The New Continent. escrita por Martinato


Capítulo 2
A jornada.


Notas iniciais do capítulo

Quero deixar claro que os Pokémons, por mais novos que sejam, tem um "moveset" maior, por isso, não pensem que a fic terá muita interação com os games, não. Eles terão uma ampla lista de movimentos. E bom, espero que gostem das primeiras batalhas. o/



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Caminhei até a ala de liberação. Tive de contornar todo o pátio e relembrar cada minuto que passei preso dentro desse patrimônio obrigatório pelo governo. A mala estava bem mais leve nas costas e a alça nem incomodava mais. Felizmente já tinha me despedido uma ultima vez dos meus pais e estava liberado para sair, finalmente me aventurar e seguir minhas metas.

No caminho, Charmander olhava para todas as coisas, curioso, sempre as checava mas nunca mantendo uma distância maior do que cinco metros longe de mim. Para um recém-nascido, ele tinha uma energia contagiante, sem mencionar sua curiosidade. Ele vasculhava latas de lixo, mas ao sentir o odor repugnante, se afastou e xeretou umas estátuas gastas com silhuetas de Oddishs. —— Char! —— Exclamou, passando as garras pelo material sólido, esperando uma reação. —— Ei, ele não vai se mexer, venha cá! —— Pedi e o réptil sem delongas rumou para meu lado, caminhando quase colado no meu jeans preto.

Eu sabia que tinha de prestar atenção em muitas coisas novas, mas o pequenino não me tirava a vontade de observá-lo. Tudo que ele fazia me parecia incrível. Forcei minha curiosidade e abri o pequeno utensílio avermelhado que me foi dado. Ele parecia um celular, com uma esfera elevada, juntamente com uma saída de som. o aparelho tinha poucos botões, apenas um chamativo. E o apertei. —— Bem-vindo! Por favor, preencha as recomendações para que sua carta seja liberada ao sair do prédio. —— A voz tecnológica me assustou, e Charmander pareceu rir de meu fardo. —— Isso não tem graça, sabia? —— Ele rolou os olhos para cima e continuou andando, remexendo sua calda e brincando com o fogo que ardia fortemente no final dela.

Respondi todas as perguntas e registrei algumas informações, como endereço, quarto usado na ITEP, etc. —— Muito bem, sua carta está oficialmente registrada, Vinicius. Boa sorte na sua aventura. Desligando. —— A Pokedéx se auto desligou, fechando automaticamente a parte de abertura, assim se trancando pra quando eu quisesse abri-la em um outro momento pertinente.

Charmander corria envolta de mim, e entendi o motivo. O portão de liberação já podia ser avistado. Não estava muito longe, e já era preenchido com algumas cabeças impacientes para a abertura deles. Nos mandariam para a primeira área, considerava plausível aos formandos: A floresta densa.

—— Ah, chegamos! Está ansioso para começarmos, Char? —— Fechei o punho canhoto e o ergui na altura do queixo. O réptil alaranjado fez a mesma ação com suas pequenas garras, cruzando os pequenos braços depois, convicto de que nada os parariam. Gostava de sua personalidade, era meigo e destemido ao mesmo tempo, fazia me lembrar um pouco de mim mesmo. —— Certo, vai abrir em menos de cinco minutos! —— Berrei e o Charmander saltou no meu ombro, ficando pendurado se segurando com as garras na minha jaqueta que sequer pareceu se gastar com o inconveniente.

—— Maaaaaaaarti! —— Viramos e avistamos Dudu correndo empolgado com uma PokéBall na mão e um cinco preso em seu peitoral como a farda do Diretor, mas este se preenchia com as outras pequenas esferas bicolor que nos eram dadas. —— Vamos Dudu! Corre, já abriram os portões! —— Berrei. —— Chaaaar! —— O companheiro afirmou, elevando sua pata destra enquanto a canhota o mantinha preso na sua posição atual.

Dudu demorou uns quinze segundos pra chegar correndo. Seu rosto residia algumas gotículas de suor que escorriam vagamente pelos cantos de suas costeletas. Ele arfou poucas vezes, mas logo se recompôs. —— Cara! Estou animado! Nada me para hoje! —— Seu entusiasmo sempre combinava com suas expressões faciais. —— Digo o mesmo. Mas e ai? Você vai deixar seu primeiro Pokémon preso na PokéBall? —— A minha indagação o fez se alarmar por ter esquecido de liberar, mas a reação durou apenas um segundo. Tinha uma explicação formada devido ao problema que botara em questão. —— Então. Eu deixei ele na PokéBall pra ser surpresa. Você será o primeiro a vê-lo, assim como o Lélo. Por falar nisso, cadê aquele viadinho? —— Vasculhou os cantos com a palma da mão cobrindo seus olhos, apoiadas frente as sobrancelhas. O sol incomodava-o de ver longe. —— Ali! —— Berrou Dudu e tentei achá-lo. Não demorou muito e conseguir localizar o garoto alto correndo apressado, junto de muitos outros treinadores. —— Cara, acho melhor sairmos antes dessa muvuca toda se aglomerar. A gente espera ele lá fora. Tenho certeza que ele faria o mesmo. —— Dudu assentiu e eu ri. Saímos passando a Pokédex por um novo scanner. Quando a máquina processou todos os dados, uma luz verde num painel na frente da catraca ascendeu, destravando o objeto giratório e assim, a sola do coturno experimentou uma segunda vez a maciez da terra, assim como o gramado suave que crescia lentamente em abundância.

[...]

Todos os treinadores pareciam ter tido a mesma ideia que nós três. Eles se juntavam com seus amigos mais íntimos, grupos pequenos, com quatro ou cinco pessoas no máximo. O nosso por outro lado, era o menor, com apenas três. —— Cara, você é um sortudo do cacete. O Yokota resmungou por duas horas, por você ter conseguindo um Charmander! —— Por dentro eu e gabava pela sorte, e adoraria esfregar mais ainda na cara daquele infeliz o meu excelente companheiro durante toda uma vida, mas no fundo, tinha o pesar de compreender a infelicidade dele. Por mais que nossa rixa fosse grande, não desejaria mau algum e torcia para ele conseguir capturar um em sua jornada.

—— Bom, sorte ou não... E ai? Quais vocês pegaram? —— A maioria estava com Eevees apoiados nas cabeças, Franquini por sua vez, não possuía nenhum Pokémon liberado, avistei ela no seu pequeno grupo junto com Pezarim, Mari e Julia. Pezarim e Mari acariciavam com suas bochechas as cabeças de seus Eevees. Eles retribuíam os afetos da mesma intensidade. Houve um breve alvoroço quando um equino em chamas cruzou algumas plantas, muitos acharam que ele iniciaria um incêndio, até se lembrarem de uma habilidade natural dos Ponytas. Seus pelos fumegantes só queimavam o que eles quisessem. O Pokémon se aproximou de Franquini, ficando ao seu lado. Ela, assim como eu, tinha ganho o inicial de seu pai, por isso o dela era tão distinto dos demais. Já Julia, tinha um dos mais solicitados em suas mãos, e ela não o largava por nada. Um pequeno Cyndaquil se acomodava em seu abraço, sorridente com os olhos que mais pareciam fechados, avaliando as amigas da garota.

Me perdi nos pensamentos por alguns instantes. Dudu não parava de falar como tinha sido uma escolha difícil, que demorou mais de meia hora na fila para selecionar o pedido, Lélo não desviava o olhar, absorvia cada palavra com muita atenção, mas nenhum dos dois ainda tinha liberado seus Pokémons, e isso me entediava. Um pouco próximo da mata densa, com várias árvores volumosas e próximo do pouco breu que a floresta concedia, encontrei Lyu e Yokota conversando junto de um outro garoto que nunca havia socializado. Ele estava de costas, com um Mudkip em sua cabeça, como muitos dos Eevees se acomodavam em seus treinadores. O de Yokota estava no chão, sério e firme, tinha adotado a personalidade do seu treinador, assim como os demais. Uma pena, um Eevve carrancudo perdia todo o charme, pelo menos a meu ver. Lyu por sua vez, apoiado com um braço na árvore, olhava atentamente o casco forte de seu Squirtle, que vez ou outra ria e corria, mas adotava medidas bipolares, pois uma hora parava e ficava quieto, com a expressão fechada.

Voltei ao assunto momentaneamente. —— E foi isso cara. —— Dudu finalizava e eu, como um excelente ouvinte, não tinha prestado atenção em nada do que fora dito. Lélo notou meu desinteresse no papo e rapidamente pressionou o botão circular que a esfera possuía no centro de sua extensão. A bola se expandiu ao tamanho da palma da mão do garoto, e ele sem delongas a lançou para cima, sem muito esforço. No ar, um feixe branco e com vários ziguezagues foi emitido até tocar no chão, liberando a forma de um Pokémon com os braços cruzados. Quando a luz cessou e a PokéBall voltou para a mão do seu dono, um Treecko se revelava, mascando um pequeno ramo de trigo em sua boca, mas ele logo o substituiu por uma folha de um arbusto qualquer, pelo visto era de sua preferência. Ele, por incrível que pareça, tinha uma personalidade própria. Extrovertido quando se dirigiam a ele, mas o tempo todo quieto e sossegado. —— Este é o meu amiguinho. Acho que será mais do que útil. —— Balbuciou o mancebo, coçando o queixo. Parecia se perguntar se tinha feito uma boa escolha. —— Ah, mas o meu é definitivamente o melhor! Se liguem! —— Dudu fez o mesmo processo que Lélo, e assim que agarrou a esfera bicolor, um pequeno primata começou a pular e escalar o corpo de seu dono, rindo e cuspindo chamas para cima, um belo Ember, deveria dizer. —— O Chimchar é a melhor escolha! —— Deveria admitir que em gostos de elementos, eu e o rapaz partilhávamos quase iguais. —— Bom, já que finalmente revelaram e deixaram seus amigos se exercitarem, que tal irmos capturar um Pokémon? —— Comecei a correr e os dois pareceram adotar a minha ideia, pois logo desgastavam o gramado com as fortes pisadas no solo com seus coturnos.

Adentramos a floresta e fizemos todos os formandos nos imitarem. A jornada de todos tinha começado, assim como a minha.

[...]

Ter trazido um facão seria bem útil para atravessar aquela mata. Mas assim como todos, tínhamos que aprender a nos virar e fazer jus a todas as aulas e testes de sobrevivência que nos testaram na ITEP. —— Estamos andando faz meia hora e só vimos Caterpies... Não quero que ele seja meu primeiro... —— Resmungou Lélo. Ele sempre tinha um gosto bem diversificado e saberia que mais pra frente sua team seria formada por estilos bem variados e de patamares incrivelmente altos. Já Dudu... Não tinha certeza, ele nunca almejou muito poder, só partilhava de uma incrível paixão por Pokémons e aventura. Já eu, bom, tinha um pouco dos dois.

Charmander a cada árvore que passava, as arranhava com as garras, eu por um momento achei que estivesse marcando o caminho que fazíamos, e seria bem útil a tática para voltar e recomeçar por um outro lado, mas quando a décima quinta árvore foi riscada, notei que ele apenas as afiava, e exalava fumaça pelas narinas. O meu Pokémon ansiava por uma batalha. —— Calma, Char! Logo batalharemos! —— O pequeno se virou e repetiu a ação de antes, quando esperávamos Dudu dentro do Instituto.

Enquanto andávamos, coincidentemente caímos numa estrada, julgamos assim por não haver mato algum, apenas terra batida e bem gasta. —— Acho melhor seguirmos por aqui. —— Considerou Leonardo. Seu Treecko assentiu e começou a andar poucos centímetros à frente do seu treinador. —— Bom, conquanto que achemos Pokémons... Estou dentro. —— Se adiantou Dudu e eu apenas o segui, averiguando pacientemente um grupo de Pidgeys e Starlys voando. Jurava ter visto um sendo atingido por um jato d'água. Mas o movimento foi rápido e as árvores tapavam a maior parte do tempo a visão do céu.

Eu podia jurar que a jornada começaria mais entusiasmante, contudo, lembrei-me que ainda estávamos muito perto dos imensos muros da ITEP e isso com grandes certezas assustariam os habitantes mais próximos. —— Gente, acho que só vamos conseguir achar alguns Pokémons diferentes com uma caminhada de uma hora mais ou menos. Temos que nos afastar dos portões. —— Ambos tiveram a mesma linha de raciocínio que eu e apertaram os passos para onde quer que aquela trilha fosse dar.

[...]

Demoramos mais de uma hora e nos deparamos com uma pequena casa toda devastada numa abertura entre a mata. Por mais estranho que fosse, as árvores ali eram cada vez maiores e suas copas cobriam todo o céu, dando acesso a duas novas trilhas a frente e três, contando a que nós viemos, atrás. —— Que estranho. Será que alguém conseguiu morar aqui? Deve ter sido devorado, com toda certeza. —— Disse Dudu, rindo e se aproximando da janela despedaçada. Uma madeira muito mal presa caiu logo quando ele se virou e o rapaz se alarmou brevemente, virando trêmulo para trás e depois se recompondo rindo do seu próprio susto. Eu e Lélo não perdemos a oportunidade. Falamos juntos só de cruzarmos o olhar. —— Marica. —— Dudu mostrou o dedo do meio e Chimchar fez a mesma coisa. —— Olha só, aprendendo com o dono. Vai virar um Pokémon delinquente. —— Disse e isso só fez Lélo gargalhar mais alto.

Nos sentamos um pouco para descansar. Os pés já latejavam um pouco pela longa caminhada, mesmo que fosse um pequeno incomodo, eu ainda estava muito eufórico pra simplesmente ficar parado. —— Ei. Que tal uma battle? 1x1x1? —— Propus. Dudu se ergueu com os punhos firmes e com a coluna um pouco curvada. —— Eu fecho! —— Lélo foi o ultimo a se levantar, um pouco desanimado. —— Eu dispenso. O meu Pokémon teria uma vantagem alarmante contra dois tipo fogo, mesmo que nos atacássemos simultaneamente. Serei o juiz. —— Dei de ombros e me afastei um pouco para dar uma abertura considerável para o campo de batalha improvisado. —— Ei, Dudu, nada muito pesado, apenas uma batalha amistosa para que eles não fiquem muito sem energia, ok? —— O rapaz sorriu indicando o polegar esquerdo. —— Relaxa, eu sei. Ainda temos que capturar uns perdidos ai. —— No centro do campo, sentado junto de seu Treecko, nas escadinhas que davam acesso a casa, Lélo ergueu seu braço direito, pronto para liberar o embate.

Ele olhou para mim, e eu assenti. Rapidamente fez o mesmo com Dudu, que retribuiu da mesma maneira. —— Comecem! —— Berrou ele.

—— Char, Smookscreen seguido de Ember. —— Charmander que se posicionava há um metro na minha frente, abriu suas mandíbulas e de sua garganta, uma quantidade de fumaça negra cobriu o campo de visão de Dudu, estudei a posição do oponente, assim como o réptil laranja. —— Não vamos ficar parados. Chimchar, Fire Spin! —— Um pouco atrás, o primata começou a cuspir chamas de baixa intensidade, porém, elas iam rodopiando em direção da cortina de fumaça, fazendo uma abertura e dissipando minha tática. O golpe seguiu em linha reta, onde o corpo do meu Pokémon jazia parado, mas já iniciara o lança chamas com intensidade maior.

Os ataques se repeliram brevemente, até que alguns vestígios de chamas sobressaíram, indo diretamente ao corpo do Pokémon de Dudu, acertando-o, mas causando apenas um incomodo leve. Chimchar roeu os dentes, e para afastar o fogo, usou sua pata, repelindo de uma vez o movimento. Dudu bufou, insatisfeito consigo mesmo. —— Boa, mas se esqueceu que o Ember é mais forte. —— Como havia anulado as chamas antes delas entrarem em contato com o corpo de Charmander, a habilidade especial do Fire Spin não pode exercer grandes coisas. —— Chega de papo. Chimchar, Fury Swipes! —— O grande defeito de Dudu era sua ansiedade. Existiam muitas coisas nas quais eu era impulsivo, mas nunca seria numa batalha. Dudu, algumas vezes se saiu bem em relação ao ordenar seus Pokémons partirem para cima do adversário, mas comigo, as coisas seriam diferentes. —— Pecou aqui. Char, Dragon Rage! —— Chimchar tinha suas habilidades especiais em relação a movimentos lutadores, mas Charmander, possuía seu lado Dragon da vida, o que por muito tempo admirei.

De sua boca, uma esfera de energia azulada acompanhada de algumas faíscas de um azul mais claro e intenso, foi lançada diretamente contra o peitoral do pequeno e impaciente Chimcar, cujo saltara com suas garras brilhando em branco devido o movimento preciso e forte, mas incapaz de parar o ato do golpe direto. Chimchar foi lançado contra o chão, arfando. O primeiro movimento de uma grau elevado havia o atingido. —— Ainda vai continuar? —— Perguntou Lélo, que brincava com seu Treecko enquanto olhava detalhadamente a luta. Ele estudava os movimentos, mas não havia muito o que entender naquela batalha.

Dudu suspirou, triste e foi em direção do seu Chimchar, se ajoelhando e acariciando a cabeça do mesmo. —— Foi mal, carinha. Melhor deixarmos ele levar essa. Prometo que vou estudar melhor os nossos movimentos. —— Chimchar rapidamente recuperou o sorriso e fez um sinal de positivo para o treinador, que sorriu e o pegou no colo. O primata antes de ser erguido, cessou as chamas que emitia de suas traseira.

Já eu, simplesmente corri até Charmander, que saltou e com sua pata fez um "Hi Five" comigo, estando de palma aberta e braço esticado. —— A primeira vitória fora do Instituto. Isso é revigorante. —— Murmurei para meu parceiro e ele apenas sorriu, fechado brevemente os olhos. —— Char! —— Afirmou, erguendo os braços.

O Treecko de Lélo de repente, saltou. —— Treeee! —— Berrou o Pokémon Grass, incomodado com algo. Lélo se afastou e foi até ele. —— O que foi, carinha? —— Seu Pokémon apontava para a porta e para as costas, berrando seu próprio nome várias vezes, nós, sem entendermos nada, apenas avaliamos a situação. Já Chimchar e Charmander, se posicionaram do lado de Treecko, preparados para um possível duelo. —— Será que tem algum Pokémon por perto? —— Murmurou Dudu. —— Não sei, espere. —— Peguei a Pokédex e apertei seu botão. Ela abriu automaticamente e sua tela ficou branca por alguns instantes, emitindo um barulho irritante de "bip, bip, bip" a cada segundo.

Levou quase sete até que ela parou. —— Gastly, um Pokémon tipo Ghost/Poison. Este Pokémon muitas vezes adquire uma forma gasosa por seu corpo ser formado por gases venenosos, e isso impede que sejam encontrados a olho nu. Geralmente não são causam problemas aos que os encontram, mas é quase impossível sair ilesos de uma pegadinha. —— A Pokédex mostrou a imagem dele e algumas características, como peso e tamanho, e logo se desligou sozinha, como de costume. Guardei-a no bolso e tomei à frente. Charmander me acompanhou.

—— Sinto muito, gente, mas esse é meu! —— Como tinha sido mais rápido, nenhum deles questionou, apenas cruzaram os braços e ficaram olhando o resultado. —— Vamos, apareça. —— Desafiei o inimigo, que não tardou e logo se formou, tornando sua forma nítida embora ainda parecesse um peido flutuante e roxo. —— Gaaaastly. —— Murmurou, com a longa língua para fora.

O oponente não esperou formalidades, rapidamente criou um raio negro que foi em direção de Charmander, deveria tratar-se do Night Shade, um movimento muito comum para os Pokémons Ghosts. —— Use a calda como impulso para saltar e use o Fire Spin! —— Charmander imediatamente recorreu as ordens e pulou com ajuda extra, milésimos antes de ser atingido pelo golpe que acertou o chão, mas não lhe provocando infortúnio algum.

O Pokémon, no alto, baforou uma quantidade de chamas circulares que imediatamente acertaram o rosto de Gastly, queimando-o aos poucos conforme ele se movimentava. Tinha sido preso pelas chamas por alguns instantes. —— Não terminamos. Char, aproveite a queda e use o Fire Fang! —— E sem tardar, ainda volátil, o réptil mergulhou com a boca completamente em combustão, conseguindo morder a estrutura gasosa de Gastly, só não me pergunte como. Assim que o movimento foi executado, ele recuou pousando no solo, fazendo o oponente recuar e levitar mais próximo do chão. —— Gaas... —— Encarava com o semblante cansado o Pokémon Ghost.

Achei que seria o momento ideal para capturá-lo, mas sabia que faltava muita energia de sobra para ele lutar. E não estava errado. Num rápido mover de seu corpo, o antagonista girou lançando sua longa língua para fora, e com isso aplicou um tapa com ela, na bochecha esquerda de Charmander. Ele virou o rosto para o lado oposto, pelo impacto enquanto a língua se mantinha grudada. Gastly o lambeu e quando terminou, um arrepio tomou conta de Charmander, quase o paralisando, por sorte ele se livrou do choque inesperado mais rápido que imaginávamos. —— Scary Face! —— Berrei e Charmander fez o mais rápido que pode uma cara amedrontadora. Isso fez Gastly recuar um pouco, o encarando desconfiado. —— E agora, Dragon Rage! —— Com a ordem, Charmander mais uma vez exibiu o lindo movimento do tipo Dragon, lançando a esfera diretamente contra Gastly.

A poeira subiu um pouco, mas quando baixou, vimos o Pokémon levitando com redemoinho dos olhos e sua língua para fora dos lábios, enquanto seus dois caninos eram exibidos. —— Marti, agora! —— Incentivou Dudu, mas eu já tinha noção do momento. Agarrei do meu cinto uma PokéBall, apertando seu botão central para que aumentasse de tamanho e finalmente, a lancei na direção do corpo caído. A esfera não o tocou por ser impossível tal contato, mas quando se aproximou, se abriu e lançou uma luz avermelhada que engoliu Gastly, o lançando para dentro. Ela girou alguns instantes emitindo um brilho vermelho no botão central enquanto apitava.

Um giro. Uma palpitada. Outro giro. Uma euforia. Mais um giro. Quis gritar. O ultimo. Segurei forte minhas próprias mãos, apertando-as em punhos fortes. Cessou, parada imóvel no chão. —— Ae! Caralho! Meu primeiro Pokémon capturado! —— Ergui o braço esquerdo, socando o ar e corri até a esfera, recolhendo-a. Lélo e Dudu me parabenizaram e eu deixei com que Gastly descansasse um pouco dentro do seu mais novo e prolongado lar.

[...]

Retomamos o caminho, e escolhemos a trilha do canto direito, seguimos a intuição de Lélo. Não demorou muito para que trombássemos com Lyu, Yokota e o garoto desconhecido que tinha um Mudkip. Ele usava um boné com formato de PokéBall, as mesmas cores e com um circulo branco pela metade na parte da frente. —— Olha só, o pivete e seu Charmander. —— Yokota deu as honras, mas sequer desrespeitou o réptil. Partilhava um respeito enorme por cada um deles, mesmo que seu pior inimigo tivesse um. —— O vendedor de pastel decidiu arriscar a vida fora da feira? Que milagre! A propósito, belo Eevee. —— Jogaria da mesma maneira que ele.

Seu rosto ficou um pouco vermelho, talvez não tivesse gostado da ofensa, mas eu gostei da sua reação e ainda mais do silêncio que pairou. O braço do loiro envolveu o peitoral do asiático no momento que ele pisou forte no solo. —— Deixa pra lá. E não seria sensato uma batalha agora. Você, assim como eu e o Cody fizemos a nossa primeira captura. Seus Pokémons não estão cem por cento como o Charmander dele. —— Eu bufei. —— O meu também não está. Já venci uma batalha amistosa e capturei um Pokémon também. Mas meu Charmander tem uma energia sem igual. —— Pela primeira vez o púbere não me tratou com indiferença. Lyu sorriu e girou uma PokéBall no indicador.

O outro asiático por sua vez, acariciou a cabeça de seu Mudkip que olhava sorridente para todos. —— Então, que tal irmos juntos por enquanto? —— Ele parecia ser gentil, não sabia os motivos de nunca ter ido falar com ele, talvez faltasse a oportunidade. Descobria agora seu nome, e devido ao berro que Yokota deu, dizendo que isso seria uma péssima ideia. —— Qual o problema? Tem medo que eu não deixei nenhum Pokémon bom pra você? —— Caminhei até o garoto e ignorei os balbuciares do topetudo. —— Enfim, prazer cara. Marti. Nunca tivemos a oportunidade de conversarmos no Instituto. —— Estendi a mão e ele apertou-a, sorridente. —— Igualmente. E só por curiosidade, qual foi seu Pokémon capturado? —— Ele parecia bastante empolgado com a resposta e não vi motivos para não revelar a informação. —— Um Gastly. Nada mau para o primeiro, né? —— Sorri e ele retribuiu. —— Nada mau mesmo! É um ótimo Pokémon. —— Dei alguns passos com o meu Charmander apoiado no meu ombro de novo e olhei para trás. —— E vocês? —— Mesmo que não quisesse, tratei bem Yokota. Estava cansado daquela rixa chata. Não tinha mais motivos. —— Um Starly. —— Revelou o loiro. —— Então foi você quem usou um Water Gun no alto? —— Ele ergueu a sobrancelha, curioso. —— Sim, você viu? —— Assenti. —— Sim, um pouco afastado, estava olhando pro céu e a imagem apareceu do nada. Belo tiro, aliás. —— Ele sorriu mais uma vez. —— Obrigado, mas quem merece o crédito é o Squir. —— O Pokémon tartaruga saiu detrás das pernas do seu treinador e acenou, feliz. —— Squiiirtle! —— Charmander ergueu seu braço e fez a mesma saudação. Assim como Treecko e Chimchar.

Olhei por fim para Yokota. Ele saiu do transe e acariciou seu Eevee, cujo estava deitado em sua cabeça. —— Capturei um Shinx. Não é lá tão popular como o Gastly, mas é um excelente Pokémon. —— Ele parecia querer se explicar. —— Mas é claro que é. Eu teria um sem problema algum. Luxray quando bem treinado dá um trabalho duro para se vencer. —— Yokota pela primeira vez, assim como Lyu, também sorriu para mim. —— Até que você não é tão ignorante, pivete. —— Dei de ombros. —— Ignorante? Nunca. Você que sempre vendia pasteis e nunca quis tentar ser amigável. —— Todos riram, inclusive ele, e assim, continuamos caminhando.

[...]

No decorrer da estrada, Dudu teve sua oportunidade e não a desperdiçou. Um Gligar que sobrevoava o perímetro foi surpreendido pelo poderoso golpe de Chimchar, a batalha durou um pouco mais do que prevíamos, afinal os Gligars eram bastante persistentes e difíceis de serem capturados, ainda mais como primeiro, mas Dudu superou este fardo.

Logo foi a vez de Lélo. Um belo Mankey, deveria dizer. Lélo sempre dise que tinha paixão por Pokémons lutadores durante as aulas de Tipos Pokémons. Seu Treecko mostrou uma verdadeira perícia em batalhas e imobilizou o oponente com golpes ligeiros e confusos ao mesmo tempo. Finalmente todos do grupo tinham conseguido seu primeiro, e assim como eu, muitos tiraram a jaqueta do instituto e a guardaram na bolsa. Todos trajavam camisas diferentes, com estampas diferentes. A minha era formada por chamas numa extensão totalmente branca. Lélo tinha uma com um Machamp usando luvas de boxe, socando um rochedo enorme. Dudu vestia apenas uma lisa e branca, sem desenho algum, assim como Lyu. Cody tinha uma com um Lapras no meio de um oceano. Yokota uma parecida com a minha, mas com um Charizard fazendo o turbilhão de chamas.

Enquanto andávamos botando o papo em dia, algumas moitas à frente começaram a se remexer. Repentinamente um Growlithe saltou e se curvou, surpreso por achar tantos humanos na sua frente. Eu juro que pensei em tomar partida, assim como todos, mas Lyu foi tão rápido e desesperado que nem antes de começar uma batalha, já lançou uma PokéBall na direção do canino, gritando e entrando em desespero. —— É meu! —— Foi a única frase estendida que ele pronunciou.

Apesar de ser idiotice, as coisas funcionavam assim por enquanto. Ganhava o Pokémon que tomava partida em primeiro lugar. Entretanto, a esfera bicolor foi rebatida pela calda do Pokémon, que latiu forte e ergueu seu rosto, se sentando calmamente na frente de nós. Só havia duas explicações aceitáveis. 1°: Ele era muito forte e incapaz de ser capturado desta maneira. 2°: Ele tem um dono(a). Mais cabível a segunda, visando que todos os Pokémons livres normalmente entram na esfera e depois se libertam dela, quando selvagens.

—— Porcaria! —— Berrou muito irritado o garoto, recuperando sua PokéBall que estava poucos centímetros a sua frente, caída na trilha gasta. —— Ruuau! —— Latiu Growlithe, ainda pacientemente sentado na nossa frente. —— Será que está perdido? —— Murmurou Cody, registrando o mediano cão na Pokédex, assim como todos os outros. O mato atrás dele mais uma vez começou a se mover, mas desta vez bem forte. —— Grow! Nunca mais corra assim, quase te perdi! —— Gritou uma garota de estrutura mediana. Ela tinha uma coroa de flores presa a sua cabeça e vestia uma roupa parecida com a nossa, mas as listras brancas que normalmente tínhamos devido ser a marca do Instituto Leste, ela possuía algumas azuis. Só significava uma coisa. A menina teria vindo da ITEP Sul. —— Esse Growlithe é seu? —— Perguntou Lyu, ignorando completamente a percepção que tive, todos não tinha reparado nisso também. —— Sim, eu estava perdida no mato, decidi começar por aqui minha jornada depois da formatura. Prazer, Mapa, sou da ITEP Sul. E... Você tentou capturar o meu Growlithe? —— Lyu recuou, um pouco envergonhado. —— Não deveria deixar ele correndo por ai sem mais nem menos! Eu sou doido para ter um! —— Ela bateu forte o pé no chão. —— Isso não justifica, palhaço! Ele é meu. Argh. —— Lélo, curioso, se aproximou alguns passos. —— Mapa? Tipo o objeto? —— Ela rolou os olhos para cima e bufou. —— Não... É a junção dos meus dois primeiros nomes. —— Eu, como todos, tiramos um leve fardo da cabeça. Seria contraditório uma garota se apelidar Mapa e se perder numa floresta, aliás.

Growlithe latiu e roçou sua cabeça na altura da panturrilha da menina. Logo atrás dela, duas garotas surgiram, acompanhada de um menino com um Aipom em seu ombro. Ele sorria mais do que tudo. —— Ah, essas são Giu, Thay e Jhon. Decidimos começar por aqui, por... Sei lá. É uma jornada, pra que iniciar perto de casa, não é? —— Todos se apresentaram. Seus Pokémons eram variados dos nosso. O setor Leste era o que mais fornecia os antigos iniciais. Thay, a loira um pouco mais alta que Mapa, tinha junto contigo um Natu. Já Giu, caminhava com um redondo e rechonchudo Spheal. —— Caramba, que iniciais... Diferentes. —— Registrei cada uma na minha Pokédex, e todos fizeram o mesmo, tanto o nosso grupo, como o de Mapa.

Sem dúvidas, estava curioso para saber como as coisas funcionavam ao Sul. Pokémons diferentes, todos aparentando serem fortes e com habilidades especiais, sem dúvidas, ter a companhia delas por um tempo seria melhor do que vagar com um bando de homens, mesmo que nosso interesse não fosse cortejá-las, inicialmente.


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