–O Palácio Presidencial. A festa do ano. - dizia Harley, toda animada. - Sorriso no rosto, peito para fora e barriga para dentro. Haverá fotógrafos, jornalistas, todos virão para festejar você, minha vencedora. Absorva tudo, querida. Isso é tudo só para você.

–Maravilha. - murmurei.

Harley estava usando uma roupa verde toda cheia de brilhos e enfeites. Traje bem exagerado estilo capital. Sério, as pessoas que criaram a moda daquele lugar eram bem perturbadas! Já eu, eu usava um vestido longo azul marinho que se desfazia em cima e em baixo em prata. Usava um coque e estava cheia de maquiagem, mas não de uma forma que me deixasse feia e brega.

–Venha. - falou Harley.

Nós atravessamos uma multidão de pessoas, que me aplaudia, e algumas pessoas até tocavam em mim. Eu tentava não olhar para elas com o olhar ameaçador de não me toque, mas já estava ficando complicado.

Harley passou comigo pelo salão inteiro me apresentando a todos. Lá as pessoas eram diferentes, tinham um ar esnobe, e eram ricas. Lá estava cheio de atrações diversas, das quais não vou nem perder tempo narrando.

Mas sobre uma coisa eu tenho que falar: a comida. Haviam mesas fartas, entupidas de comidas. Eu posso ser do tipo que come muito quando pode, mas de ver aquilo tudo eu já fiquei um pouco tonta. Em nenhuma festa da minha vida eu tinha visto uma quantidade tão absurda de alimentos em uma comemoração só.

Depois de um tempo, eu já estava farta de tanto comer. Bem que eu estava precisando, fazia tempo que não tinha uma refeição decente (tirando as vezes que parava para comer na casa da vila dos vencedores).

–Prove isto. - disse uma amiga de Harley.

–Acho melhor não, já estou cheia.

–Tome. - ela me deu um líquido estranho.

–O que é isso?

–Faz você vomitar, para quando você estiver cheio. Assim você pode continuar comendo.

–Não, obrigada. - devolvi a taça. – Eu prefiro ficar cheia.

Fui para perto de uma área da festa e fiquei observando as pessoas dançando. Não tinha com quem dançar. Uma quantidade considerável de garotos não tão charmosos e encantadores como o esperado me pediram, mas eu recusei. Eu só fiquei lá, encostada em uma pilastra, observando.

De repente, no meio dos casais dançantes, eu pude me ver dançando com Déniel. Óbvio que era só uma ilusão, um sonho, um devaneio. Mas me imaginar lá, dançando com ele...por que ele tinha que ter morrido nos Jogos...

Mas, interrompendo o meu belo sonho onde eu finalmente estava com alguém charmoso, Harley, surgiu do nada e me conduziu para outro local, dizendo:

–Ana, venha, o presidente espera. - disse Harley, surgindo do nada e me conduzindo para outro local.

Em uma varanda de uma grande mansão surgiu Snow, que começou a falar, uma vez que os aplausos haviam acabado.

–Esta noite, no último dia da turnê, quero dar as boas-vindas à nossa vencedora. Uma jovem que encarna nossos ideais de força e valor. Sua força nos inspirou e sei que continuará a nos inspirar, todos os dias, enquanto viver.

A multidão vibrou com o discurso e começou uma explosão de fogos de artifício.

***

Uma vez que a festa acabou, embarcamos no trem de volta para o nosso distrito. Estava acabado, poderia finalmente sair daquele lugar...era a hora de chamar Kryn, o verdadeiro Kryn...

Estava na hora de mudar de posição. Algo dentro de mim dizia que parar nos Jogos não tinha sido mera coincidência. Mal eu sabia o que eu estava para me tornar. Eu tinha que encarar a verdade, depois daquele dia, eu percebi, eu tinha que me transformar em outra pessoa para sobreviver. Sonho ou não, eu tinha que viver. Eu tinha que descobrir a verdade.

Estava na hora de buscar minhas respostas.

Aqui acaba o Ato 1.