Amor de Pai - RxHr - Temporada II escrita por Verônica Souza
Mia não tocou no seu café da manhã. Olhava para o copo de suco, mas não falava nada. Teddy estava ficando incomodado com aquele silencio.
– Você respondeu o seu pai? – Ele perguntou.
– Uhum.
– Acha que ele vai aceitar?
– Não sei.
– Está tudo bem?
– Aham.
– Não, não está. Está arrependida por ter colocado o seu nome no cálice?
Ela olhou para ele e suspirou.
– Não, mas estou pensando... Será que ele escolheu mesmo o meu nome? Quero dizer... Pode ser que eu não consiga nem passar da primeira tarefa.
– Eu sei que vai.
– Meu pai disse que para a minha proteção ele não queria que eu colocasse o meu nome. E se ele tivesse certo? E se algo me acontecer?
– Bom, eu sei que você é uma ótima bruxa, e que vai ser muito difícil te vencer nesse torneio.
Mia abriu um largo sorriso para ele.
– Mia... – Gabriel se aproximou. – Professora Mcgonagall quer falar com a gente. Agora.
– Certo. – Mia suspirou e levantou. – Te vejo mais tarde Ted.
– Até mais.
******
Hermione tinha dormido depois que Tiffy lhe deu um chá. Pelo menos durante o sono ela não pensou na cena que tinha presenciado. Ouviu uma conversa vinda do primeiro andar, e teve que contar até dez antes de ter um ataque de ciúmes. Sabia que a cena ia se repetir.
Colocou o seu roupão, a noite estava fria. Desceu as escadas e parou na porta da cozinha. Toda a sua família estava sentada na mesa se deliciando com brigadeiro. Inclusive Ângela estava sentada à mesa. Tiffy era a única que permanecia de pé, parecendo estar pensando o mesmo que Hermione.
– Mãe! Quando você chegou? – Anny perguntou. Todos se viraram para ela, e Ângela parou de sorrir.
– Algumas horas atrás.
– Como? Eu não vi. – Rony disse.
– Você estava ocupado. – Ela o alfinetou.
Todos ficaram em silencio, sabendo que Hermione tinha presenciado a brincadeira no jardim.
– Tiffy preparou um chá para mim, e eu adormeci.
– Minha Senhora Hermione disse que não estava muito bem. – Tiffy disse.
– Se sentiu mal de novo? – Rony se levantou e foi até ela.
– Um pouco. – Ela se afastou dele. – Já estou melhor agora.
Rony a olhou, querendo entender o que estava acontecendo.
– Quer brigadeiro mamãe? – Rose perguntou. Hermione sorriu e se aproximou.
– Hum, parece gostoso.
– A tia Ângela ensinou a gente fazer.
Hermione tirou o sorriso do rosto e olhou para Rose.
– Não vai comer mãe? – Anny perguntou.
– Não... Estou sem fome.
Ângela se levantou e foi até ela.
– Desculpe Hermione, quer que eu prepare alguma coisa? Uma sopa?
– Não, estou bem Ângela. Obrigada.
– Quer ir ao hospital? – Rony perguntou.
– Eu disse que estou melhor. – Respondeu ainda calma. – Não estou doente.
Um silencio perturbador pairou no ar. As crianças abaixaram a cabeça, Ângela olhava para a pia e Rony olhava para Hermione. Ela olhou para Allan, e logo percebeu que tinha algo diferente nele.
– Mexeu com poções hoje Allan? – Hermione perguntou calma.
Ele levantou a cabeça tão assustado, que qualquer um poderia saber que ele fez coisa errada.
– Por que mãe?
– Só me responde.
Ele olhou para Ângela, pedindo ajuda.
– Foi culpa minha Hermione. – Ela disse. – Eu o deixei fazer poções.
– O que? – Rony perguntou. – Já não dissemos que esta proibido de fazer isso? – Rony olhou para ele.
– Realmente não foi culpa dele. A culpa foi minha. – Ângela insistiu.
– Não Ângela, a culpa não foi sua. – Rony disse. – Ele sabe muito bem que esta proibido de mexer com poções.
– Mas ele não pensou nisso sozinho. – Hermione disse.
– Realmente... Ele não pensou. Fui eu, não o culpem. – Ângela disse.
Hermione suspirou e Rony olhou para as duas.
– Bem... Tudo bem então. – Ele disse por fim.
– Tudo bem? Ele nos desobedeceu. – Hermione disse.
– Mas não foi totalmente culpa dele.
– E vai deixar por isso mesmo?
– Ah mãe, não vão me castigar por isso e...
– Allan, você sabe muito bem que é proibido de fazer isso. Temos que te dar um castigo, você sabe.
– Mas vocês me dão castigo sempre.
– Então para de fazer coisas erradas.
– Não é justo. – Ele cruzou os braços. – Se a Ângela fosse a minha mãe ela não me castigaria.
Aquilo foi como um tiro bem no coração de Hermione. Tudo o que ela temia, tinha acabado de acontecer. A imagem de sua família brincando no jardim, dos seus filhos se divertindo com outra pessoa... Tudo isso veio em sua mente. Não demoraria muito, até Rony ia se cansar dela e a trocaria.
– Allan! Peça desculpas! – Rony disse bravo.
Hermione apenas continuou parada em seu lugar.
– É melhor subirem, está na hora do banho. – Ângela disse. – Tiffy, você me ajuda?
– Sim. – A elfa parecia ter despertado de um transe. As crianças se levantaram em silencio, e uma a uma saíram da cozinha, seguidas por Tiffy e Angela.
– Hermione... Ele não quis dizer isso. – Rony se aproximou dela. – Você sabe como o Allan é... Fala coisas sem pensar e...
– Eu vi tudo.
– Viu o que?
– Vi vocês se divertindo sem mim no jardim.
– Hermione, aquilo não foi nada.
– Vocês estavam se divertindo sem mim aqui também. – Ela apontou para a mesa.
– Ainda está com ciúmes Hermione...
– Ciúmes? Ah não Rony... Ciúmes era o que eu tinha antes. Agora eu tenho certeza que ela está tramando alguma coisa.
– Ela? Ela quem?
– Ângela, é claro!
– Ah Hermione, por favor! Ela não tem nada a ver com isso...
– Claro que tem! Ela fez Allan nos desobedecer. Ela está tirando as minhas filhas de mim!
– Hermione você se vê falando isso? É uma bobeira! Ninguém quer tomar o seu lugar.
– Tem certeza? – Ela pegou um livro que estava em cima da pia e o jogou na mesa. Rony abriu o livro, e começou a rir.
– Está assim por causa de um livro de receitas?
– Já viu o livro?
– Já Hermione, você vê esse livro todos os dias.
– Só que esse não é o meu livro.
Ele olhou novamente para o livro, e depois para Hermione.
– Não estou entendendo.
– Esse é o livro dela! Ela copiou todo o meu livro de receitas.
– É só um livro Hermione!
– Não Rony! – Hermione andou de um lado para o outro. – Eu não consigo te explicar! É uma coisa que eu sinto. E eu sinto que isso não está nada bom. É um extinto materno... Sempre que ela está presente eu sinto alguma coisa ruim.
– Acho que você precisa descansar. – Ele se aproximou, mas ela se afastou.- O que foi Hermione? Não quer que eu te toque?
Ela ficou em silencio.
– Não acha que isso está passando dos limites? Aceito você ter ciúmes, ACHAR que alguém quer tomar o seu lugar, mas o que EU tenho a ver com isso? Não tenho culpa.
– Como acha que eu fiquei vendo você se divertir com outra mulher, junto com nossos filhos?
– Do mesmo jeito que eu fiquei vendo você e seu colega na sua sala hoje de manha.
– Aquilo foi diferente Ronald.
– Não foi não.
– Peter estava me agradecendo por...
– Por quê?
– Não posso dizer.
– Ah, não pode? Então quer dizer que você e seu coleguinha agora têm segredinhos juntos?
– Não é isso Rony, é que eu prometi que não ia contar para ninguém.
– Agora deu pra ter segredos do seu próprio marido?
– Não Rony... Você não entende.
– Não, eu não entendo mesmo.
Ele se virou e ia sair da cozinha, quando Hermione disparou:
– Vai dormir fora de casa de novo? Vai me deixar sozinha? Vai se acostumar a fazer isso?
– Hermione...
– Porque se for me avise! Não quero ficar preocupada com você mais uma noite. Ficar sem dormir, esperando você chegar.
– Hermione...
– Sabe Rony, eu sinto falta de quando nossa família era a coisa mais importante do mundo para você. Eu não sei mais o que está acontecendo! Meus filhos e meu marido me desprezam... Eu chego em casa e ninguém nota mais. Você toda briga vai dormir fora de casa... Eu estou cansada! Às vezes penso que estou em um pesadelo!
Ela saiu batendo os pés.
– Hermione! – Ele a chamou de novo, mas ela subiu as escadas. Ele passou a mão pelos seus cabelos e suspirou.
– Rony? – Ângela entrou na cozinha.
– Oi. – Ele tentou sorrir.
– Vim beber um pouco de água e não pude deixar de ouvir. Olha... Se eu estiver causando problemas, eu vou embora...
– Não Ângela. Hermione só está um pouco nervosa. Ela sempre fica assim por causa da gravidez.
– Eu não quero destruir sua família. Vocês me tratam tão bem, me acolheram. Eu só quero o bem, pra todos vocês.
– Eu sei disso Ângela. – Rony sorriu. – Eu vou conversar com Hermione, e tudo isso vai passar.
– Tudo bem.
– Boa noite, e obrigado pela tarde. As crianças se divertiram muito.
Ele sorriu e saiu da cozinha. Ângela abriu ainda mais o sorriso.
******
– Então é só isso? – Victória perguntou. – A primeira tarefa é só um labirinto?
– Bom, foi isso que Minerva disse. – Mia falou.
– Ah, mas com certeza tem alguma coisa a mais... Não fariam um simples labirinto. – Teddy comentou.
– Mas de qualquer jeito, não é tão ruim assim. Você só tem que estar alerta a tudo.
– Talvez coloquem bicho papão, ou algo do tipo. – Mia sorriu. – É mole.
– É, espero que seja só isso mesmo. – Teddy disse.
– Eu vou dormir, estou muito cansada. – Victória se levantou. – Boa noite.
– Boa noite. – Os dois responderam.
– Eu também vou, tenho que descansar... Provavelmente amanha não vou conseguir dormir. – Mia se levantou.
– Tome cuidado Mia. – Ele segurou a mão dela. – Quero dizer... Como eu contaria para o seu pai que alguma coisa te aconteceu?
– Você vai se sair bem. – Ela sorriu.
– Não tem graça.
– Precisa melhorar seu bom humor, Lupin. – Ela riu e subiu as escadas.
Abriu a porta e entrou em seu dormitório. Foi até a sua cama, e percebeu que havia um bilhete. Ficou com medo pensando ser um berrador de seu pai. Não seria a primeira vez que ele mandava. Mas notando que o papel estava apenas dobrado, ela o pegou. Quando o abriu, viu que várias fadinhas começaram a voar em volta dela.
Com o deslumbre das fadas, Mia leu o pequeno recado que havia no bilhete:
“Não confie nas fadas.”
Assim que terminou de ler, as fadas desapareceram, virando pequenos brilhos e caindo sobre o papel. Mia ficou algum tempo tentando entender aquela frase, mas notou que estava cansada demais para pensar. Decidiu dormir.
******
– Mia? – Hermione andava pela casa. – Mia, você está aí?
– Estamos aqui em baixo! – A voz de Mia ecoou pelo corredor. Hermione desceu as escadas, mas parou quando notou que Ângela estava no sofá com sua filha. – Estamos conversando.
– Você... – Hermione disse fechando a cara.
– O que foi Hermione? – Mia perguntou. – Por que está com essa cara?
– Hermione? Por que está falando assim comigo? – Hermione cruzou os braços. – Eu sou sua mãe.
– Mãe? Claro que não! – Ela deu uma gargalhada. – Ângela é minha mãe.
Hermione não entendia o que estava acontecendo.
– Mamãe, mamãe! – Rose correu escada abaixo e pulou no colo de Ângela, que não parava de sorrir.
– O que está acontecendo? – Hermione perguntou confusa.
– Pensei que ela já tinha ido embora. – Anny desceu as escadas.
– Eu também. – Allan desceu atrás. – Mãe, por que ela ainda está aqui? – Ele perguntou para Ângela.
– É, será que ela ainda não percebeu que ninguém aqui gosta dela? – Anny deitou no ombro de Ângela.
– Mas... – Hermione parou e observou Rony entrar na sala. Ele tirou o seu casaco, e o colocou no sofá. Beijou cada um de seus filhos e depois... Beijou Ângela.
– O que? – Hermione abriu a boca.
– Como foi a tarde, querida? – Ele abraçou Angela pelo ombro. – Oh, Hermione... Você ainda está aqui. Pensei que já teria ido embora.
– Ela insiste em ficar onde ninguém gosta dela. – Mia disse.
– Acho melhor você ir embora com seu filho. – Rony disse friamente. – Ninguém quer vocês aqui.
– Meu filho? Mas é seu também!
Todos deram gargalhadas.
– Eu não seria bobo a ponto de ter mais um filho com você. Deve ser do Peter, seu amante.
– Ele não é meu amante!
– Ninguém se importa! – Ele disse. – Ninguém realmente se importa.
Todos abraçaram Ângela, enquanto ela debochava de Hermione.
– Você não tem mais família... Agora eu faço parte dessa família. – Ângela disse antes de cair na gargalhada.
******
Hermione sentou-se na cama assustada.
– O que foi Hermione? – Rony resmungou ainda deitado. – Volte a dormir.
Hermione respirava ofegante, enquanto voltava para a realidade. Rony estava deitado ao seu lado na cama, mas parecia cansado demais para notar que ela teve um pesadelo. Uma pontada fraca bateu em sua barriga e Hermione colocou a mão rapidamente.
– Está tudo bem... Está tudo bem... Está tudo bem... – Ela respirava fundo de olhos fechados.
– Que foi? – Rony se sentou, olhando para ela. – Está se sentindo mal?
– Não... Só tive um pesadelo.
Rony suspirou e cobriu Hermione ainda mais.
– Está frio.
Ela olhou para ele, e observou ele voltar a deitar.
– Vem... Deita aqui. – Ele apontou para o lado dele. Hermione se deitou e ele a puxou para mais perto, beijando ela rapidamente. Terminou de cobri-la e a abraçou. – Está melhor agora? – Ele sorriu.
– Muito melhor. Rony... Sobre hoje...
– Acho que devo te pedir desculpas.
– O que?
– Eu sei que devia ter conversado com você antes de ficar nervoso. Sobre o Peter, eu digo. Sei que ele é apenas seu colega de trabalho. Mas é que eu fico nervoso apenas de ver outra pessoa ao seu lado.
– Sei muito bem como é isso.
– E sobre hoje... Não precisa ficar assim. Ninguém vai roubar o seu lugar. As crianças te amam muito, assim como eu.
– É que às vezes me sinto sozinha. – Ela suspirou.
– Mas nós estamos com você. Eu estou com você. Até o fim. – Ele sorriu e acariciou a barriga dela. – Parece que meu garotão ta dando mais trabalho.
– Só um pouquinho.
– É garotão... É bom não dar tanto trabalho assim quando nascer. – Os dois riram.
– Acho que agora consigo dormir melhor.
– Eu também. – Ele apertou mais o abraço e os dois fecharam os olhos.
Ouviram a porta se abrir, e Rony se ergueu para olhar. Allan entrou no quarto com a cara mais arrependida do mundo.
– O que foi? – Rony perguntou.
– Eu... Eu queria... Conversar com a minha mãe. – Ele disse com a voz baixa.
– Filho, são duas da manhã.
– Eu sei pai.
Hermione se ergueu e o olhou.
– É que eu não consigo dormir. Estou me sentindo culpado por ter falado daquele jeito com você mãe, desculpe. Eu não quero outra mãe a não ser você. Você... Você é a melhor mãe do mundo.
Hermione sorriu emocionada.
– Desculpas aceitas. – Hermione riu.
– Eu... Eu queria dormir com você... Essa noite. – Ele abaixou a cabeça envergonhado.
Hermione e Rony riram.
– Vem aqui. – Hermione se aproximou mais de Rony, deixando um espaço para ele do lado esquerdo. Allan correu pulando na cama e abraçou Hermione.
– Eu te amo mãe.
– Eu também te amo meu bem.
– E... Não conte isso para as meninas. Principalmente para Anny.
– Não se preocupe, não vou contar.
– Mãe... Como você descobriu que eu tinha feito poções?
– O seu cabelo... – Ela respondeu divertida.
– Ah não... Como fui burro!
Rony e Hermione riram.
– Mas prometo que da próxima vez vou tomar cuidado para vocês não descobrirem.
Os dois olharam para ele.
– Brincadeira. – Os três riram.
Rony abraçou mais Hermione, e ela fez o mesmo com Allan. Numa madrugada fria como aquela, dormir com os dois homens da sua vida, não tinha preço. Mas sentir-se amada por eles, era muito, muito melhor.
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