13 Rotas escrita por Um Moletom Cinza


Capítulo 5
Gustavo - Haunted 2/3


Notas iniciais do capítulo

Aquele sonho tinha sido perturbador e ao mesmo tempo encantador, ele narrava me olhando com olhos de uma criança, mas no fundo eu via que ele era uma alma presa nos seus próprios sentimentos. Acordei meio atordoado aquela manhã, pensei o dia todo no pobre menino de olhos marcantes.



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Os questionamentos foram intensos e cada vez abordava minha mãe de maneira diferente, as semanas passavam, ela não falava nada, não demonstrava nenhum sentimento, apenas ia pro serviço, voltava, fazia os trabalhos domésticos. Até que um dia minha peguei minha mãe chorando na beira da pia da cozinha, na hora minha reação foi abraçá-la, logo em seguida minha irmã entrou na cozinha e abraçou minha mãe. Ficamos os três ali abraçados por alguns minutos, quando eu decidi falar, perguntei para minha mãe qual motivo que ela e meu pai haviam se separado. Ela me olhava, fazia carinho no meu rosto, e não falava nada, tudo o que ela fazia era chorar, peguei uma toalha e enxuguei os olhos dela. Fiquei ali parado olhando pro rosto da minha mãe então decidi que era hora de não perguntar mais sobre aquilo.

Os dias foram passando, minha convivência com minha família estava tranqüilo, e meu pai continuava não dando noticias, até que um dia o telefone toca, era do hospital, minha mãe atendeu a noticia que meu pai estava internado, em estado grave, havia sofrido um acidente de carro. Na hora minha mãe ficou em estado de choque, não sabia muito que fazer, tomei então o telefone da mão dela, comecei a falar com a atendente, ela me passou as informações necessárias, e assim fui sozinho para o hospital, enquanto minha mãe ficava em casa cuidando da minha irmã, cheguei ao hospital, meu celular tocando incessantemente, era meu treinador. Naquele momento era a pessoa que eu menos queria falar, mas já eram 20 ligações perdidas e uma em chamada então resolvi atender. Ele parecia estar animado, conseguiu uma vaga em um campeonato americano, e caso eu ganhasse eu teria chances de competir nas Olimpíadas, aquela noticia até me deu certo animo, veio em hora boa, porém fiquei em um dilema terrível, deixar minha mãe nesse momento difícil, deixar meu pai ali internado, em estado grave ou seguir meu sonho? Era um dilema terrível, expliquei para ele onde eu estava e porque, ele entendeu, e me retornaria um pouco mais tarde, ao chegar ao hospital fui de encontro ao médico, ele me explicou, meu pai havia tido um acidente horrível, estava com traumatismo craniano, e fraturou dois ossos da costela que poderiam perfurar o pulmão, caso não fossem operados a tempo, então logo levaram meu pai para o centro cirúrgico, no momento eu não poderia vê-lo, fiquei ali, naquele corredor, a espera do meu pai. Passadas oito horas, eis que o médico sai do centro cirúrgico, enfim havia acabado a cirurgia, meu pai estava bem, aparentemente sem seqüelas graves. Fui então ver meu pai, ele permanecia desacordado por conta da anestesia, mas mesmo assim fiquei ali ao seu lado. Queria que ele me visse quando acordasse. Liguei para minha mãe avisei que a cirurgia havia acabado que estava tudo bem, e que ele estava dormindo. Após algum tempo meu pai acordou, falei com ele, sem forçar nenhuma barra, não perguntei da separação, não queria que ele se exaltasse, queria que ele se recuperasse muito bem, comentei com ele que queriam que eu fosse para a Cidade do Novo México nos Estados Unidos para uma competição que poderia me dar patrocínios melhores além de uma chance de ir disputar as olimpíadas. Meu pai mesmo sem conseguir falar sorriu, fez um sinal de positivo, na hora comecei a chorar, ele viu que eu estava chorando e mesmo fraco forçou um abraço, não tinha palavras para agradecer todo aquele apoio, ele mesmo doente querendo falar que me apoiava, em tudo. Então sai do quarto, deixei meu pai descansando, liguei para meu treinador. Ele novamente comentou sobre a oportunidade e me disse que se eu aceitasse teria que irmos na semana seguinte, logo fui pra casa, ao chegar lá, comentei com a minha mãe, que ficou muito feliz, tanto por meu pai estar bem quanto pela competição de natação na cidade do novo México. Minha mãe buscou todo meio para me incentivar, fiquei tentado a recusar, porém ao lembrar-se do sorriso do meu pai, das palavras doces que minha mãe me falava para eu aceitar aquela proposta. Depois de conversar muito com minha mãe, decidi aceitar, voltei para o hospital que meu pai estava internado, fiquei a noite toda conversando com ele, mesmo ele não podendo me responder, sabia que ele estava me ouvindo, mas ele prestava atenção, e sempre apertava minha mão, em sinal de resposta.

Amanheceu, após a passagem do médico, fui para minha casa, comecei então a arrumar minha mala, queria ir para os Estados Unidos logo, então liguei para o meu treinador, ele marcou a viagem para a quinta feira daquela semana. Continuei fazendo minha mala, enfim chegou a quinta feira, eu estava ansioso, me despedi da minha família, passei no hospital, meu pai havia melhorado bastante desde o dia da cirurgia, então pude falar com ele e ele me responder, pude ouvi-lo falar “Boa Sorte meu garoto”. E fui para o aeroporto encontrar meu treinador. Passaram-se algumas horas, estava eu desembarcando no Aeroporto Internacional de Albuquerque. Fomos para o hotel, vi uma moça, jovem, bonita, aparência simples, cabelos ondulados, loira, típica garota do interior, trabalhava próximo ao hotel que eu fiquei, ao seu lado estava um rapaz atípico para o local, era alto, robusto, trajava um macacão sem camiseta, e estava sempre carregando peso para lá e para cá. E essa era a visão da janela do meu quarto, a moça bonita, e o rapaz robusto trabalhando o dia todo, isso quando eu ficava no quarto, os dias foram passando, eu ligava para meus pais todos os dias, e treinava de manhã, até o final da tarde, as vezes de madrugada. Lembro-me como se fosse hoje, estava eu sentado na minha cama, liguei para minha casa, ninguém atendeu, achei estranho, já era tarde, minha irmã ao menos deveria estar em casa, liguei então na casa do meu pai, não atendeu, comecei então a ficar preocupado. Tentei deveras vezes ligar até que minha mãe atendeu, com uma voz de choro, não queria me dizer o que havia acontecido. Eu já preocupado, comecei a gritar, pedindo para minha mãe me contar, foi então que, depois de muita insistência, ela resolveu me contar que meu pai havia sofrido outro acidente, porém desta vez havia morrido no local, na hora fiquei em choque, uma semana meu pai estava bem, havia se recuperado super bem, e na outra ele sofre outro acidente. Sai do quarto chorando, esbarrei com o rapaz robusto, nem ao menos lhe pedi desculpas, então fui para a frente do hotel, pude ver que a doce moça estava me olhando, assim que me viu chorando, atravessou a rua correndo, sem ao menos me conhecer nem saber o que estava acontecendo me abraçou, e começou a dizer que ficaria tudo bem. Agradeci a doce moça, e voltei para o quarto. Eu buscava então uma tentativa de voltar para o Brasil, mas todas em vão, Aeroportos estavam superlotados, as passagens esgotadas, não haviam desistências, liguei para minha mãe e ela me disse que haviam feito o velório e enterro. Aquilo me abalou muito, nem ao menos pude me despedir do meu pai, então resolvi ficar, com peso na consciência, mas resolvi ficar, e treinar mais, meu treinador teve que voltar para o Brasil para resolver problemas pessoais, e eu permaneci em Albuquerque. Treinava todos os dias, voltava para casa e ficava observando aquela doce moça. Até que um dia eu resolvi descer e falar com ela. Ela tinha uma voz doce, me soava familiar, mas não sabia de onde. Seu nome era Sarah. Começamos a conversar. Ficamos muito amigos


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