The New Continent. escrita por Martinato


Capítulo 11
O torneio surpresa de duplas!




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Depois de sairmos da terceira cidade, caminhamos por algumas horas até notarmos uma aglomeração de treinadores, todos formando um círculo envolta de várias arenas lotadas de batalhas acontecendo. Ao centro de todas, possuía um homem robusto, com uma capa branca bem estilo Elvis, e em sua mão, um microfone. Talvez fosse por isso que associei a imagem do famoso cantor. Ele narrava praticamente todas as batalhas, não deixando escapar um detalhe, muito menos o fôlego.

—— INCRÍVEL! ESSE STOMP NOCAUTEOU O BIBAREL. RAPIDASH SEM DÚVIDA MOSTROU QUE O TIPO NÃO VENCE UMA BATALHA! E VEJAM ISSO, O FOCUS PUNCH BEM EXECUTADO DE BRELOM NO QUEIXO DO PODEROSO STEELIX! IMPRESSIONANTE! VAMOS RAPAZIADA. NÃO SE INTIMIDEM, SE INSCREVAM NO FAMOSO TORNEIO DOS PÓLOS! BATALHAS COMUNS E DUPLAS, NÃO PERCAM TEMPO! —— Sua voz, aparentemente contagiou todos nós, mas para uma polêmica maior, decidimos guardar nossos Pokémons em suas PokéBalls, assegurando que ninguém tivesse um conhecimento e consequentemente, uma vantagem sobre nós.

Caminhamos até umas tendas com uma fila generosa de pessoas, contudo, ela ia diminuindo rapidamente, e levamos no máximo cinco minutos para preencher a ficha e escolher a modalidade, se seria de dupla ou tradicional. Numa conversa sadia e regada com muitos palavreados, obviamente, decidimos participar da em duplas. O argumento chave foi o meu, que fortaleceria nossas habilidades e ao mesmo tempo deixaria nossa linha de raciocínio mais rápida.

Com o selo colado na camisa e tendo um número de cinco dígitos, fomos selecionados para diversas arenas, onde cada uma teria um total de oito batalhas, classificando oito vencedores. O número de plataformas eram doze, e na primeira rodada classificariam 96 competidores, que após a segunda rodada se findar, sobrariam quatro por arena, ou seja, cada uma levaria apenas mais duas pessoas, no término da rodada e iniciariam o mata-mata na plataforma principal, com 24 membros restantes. A rodada final restaria apenas 12 invictos, o que tornaria as coisas bem mais interessantes.

Por sorte, ou azar, nenhum de meus amigos se encontrava na minha fila. Olhei atentamente os rostos de cada competidor a minha frente. Seria o oitavo a batalhar. O nervosismo até que não me atingia, levando em conta o número de vezes que fizemos isso na frente da Instituto inteiro. Tá ai uma das vantagens de cursar tantos anos uma universidade especializada em aventuras, batalhas e capturas.

Distraído, movi meu olhar para fileira adversária, o último competidor não me era familiar, e senti um alívio, não queria enfrentar nenhum amigo logo na primeira rodada.

Quando a primeira rodada se iniciou, a fila do outro lado se moveu un pouco, e nisso, o par de olhos puxados mais irritante que já tinha visto na vida, se destacou, ficando em segundo lugar. —— Yokota... —— Murmurei. Seus lábios diziam nitidamente o meu nome também, consegui deduzir por leitura labial. Ele não sorriu, assim como eu. Simplesmente partilhamos o mesmo espírito competitivo e a sensação de não nos enfrentarmos agora, foi com toda certeza, apaziguadora. Se fosse para lutarmos, que isso ocorresse nas finais.

Conforme a primeira batalha ia se findando, eu deixei de prestar atenção no asiático e foquei na luta. Jynx tomava a vantagem contra Meditite e sem dúvidas levaria a partida com sucesso.

Desatento, acabei trombando com o rapaz na minha frente. O sujeito era alto, pele morena e tinha um porte atlético. Cabelo raspado estilo militar e usava um óculos de grau, mas do modelo aviador, o que não deixava ele com cara de nerd. —— Foi mal, cara. —— Me desculpei, torcendo para que ele não fosse encrenqueiro. —— Relaxa! —— Ele sorriu, enquanto segurava uma GreatBall (uma esfera bicolor com duas elevações na parte superior, sua parte de baixo é branco, já a de cima, azulada e as elevações de cor vermelha. Uma das minhas PokéBalls favoritas) na palma esquerda. —— E ai? Ansioso? —— Ele continuou o diálogo, me surpreendendo em relação a sua personalidade. Era bastante diferente do que imaginava.

—— Um pouco. Aprendi a controlar minha ansiedade desde a ITEP. Mas nunca por completo. E você? —— Ele riu, uma risada mais engraçada do que seria a melhor piada contada. —— Te entendo. Eu to muito animado ainda. Sempre fui muito ansioso. Ah, a propósito, meu nome é Dan. E o seu? —— Apoiei meus antebraços por trás do pescoço, aproveitando o diálogo e observando a luta. —— O pessoal me chama de Marti. Você não é daqui, né? Quer dizer, do setor Leste. —— Ele fez o mesmo gesto que eu, antes de responder, o baque forte de Meditite caindo contra o chão, chamou nossa atenção e finalmente a primeira batalha havia acabado. Yokota se dirigiu ao posto dos pelejadores, segurando sua Ball, nisso Dan voltou a olhar para mim. —— Ah, apelido legal. E não. Eu estudei no setor Oeste. Decidi começar por aqui mesmo. Terra Nova. Sabe como é né? —— Na verdade até o meu setor era uma terra desconhecida. Não conheci muito das cidades que não fosse a minha natal e o caminho até a ITEP que estudei. —— Te entendo. Mas preferi começar por aqui mesmo. Também sou bastante impulsivo. —— Ele assentiu e cruzou os braços, averiguando a partida.

Os concorrentes já aguardavam o iniciar da segunda batalha, mas elas eram sincronizadas, ou seja, só começariam quando todas as outras onze arenas estivessem prontas.

Durou exatos três minutos, e os participantes já estavam bastante eufóricos. O juiz apontou as duas bandeirinhas, para que os treinadores se aproximarem. —— Pronto? —— Indagou o homem de branco. Yokota assentiu, segurando duas esferas. —— Pronto? —— Ele apontou para o oponente, que também acenou positivamente para o organizador. —— Comecem! —— O berro foi dado e os torcedores entraram num êxtase revigorante. Yokota lançou suas duas PokéBalls, delas saíram seu Charmander e Feebas.

Fiquei intrigado com a escolha do asiático, mas o seu sorriso estava bastante convincente. Seu oponente, um homem careca com óculos de sol e uma jaqueta com as mangas arrancadas, rodopiou as duas Balls no indicador e dedo do meio. —— Que bela refeição esse seu peixinho e lagarto vão ser. —— Ironizou o musculoso. —— Tenta a sorte, Gogoboy. —— Os dentes do provável motoqueiro rangeram. —— Vocês já eram! Vão! Wing Attack e Bite! —— As PokéBalls lançadas abriram, revelando um Pidgeotto já preparando o ataque com as asas brilhando. Ekans foi o segundo, abrindo as mandíbulas, pronto para abocanhar Feebas. —— Protect seguido de Dragonbreath. Fire Punch e Flamethrower! —— Antes que Pidgeotto atingisse o ataque, Charmander o interceptou com um belo soco em seu rosto, já que estava desprotegido. Quando o Pokémon caiu, Charmander se aproximou impiedosamente e ateou fogo no corpo de Pigeotto, nocauteando o pássaro.

O homem musculoso só teve tempo para ficar boquiaberto, já que as cenas aconteceram simultaneamente. Ekans mordeu o escudo de proteção, não causando dano algum para Feebas, que por sua vez, após a barreira sumir, de sua boca lançou um raio azul claro, que agia como fogo, consumindo todo o corpo do Pokémon cobra, o jogando para trás com a força do impacto. O dano parecia ter atingido uma proporção maior do que o esperado (Critical Hit), pois foi o suficiente para ocasionar um desmaio imediato.

O juiz ergueu as duas bandeiras, apontando para Yokota, designando o vencedor do embate. Ele apenas sorriu e antes que pudesse retornar seus Pokémons, como fez o antagonista. O corpo de Feebas, equilibrado no solo graças as suas nadadeiras, emitiu um brilho potente, tomando proporções alongadas e mais compridas do que seu antigo corpo. Feebas evoluira para um belo Milotic macho. —— Treine mais, companheiro. E ah... Não seja tão impaciente. Ou então, vai perder assim, vergonhosamente, para qualquer um. Enfim. Até mais. —— Sem Pokémons na arena, ambos saíram, com apenas o brutamontes aos berros de raiva.

[...]

Faltava apenas dois para que finalmente eu pudesse entrar em cena. Dan estava mais impaciente do que qualquer um em qualquer arena. Ele batia num ritmo frenético seus pés no chão, ainda mais rápido do que Alex já fez em toda vida. —— Ei, acalma ai. —— Tentei tranquiliza-lo, mas foi em vão. —— Faz tempo que não tenho um público tão grande. E tem mais... —— Ele não terminou a frase com muita confiança, algo o fez frear. —— Mais o que? Pode confiar, não sou um fofoqueiro imbecil. —— Dan sorriu, ganhando coragem para se abrir. —— É que meu Elekid não me obedece. Aliás, ele não obedece nunca! —— O pesar em seus ombros foi lançado. —— Esse é seu medo? —— Indaguei, ganhando apenas um balançar de cabeça. —— Se serve de consolo, minha Mareep também não me obedece muito. Só quando Charmeleon está por perto. Ela não me respeita. Apenas Charmeleon consegue fazê-la não questionar minhas ordens. —— O olhar do garoto avaliava todas as minhas palavras, parecia investigar se eu estava mentindo ou não. —— Duvido muito. —— Ele se virou, olhando a batalha. —— Vou provar, então. —— Agarrei a PokéBall de Mareep e a abri na minha própria mão. —— Mareep, pronta pra lutar? —— Recebi em troca uma descarga elétrica moderada, mas ainda sim, incômoda.

Quando meu corpo se aliviou e alguns risos alheios se cessaram, Dan manteve o sorriso estampado em seu rosto e pegou uma Ball comum em seu cinto. —— Agora acredito em você. Veja também por si próprio. —— Ele fez o mesmo ato que eu, e Elekid surgiu, rodando seus braços e criando uma carga em seus chifres semelhantes a uma tomada de encaixe. —— Elekid, que tal vencermos uma partida juntos? —— Ele virou o rosto instantaneamente, e usando seu braço, tocou a calça de Dan, fazendo uma carga consumir seu corpo e ele estremecer. —— Argh! Odeio isso! —— Cruzei os braços, olhando o Pokémon amarelado. Ele me encarou de soslaio, parecia ter sido intimidado ou algo assim. Mareep teve a mesma reação com Dan. Ignorei, por ora, aquele fardo. Retornei Mareep e ele, Elekid. Sequencialmente, a luta finalizou e Dan se moveu até o campo de batalha, fazendo um breve aceno.

Fiquei na primeira posição, aguardando o final da batalha. Meu oponente me encarava incansavelmente, ele tinha um cabelo cacheado e bastante comprido. Usava calças coladas e preta. Botas com salto e uma jaqueta repleta de spikes nos ombros. Se estivesse próximo dele, com certeza reclamaria do mau cheiro, porque de longe conseguia enxergar o suor escorrendo de sua testa. Enfrentaria um Roqueiro, gótico e maluco. Nada demais.

Dan, neste exato momento jogou duas de suas esferas ao alto, junto do rapaz, de características normais pelo menos, as quatro esferas alcançaram o ar, liberando os Pokémons. Dan, com a dupla exercida por Tyrogue e Meowth. Seu rival lutava com um Wooper e um Aron.

O juiz fez a mesma ação monótona. Ambos confirmaram seu preparo e finalmente a batalha se iniciou. —— Meowth, Night Slash. Tyrogue, imobilize Aron. —— Dan foi o mais rápido em ordenar, por isso, seus Pokémons tomaram a iniciativa primeiro. Meowth executou um arranhão poderoso no rosto de Wooper, que o obrigou a ser jogado para trás. Seu Meowth sem dúvidas havia sido bem treinado. Já Tyrogue, aplicara um golpe com as palmas das mãos, fazendo Aron ficar confuso e com os olhos fechados (flinched).

—— Repita o movimento em outro alvo, Tyrogue. Meowth, Dig. —— O felino numa velocidade surpreendente, começou a cavar, sumindo da arena. O pequeno Pokémon lutador repetia a dose nas bochechas de Wooper, que permaneceu no chão, mas deixou a guarda baixa para que Aron aplicasse um forte Iron Head em suas costas, mas o movimento não o afetou muito devido os tipos em questão.

Tyrogue se afastou e Wooper, confuso, chacoalhou a cabeça e tentou prestar atenção no campo de batalha. O garoto cerrava os punhos, completamente dominado pelo nervosismo. As palavras não saiam de sua boca, o que favoreceu Dan. Seu Meowth repentinamente apareceu por debaixo do corpo de Aron, o lançando para cima em uma altura considerável. O pequenino caiu de costas e ficou um tempo sem se mover. Wooper finalmente se recompôs, e com as ordens de seu treinador, rapidamente lançou um Water Gun sobre Tyrogue, mas a distância o favoreceu e o pequeno, como ordenado, saltou e conseguiu esquivar sem problemas.

Aron estava bastante incapaz naquela batalha. O movimento de Meowth o danificou muito, o que resultava em Wooper contra os dois Pokémons de Dan. —— Tyrogue, Tackle! Meowth, Faint Attack! —— Aproveitando a vantagem, numa velocidade assombrosa aos presentes no campo, Meowth desapareceu e reapareceu do lado de Wooper, aplicando um golpe com sua calda no rosto do water/ground type. Mas a maior surpresa veio de Tyrogue. O pequeno lutador, sem explicações, mudou seu alvo e saltou no ar, aplicando um perfeito Hi Jump Kick, nocauteando Aron de uma vez. Wooper também não resistiu, e cedeu ao desmaio, obrigando o juiz declarar Dan, o vencedor da sétima rodada.

Ambos se moveram até a saída e toquei a mão do rapaz, parabenizando-o pela sua vitória. —— Mandou bem. —— Comentei. Ele ainda sorria e tremia um pouco devido a ansiedade. —— Valeu. E acabe com aquele emo também. —— Assenti, segurando as duas Balls em miniaturas na palma esquerda. —— Pode deixar. —— Confiante, rumei até a área dos treinadores, aguardando o iniciar.

O Rosqueiro pisoteava o chão com seu coturno, andando curvado e com um sorriso sinistro em seu rosto. Ao redor dos olhos, a maquiagem escorria (sim, ele usava maquiagem pra bizarrice ficar completa), formando uma espécie de lágrimas negras pelo seu rosto e pescoço. —— Vou acabar com você. Por me obrigar a ficar nesse maldito sol! —— Ele me ameaçou, e eu apenas arqueei as sobrancelhas. —— Tá achando que é minha culpa? —— O sinistro tirou uma das mãos do bolso e passou pelos longos cabelos encaracolados, e no final, sua mão ficou completamente ensopada. —— Sim. Você é o mais próximo pra eu culpar. —— Ele sorriu de modo histérico.

Dei de ombros e segurei as duas Balls, deixando-as em seu tamanho original. —— Pronto? —— Perguntou, já um pouco cansado de repetir as mesmas perguntas, mas se manteve firme, mesmo debaixo daquele calor insuportável. —— Sim. —— Ele virou ao gótico, que sequer o deixou perguntar, simplesmente jogou as esferas ao alto, liberando um belo Ariados e um Shuppet. Não sei porque, mas já imaginava que ele teria algum Pokémon ghost. Sem delongas, o homem ergueu as bandeiras e eu joguei as PokéBalls no alto, liberando Charmeleon e Haunter, e a torcida aos poucos foi preenchendo o lugar, pois era a última batalha acontecendo em todas as arenas antes da próxima fase.

Por portar a maior velocidade em campo, esperei que o gótico tomasse a iniciativa. O que não delongou. —— Meus demônios! Ataquem! Psychic e Shadow Ball! —— Sorri brevemente. Teria uma vitória tão grandiosa quanto o meu rival. —— Sucker Punch seguido de Dark Pulse. Charmeleon, Flamethrower e finalize com um Fire Punch de verdade! —— Usei aquelas palavras justamente por saber que Yokota assistia em algum canto das arquibancadas. Shuppet se preparou para lançar o Shadow Ball, mas foi impedido por Haunter, que aparecera inesperadamente ao seu lado, socando-o com força e deixando o oponente confuso.

A aura negra rumou do corpo de Haunter, indo num ângulo de 360° graus, colidindo com o ghost imóvel e o nocauteando por dois ataques a queima roupa e super efetivo ainda. Charmeleon conseguiu lançar as chamas primeiro que Ariados, que ocupado, mirando em Haunter (ele perdeu o movimento devido ao desaparecimento do fantasma, atacando seu aliado), foi pego pelo mar de fogo, quase desmaiando. A aura negra pressionou a aranha no chão e com isso, Charmeleon simplesmente se aproximou em passos rápidos ao antagonista, socando seu rosto com a pata fechada e coberta por chamas.

O gótico teve a mesma reação. Eu sorri e retornei meus Pokémons, o poupando de sermões e ainda mais vergonha alheia. A plateia rugia em torcida, e alguns riam de deboche do visual daquele mancebo, que com o rosto coberto pelos cabelos, se dirigiu para longe da arena.

[...]

Debaixo de uma das tendas, TVs ficavam ligadas e mostravam os melhores momentos de cada rodada nas doze arenas. —— MUUUUUITO BEM MEUS TELESPECTADORES! AGORA VEJAM OS MELHORES MOMENTOS DO GRANDIOSO CAMPEONATO DOS PÓLOS, ORGANIZADO UMA VEZ AO ANO EM CANTOS MAIS INOSPITOS DESSE MUNDO MARAVILHOSO! COMO JÁ VIRAM AS DAS BATALHAS COMUNS, FIQUEM COM OS TOP DEZ MELHORES TREINADORES DA FASE DE CLASSIFICAÇÃO! —— E os vídeos começaram instantaneamente.

O número 10 estampou a tela e mostrou uma treinadora qualquer, usando uma dupla de Onix e Diglet, a dupla simplesmente esmagou os adversários com o corpo potente e Diglet finalizou atacando rochas no segundo, sem chances para eles.

Os números foram passando, nono, oitavo, reparei pouco, pois não era ninguém conhecido. O sétimo chamou minha atenção, Gui jazia com seu Abra e Cacnea, ambos fizeram um espetáculo, com as ondas psíquicas de Abra erguendo um Machop e Machoke, Cacnea os finalizara com vários Pin Misseles potentes.

Sexto, nada demais, quinto, mais um alheio, o quarto mostrou Thalles, o ambientalista. Não imaginava ele em competições, mas qualquer um ficaria entusiasmado numa competição. E seus Pokémons não eram nada fracos. A dupla de Absol e Snorunt nocautearam um Swellow e Vigoroth com uma investida do Sucker Punch, fazendo Swellow cair, e deslizando no corpo do pássaro, utilizou o Psycho Cut nas costas de Vigoroth, deixando ambos prontos e sem chances de desviar do Blizzard de Snorunt, congelando a dupla instantaneamente.

Assoviei. Uma pena não termos sido designados à mesma barraca, gostaria de matar o tempo conversando do que vendo TV e ouvindo os comentários malucos daquele Elvis louco.

Batucando com o pé e saboreando dos petiscos que nos serviram, o top três começou a ser narrado. Dentre eles, o terceiro era Lélo, com uma forte dupla: Primeape e Grovyle. Infelizmente não vi como eles tinham ganhado a luta, mas deveria ter sido extremamente rápido e bem estipulado para alcançarem o terceiro lugar. Em segundo, o Elvis doidão citou ter sido preenchido por dois concorrentes. Primeiramente, Yokota surgiu na tela, dando a reprise na luta do asiático e dando foco na evolução de seu Feebas. Já o próximo fez meu coração acelerar. A câmera dava foco no meu rosto e depois na minha dupla. Ignorei completamente o diálogo do apresentador e vi meus Pokémons repetindo os movimentos de outrora e a plateia indo a loucura. —— Parabéns ein? Segundo lugar no ranking não é nada mal. —— Um rapaz alto e moreno tocou meu ombro, e eu o agradeci. —— Teria sido melhor ganhar daquele vendedor de pastel. Mas pra mim está ótimo mesmo assim. —— O garoto riu e voltou a comer o que era servido e fiz o mesmo.

Com o estômago cheio, nos sentamos num sofá extenso. Matava minha sede com uma latinha de guaraná, o logo dela era estranho, já que tinha um Espeon soltando bolhas rosadas, para imitar a coloração do líquido saboroso e com um toque de gás. —— Ah. Essas competições são boas por causa da comida! —— Encarei o jovem, com os braços esticados e apoiados. Ele mordiscava um palito de dentes. —— Você compete só por causa da comida? —— Ele riu. —— Claro que não! Mas é um belo bônus, não? —— Concordei acenando a cabeça. —— Enfim. Tomi, e você é? —— O garoto estendeu a mão e eu a apertei. —— Marti. Setor Leste. —— Tomi ergueu a sobrancelha. —— Uh. Daqui então? Isso é bom. Conhece bem as bandas. —— Rolei os olhos. —— Como se você não tivesse vivido quase a juventude inteira numa ITEP. —— O treinador riu de novo. —— Touchê. —— A conversa se findou com um alarme não muito alto soando. —— Epa! Vai começar a segunda rodada! Bora pra fila. —— Alertou Tomi, correndo e pegando suas PokéBalls com uma enfermeira. Não tardei e fiz o mesmo.

Na fila para a listagem, havia apenas oito competidores em uma arena.

Na fila para a listagem, havia apenas oito competidores em uma arena. E assim sucessivamente nas outras. Teria de usar mais uma vez minha equipe de outrora. Mareep

estava cada vez mais hostil e suas atitudes não estavam sendo contidas sequer com Charmeleon presente. Ela não me obedecia de maneira alguma. Aguentaria as fases finais com apenas Charmeleon e Haunter, pelo menos eles gostavam de batalhar ao meu lado.

Tomi estava posicionado do outro lado da Arena. Eu era o terceiro e ele o quarto. Não nos enfrentaríamos ainda, por hora.

[...]

Desta vez não trombei com nenhum ser bizarro que tinha ódio do mundo ou só vestisse preto num sol escaldante porque achava maroto. Não. Foi bem mais natural. Uma garota, de estatura mediana, cabelos loiros e olhos verdes, se aproximou primeiro que eu. Seu nome era Lara, havia sido recentemente apresentada. Agora todos nós passávamos por esse tipo de mico. Na minha vez, houve uma salva de palmas, bem menor do que as emanadas pela treinadora. Talvez o charme dela não tivesse despertado apenas a minha atenção, como também a plateia era composta por 75% de garotos.

Isso deve tê-la ajudado um pouquinho.

O juiz se aproximou do centro, avaliou o campo e certificou-se de que estávamos prontos para a batalha. Assentimos positivamente e apanhamos nossas PokéBalls. Como o cavalheirismo nesse mundo girava de forma diferente, lancei primeiramente minha dupla de antes. Muitos não gostaram da minha atitude, mas Haunter e Charmeleon não ligaram pra algumas vaias, apenas se posicionaram. Charmeleon fixou bem suas garras no solo, enquanto proliferava fumaça pelas narinas. Seu típico olhar confiante fez muitos mudarem de ideia.

Já Haunter, simplesmente desaparecia e aparecia, fazendo caretas e rindo de suas próprias piadas. Ele conseguiu olhares também, mas o foco em si era para o reptiliano vermelho, pela sua raridade em questão.

A garota sorriu, demonstrando interesse nos adversários. —— Interessante. Eu vi sua partida nos top 10. Será uma ótima batalha. —— Ela dizia, segurando as duas Balls calmamente. —— Obrigado. E que a partida seja boa para ambos. —— Ela riu, de modo doce. —— Sim. Pra mim, é claro. —— Fechei o sorriso, e ela lançou as esferas ao alto, fazendo assim, surgir um belo Dragonair e um Roserade bem cuidado. —— Pois pra você, vai ser apenas uma derrota a mais! —— Ela gargalhou e a torcida encheu o seu ego. "Droga... Ela era tão bonita." Pensei, mas não desanimando da partida. —— Que seja. Haunter, foco na defesa. Charmeleon, Dragon Dance. —— As minhas ordens foram dadas exatamente quando o homem de branco e preto liberou a luta.

O fantasma se prontificou na frente de Charmeleon, enquanto o fire type aplicava um salto mortal para trás. —— Isso não vai ficar assim! Dragonair, Ice Beam! Roserade, Shadow Ball! —— Previsível. Previsível até demais para o meu gosto. —— Use a calda para saltar e mande um belo Flamethrower. Haunter, rebata a esfera depois da defesa. —— As ordens foram rápidas, sem dúvidas, mas fazia parte da tática. Imaginei que a adversária iria mandar ataques a queima roupa. Só que para a sorte dela, felizmente foram de longo alcance.

Haunter apenas emanou uma parede transparente em sua frente e os ataques colidiram, causando uma névoa curta e um pouco de poeira por causa da colisão do Shadow Ball. Tudo isso misturado, encobriu o cenário envolta dos corpos de meus Pokémons numa altura de três metros e largura equivalente.

Todos olhavam perplexos, imaginando um fiz trágico. Eu apenas cruzei os braços e curvei um pouco o pescoço, olhando o chão. Lara agora gargalhava com o seu feito, e a torcida a apoiava. —— Que feio. Agora ficarei no top 10 em cima de você. —— Um vulto repentino surgiu no meio da cortina e uma espécie de brilho avermelhado atingiu em cheio a região de Dragonite e Roserade. A velocidade do Pokémon dragon foi impressionante, mesmo com um dano fervoroso, ele encobriu o corpo da Roserade, tomando a maior parte dos danos. A rajada de fogo, que outrora rápida como um cometa, apagou-se, fazendo o dragão se desenrolar. Neste meio tempo já me encontrava com o rosto erguido, e em contrapartida, o Shadow Ball de Haunter acertava em cheio o rosto de Dragonite, deixando a dupla de Lara bem debilitada. —— Acho que o top 10 ainda vai ter mais cenas minhas. —— Me posicionei e apontei o indicador. —— Dig. E Haunter, levite o mais alto que puder. —— Novamente, sendo os mais velozes em campo, consegui fazer com que os Pokémons se posicionassem no campo, ficando incapazes de serem enfrentados. Lara estava nervosa e não sabia para que canto olhar. —— Ah! Acabem com aquele fantasma! —— Ela ignorou por completo meu Charmeleon, e isso foi ótimo. Haunter desviava com facilidade dos raios gelados e as esferas negras, cansando ainda mais a dupla da loira. Haunter obviamente não saia sem prejuízo algum, mas ele possuía uma hiperatividade enorme, e foi exatamente isso que o deixou ileso.

—— Dragon Claw com Fire Punch! Psychic e Sludge Bomb! —— Ordenei assim que a brecha foi dada, já que Dragonair e Roserade respiravam após vários lançamentos em vão. De surpresa, Charmeleon apareceu por debaixo deles, mas não colidindo de primeira, pois uma aura rosada os cobriu e ergueu os dois a dois metros do chão. Com um braço, o Pokémon fire arranhou Dragonite, suas unhas brilhavam num branco poderoso. Na sequência, seu outro braço entrou em combustão na parte da mão, e com o punho fechado, Charmeleon socou o queixo de Roserade, fazendo a aura psíquica quebrar e ambos irem ainda mais para cima, levando-os a sua perdição, já que Haunter nessa altura já tinha cuspido uma quantia volumosa de líquido roxo em uma camada espessa. A gosma os atingiu, fazendo o impacto lançarem os dois contra o solo, e no baque, uma poeira se ergueu.

Minha dupla voltou às posições originais, Charmeleon cruzou os braços, convicto de sua vitória. Haunter sobrevoava envolta do lagarto de fogo, sumindo e aparecendo toda hora.

A poeira abaixou, e os semblantes de Dragonair e Roserade não indicavam coisa boa. Estavam bem machucados e os olhos em redemoinhos constantes. O Juiz ergueu a bandeira, finalizando a batalha e me declarando o vencedor. Lara se ajoelhou e recolheu seus Pokémons, ela lamentava em sussurros, não entendendo com havia perdido. —— Foi uma bela batalha, quem sabe não lutemos de novo? —— Acenei e sem retornar os meus amigos, nos dirigimos para fora da arena, dando espaço para Tomi ser o próximo. Desejei boa sorte e fui andando com um instrutor do evento, que me designaria a nova tenda dos classificados.

~ Perspectiva de Tomi ~

O garoto subia lentamente os degraus, em direção à posição dos treinadores. Seu coração, como na primeira batalha, palpitava fortemente dentro de seu peito. O suor escorria um pouco, mas isso era por conta do calor, mas mesmo assim, o calafrio na espinha não deixou de transpassar o arrepio até a nuca. Ele saiu da parte coberta e viu todos aqueles rostos o aplaudindo. Vários garotos, garotas, senhores e senhoras, até mesmo Pokémons assistiam eufóricos a segunda rodada do torneio. Ele não poderia fazer feio, não agora, na frente das câmeras.

Seu oponente apareceu. Um jovem alto, cabelos compridos e usava um óculos de grau. Sua aparência era de um homem intelectual, o que notoriamente seria um oponente perspicaz, calculista e de fato, bastante estrategista.

Isso o intimidou, mas ele não deixou o medo dominar seu corpo. Agarrou os orbes com vontade e os fez ficarem fixados ao tamanho original em suas mãos. Seus Pokémons se agitavam dentro da PokéBall. Ele podia sentir isso.

As bandeiras baixaram e ambos, ao mesmo tempo, liberaram suas duplas. Croconaw saltou em uma pirueta e ao atingir o solo, cavou com suas patas e fez alguns passos de dança, deixando as mordidas poderosas soarem pelo campo a cada abocanhada no ar. Ao seu lado, Krabby, um pequeno siri, pulou na cabeça do jacaré aquático, mas logo descia, se posicionando no campo e com suas pinças, prensava o ar, fazendo barulhos e agradando os telespectadores.

Na frente, o sujeito lançava um Voltorb cheio de carga, e um Graveler bem avantajado.

"Droga... Um elétrico." Pensava o mancebo diante da PokéBall energizada. Seu amor por Pokémons water prejudicava bastante seu desempenho quando achava um desafio daqueles no caminho. Por sorte, a dupla não possuía dois electrics, mas sim um rock/ground, deixando as coisas mais fáceis de lidar. Ao menos um ele tinha capacidade de enfrentar com bastante certeza de que venceria.

—— Que vença o melhor. —— O rapaz ajeitou seu óculos no rosto, e o sarcasmo preencheu cada palavra dita, ele parecia ciente de que venceria sem sombra de dúvida. —— Igualmente. —— Murmurou o moreno, cerrando os punhos.

Com as bandeiras baixadas, o nerd rapidamente ergueu seu braço e abriu um sorriso imenso. —— Stone Edge, Voltorb, Charge Beam, proteja Graveler! —— Ao encalço dos Pokémons, Tomi não recuou ou se intimidou. —— Krabby, Ice Beam, evite as rochas. Naw, Hydro Pump, vai ser suficiente para dar uma carga elétrica neles! —— Uma estratégia muito bem traçada. Os pequenos rochedos que se designavam na direção dos aquáticos, instantaneamente foram congelados e caíram em blocos cristalinos no solo. A carga elétrica em um feixe fino e em amarelo cintilante foi rompida por uma quantia enorme de água, numa pressão forte que a consumia a eletricidade, mas gerava uma condução maior gradativamente. A sorte de Croconaw é que ele mandara o movimento a tempo de eliminar o contato com sua boca e o líquido, sendo assim, ficou salvo do toque elétrico.

Voltorb e Graveler se depararam com um forte vórtex, e o mais prejudicado nisso tudo foi o Pokémon Rock, mas não o suficiente para desacorda-lo. —— Engenhoso. Mas não muito. Magnet Rise e Earthquake! —— Após o jato eletrocutado, Voltorb rolou e criou correntes elétricas que o ergueram do solo, e Graveler pisoteou o chão, fazendo as ondas sísmicas se espalharem perante o campo todo. —— Bubblebeam no solo e Aqua Tail no chão também! —— Sem tardar, a equipe de Tomi se ergueu, numa altura equivalente a dois metros e meios. Seu oponente agora apenas sorria, ajustando novamente o óculos em seu rosto. —— Protect e Explosion. —— Murmurou o algoz, fazendo uma jogada em sacrifício, mas com um fundamento lógico, de levasse em conta que o ataque fluiria bem.

O rosto de Tomi ficou pálido. Então era essa a jogada do nerd. Sacrificar um de seus Pokémons com o HP baixo enquanto um se mantinha vivo, tornando-o vitorioso, já que a escala do movimento atingia proporções grandiosas.

Mas repentinamente, uma ideia lhe surgiu, fazendo a corriqueira sensação de esperança dominar o seu âmago. —— Rodopie no ar e utilize Hydro Pump! Krabby, fixe em Croconaw! —— O réptil instantaneamente começou a emanar uma forte pressão de água de suas mandíbulas. Agarrou o siri e em pleno ar, começou a girar em uma velocidade surpreendente, devido a força do movimento em questão.

Graveler concentrou as energias de seu corpo, uma luz branca e forte como uma supernova cobriu todas as partes da arena, danificando tudo que conseguia e no mais repleto silêncio. Uma bomba muda.

Os corpos da dupla do garoto estavam com muito líquido envolta, formando uma camada espessa de água, jorrando uma quantidade absurda do líquido para todos os cantos. Ao entrar em contato com a luz, a água começou a evaporar gradativamente até que o calor os atingisse com toda força.

Ninguém soube o que aconteceu. A visão de todos ficou tapada graças ao foco cegante. Voltorb foi o primeiro a aparecer, rolando e gerando cargas pelo seu corpo esférico. Graveler jazia caído e com os olhos em redemoinhos. Seu treinador de imediato o recolheu, esperando a poeira baixar e o juiz lhe indicar como vencedor.

Mas não foi bem assim.

Com a poeira baixada, uma mediana poça foi encontrada. Croconaw se encontrava carregando Krabby entre seu braço esquerdo. Ele respirava ofegante e tinha um dos olhos fechados,

devido o esforço. Krabby apenas soltava bolhas da boca e tinha o semblante divertido de sempre. —— MALDITO. CHARGE BEAM! —— Gritou em plenos pulmões o rival, com o ódio transpassando a sensação recíproca do fracasso que tivera. —— Bubblebeam! —— Krabby saltara do corpo de Croconaw, proliferando de sua boca quantias enormes de bolhas velozes, que se espalhavam pelo campo e formavam uma pequena barreira na frente. Elas estavam mais úmidas do que o normal. —— Acha que isso vai deter o raio? —— Indagou o antagonista, com os punhos cerrados e um sorriso soberbo na face. —— Minha intenção não é parar o raio, mas sim fazê-lo se dissipar pelo campo. —— O rosto do nerd deixou clara a expressão de confuso.

E antes que Tomi pudesse explicar o futuro acontecimento, a carga elétrica assim que atingiu as bolhas, se rompeu em várias faíscas. Num espetáculo de cargas sendo atraídas por cada bolha, a defesa de Voltorb ficou aberta. —— Quem arrisca não petisca... Guillotine! —— Krabby começou a correr em direção da PokéBall viva. Suas pinças se abriram o máximo que podiam. Suas patas pequeninas, embora muito ágeis, chegaram ao adversário, deixando-os vis-à-vis. Krabby sorriu e com as lâminas, desferiu um apertão duplo tão forte que se a derme de Voltorb não fosse tão resistente, com toda certeza ele o teria perfurado.

O juiz ergueu as bandeiras, e apontou para o garoto que tremia um pouco. Ele repousou as mãos entre os joelhos e sorriu bastante satisfeito. Ao se levantar, seu Croconaw caia no solo, desmaiado pelo movimento de outrora. Tomi o recolheu e enquanto agradecia as forças e a perícia de seu inicial, outra luz branca chamou sua atenção. Krabby brilhava por completo e seu corpo aumentou quase três vezes o tamanho original. —— Krabby? —— Perguntou inocentemente. A luz baixou e uma enorme painça bateu no chão, fazendo vários fragmentos do chão rochoso se partir. —— MUKIKUKI! —— Kingler atingia o ar com suas enormes lâminas e foi em direção de seu dono com o mesmo olhar dócil do Krabby de agora pouco.

[...]

Restavam de todos aqueles competidores, apenas 24 membros. Fomos designados para outra tenda, esta por sinal, tinha quase o triplo do tamanho da que fiquei na rodada passada.

Como fui o primeiro a terminar a luta, cheguei ao cômodo e uma enfermeira instantaneamente foi ao amparo dos meus Pokémons com medicamento em spray. Charmeleon era o menos prejudicado. Simplesmente quis se sentar e abocanhar um petisco antes da próxima rodada, pois soubera que lutaria mais uma vez ao dia, o que me deixava preocupado.

Haunter parou de levitar com a euforia de antes. Ele recuperava o fôlego num canto com mais sombra do recinto. Comia e bebia calmamente, evitando quaisquer movimentos exagerados.

Já eu, movia-me pelo lugar, enquanto tomava longos goles de água. Ao terminar, joguei a garrafinha no lixo e fui surpreendido pelo barulho do pano sendo lançado para o lado, liberando a entrada de um garoto.

Virei-me depois de pegar uma barrinha de chocolate, um abraço quase surpresa foi dado em mim. Sem entender muito, o som da voz me fez sair da confusão repentina. —— E ai, carinha! —— Lélo, a voz dele era inconfundível. —— Caraca! Até você aqui? —— Retribuí o afeto e depois nos afastamos um ou dois passos, apenas. Lélo antes de continuar o diálogo, agarrou um salgado e o colocou na boca. —— Asdcha que cheu perdechuria? —— Dei um leve cascudo na cabeça dele. —— Mastiga primeiro, viado. —— Ele abriu a boca, mostrando o alimento um pouco mastigado e riu com a mão na frente, evitando que alguns pedaços fossem lançados sem querer. Assim que engoliu, tomou fôlego. —— Ai, ai. Mas é lógico que eu estou aqui. Acha que perderia um campeonato desse porte? —— A pergunta sequer precisou de resposta.

Conforme conversávamos, aos poucos os classificados iam chegando. Encontrei Dan no canto da sala e o apresentei a Lélo. Depois foi a vez de Lyu, até que encontramos também Thalles. Nossa roda ficava cada vez maior. Jujubs chegara junto de Yokota, e em seguida, avistamos Franchini (a qual não via há muito tempo). Por fim, Tomi chegara conversando com Mapa, Alex e Gui. Todos os meus amigos haviam passado para a semi final. Seria uma concorrência árdua.

Éramos no total doze pessoas numa parte da tenda. Nos três cantos os outros doze competidores se alojavam em pequenos grupos de dois a três, no máximo.

Um telão desceu ao centro, ele possuía exatos quatro telas, formando uma caixa, para que nós tivéssemos amplitude suficiente. —— MUUUUUITO BEM, MEUS AMADOS TELESPECTADORES! —— Berrou o Elvis locão. —— As rodadas estão ficando cada vez mais complicadas e é claro que ninguém quer perder uma luta sequer! Mas antes da retrospectiva, vamos ao top dez da seguuunda rodada! —— Seu ânimo realmente era contagiante. Todos pararam o que estavam fazendo simplesmente para ter o bel prazer de se ver na classificação das melhores batalhas.

O número dez, foi Alex. Com seu jeito atrapalhado de sempre, o garoto com sua dupla: Golbat e Prinplup, venciam sem rodeios a equipe formada por um Ivysaur e Psyduck. Seu morcego mantinha ambos sobre as ondas sonoras do Supersonic, enquanto Prinplup usava o Drill Peck e duas sequências do Metal Claw para nocautear os dois oponentes.

Nono e oitavo lugar, foram preenchidos por duas garotas na sala. A sétima colocada foi Mapa. Com a evolução de seu Zigzagoon no meio da partida, seu Growlithe e Linoone venciam a equipe de Breloom e Delibird, com o recém evoluído os lançando para cima através de um Headbutt e Growlithe finalizou com um poderoso Flamethrower.

Em quarto, foi exatamente a batalha do garoto que conhecera na fila, Tomi. A TV mostrou os detalhes e com vários closes, principalmente depois que seu Krabby evoluira.

Terceiro lugar, foi a vez de Julia. Ela lutava com seu Noctwol e Quilava. —— Ué, quando seu Noctwol evoluiu? —— Indaguei, mas ainda prestando atenção com os olhos a luta da loira. —— Na primeira fase! Foi incrível! Ele é lindo, não? —— Sorri e a partida mostrava os Pokémons vencendo um Hypno e Hitmonchan. A coruja usava um Gust, atrapalhando a visão dos oponentes, e com o vendaval forte pairando sobre a arena, as chamas de Quilava tomaram uma proporção muito mais forte, e com isso, receberam um Fire Blast quase duas vezes maior que o tradicional.

A manceba ficou bastante empolgada com sua posição. Ela deixou todos empolgados a ver os próximos resultados. O segundo foi dado para Lyu e Franchini. Os dois se levantaram e urraram de felicidade, fazendo os presentes rirem com a empolgação. Franchini foi a primeira a ser televisionada. A treinadora se encontrava em campo com uma belíssima Rapidash e um cômico Kecleon. Com a velocidade poderosa de Rapidash, a corcel em chamas usufruiu de suas patas dianteiras, e usando o Stomp, ergueu um forte Tauros do chão, mostrando que além de rápida, sua força não a abandonara.

Kecleon por sua vez, imobilizou a Jynx que vira vencer quando conheci Dan, usando o Shadow Sneak e a envolvendo em cordas negras. Sua ação seguinte levou a vitória, pois o camaleão, com o uso de suas garras, usou um belo Shadow Claw, lançando a oponente maior que este ao chão.

Num deslize rápido e surfando no tronco do Pokémon Ice, Kecleon desferiu um Slash em Tauros, antes mesmo de cair no chão, e ao se afastar, Rapidash lançou de sua boca um Fire Blast que envolveu o corpo do touro, o fazendo cair ainda mais para trás com a força do ataque. Como uma estrela caindo do céu, o Pokémon acertou Jynx, abrangendo o calor para seu corpo também, espalhando as chamas e obrigando ambos a serem levados imediatamente ao Centro mais próximo.

Findando, foi a vez de Lyu. Ele usava Arcanine e Starly, no começo, mas em traços cortados, mostraram a evolução do Pokémon Flying e rapidamente o colocaram na parte em que ele aplicava um belíssimo Brave Bird em um Yanmega, fazendo a libélula ir diretamente para os céus. Arcanine, com o Extremespeed, deu um golpe com suas patas no Floatzel, erguendo o mesmo alguns metros. Sincronizados, a dupla se colidiu no ar enquanto um caia e o outro subia. Ambos numa velocidade assombrosa. Ao colidirem, a equipe de Lyu finalizou com um fogaréu intensificado pelos ventos que as asas de Staravia causavam, chamuscando tudo ao redor, exclusivamente os Pokémons do inimigo.

O apresentador apareceu de repente na tela, dizendo que o primeiro lugar dessa rodada não pode ser decidido, afinal, só liberavam quando havia um empate E desta vez, tiveram três vencedores, portanto, resultariam mais tarde, após uma rígida análise.

Intrigados com o resultado, todos ficaram impacientes com o mistério. Houve até protestos, mas logo silenciados quando o mesmo dissera que teriam um recesso, antes da rodada que os classificariam para tão esperada final.

Um a um, os restantes foram saindo do cômodo para se exercitar ou simplesmente espairecer um pouco. Já eu, ficava com Charmeleon e Haunter, sem a presença de um outro treinador, caminhando com a esfera de Mareep em mãos. —— Seria tão bom e mais fácil se você me obedecesse... —— Não sabia onde errara, mas decidi arriscar novamente. A libertei, desta vez com à ajuda de Charmeleon e Haunter, ambos dos meus dois lados. A ovelha elétrica surgiu e me encarou com um rosnado, mas foi advertida imediatamente pelo réptil vermelho. Mareep recuou alguns passos, ouvindo os possíveis sermões do meu inicial, mas logo avançou e ficou vis-à-vis com ele. Seu medo não preenchia mais seu ser. Ela proliferou uma carga elétrica no corpo de Charmeleon, que irritado, ateou fogo em seu pequeno rosto.

Irritada com o feito, ela correu pelas pedras volumosas, ganhando velocidade a cara passo. —— Droga! Vai se perder. Aqui não é o seu habitat! —— Movi-me aos passos céleres e a dupla me acompanhou.

Atravessando uma ou duas pedras e algumas barracas encontrei-a parada aos pés de Dan, se escondendo atrás de suas pernas. Ela não entendia, mas seu rosto pairava preocupação, e não por causa do encontro inesperado. —— Ah, ai está você! —— Ele correu até mim, segurando Mareep sem problema algum. —— Incrível como ela fica calma com você. —— Comentei. —— É. Mas enfim. Estou procurando meu Elekid. Ele sumiu. Então cuide dela e até logo. —— Sem delongas, a retornei para sua PokéBall e fui ajudar o moreno.

—— Aonde vocês se separaram? —— Dizia em pausas por causa da corrida. Meus Pokémons acompanhavam o ritmo sem problema algum. —— Eu soltei ele alguns metros dali onde estava. Quando fui atrás dele, trombei com Mareep e o perdi. Acho que tivemos a mesma ideia de tentar uma trégua. —— Dan arfava. Considerei as opções e segurei em seu ombro. —— O que foi? —— Peguei a minha Ball e ele me olhou incrédulo. —— Ficou doido? Ela vai fugir de novo. —— Toquei minha testa com a palma canhota —— E que opções nós temos além de zanzar por ai e cansar meus Pokémons? Sem contar o tempo que temos antes do recesso acabar. —— Ele vasculhava os pensamentos, mas antes de argumentar, o cortei. —— A melhor maneira de achar um Pokémon elétrico é com um elétrico atrás dele. —— Lancei a esfera e Mareep apareceu, balançando seus pelos felpudos em contato com a brisa. —— Peça à ela. —— Encorajei Dan. —— Mas ela é sua! —— O olhei com uma mistura de raiva e desdém. —— Tá. Já entendi. Hm... Mareep, será que você consegue me ajudar a encontrar Elekid? —— A ovelha olhou para mim, e eu simplesmente desviei nosso contato visual. —— A escolha é sua. —— Foi tudo o que disse.

Pensando e repensando no que fazer, Mareep eriçou os pelos e fungou o ar. —— Marti. —— Quando olhei, percebi que ela tentava achar o fugitivo. —— Não disse que te obedeceria? —— Minhas palavras soaram pesarosas. Dan notou, mas ainda tinha uma missão para concluir.

Mareep começou de repente a correr para próximo de umas caixas amontoadas, embora afastada da área do evento. —— Como ela pode saber onde ele está? —— A curiosidade de Dan tinha patamares interessantes. Uma hora queria saber onde estava seu Pokémon, e na outra, como sabia que electrics achariam uns aos outros. —— Pokémons elétricos sentem a presença de cargas por ondas eletromagnéticas. E cada Pokémon elétrico emana essas correntes de acordo com suas emoções. Mareep o achou rápido, o que significa uma anomalia nos sentimentos de Elekid. Ao menos, acho que é assim. Veremos quando o encontrarmos. —— Apertamos o passo a medida que as caixas ficavam mais perto.

Deparamos com o enorme volume, vimos dois corpos caídos, mas tremiam o tempo inteiro. Quando chegamos perto, percebemos que eles estavam tendo uma convulsão causada por alguma coisa quente que entrou em contato como o peito deles. Como eu sabia? Bom, haviam duas marcas no tecido. Estavam torradas e o peito em carne viva, mas sem vestígios de sangue. O ferimento fez a carne ficar esterilizada.

Procuramos pelos arredores com Mareep nos guiando, contudo, ela parou e ficou olhando aos cantos, perdida e confusa. —— O que houve, Mareep? —— Perguntou. Ele se virou e nos encarou, desapontada. Talvez tivesse perdido o rastro. —— Droga. —— Murmurou o mancebo. —— Ei, olhe. —— Ponderei, apontando para um pequeno rombo em uma das caixas. —— Haunter, verifique por favor? —— O fantasma assentiu e encarou Mareep, cujo desviou o olhar, como se tivesse recebido uma indireta bem direta.

Haunter ultrapassou a caixa e deu uma risada alta, o que provocou um alarde de outro Pokémon lá dentro.

Elekid saiu pelo buraco, desferindo cargas elétricas para todos os lados. Charmeleon aguentou a pressão e segurou pelos ombros, aguentando alguns choques em seu corpo firmemente. —— Ei, se acalme! —— Berrei e Elekid aos poucos foi se acalmando e girando menos os seus braços.

Quando sua exaltação cessou, o pequeno cabeça de tomada olhou ao redor. Visou Dan e deu um salto para trás, fechando o rosto. —— Argh. Elekid, você não pode fugir assim de mim! —— O Pokémon se escondeu atrás de Charmeleon, após vários insultos. Ao menos pareciam ser. —— Não sei mais o que fazer. —— Dan tentou recolher Elekid para sua PokéBall, mas ele desviou do raio vermelho todas as vezes. —— KID! —— Gritou e emanou um raio na direção do peito de Dan, mas uma explosão branca o protegeu de modo repentino.

Meowth aparecera criando um Protect no último instante. Elekid ia desferir mais uma carga, mas me prontifiquei na frente dos dois. Por sorte, ele não continuou. —— Dan, me passe sua PokéBall. —— Sem rodeios, o treinador lançou o orbe bicolor. —— Elekid, você não pode fugir do seu treinador assim. —— Disse com o tom firme. Ele me olhou da mesma maneira, vendo quem iria ceder primeiro. —— Não adianta me olhar feio. Você sabe que está errado. —— Elekid sentiu a pressão da bronca e olhou para o chão. Charmeleon murmurou algo na língua deles e Elekid baixou seus braços até tocarem o chão. Com a Ball em mão, o recolhi para dentro da esfera. —— Você deveria seguir o exemplo dele, Mareep. Se arrepender e voltar para sua Ball e não fugir mais. —— Ela ergueu o queixo e empinou o nariz. —— Ah. —— Passei a mão no rosto, um pouco provocado. —— Mareep. Por que não faz o mesmo? —— Com um enorme sorriso no rosto, a pequenina retribuiu o afeto e deixou-se entrar na PokéBall.

[...]

Deposi de esclarecer aos organizadores, uma equipe de pronto-socorro levou os dois caras para uma ambulância, e por sorte, não tiveram ferimentos graves. Ficariam bem em um dia, apenas.

Levamos nossos Pokémons ao centro, para que antes do recesso terminar, estivessem bem e dispostos a continuar. Elekid e Mareep pareciam ter se entendido bem, pois dialogavam na área hospitalar. Mas vez ou outra Mareep me dirigia olhares furiosos e frios. Elekid fazia o mesmo, só que para Dan. —— Esses dois são difíceis. —— Dizia ele, bem entristecido. —— Elekid é um dos meus Pokémons favoritos. Sempre quis ter um. Ai quando consigo... —— Ele adquiriu as mesmas feições que eu. —— Pois é. Desobedecem e também fogem da gente. —— Com o problema recíproco, resolvemos passar o tempo ali.

—— Por que não fazem uma troca? —— A voz estagnou em meus ouvidos. Dan se alarmou, virando-se em direção da enfermeira que nos olhava, ao lado de uma Blissey. —— O que? Troca? —— Ela nos olhou, repleta de desdém. —— Vai dizer que não sabem o que é uma troca? —— Olhei-a da mesma maneira. —— Eu sei o que é. Só não entendo porque cogitaríamos isso. —— A enfermeira aliviou suas expressões. —— Ah, sim. Enfim... Pude ver vocês e a maneira como cada um olha para o outro. —— Antes dela continuar, suas questões óbvias me tiraram do sério. —— Nós entendemos que Mareep não gosta de mim e Elekid do Dan. —— Ela se aproximou, repousando sua mão no meu queixo e a outra no de Dan. Ela mostrou Elekid para mim e Mareep para o moreno. —— Cada um deles prefere o treinador do outro. Mareep teve mais simpatia com Dan e Elekid, com você. —— Esse parâmetro eu realmente não tinha conseguido calcular. Estava distraído demais com o problema pendente. —— E você sugere que eu troque meu Elekid pela Mareep do Marti? —— Ela deu de ombros. —— É uma opção. Mas não são obrigados. Entretanto... Eles ficariam mais felizes, não acham? —— Com a proposta no ar, ela se retirou, passando a mão em meus cabelos, deixando-nos pensar.

[...]

Faltando dez minutos para a volta das batalhas, eu e Dan, após refletir muito, chegamos a conclusão de que a troca seria a melhor escolha. Não para nós, mas para nossos Pokémons. —— Não se esqueça do que combinamos, certo? —— O moreno sorriu. —— É claro que não vou esquecer. E cuide bem dele, certo? —— Assenti. —— E você dela. —— Repousamos então as PokéBalls nas duas lacunas existentes. Uma em frente de cada. Ao centro, jazia um botão, onde uma testemunha deveria apertá-lo. Tradição imposta por lei, evitando assim, roubos de Pokémons com registro limpo pelo sistema.

A enfermeira pressionou o aparelho, e um Scanner iluminou nossos rostos e PokéBalls, antes de começar a ranger e luzes piscarem aleatoriamente. Na tela ao centro, a imagem de Mareep movia-se para o lado de Dan, enquanto ao lado dele, Elekid vinha a minha direção.

Após trocarem de lado, as Balls desceram e reapareceram em questão de segundos. A máquina desligou logo em seguida. —— Pronto, troca concluída e registros confirmados. Parabéns aos dois. —— Dito e feito, a jovem saiu com aceno e sorriso de despedida. Apertei a mão de Dan para selarmos ainda mais o nosso acordo e promessa. —— Boa sorte na rodada classificatória. —— Disse. —— O mesmo pra você! Espero que nós lutemos na final! —— Concordei e nos retiramos para as duas últimas arenas, onde Dan lutaria da plataforma laranja e eu na vermelha.

[...]

Finalmente o sol já descia além das montanhas, banhando o solo rochoso com o último brilho em seu crepúsculo alongado, impregnando o céu e atraindo as sombras do anoitecer a cada segundo passado.

Na fila, seis de cada lado. Era o sexto. Deveria abençoar o deus responsável pela sorte. Outra rodada sem que eu fosse enfrentar um de meus amigos ou eles mesmos. Se nos classificássemos, estaríamos no mata-mata final. Batalhando juntos e disputando o troféu tão almejado. E obviamente, a fama pelo trabalho duro e o reconhecimento de nossas habilidades. Sem dúvidas, todos clamavam o título.

~Perspectiva de Lélo. ~

A inquietação predominava desde os pés até a garganta do rapaz. ele se continha agarrando os bolsos e atraindo pensamentos positivos a sua mente. Aquilo sempre foi um meio dele conseguir se tranquilizar no meio do nervosismo. Holofotes foram acesos. Várias lantejoulas jogadas antes de serem varridas pelos ventos. O urro vindo da arquibancada sincronizava com as palpitadas fortes em seu peito. "Foco. Sem se entregar a emoção."Pensava Lélo, segurando suas Balls, uma em cada mão.

O narrador das partidas apresentou o mesmo, e por instinto, caminhou lentamente até fora da parte coberta. As luzes o seguiam em sua caminhada até a plataforma dos treinadores. assim que parou, conseguiu o que tanto buscara em sua espera. A calma no seu coração. —— Isso... —— Murmurou, erguendo os braços e sendo clamado pelos que torciam a sua vitória. —— Agora sim! —— Berrou, e agarrou firme as duas PokéBalls, aguardando sua oponente.

Não demorou muito. Logo a manceba era apresentada e urros e uma saraivada de palmas cobriam a arena com o eco e o forte som das mãos colidindo umas com as outras. Eram centenas. —— Boa sorte, moço. —— Balbuciou a jovem de cabelos negros com cachos nas pontas. Era bonita, sem dúvida. —— Obrigado, à você também. —— Ao menos nenhum dos dois exalavam convicção ou o típico temperamento antiesportivo. Com um sorriso de afeto de ambos dos lados, o juiz ergueu as bandeiras, liberando finalmente o início da peleja.

Lélo lançou as esferas e estas revelaram seu Grovyle, juntamente de Poliwag. os seus oponentes eram uma Butterfree em companhia de um forte e intimidante Pinsir.

Lélo e Katrina se encararam, e disputando quem hesitasse primeiro, ambos, numa velocidade surpreendentemente similar, ergueram os braços e citaram as ordens. Viria do mais sábio, vencer. —— Se agarre em Grovyle e depois use o Hypnosis. Grovyle, Quick Attack, foque em um! —— E estes foram os comandos de Lélo, ao qual todos na plateia que conseguiram ouvir, ficaram curiosos. Todavia, os mais interessados foram os da fileira atrás dele, especialmente o sexto colocado. —— Butterfree, erga-se e inunde eles com o Sleep Powder! Pinsir, Harden e fique atento! —— Katrina decidiu manter a defensiva, mas infelizmente foi em vão, já que os comandos de Lélo obrigaram seus Pokémons atacarem por ultimo.

Butterfree alçou voo, ganhando uma altitude considerável. Porém, era tarde. Grovyle já tinha sumido e aparecido por trás de Pinsir, dando-lhe um soco no rosto eficaz, o arrastando alguns centímetros atrás. Incomodado, Pinsir abriu os olhos e se deparou com o imenso redemoinho que havia debaixo de sua boca de Poliwag, no qual começou a girar e fazê-lo ficar sonolento. Segundos depois, o Pokémon de Katrina caíra no sono e os movimentos de sua Butterfree haviam sido em vão.

Mas a luta ainda prometia muito. —— Droga. Boa jogada. Butterfree, repita a dose, mas mantenha a altitude, eles não tem como chegar fisicamente até você e Pinsir já está dormindo. —— A borboleta concordou e de suas asas lançou mais aquele pó que deixaria qualquer um que o tocasse ou inalasse, sonolentos. —— Hm... Complicado. Poliwag, Rain Dance. Grovyle, faça uma cortina com o Toxic. —— O pequeno girino lançou uma esfera azulada ao céus, e quando explodiu, nuvens se criaram instantaneamente, lançando rajadas de água fortes para todos os cantos. Mas antes disso acontecer, Grovyle exalava uma forte quantia de fumaça tóxica, ficando alguns centímetros acima dele. Poliwag se encontrava logo abaixo de suas pernas, por isso ficara imune ao contato.

A cortina por sua vez, colidiu com o pó de Butterfree, e ambas se chocavam, impossibilitando que uma passasse a outra, e com a chuva agora caindo, as duas foram varridas instantaneamente. —— Perfeito! —— Gritou Lélo. O rosto de Katrina não estava muito contente. E se Butterfree continuasse mais tempo debaixo daquela chuva, suas asas seriam inutilizadas. —— Não vai ficar assim... Whirlwind no céu. E mantenha altitude. —— Pinsir ainda roncava, Butterfree moveu suas asas tão forte que uma rajada de vento abriu um buraco nas nuvens, fazendo um breu se abrir por entre elas e chover apenas dos lados da arena. Grovyle não se importava em ficar molhado, muito menos Poliwag, que se movia duas vezes mais veloz do que a maneira na qual antes quando tinha entrado em campo.

Katrina notou isso.

—— Hora de surpreender... Poliwag, Bubblebeam acima, cubra a visão dela. —— Debaixo da fenda criada pela borboleta, Poliwag emanou várias bolhas, criando um escudo bastante frágil, mas completamente azul, impossibilitando a visão de Butterfree, mas não de sua treinadora. —— Afaste as bolhas com Gust e em seguida, use o Supersonic! —— As asas do inseto se agitaram de novo, criando ventos fortes e movendo ou estourando as bolhas constantemente. —— Se deu mal... Aerial Ace e Hydro Pump para cima. —— Grovyle, usando sua velocidade, correu até o corpo caído de Pinsir, aplicando um golpe cortante com suas plantas fixadas nos braços. O Pokémon emitiu uma feição de dor, mas continuou dormindo no campo.

Poliwag lançara um vórtex de água para cima, exatamente na direção de Butterfree, cujo ainda estava ocupada com os ventos, e obviamente, não foram suficientes para mudar a rota da quantidade absurda de água vindo em sua direção. Atingida pelo líquido, suas asas começaram a pesar e ela foi pega numa queda livre de vários metros, sem chances de se defender. Katrina a recolheu, evitando o inevitável.

Apenas Pinsir jazia em campo agora, pois uma vez recuado o Pokémon, ele não podia voltar mais para à arena. —— Droga, acorde, Pinsir! —— Relutante, com a dupla de Lélo parada a frente, o juiz estava quase erguendo a bandeira e o declarando vitorioso. —— Ah não, vencer fácil assim não tem graça! Poliwag, use Wake-up Slap! —— Com sua calda, o pequeno moveu-se até o Pinsir caindo, deslizando pelo solo molhado com sua barriga para ganhar impulso. Ao chegar próximo do oponente, Poliwag desferiu um tapa feroz na suposta costela de Pinsir, o lançando numa altura de dois metros, até que o inseto caíra consciente, mas com bastante dor em seu corpo.

O Pokémon water pulava, hiperativo, e fixou de repente suas patas no chão molhado, encarando Pinsir como um alvo. Sem que seu treinador desse uma ordem, o girino moveu-se até Pinsir, que cansado, tentou o mais rápido possível almejar uma defesa.

Poliwag saltou no exato momento em que as mãos do oponente iam se formar uma proteção em seu corpo. A aura branca o cobriu por completo, e uma mão grande e branca, no formato de uma luva de boxe, se abriu, fazendo um típico movimento de karatê, acertando a testa de Pinsir e obrigando-o a colidir com o solo, rachando alguns pedaços do campo com o impacto.

Poliwag evoluíra para Poliwhirl, numa ação incalculável. Usara o Brick Break para nocautear Pinsir, mesmo que não fosse tão efetivo, foi o suficiente para finalizar com a pinça ambulante. Sem o que pudesse ser feito, o juiz ergueu as bandeiras, indicando o vencedor da primeira batalha da penúltima fase.

[...]

Lélo, Alex, Dan, Lyu, Yokota, Franchini, Thalles, Gui, Tomi e Mapa já haviam vencido. Restavam duas batalhas e eu e Jubs aguardávamos para que pudéssemos finalmente entrar. Ela lutaria na outra arena, claro, mas torcia para que tivesse êxito, pois assim, nós conseguiríamos lutar uns contra os outros e decidir quem seria, sem trapaças, o melhor treinador.

Alcancei o ultimo degrau da parte coberta, esperando que meu nome fosse dito. Como todos, senti aquele frio na barriga antes de aparecer perante vários rostos distintos e desconhecidos. Chamaram meu oponente, seu nome era Ryan. Respirei fundo, acalmando todos os nervos, e ao ouvir o narrador me chamar, sai com o rosto erguido, já carregando as esferas em minhas mãos. Estava na hora de finalmente surpreender os antagonista com um novo Pokémon em campo.

Dispensei cerimônias, assim como ele. Apenas desejamos boa sorte. Nada falso da minha parte, mas não que desejasse mais a ele do que a mim mesmo. —— Podem começar! —— Liberou o juiz, e Ryan, um sujeito com um terno e sapatos sociais, lançou suas esferas, liberando um volumoso Claydol, juntamente de um Grumpig. A torcida aplaudiu-o, mas no instante em que as palmas começaram, minha dupla estabelecida por Charmeleon e Elekid apareceram, o que fizeram ainda mais barulho da arquibancada, deixando o semblante do oponente um tanto... Enfurecido.

—— Que seja, Claydol! Use o Teleport e surpreenda com um Ancientpower! Grupimg, Psychic, prenda um deles! —— Se fosse para agir abruptamente, que assim fosse. —— Agarre Elekid e o envolva com o Protect. Assim que Claydol aparecer, Dynamicpunch. Charmeleon, não fique parado, submeta Grupimg com dois disparo do Dragon Rage e tente se aproximar! —— Com uma audição boa, meus Pokémons não tiveram de esperar eu terminar tudo para seguirem os movimentos. Claydol aparecera exatamente atrás de meu Charmeleon, lançando várias roxas com uma aura envolvidas nelas. Felizmente, apenas bateram na barreira, assim como as ondas psíquicas de Grupimg. Quando o movimento terminou, Elekid saltou com o olhar confiante, desferindo um soco no meio de dois dos quantos olhos aquele Pokémon tivesse.

O ataque estabilizou o voo do Pokémon rocha, mais parecido com uma coruja mutante, e este caiu sobre o chão, danificando ainda mais o campo, pois várias rachaduras se criaram devido o peso sobreposto.

Charmeleon não deixou o outro livre, e rapidamente disparou duas bolas azuis claras na direção do oponente, que aguardara ordens de seu treinador. —— Controle essas esferas e as mande de volta! Claydol, Rock Tomb! —— Infelizmente para Ryan, sua coruja de pedra havia ficado confusa após o soco recebido. Um dos efeitos de um movimento tão difícil de acertar, mas que se calculado corretamente, era uma ótima carta surpresa.

Grupimg usou as ondas psíquicas para frear os dois tiros de Dragon Rage. Mas Charmeleon não tinha ficado parado. Ele, por conta própria, corria até o algoz, com sua mão entonando um brilho amarelado. —— Incrível... —— Foi o que disse, me distraindo meros segundos, contudo, Claydol apenas jogava as roxas para cima e elas caiam em seu corpo, não causando tanto dano, mas o deixando ainda mais debilitado e imóvel.

Com uma distância peculiar das esferas, nas quais já iam ser relançadas pelo porco, a mão de Charmeleon passou pelas esferas, quebrando a conexão do Psychic. As bolas atingiram simultaneamente depois a face de Grumpig, o jogando alguns metros para trás, enquanto deslizava no chão. —— Como? —— Indignado, quis saber Ryan, já eu, havia conseguido a resposta que queria.

—— IMPRESSIONANTE! CHARMELEON SEM MAIS NEM MENOS E SIMPLESMENTE DO NADA APRENDEU A USAR UM THUNDERPUNCH! SÃO RAROS OS CHARMELEONS VIVOS POR ESSE MUNDO HOJE EM DIA, MAS AGORA... UM CHARMELEON QUE SABE USAR THUNDERPUNCH AINDA! POR ARCEUS! —— Gritava o Elvis doidão. E antes que muitos ficasse cochichando o motivo da barreira psíquica ter sido cortada pelo movimento do meu inicial, o narrador imediatamente começou a explicação, onde até Ryan parou para ouvir, mas com os olhos atentos no campo de batalha.

As cargas psíquicas funcionam como pulsações, assim como as correntes eletromagnéticas, só que, quando uma pulsação psíquica entra em contato com uma elétrica, sua formação acaba sendo interrompida, devido a eletricidade possuir uma força maior, independente dos movimentos em questão. Basta uma risco elétrico penetrar as pulsações de um Psychic, que o ataque inteiro se desfaz.

Com esta lição básica, a ira por Ryan foi contida, pois fazia sentido, até mesmo para seu ego inflado. —— Claydol, Teleport de novo. Volte para o lado de Grumpig. —— Foi ai que percebi a brecha.

Claydol desaparecera e surgira ao lado do porco. Ainda estava em estado de confusão, entretanto, controlava-o aos poucos e melhor conforme usasse movimentos, ou recebera. —— Não desta vez, meu caro... Flame Burst! —— Charmeleon cuspiu um mar de fogo, com um brilho semelhante a lava, e eles atingiram o Grumpig, no qual estava caído, e Claydol, que acabara de reaparecer.

—— Porcaria! Levantem-se! —— Exclamava Ryan, mas seu porco psíquico já não estava mais em condições de lutar. Apenas Claydol jazia de pé, ou melhor, flutuando. —— Elekid, combine Quick Attack com duas sequencias de Low Kick! —— O pequeno cabeça de tomava correu e um vento tomou conta de seu corpo, o fazendo aparecer bem abaixo de Claydol, e sem que houvesse protestos, ele se ergueu, dando um chute seguido do outro, lançando mais uma vez o adversário ao chão, desmaiado.

[...]


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