Terra do Ontem escrita por Sr Mokona


Capítulo 10
O Quarto de ferro


Notas iniciais do capítulo

Há motivos para não terem parágrafos e travessões.



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Meu nome é Wilson Russo e eu sou o primeiro a admitir que não sou um homem tão confiável para fazer algum relato. Podem procurar na internet ou provavelmente você já ouviu falar sobre mim, que sou o único homem a sobreviver o surto popularmente conhecido como “loucura de ferro”, esse nome porque as pessoas que foram infectadas com tal surto, tiveram pequenas crostas de ferro formada no couro cabeludo, juntamente com queda de cabelo e paranóia. Nesse surto, rapidamente as pessoas foram identificadas e uma das característica visíveis desse surto foi a infecção de pessoas próximas; então juntamente com as mudanças físicas características e a infecção de pessoas próximas, logo o Governo conseguiu encontrá-las e disponibilizou uma ala hospitalar para os infectados e essa ala teve que ser ampliada para todo o hospital, com direito a intervenção do exercito nos arredores do hospital. Muitos infectados tiveram que serem amarrados e sedados para não causar tantos danos a si, ao hospital e aos outros. Alguns infectados não tiveram tanta sorte de serem alojados nesse hospital por causa de alguns “acidentes de percurso”, como uma família que num surto indescritível, foi queimado pelos vizinhos. Esse tipo de historia eu deixo para quem quer se aprofundar mais; mas eu aconselho a só fazer isso quem tem “estomago forte”; não é brincadeira, aos curiosos, eu digo que não pesquisem; na verdade eu aconselho a ninguém pesquisar. Mas enfim, eu era um médico que se voluntariou para cuidar dos infectados, juntamente com meia dúzia de outros médicos. Tínhamos suprimentos de comida, de remédios, um telefone cada e roupas de proteção. Houve um dia em que tive que ir buscar roupas de cama limpa, e não havia mais nenhuma e foi nesse momento que cometi o pior erro da minha vida. Anderson, um infectado que não apresentava tanta paranóia quanto os outros, me viu saindo do armário de roupas de cama sem nenhuma e dirigiu-se a mim: “Dr. Russo, a doutora Betty pediu para que eu lhe informasse que as roupas de cama estão na sala H desse bloco”, e fechou o livro que estava na mão e saiu devagar na direção em que tinha vindo. Eu nada disse e fui a até então não-demoniaca sala H. Quando abri a porta, senti um empurrão tão forte nas costas que cai dentro da sala e fui trancado; me levantei e tentei abri-la forçando-a, mas nada aconteceu senão a minha fadiga. As pequenas brechas da janela da sala que deixavam passar pequenos feixes de luz, me informaram quando a sala ficou um breu total e percebi que estava gritando por ajuda por umas oito horas. Totalmente fadigado, fiquei e sem voz, até que devo ter desmaiado e acordado umas horas depois, apenas para me deparar com o inferno. Acordei com as brechas da janela sinalizando que o dia tinha chegado e encontrei a porta entre aberta; sem ligar para o meu cansaço, corri e sai daquela maldita sala, só para me deparar com pequenos pedaços de ferro pelo corredor e restos de corpos no chão do hospital. As paredes estavam pintadas de vermelho e os cem pacientes e meia dúzia de médicos parecia ter sumidos em meio aquela cena real e medonha com um cheiro infernal; andei até ouvir um pequeno barulho que parecia vir do corredor da escada e só parei quando vi homens armados e fardados correndo em minha direção e gritando: “peguem o infectado!”, que foi quando me deparei que estava sem o uniforme de proteção e sem cabelo algum. Gritei: “Eu sou o médico Wilson Russo! Deve ter algum engano”, e um deles gritou: “esse é o cabeça por trás da rebelião, levem-no o mais rápido que puderem” e me agarraram com força, me imobilizaram e foram me arrastando. Quando passava pelos corredores, via as camisas de força usada por alguns pacientes pelo chão e armários de remédios todo destruídos. Fui jogado de volta na sala H e a porta foi trancada; de repente ouço alguns passos na sala e algumas mãos dando-me tapinhas no ombro enquanto diziam-me: “bom trabalho”. Fiquei naquela sala imóvel o que me pareceram semanas, até que fui solto e jogado atrás das grades no hospital. Tiraram-me a crosta de ferro do couro cabeludo em cirurgia e me injetaram dúzias de remédios, até que fui mandado para casa com acompanhamento médico e vivo quase sempre em estado retardado. Escrevi esse relato porque o governo deu uma versão totalmente diferente do acontecido no hospital e bem mais suave. Tenho que rezar para que consiga entregar essa carta para alguém que consiga divulgar, mas primeiro tenho que encontrar algum modo de entrar em contato com outras pessoas que não sejam os médicos do governo.


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