Terra do Ontem escrita por Sr Mokona


Capítulo 5
A carta


Notas iniciais do capítulo

Uma mulher recebe uma carta do marido de como foi o aniversario de seu avô.



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Em uma pequena cidade do interior, um delegado acorda as 02h15min da madrugada ao ouvir fortes batidas na porta da delegacia da cidade.

“Quem é?”, pergunta.

Do outro lado da porta, uma mulher responde que deseja falar urgentemente com o delegado.

O delegado dá uma olhada para a cafeteira e vai atender a chamada, deixando-a entrar. Ela apenas entrega a carta e pedi que o delegado leia; é do marido dela.

O delegado observa a mulher em frangalhos e sem entender muito, começa a ler a carta.

“Olá, querida. Está tudo bem com você?

Estou me divertindo muito, mas espero que um dia eu possa trazê-la comigo. Creio que você ainda não entenderia, mas como já expliquei, nós (minha família) somos bastante antiquados.

Ah, consegui fazer com que meu avô desse um “olá” para você, afinal, ele é o aniversariante e tem que ser bem receptivo, por mais que você não possa ter vindo. Eu tentei explicar o motivo de você não poder ter vindo, mas não sei se ele entendeu, mas o que esperar de um homem de 203 anos.

Estou me preparando para pegar o trem.

Nossa amor, foi tudo tão bonito.

Assim que cheguei fui correndo para o quarto do meu avô e como sempre, os materiais necessários para trazê-lo de volta estavam impecáveis e lindos. Você deveria ter visto o pote que continha as cabeças de moças virgens, feito artesanalmente e decorado com pó de ouro nos relevos. Lindo! Na verdade, todos os potes estavam. A não ser o pote que continha os fetos mortos, esse estava com a tampa lascada.

Não havia como começar a festa sem o aniversariante. Então, logo cedo fomos buscar o caixão no quarto da torre e levamos ele até seu quarto, onde as feiticeiras já estavam prontas para o ritual.

Quando você puder vir, ficará encantada com o ritual. Que lindo! Luzes verdes e azuis iam e viam, urros agudos dos mortos eram tão belos quanto composições de Bethoveen e Mozart (do qual prefiro). Meu avô acordou e foi logo “mamar” em uma das feiticeiras que possuía os seios maiores e com o maior decote (não sei entendo porque não foi na feiticeira que estava com os seios de fora). Mas o importante é que as outras feiticeiras foram degoladas e o sangue foi usado para energizar meu avô, mas a escolha da feiticeira que permaneceu viva demonstrou-se um erro. Ela quase arrancou o braço do meu avô para inserir o sangue.

Esse também foi o ano em que escolheram melhor aqueles que nos serviriam. Homens com cabeças em formato de escada. Mas o legal foi perceber que olhando por trás, a cabeça não era visível e olhado meio de lado, a cabeça parecia ir do pescoço ao céu, parecia não ter fim. Só olhando para entender, ou seja, magnífico! Meu tio Astecrzsph pôs dois para brigarem e eu acertei o vencedor. Como prêmio, estripei uma senhora na mesa da refeição para simbolizar o inicio da festa. Me senti honrado.
Conversamos com deuses antigos, fizemos rituais, foi o melhor aniversario do meu avô que já presenciei.

Você deveria ter visto os seres que levaram meu avô. Todos verdes-musgo que brilhavam sob a luz do luar, eram meio parecidos com cachorros ou besouros, só não descobri como urravam se não tinham cabeça.

Mas é isso. Fiquei tão excitado com tudo que não agüentei chegar para te contar, tive que escrever.

Quando a carta chegar, é porque estou perto.

Te amo.”


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