Acordei cedo na manhã seguinte e encontrei uma carta padronizada em meu chalé. Eu soube que havia sido escrita pelo Sr. D, pois ele sempre errava o nome dos campistas.

Cara Ashley johnson,

Se você pretende permanecer no Acampamento Meio - Sangue o ano inteiro, precisa informar a Casa Grande até o meio-dia de hoje. Caso não anuncie suas intenções, presumiremos que você vagou o seu chalé ou morreu de uma morte horrível. Harpias da limpeza começaram seu trabalho ao pôr do sol. Elas estão autorizadas a comer qualquer campista não registrado. Todos os artigos pessoais deixados para trás serão incinerados no poço de lava.

Tenha um bom dia!

Senhor D (Dioniso)

Diretor do Acampamento, Conselho Olimpiano nº 12

Então era isso. O verão acabara.

Eu precisava ir avisar que iria para casa, meu poderia chegar a qualquer minuto para me buscar. Já havia arrumado minha mochila, que estava muito estufada por conta do casaco de pele que eu ganhei quando matei o Leão da Nemeia. Resolvi guardar minhas facas também dentro da mochila, ficaria só com o anel de arma.

Depois que me arrumei, sai de meu chalé e parei na porta. O Acampamento Meio - Sangue era o único lugar seguro para semideuses; eu sabia que poderia ser atacada por monstros durante o ano em que estivesse fora. Estaria sozinha, sem meus amigos para me ajudar a deter um Manticore. O que eu iria fazer?

Você tem o coração de uma caçadora, Alexandra. É mais que uma heroína do acampamento; nenhum monstro caça uma caçadora, as caçadoras que o caçam.

Sorri; tinha certeza que havia ouvido a voz de minha mãe dizendo essas palavras, como que trazidas pelo vento.

Olhei para meu anel de lua crescente e toquei em meu colar.

Nenhum monstro caça uma caçadora.

Fechei a porta de meu chalé atrás de mim e caminhei em direção a Casa Grande.

Eu ficaria bem.

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– Tem certeza de que quer voltar, minha querida? - perguntou Quíron, gentilmente.

– Sim, senhor Quíron. Quero ser uma heroína, mas também quero ter uma vida normal. - respondi suavemente.

Quíron sorriu para mim, mas parecia preocupado.

– Criança, esse foi seu primeiro verão aqui no acampamento, e você recebeu apenas a sua primeira missão. Meios - Sangues raramente tem uma vida normal. Agora que você sabe quem é, atraíra mais monstros. - ele me olhava suavemente.

– Sou filha de Ártemis, senhor Quíron. - sorri - Filha de uma Caçadora, os monstros não nos caçam, são caçados por nós.

Quíron riu.

– Você realmente é a filha de Ártemis. - ele sorriu e me entregou uma chave. A chave do meu lindo carro novo que eu e Cassandra usamos para fugir de uma Manticore tanto tempo atrás.

– Meu carro! - exclamei, pegando a chave.

– Você o encontrará estacionado a alguns metros daqui. - disse Quíron - Agora talvez você queira ir se despedir da senhorita West e do senhor di Angelo antes de ir embora. - ele apontou para trás de mim.

No cume da Colina, junto ao pinheiro no limite das fronteiras mágicas, havia um homem parado. Ele era alto, de cabelos escuros como os meus. Meu pai já havia chegado.

– ALEXANDRA! - uma voz gritou. Cassandra me sufocou com um abraço apertado.

– Vou sentir saudades, Cassie. - falei, retribuindo o abraço.

Ela me soltou e segurou meus ombros.

– Prometa que vai tomar cuidado na escola. Monstros costumam se instalar lá para conseguir um meio - sangue para o jantar! - ela arregalou os olhos.

– Eu prometo. - falei rindo.

– Ótimo! - ela me estendeu um papel - Esse é o meu endereço. Caso você queira sair para caçar monstros não vá sozinha. - então ela parou e apontou em direção aos chalés - O senhor Sombrio e Assustador também não vai ficar. - ri quando percebi que ela estava falando de Nico.

– Você vai voltar no próximo verão? - perguntei.

– Vou voltar no inverno. - ela respondeu - Gosto de treinar aqui e no inverno não tem muitos campistas quanto no verão.

Nos abraçamos mais uma vez e eu fiz meu caminho para a área dos chalés.

Nico estava saindo do chalé 13 quando eu me lancei sobre ele o abraçando apertado. Ele me abraçou de volta.

– Vá me visitar sempre que puder. - falei, com a voz abafada por causa da jaqueta de Nico.

– Eu vou. - ele me afastou delicadamente.

– E nada de ficar perto de outras garotas. - disse, mas minha voz não saiu firme. Meus olhos lacrimejaram um pouco.

Nico riu levemente.

Eu o abracei pelo pescoço e juntei nossos lábios uma última vez.

– Não se atreva a sumir. - franzi as sobrancelhas - Cassandra me disse que você é bom em sumir do acampamento. Mas não vá embora, por favor. - o abracei mais uma vez.

Ele não respondeu, mas juntou nossos lábios novamente.

Lentamente me afastei dele e corri até onde o meu pai estava, com a mochila em meu ombro.

Antes de passar pela barreira mágica, olhei para trás, para o Acampamento Meio - Sangue.

Eu ficaria bem.

Eu iria voltar.