rindo.

-Vocês não tem juízo. –Falei.

-E onde está a pequena Rosemary? –Kate perguntou.

-Está aqui! –A enfermeira falou trazendo um pacotinho cor-de-rosa, mas parou na porta, surpresa. –Vejo que temos muitos bebês aqui dentro. Você tem muito boa assistência.

-Todas as mães de primeira viajem. –Falei.

Ela riu.

-Bem, está na hora de amamentar essa esfomeada aqui.

Ela veio até mim e colocou em meus braços o pacotinho, era minúscula, só dava para ver o rosto e ela tinha os olhos fechados, um narizinho empinado e quase nenhum cabelo na cabeça.

Senti lágrimas nos olhos.

-Ela é linda. –Falei emocionada.

Kate veio até mim e olhou para ela.

-Nossa pequena Rose. –Ela disse. –A flor mais linda do nosso jardim.

-Sim, ela é. –Falei tocando delicadamente em sua bochecha.

A enfermeira me ajudou a ficar confortável para amamenta-la.

-Agora deixe que ela pegue o peito. –Ela disse.

Olhei para a minha menininha enquanto ela se alimentava, um amor tão grande tomou meu coração, era isso, por ela eu faria tudo.

-Eu vou proteger você. –Sussurrei. –Eu te amo tanto minha pequena Rose.

Então ela abriu os olhos e olhou para mim e naquele momento não importava Talon, não importava traição, não importava mágoa. A minha filha estava nos meus braços, seus olhos verdes iguais aos meus.

E isso era tudo o que importava.


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Notas finais do capítulo

Para quem deixa review:OBRIGADA! Amo vocês Suas lindas *-*
Para quem não deixa por que não tem perfil: Tudo bem, eu perdoo.
Para quem não deixa por preguiça: Gente, o dedo não vai cair, faz esse esforcinho vai, por favor?
BEIJOOOS LIINDAS *----------*
RECOMENDEM PLEASE!
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