Kaos - A Chave de Davy Jones escrita por PaulaRodrigues


Capítulo 1
O Desenho de uma Chave




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/550375/chapter/1

– Entra aí! - disse Jack parando de correr e chegando em um monte de caixões de madeira.

– O quê? Eu não vou entrar nesses caixões - eu disse me recusando.

– Kaos - ele se aproximou de mim, bem perto do rosto como ele costumava fazer. - Ou você entra viva nisso, ou morta, se eles tiverem piedade de você, é claro.

Droga, detesto quando Jack tem razão, estávamos em um local terrivelmente sujo, com cheiro de gente morta e cadáveres podres. Um local onde piratas ou seja lá de onde essas pessoas vieram, estavam sendo torturados. E então ouvimos o badalar de um sino uma vez e os corvos voaram.

– Kaos, você tem que entrar - ele disse abrindo um caixão pra mim.

Que droga, isso é tão nojento. Me aproximei do caixão e ele me ofereceu a mão para me ajudar a entrar. Olhei para ele estranho e entrei sozinha no caixão. Me deitei ao lado do morto, ai que cheiro horrível! Jack fechou a tampa do caixão e entrou em outro. Me deitei de lado e fiquei olhando aquela caveira de um morto desconhecido. Eu estava com muito muito nojo, eu sei que sou uma pirata, mas ainda sou uma mulher e isso é muito nojento. As badaladas começaram a ficar frequentes e eu pude ouvir um grito de horror, meu coração disparou e eu podia fazer a cara de medo que quisesse, afinal, só o morto estava ali, fedendo tudo, eca eca eca.

Então o caixão começou a mexer. Tive que ficar calada pois se fosse descoberta seria muito pior. Após uma balançada, o caixão foi jogado em um lugar duro, o que me fez chicotear pra cima do caixão e voltar. Tapei a minha boca para que não saísse nenhum som por engano e então senti uma outra pressão acima, provavelmente colocaram um outro caixão em cima do que eu estava. Começamos a nos mover e balançar de um lado para o outro, pelo barulho estávamos em uma carroça bem velha e passando por um lugar com muitas pedras e buracos, pois dava pra sentir as lavancadas de maneira bem forte.

De repente paramos, ouvi uns homens dizer alguma coisa e em seguida eles riram, não consegui ouvir o que diziam porque a madeira do caixão atrapalhava um pouco. Então escutei o caixão de cima arrastar sobre o meu e depois outro e então chegou a minha vez. Pegaram meu caixão, ficando de pé, me apoiei na porta que havia sido martelada quando fomos colocados na carroça. O esqueleto começou a se bagunçar.

– Esses ossos estão ficando cada vez mais pesados - disse o que me tinha em mãos.

– Ou você está ficando fraco - disse o outro que parece que pegou o caixão onde eu estava e me jogou.

Tentei não gritar, mas você não ter ideia do que está acontecendo com você é terrível. O esqueleto estava em cima de mim quando o caixão deitou de novo, eu o joguei para o lado meio devagar, eu tinha um respeito pelos mortos muito grande, principalmente os que eu não sabia sobre o passado. Tentei me limpar inutilmente e então fiquei entediada. Passei a mão atrás de mim e vi meu chapéu de Capitã, sim, agora eu tinha um, agora eu parecia uma Capitã, só me faltava o navio. Pelo movimento que o caixão estava fazendo, pude perceber que estávamos boiando no mar. O movimento era violento e toda hora eu tinha que segurar o esqueleto no canto e toda vez que eu fazia isso eu ficava com nojo. Até que chegamos em uma parte calma, com certeza estávamos no mar aberto, até que de repente eu ouvi um grito e gritei. Depois rapidamente tapei a minha boca e fiquei com os olhos arregalados olhando para a tampa do caixão. Pelos deuses, alguém iria me matar, ai não, não, não.

– Kaos! - escutei me chamar meio abafado. - Kaos!

– Aqui! - gritei bem alto e comecei a bater na madeira e a chutar. Então senti uma batida forte, provavelmente o caixão de Jack batera no meu ao se aproximar de mim. Ele deu duas batidas.

– Kaos?

– Sou eu - gritei de volta.

– Use sua arma pra fazer um buraco!

– Okay!

Com um pouco de dificuldade eu peguei a minha arma, mirei na madeira, fechei os olhos e atirei. Comecei a tossir de tanta poeira.

– Você não avisa antes, sua louca! - disse Jack.

Comecei a quebrar o restante da madeira para sentar.

– Foi mal - dei uma risadinha.

Olhei para trás e peguei o meu chapéu de Capitã.

– Okay, agora temos que remar até o Pérola. Desculpe amigo - Jack pegou a perna do esqueleto do caixão dele.

– Ah! Jack! Não!

– O quê? - ele perguntou com inocência.

– Pelos deuses, não se faz isso com um morto que você não conhece.

– Kaos, ele está morto e eu não, eu preciso continuar... não-morto.

– Me recuso a fazer isso.

– Então vai ficar aí.

– Tenho uma ideia muito melhor - eu comecei então a bater na madeira da tampa do caixão para arrancar uma lasca, fui batendo na metade do lado direito e assim que faltava só um pouquinho para tirar, eu dei um empurrão e o pedaço voou para longe de mim no mar.

– Grande ideia - disse Jack analisando e me oferecendo a outra perna do morto dele.

– Não!

– Kaos! Para de frescura.

Fechei a cara pra ele e tentei o lado esquerdo do meu caixão. Dessa vez conseguir arrancar um pedaço da madeira sem deixar que ela saísse pelo mar afora.

– Ahá! - mostrei a madeira e comecei a remar.

Jack revirou os olhos e continuou a usar a perna do morto.

Depois de remarmos um pouco, finalmente chegamos ao Pérola naquela noite enevoada. Os marujos nos lançaram uma corda. Jack se levantou e pegou a corda. Ele me ofereceu a mão, que mania de me oferecer a mão.

– Pode ir, depois eu vou - eu disse.

– Anda Kaos, deixa de bobagem.

Suspirei pesadamente, me levantei, passei para o caixão dele pegando a mão dele para me equilibrar. Assim que pisei no caixão dele, ele tombou para o meu lado e Jack foi caindo para cima de mim e eu em direção ao mar. Ele me pegou mela cintura para perto dele e ficou segurando na porta pra gente não cair. Jack ficou me olhando e seu dois puxões na corda. Coloquei a mão na cara dele pra ele parar de me olhar daquele jeito e começamos a rir enquanto Kyle nos puxava para dentro do navio.

Assim que chegamos no chão do navio, Kyle pegou minha mão para me ajudar a entrar e eu agradeci. Jack subiu sozinho, mesmo com a mão oferecida pelo Sr. Gibbs.

– Acho que não foi esse o plano - disse Sr. Gibbs enquanto rato e outro marujo trouxera um cobertor para nós dois.

– Surgiram complicações que continuaram e foram superadas - disse Jack.

Coloca complicações nisso, mas até que realmente superamos bem. Jack começou a andar em direção à cabine e eu fui atrás dele, pois dividíamos a cabine, já que havia só uma e como ele disse que eu sou Capitã, eu mereço dividir a cabine com ele. Queria ver se eu fosse um homem se seria a mesma coisa.

– Conseguiram o que foram buscar? - Sr. Gibbs queria saber mais.

– Sim - disse Jack balançando um pedaço de pano. Eu não acredito que entramos lá por esse pedaço de papel ainda, mas ele disse que era importante para pegar meu navio, então eu ajudei essa loucura. Então um monte de marujos olharam feio para Jack, enquanto Kyle e Rato vieram para atrás de mim.

– Bom, Capitão, acredito que a maioria dos homens e até mesmo eu, estávamos esperando algo um pouco mais... cintilante, já que a Isla de Muerta está desaparecendo do mapa e o tesouro com ela.

– E a marinha britânica nos perseguindo pelo Atlântico - disse um dos marujos com os dentes brilhantes que eu não sabia se era ouro ou prata, mas era feio.

– E o furacão - disse o anão.

– Ah... em resumo - continuou o Sr. Gibbs -, faz tempo que praticamos pirataria honesta - e ele olhou em seguida pra mim. O que eu tinha a ver com a pirataria honesta? Só quero o meu navio.

– Cintilante - disse Jack e o Sr. Gibbs concordou animado. - É o que vocês acham então? Que o velho Jack não serve a seus interesses como Capitão? - Jack, não perca esse navio de novo, pelos deuses.

– Para a morte! - disse o papagaio do marujo mudo.

– O que a ave disse? - Jack apontou a arma para o papagaio.

– Não culpe o papagaio okay? - eu disse abaixando a mão dele. - É só uma ave.

– Isso mesmo, mostre-nos o que há enrolado nesse pano - disse o marujo dos dentes brilhantes.

Então de repente o macaco amaldiçoado do Barbosa apareceu em forma de esqueleto em meu ombro. Eu gritei de susto e lhe dei um tapa. Ele voou até Jack e roubou o pedaço de pano. Jack pegou a minha arma e atirou no macaco. Ele largou o pedaço de pano e saiu correndo. O anão foi pegar o pano.

– Sabe que isso não é bom, Jack - disse o Sr. Gibbs.

– É bom pra mim - disse Jack me puxando pela cintura e colocando a arma de volta no lugar. Peguei as mãos dele e afastei de minha cintura.

– É uma chave - disse o anão abrindo o pedaço de pano.

– Não! Muitíssimo melhor - disse Jack indo até o anão e pegando o pedaço de pano. - É odesenho de uma chave - revirei os olhos, até parece que vai impressionar os homens desse jeito.

– Sério isso Pequeña Capitana? - Rato me perguntou baixinho.

– De acordo com ele isso é importante para encontrar meu navio e para que eu tenha posse dele - respondi baixo também e Rato pareceu compreender mas ainda olhava estranho para o desenho.

– Senhores, para que servem as chaves? - Jack perguntou.

– Chaves... abrem... coisas? - disse o marujo de dentes brilhantes.

– E dentro do que a chave abre, há uma coisa de valor - disse Sr. Gibbs animado. - Então nós vamos procurar o que essa chave abre. - Acho que não Sr. Gibbs, pensei.

– Não - respondeu Jack sorrindo. Ha ha, eu sabia. - Se não tivermos a chave, não teremos aquilo com o que abrir. Então do que adianta procurar o que precisa ser aberto, o que não temos, sem primeiro encontrar a chave que o abre?

– Então... vamos atrás dessa chave - disse o Sr. Gibbs achando que entendeu.

Coloquei a mão no ombro do Sr. Gibbs.

– Ai, ai Sr. Gibbs - eu disse sorrindo e começando a rir.

– Você não faz sentido algum - disse Jack. - Perguntas? - Jack olhou para a tripulação.

– Então... temos um curso? - perguntou o anão.

– Temos um curso, minha querida? - ele me olhou.

Eu dei um sorrisinho.

– Podemos conversar por um momento? - perguntei delicadamente.

– Claro.

Jack e eu entramos na cabine.

–-----------------------------------------------------------------------------------

(Autora)

Como essa personagem Kaos chegou a esse ponto com o Capitão Jack Sparrow? Ora, ora marujo, vamos ao início da história:

Kaos - A Filha de Simbad


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Kaos - A Chave de Davy Jones" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.