Corrupção da Realidade escrita por YeahDoge


Capítulo 4
Amizade?




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Andamos por horas sem que ele abrisse a maldita boca. O silêncio me irritava demais. E também, eu estava preocupado com Midori, que até agora continuava desacordada. Eu já estava cansado de carrega-la, mas evitei demonstrar isso. Não queria que Azraetl me considerasse fraco.

– Falta muito? – Perguntei, sem esperar resposta alguma.

– Sim. Mais duas horas de caminhada. E mantenha-se calado, se quiser continuar vivo.

– Calma, cara. Só fiz uma pergunta. – Respondi.

– Do que você me chamou?! – Irritado, questiona.

– O que, “cara”? Calma ai! É só uma forma amigável de se referir a alguém...

– Hm. Não gosto desses termos. De onde são?

– Da Terra, não acho que você conheca...

– Está enganado, rapaz. Meu povo já esteve lá, uma vez. Os que habitam aquele mundo são perigosos, de natureza sombria. Eu espero que, para o seu bem, você não seja como eles. - Ameaçou.

– Espera... Os brancos já estiveram no meu mundo? – Fiquei surpreso.

– Não só os brancos, os cinzas também. Alguns até ficaram por lá. Na verdade, todos os brancos acabaram indo para lá, numa missão suicida de tentar curar aquela maldade.

– E só você ficou. Por isso te acusaram de ter assassinado a todos.

– E como você sabe disso?

– É difícil explicar... Bem, você sabe o que é a ciência?

– Não. Explique.

– A ciência do meu mundo é a... – Tropeço num tronco quebrado e caio, com Midori. – Droga...

– Cuidado. O terreno por essas áreas é bem difícil. – Ele estende a mão, me ajudando a levantar.

– Obrigado. Como eu ia dizendo... A ciência do meu mundo é a magia do seu. No meu mundo... Existe algo chamado computador. E no computador, existe um jogo chamado Legend of Chaos. É uma cópia, basicamente, deste universo. Só que comprimido numa pequena caixa – o computador – e criado para ser controlado pelos humanos.

– Fascinante... Continue.

– A ciência cria esses jogos e Denoxia, no meu mundo, é conhecida como tal. Não passa de mais um jogo. E nesse pogo, pode-se controlar um campeão deste mundo. Eu... Controlava você.

– Isso é impossível. Ninguém pode me controlar. E aquele que tentar, será morto pela minha lâmina.

– Você não entendeu... Eu não controlava você, não exatamente. Eu controlava uma cópia de você, criada naquele jogo, naquele pequeno universo. Minha amiga, por outro lado, controlava Luren. Aliás, porque você a atacou?

– Não se preocupe. Logo, ela vai acordar.

– Que bom. Enfim, quando uma coisa específica acontecia no jogo, eramos forçados a vir para o seu mundo, aqui, usando o corpo que controlávamos no momento. No meu caso, eu controlava Azraetl, o Paladino Destruído. Minha amiga, por outro lado, controlava Luren. Por isso temos a mesma aparência que os verdadeiros.

– Então sua amiga é uma cópia de Luren? Eu não pude reconhecê-la.

– Isso porque eu não quis ser idêntica à ela, dai mudei a cor do meu cabelo... – Midori responde, agora acordada, porém enfraquecida.

– Mi, você tá bem?

– To, to... Relaxa, Dan. Azraetl, porque você me atacou...?

– Queria falar diretamente com este que possui meu corpo.

– Não precisava disso tudo, poxa...

– Peço desculpas. Pra compensar, convidarei Luren a nos encontrar, assim que chegarmos.

– Falando nisso, para onde estamos indo, afinal de contas? – Perguntei.

– Você verá logo. Apenas continue andando. Não quero chamar a atenção de ninguém. As árvores tem ouvidos, por aqui.

– Entendo. Mas dá uma dica, pelo menos? Você me fez andar por... Três horas? Mais ou menos isso, nessa floresta estranha.

– Fique atento a uma clareira com uma pedra pontiaguda perto de um tronco queimado.

Continuamos andando – fiz questão de continuar carregando Midori no colo, já que ela mal conseguia ficar de pé. E também porque gosto de me fazer de “fortão” perto dela. Ela acha engraçado. Aproximadamente uma hora e meia depois, Azraetl parou de andar e sacou sua espada, batendo num tronco de um carvalho no seu lado direito. Lentamente, uma brecha se abriu entre as árvores e uma clareira se revelou, tal como ele havia descrito, com a pedra e o tronco queimado. Ele adentrou a clareira e fincou sua espada no chão. Lentamente, uma luz azul-clara tomou o chão com um brilho intenso, fazendo surgir m casebre de paredes feitas de pedra. Azraetl guardou sua espada e nos convidou a entrar.

Era um lugar bem simples, parecia ter sido preparado para a necessidade de ser abandonado a qualquer momento. Típico, já que Azraetl poderia ser atacado em qualquer lugar. A madeira do chão era velha, fazia bastante barulho enquanto andávamos sobre ela. Pelo menos tinha uma cama, onde Azraetl permitiu que Midori repousasse.

Ele se sentou numa cadeira no outro lado do casebre, disse que ia falar com Luren enquanto nós nos acomodávamos. Midori sentou e me puxou pro seu lado, me forçando a sentar. Ela tinha uma expressão assustada. Acho que ela tinha medo de Azraetl.

– Dan. Estive pensando... E se ele estiver mentindo para nós? – Ela pergunta.

– Quem, Azraetl? Eu duvido. Conversei bastante com ele, e ele não parece ser uma ameaça para nós. Confio nele.

– E eu confio em você, mas... Você tem que considerar... Esse pode não ser o Azraetl que você conhece, ou pelo menos, não ainda...

– Eu também pensei nisso, Mi, principalmente quando ele te atacou. Por isso vim preparado. Você sabe quais eram os únicos personagens capazes de enfrentar os Destruídos, sem possuir o mesmo poder?

– Não tenho ideia...

– Bem, são três. Um deles é Jahkriin, o Meio-Dragão.O segundo é Sarkriin, seu irmão. A terceira... Estou falando com ela.

– E-eu?! – Ela grita, chamando a atenção de Azraetl.

– Há algo de errado? – Ele pergunta, vindo em nossa direção.

Midori, ainda assustada, não consegue respondê-lo, então intervi.

– Não, não. Na verdade, estavamos nos perguntando quando Luren chegaria.

– Daqui a uns... 3 ou 4 segundos.

– 3 ou 4... O quê?

Fui interrompido pelo surgimento de uma esfera dourada ao lado de Azraetl, que foi crescendo até tomar a forma de Luren. O poder dela impressionava Midori.

– Oi, oi! To aqui, Az. São esses dois?

– Sim, são. Este rapaz afirmou que eles são cópias idênticas a nós.

– Bem, eu não diria que são idênticos... – Luren disse, enquanto tocava a mecha loira no cabelo de Midori. – Qual o seu nome, menina?

– M-Midori. – Ela gaguejou.

– Não precisa ter medo, eu não mordo. Não sou igual a ele. – Ela sussurra, apontando discretamente para Azraetl.

– Ela é assim mesmo, bem tímida. Olá, me chamo Daniel.

– Seus nomes são bem... Incomuns. Não são daqui, são?

– Somos da Terra. Azraetl não te disse?

– Não tenho ideia de que lugar é esse. O Az – Ela o encara. – nunca me disse nada sobre isso.

– Não havia necessidade disso. E eu desconfio de que você saiba sim.

– Sem-graça. Eu queria que ele me explicasse também... – Luren reclama.

– É engraçado como você se parece com Midori. Vocês combinam. – Brinquei.

– De qualquer forma, tem uma pergunta que não quer calar: Porque vocês vieram para Denoxia? – Luren questiona.

– Azraetl não te explicou?

– Ele? – Ela ri. – O dia em que ele for prestativo assim, me torno uma Reparadora.

Não pude conter o riso, assim como Midori. Luren parecia ter a mente mais aberta que Azraetl, entao foi bem mais fácil de explicar as coisas pra ela. Inclusive a parte dos testes e de não entendermos o porque disso tudo.

Depois de responder inúmeras perguntas de Luren, ela disse que resolveria meu problema se eu e Midori colaborassemos numa batalha que estava por vir, contra os Reparadores. Eu quis aceitar, quase que imediatamente, mas não podia colocar a Midori nisso. Não queria arriscar a vida dela, não agora que eu tinha reecontrado ela. Pedi licensa para Luren e Azraetl, peguei Midori pela mão e a levei para fora da casa, para que pudesse ter uma conversa em particular.

– Mi. – Disse, olhando em seus olhos, ainda segurando sua mão.

– É sobre o que a Luren quer, não é? – Ela me interrompe.

– Não quero arriscar sua vida com isso. Não gosto nem de considerar a possibilidade de te perder de novo.

– Dan... Você não vai me perder, bobo. Eu te prometi que isso não vai acontecer. – Ela passa a mão em meu rosto e me abraça.

– Mas... É perigoso demais, Mi...

– Para com isso, Dan. Você sabe que se você for, eu vou contigo, não importa o quão perigoso isso possa vir a ser. Eu to contigo pra tudo, idiota, você sabe. E também não vou te perdoar se você for sozinho.

– Então me prometa que vai tomar cuidado e não sairá do meu lado.

– Claro, Dan. Agora, vamos voltar. Eles estão nos esperando.

Midori agarrou minha mão esquerda e me conduziu para dentro da casa.

– AH, a preocupação que um tem pelo outro. Esse sentimento escondido. É tão... Fraco. – Azraetl caçoa. O sotaque inglês que ele tinha – Não sei como, já que ele não teve contato direto com nosso mundo – deixava aquilo bem mais irritante.

– Fica calado, Azraetl. Deixe-os em paz. – Luren reclama. – Bem, se decidiram?

– Nós iremos ajudar. Só precisamos voltar na casa da Midori, para nos equipar.

– Não, não precisam. Seu “equipamento” não é páreo para a magia do inimigo. – Azraetl responde, inquieto.

– Nisso ele tem razão... Que droga... Se bem que... Vocês tem as mesmas medidas que nós, não é?

– Provavelmente, já que nossos corpos são iguais. – Respondi.

– Então não vejo problemas. Eu tenho algumas tunicas mágicas extras e o Az tem uma armadura sobrando.

– Isso facilita bastante. – Conclui.

– Esperem aqui, vamos buscar seus equipamentos e logo voltaremos.

E então, num estalar de dedos de Luren, ambos desapareceram. Midori suspirou, logo em seguida, e se jogou na cama. Sentei na cama e, logo, ela se sentou ao meu lado.

– Dan.

– O que foi? – Perguntei.

– Preciso te contar uma coisa. Algo que, conhecendo você, sei que já desconfia. – Ela fica corada.

– E o que seria isso?

– Eu... Meio que... – Ela foi interrompida pelo retorno de Luren e Azraetl.

– Voltamos! Eu achei uma armadura mágica perfeita pra você, Midori!

– Q-que? – Ela responde, ainda vermelha. – Ah... Armadura...

– Uma armadura para você também, Daniel. E um presente, que convenci Azraetl a trazer.

– Eu não vejo como alguém como você teria a capacidade para empunhar isso, mas Luren insistiu. Esse machado é uma das relíquias da minha tribo. Não tenho utilidade para ele, já que possuo a Lâmina Vermelha.

Era o nome da espada que eu almejava possuir. Mesma espada que levei meses para conseguir no jogo. Era um equiamento único e exclusivo para Azraetl. Sua lâmina era lisa e branca como uma nuvem, e ela lembrava uma espada japonesa, uma katana. Porém, o lado cortante de sua lâmina possuia várias manchas, vermelhas como o sangue, que queimavam tudo o que tocavam, menos o portador da espada e ela mesma.

– Sabe, eu costumava usar essa sua espada, quando eu não tinha seu corpo ainda. – Contei para Azraetl.

– Pena que não a possui agora. De fato, duas desta seriam mais do que o suficiente para dizimar aquele culto de bastardos. – Ele respondeu.

– Não ouse falar deles assim, Az. – Luren interrompe.

– Você sabe muito bem que eu não me referi à sua família. Se acalme.

Midori, que até agora continua quieta por estar envergonhada, toma a palavra e questiona.

– Espera, família? Luren, você poderia me explicar isso melhor?

– Bem... Na verdade, é por esse motivo que me aliei a Azraetl. Os reparadores convenceram a minha família de que meu irmão, mais novo foi morto por um destruído. O fato é, eu sei que Gax está vivo, sinto a aura dele, e Azraetl me prometeu ajuda se acabássemos com eles, os reparadores.

– Entendo. Enfim... Vocês poderiam nos dar licensa por um momento, para nos trocarmos?

– Claro, claro. Venha, Az. – Luren põe sua mão no ombro esquerdo de Azraetl e estala os dedos, desaparecendo novamente junto dele.

– Mi, o que você ia dizer antes deles chegarem? – Perguntei.

– Ah... Deixa isso pra lá... – Ela respondeu, tímida.

– Desculpa... Mas não posso fazer isso.

Eu a puxei para meu lado e a beijei.


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