No dia Quatro de Julho, todos nós assistimos o espetáculo que ficava por conta do chalé 9 na praia. Nunca havia visto algo tão bonito, aquilo era mágico. Os filhos de Hefésto fizeram um ótimo trabalho. Fogos de artifícios explodiam acima de nós; mostrando várias cenas: Hércules matando o leão da Nemeia, reconheci até minha mãe caçando.

No decorrer de Julho eu treinava cada vez mais. Cassandra e Nico se revezavam para me ensinar esgrima. Voltei a ensinar arco e flecha para a filha de Ares.

No mesmo mês, recebi uma carta de meu pai. Ele me perguntava se eu iria ficar no Acampamento Meio - Sangue o ano inteiro ou voltaria para casa. Dizia que entenderia minha decisão e a respeitaria se eu quisesse ficar, mas se eu quisesse voltar para casa ele iria me buscar no final de agosto. Me perguntei como ele saberia onde ficava o Acampamento, mas acho que minha mãe pode ter dito antes de ir embora. Peguei uma caneta e uma folha; escrevi de volta dizendo que iria para casa no fim do verão.

Julho se foi tão rápido como veio.

Eu continuava a treinar. Com o tempo minha amizade com Cassandra ficava mais forte, parecíamos irmãs embora fossemos tão diferente. Liv e Courtney também se tornaram minhas amigas, embora não fossem tão próximas quanto Cassie. Nos fins de tarde eu tentava desenhar todas as paisagens do Acampamento para tê-lo sempre perto de mim quando não estivesse lá. Durante a noite, quando todos se reunião no Anfiteatro para cantar ao redor da fogueira, Nico e eu caminhávamos pela praia. Não conversávamos, apenas aproveitávamos p silêncio e a companhia um do outro.

A última noite da temporada de verão no Acampamento chegou.

Nessa noite eu fui me sentar em volta da fogueira com os outros. Cassandra havia me dito que era hora de entregar as contas de fim de verão. Os conselheiros - chefes as entregavam aos campistas. Nico me entregou a minha em um colar de couro. Não sabia que ele era um dos conselheiros chefes, mas ele explicou que como era o único no chalé 13, ele era um conselheiro e que eu também era a conselheira do chalé 8. Tentei assimilar tudo aquilo, mas não pude depois que vi a conta simbolizando meu primeiro verão. O desenho era escuro como o céu a noite, com uma lua crescente prateada no centro.

– Simboliza a primeira filha de Ártemis na história. - disse Will Solace, se aproximando de onde eu estava com Nico.

Nunca pensei que uma pessoa pudesse ficar tão feliz e ao mesmo tempo tão triste como eu estava naquele momento.

Pela manhã a maioria dos campistas ficaria fora durante o ano.

*****

Logo depois da entrega das contas, Nico e eu caminhamos pela praia uma última vez naquele verão. Estávamos, como sempre, em silêncio, mas era um silêncio confortável. Olhei para o céu estrelado e para a lua, brilhando prateada em forma idêntica a do colar que minha mãe me dera e agora eu usava junto com o colar do acampamento.

– Eu sempre gostei de olhar as estrelas e a lua. - comentei com Nico e ele me olhou. A brisa noturna bagunçava seus cabelos pretos - Não imaginava que tinha algo haver com minha mãe. - ri um pouco.

Era verdade. Sempre achei que meu gosto por estrelas e corpos celestes haviam sido herdados de meu pai; ele era astrônomo.

– Eu nunca gostei de olhar as estrelas. - disse Nico - Só com você eu faço isso.

– Nós deveríamos admirar as estrelas. - falei suavemente e Nico me olhou com uma sobrancelha erguida. Resolvi explicar - Muitas delas já morreram a muito tempo. - disse, gesticulando em direção as estrelas - Mas a força de sua luz é tão intensa que ainda podemos ver seu brilho. Sua luz prevalece mesmo depois de tantos anos.

Senti os lábios frios do filho de Hades tocarem minha testa. Abracei Nico e deitei minha cabeça em seu ombro, o sentindo abraçar minha cintura fortemente. Fechei meus olhos, tentando guardar ao máximo aquela sensação.