A Sad Courtesan Story escrita por Isolde


Capítulo 8
Reminiscence of a Wan flower


Notas iniciais do capítulo

Ok, deve ter alguém querendo me bater por essa demora T.T Porém, temos que considerar que eu fiquei sem computador desde fevereiro e o problema só foi ser resolvido no começo dessa semana. Escrevi esse querido capítulo em dois dias e muito mais vem pela frente :333 aproveitem



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O corredor dourado que dava para a câmara real estava apinhado de serviçais. Todas jovens, na flor da idade, vestidas igualmente com elegantes vestidos roxos de seda e capas cor de bronze.

Enquanto a imperatriz chorava solitária em um quarto trancado, o resto do palácio reluzia em festa.

A música continuava a ser tocada e as lanternas continuavam a arder.

Algumas grandes carruagens já haviam partido de Pequim para a província mais próxima, dali esperariam o resto do cortejo imperial que seguiria pela China nos próximos dias segundo a vontade do imperador. O terceiro filho do imperador, Li, iria como mais alto governante verificar os problemas da China atual e os reportaria a seu pai.

O dia já raiava em Jiangsu.

As musicistas ainda dedilhavam em suas harpas, ignorando a dor e o cansaço em suas mãos.

Enquanto o trabalho acabava para a maioria das cortesãs, para algumas, parecia apenas começar.

Yu Mai dormia levemente embriagada quando duas serviçais entraram, chacoalhando-a.

– Yu Mai! Yu Mai! – gritou a mais nova.

A garota acordou com os olhos lacrimejantes.

– O que houve?

– Parece que há um cliente para você – respondeu a mais velha.

Mai levantou, olhando melhor ao redor de si.

– As lanternas já não brilham mais. O que quer alguém aqui quando não há mais estrelas no céu?

– Normalmente não o deixariam entrar, mas olhe pela janela Mai! – falou, enquanto limpava o vinho derrubado no chão.

Lá embaixo, na entrada do pavilhão, uma carruagem de aspecto nobre descansava protegida por vários guardas armados.

Os sussurros corriam pelo bordel, quem seria a cortesã prestigiada por tão rico cliente?

Nos corredores do saguão uma Yan Yan triste se esgueirava atrás dos pilares de mármore. Aquele que caminhava com os sacos cheios de ouro não era seu cliente, mas certamente já fora um dia.

Antes que o homem chegasse ao piso superior, já haviam transferido Yu Mai para outro quarto, mais limpo e luxuoso.

Suas vestes haviam sido trocadas por algo mais apropriado para a manhã.

Os olhos borrados agora estavam limpos, decorados com uma delicada sombra azul.

Os lábios cor-de-rosa treinavam beijos no ar, preparados para encher de um falso amor aquele que entrasse no quarto.

A porta vermelha se abriu e os primeiros raios da manhã iluminaram aquele rosto já conhecido.

Os sacos de moedas caíram no chão e o homem fez uma exagerada reverência, apenas levantando a cabeça quando a garota chamou seu nome.

– Tai?

– Senhora – respondeu ele dando um pequeno sorriso.

– Tai! – gritou ela.

Os olhos de Yu Mai se encheram de lágrimas. Ela saltou da cama pulando no ex-servo de seu pai, aconchegando-se em seus braços em um abraço apertado e nostálgico.

Suas vestes cheiravam a flores silvestres, exatamente o mesmo cheiro dos vastos jardins de sua casa.

Com os olhos ainda fechados e a face encostada no peito do homem, lembrou de suas irmãs, de suas aulas de pipa, de como sua mãe lhe contava histórias e de como a ensinava a ser uma garota elegante.

Então, ao abrir levemente os olhos, focou nos sacos de moedas jogados no chão. Viu suas memórias se quebrarem. Estaria ele ali como um cliente? Aquele que havia morado em suas terras e lhe feito companhia por tantos anos como servo de seu pai?

– Senhora, sua mãe me mandou aqui.

Ela suspirou. Desvencilhou-se do abraço e olhou para os olhos de Tai.

– Por que não veio antes? Por que tive que esperar todo esse tempo? E o meu pai? Ainda deseja me ver longe?

– O rio Qin Huai é muito longe de sua casa, senhora, a viagem demorou dias e mais dias foram gastos para que viéssemos sem que seu pai percebesse – ele deu uma pausa, apanhando as sacolas do chão – A senhora Mei juntou esse dinheiro em segredo para presenteá-la, sua mãe não se esqueceu de você, Qiu.

– Então eu não posso voltar para casa? Nunca mais verei ninguém? Meu pai deseja que eu termine meus dias como uma prostituta em Jiangsu? – perguntou indignada enquanto lágrimas rolavam por sua face.

– Sua mãe planeja comprar você e colocá-la em alguma casa no campo, porém a quantia para comprar uma cortesã do pavilhão Qin Huai é demasiado alta e levará tempo para juntar esse dinheiro sem que Wan Yu perceba que ela está lhe ajudando.

Seu rosto abriu em um sorriso tímido, mas Tai continuou a falar.

– Senhora, você não pode deixar que ninguém saiba disso. Lembre-se, para todos, eu sou seu cliente.

– Mas a Yan Yan conhece você.

– Ela não me conhece tão bem para suspeitar de algo, senhora.

Ela sorriu mais uma vez, apanhando as sacolas de moeda e sentando-se na cama.

– Quando você vem de novo?

– Não sei dizer... Agora eu preciso ir.

– Você mal chegou... – suplicou a garota.

– O que seu pai diria de mim visitando bordéis pela manhã, senhora Qiu? – perguntou ele, rindo.

A garota levantou-se da cama, dando um último abraço em Tai.

– Um dia você sairá daqui Qiu, não será nunca mais uma cortesã.

– Assim espero – disse ela, olhando em seus olhos.

Nem mesmo Tai podia descrever como Wan Qiu havia mudado em tão pouco tempo. Aqueles olhares de criança assustada deram lugar a olhares penetrantes, olhares de mulher.

A garota estava mesmo mais bonita do que nunca, como se fosse uma deusa do amor.

Ele sentiu algo quando ela lhe deu aquele último abraço, mas antes que pudesse demonstrar alguma coisa involuntariamente, desprendeu-se dos braços de Yu Mai e com um aceno fechou a porta atrás de si.

Mal o cliente rico deixou o bordel, o quarto em que Yu Mai estava fora preenchido por cortesãs curiosas e fofoqueiras.

Dentre o burburinho acelerado uma criada muito nova entrou correndo, com a mensagem de que a mestra queria vê-la.

Dispensando perguntas e olhares de inveja, a garota subiu correndo pelos corredores coloridos até chegar em uma sala já conhecida.

A porta estava entreaberta e embora fosse de manhã, o quarto estava escuro, apenas iluminado por uma lanterna vermelha em cima de uma mesa.

– Senhora? Queria me ver? – perguntou Yu Mai, abrindo a porta.

– Parece que a garota da nobreza se deu bem aqui, não é mesmo? – perguntou a mulher, dando uma baforada em seu cachimbo.

Mai permaneceu calada, desviando o olhar para a pintura de um dragão.

– Pois bem, você já está aqui por algum tempo, trabalhando e obtendo lucros... Como você sabe, não é possível manter um pavilhão de luxo sem que algumas economias sejam gastas, afinal, arroz, seda e perfume são muito caros, sem contar com as acomodações que temos por aqui.

Lin pousou o cachimbo ainda aceso em um descanso de madeira e levantou-se, caminhando em direção a jovem.

– De tempos em tempos todas as garotas contribuem com uma parte de seus lucros e agora, Yu Mai, chegou a sua vez.

– E quanto exatamente eu devo?

– A julgar pelo seu desempenho nesses primeiros dias, o equivalente a três anéis de Jade.

Yu Mai hesitou em pagar a mulher, mas logo estaria livre dali, não é mesmo? Dali a pouco de nada valeriam aquelas moedas ganhas com sexo.

Ela assentiu com a cabeça e uma serva foi escalada para buscar o ouro na casa das cortesãs mais tarde.

Mal o sol havia ascendido do horizonte, Yu Mai já era a cortesã mais falada do pavilhão Qin Huai.

Em sua mesa no salão de chá parecia quase impossível ficar sozinha, todas as garotas queriam descobrir seu segredo, afinal, estaria ela recebendo toda aquela atenção apenas porque um dia fora da nobreza, ou por que seus dons eram extraordinários?

Num vestido de noite, You Ya entrou imponente com suas seguidoras pelo local. As mangas de seu vestido se encostavam de modo que não era possível ver suas mãos.

As garotas mais novas abriram caminho para ela, e logo as duas cortesãs mais famosas do Qin Huai estavam sentadas na mesma mesa.

– Parece que eu estava certa, não é mesmo, Mai?

– Imagino que sim... – respondeu a garota – Sobre o que?

You Ya riu.

– Não seja modesta criança... Depois de hoje seu nome ficará famoso por toda Jiangsu! Já posso até imaginar a fila que farão para ouvirem você tocar pipa, e outra fila ainda maior se formará para se deitarem com você... – ela deu uma pausa para bebericar o chá de jasmim – Te pagarão o equivalente a cinqüenta casas em ouro, o seu peso em jade e o número dos fios de seus cabelos em perfumes e incensos.

Yu Mai nada disse, apenas encarou o chão. Ela sabia que não era famosa de verdade, e chamar atenção quando já estava tão perto de sair dali não seria uma idéia boa.

– You Ya... – começou a jovem.

– Sim?

– O pavilhão Qin Huai é um prostíbulo de luxo, é muito comum ver homens mais do que ricos por aqui, por que estão todos impressionados com a vinda de... – ela fez uma pausa – Do meu cliente?

– Embora aqui só se venda o que é bonito e prazeroso, não é de muito bom tom ser visto em um bordel, por isso que fica mais cheio durante a noite. Uma cortesã tem que ser muito boa no que faz para que o cliente tenha coragem de vir vê-la durante o dia.

Enquanto as duas conversavam, uma terceira mulher aproximou-se. O quimono branco de dormir ainda estava amassado e os cabelos lisos e soltos desciam levemente bagunçados por suas costas.

– Parece que o tempo que a garota nova passou com você, surtiu efeito, não é mesmo You Ya? – perguntou Yan Yan com um sorriso dissimulado – Posso me juntar a vocês?

– Por que não? – disse a cortesã, retribuindo o sorriso.

Yan Yan sentou-se, limitando-se a encarar seu reflexo em uma xícara de porcelana.

– Yan Yan, por onde você esteve? – perguntou Yu Mai, surpresa.

– Lin me deu uma tarefa, apenas fui cumpri-la – respondeu com uma frieza incomum.

– Para algumas pessoas, quitar dívidas é um grande sacrifício... – falou You Ya abrindo um leque azul.

– Para algumas pessoas é difícil manter a língua dentro da boca – retrucou Yan Yan.

– Em um corpo como o meu, nada é preciso ser escondido.

– Yan Yan? – Mai manifestou-se timidamente – Onde você esteve?

– Certamente eu não estava recebendo clientes antes do sol nascer.

Antes que a garota pudesse entender a hostilidade presente na frase da mulher, You Ya interveio.

– Na verdade estava oferecendo seus serviços de graça aos guardas do pavilhão... Não é isso que acontecem as moças que devem e não podem pagar? – perguntou a cortesã dando um sorriso estranhamente inocente.

– O que?! – exclamou Yu Mai.

– Se a questão for essa, não há mistério em saber quem de nós duas já abriu as pernas mais vezes para receber homens – respondeu Yan Yan, tentando conter sua raiva.

– Somos prostitutas Yan Yan, é isso que fazemos.

– De fato – admitiu entre dentes.

A essa altura, o salão estava em silêncio. A briga de palavras havia sido sensacional. O único barulho que se ouvia eram as folhas das árvores caindo ao soprar do vento.

Yan Yan suspirou, não se dignou a olhar para Yu Mai. Antes de deixar o salão, bateu a mão propositalmente em uma xícara cheia de chá, espalhando o líquido pela mesa.

– Ela era sua amiga?

– Acho que sim – respondeu Mai em baixo tom.

A cortesã riu, pousando suavemente o leque em seu colo.

– Depois de tudo pelo o que você passou como pode confiar em algo tão incerto como amizade? Não existem amigas aqui Yu Mai.

Ela já havia dito aquilo uma vez, mas só agora a jovem pensou em algo.

– Então você não é uma amiga?

A cortesã encolheu os ombros.

– Posso não ser, mas a mulher que dizia sua amiga até pouco tempo só lhe deu palavras hostis, já eu lhe dei muito mais, não concorda?

Yu Mai assentiu com a cabeça ainda muito confusa com o que acabara de acontecer.


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