No Need to Say GoodBye escrita por Céu Costa, Raio de Luz


Capítulo 24
Madrugada e Alvorecer




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Pov Zahra Guardiã

A Lua brilhava. Daqui do alto do vitral, eu posso ver o salão dos Quatro Tronos. Rei Franco, Rainha Helena, Rei Edmundo e Rei Tirian ainda estão lá, desde o conselho de hoje de tarde. Parecem concentrados, planejando e discutindo. Eu não queria que nada disso estivesse acontecendo. Já vi conselhos e planejamentos de guerra muitas e muitas vezes. A pior parte sempre é a espera. Esperar pelo que vai acontecer. Esperar, geralmente pelo fim.

Desviando um pouco o olhar, posso ver o jardim aqui ao lado. A água da fonte ainda corre calma e serena, como se ignorasse completamente a tensão que decaiu sobre o castelo. Rilian estava lá, com olhar alto. Ai, como ele pode ser tão.... não sei, estou brava demais para dizer.

– O que está olhando? - eu pousei do lado dele. Rilian olhou para mim, com um sorriso no rosto. E depois voltou a olhar para cima. O que será que ele....

– Aquele imbecil! - ouvi os gritos de Cristal. Vinham do quarto dela. Estava com a luz acesa, e a varanda aberta. - Idiota! Como pode querer se suicidar? Ele não tem cérebro naquela cabeça loira? Burro! Eu juro que se ele sobreviver, eu mesma mato aquele desgraçado! Idiotaaaa!

– Calma, Cristal... - Rainha Lúcia tentou ajudar - Por favor, tente se acalmar...

– Calma? Calma?! - Cristal retrucou– Como posso ter calma? Aquele retardado vai se matar! Tá pulando no abismo sem bungee-jump! Caindo sem para-quedas! Ele vai se matar, e eu nem ao menos posso impedir, porque aquele otário NÃO ME ESCUTA!

– Acha que ela ficou brava comigo? - ele perguntou, com ar risonho.

Um vaso foi arremessado do quarto dela, caindo perto de nós, e quebrando-se completamente.

– Não sei porque você acha isso. - eu ri, fazendo-o rir também.

Eu sentei do lado dele na fonte. Cristal ainda gritou por um bom tempo. Eu entendo ela. Entendo completamente.

– Ela não está errada em estar furiosa. - eu sussurrei.

– Por que diz isso? - ele me olhou.

– Sabe... - eu continuei, ainda um pouco suave - o que você está fazendo, é suicídio. Vera te conhece. Ela já te aprisionou por quase dez anos, não lembra? Ela envenenou sua mente, e toda vez que você se lembrava de Aslan, ela te trancava em um quarto, em uma cadeira de prata, onde você clamava por ajuda, e nunca se libertava. Se não fosse pelo Eustáquio, a Jill e o Brejeiro, eu.... não gosto nem de pensar no que poderia ter acontecido...

– Zahra... - ele segurou minha mão suavemente - Você também deve lembrar do que aconteceu. Aslan mandou eles, não foi? Eu fui salvo. E depois de liberto, ainda cravei minha espada na Vera, aquela cobra peçonhenta. Eu já a venci uma vez. Posso vencer denovo.

– Não, Rilian, você não entende... - eu sentia as lágrimas se formando lentamente - Você vai para as Terras Sombrias. Aquele lugar é tão hostil, que nenhuma estrela consegue ver o que acontece lá embaixo. Não vai ter Eustáquio, Jill, Brejeiro... Não vai ter ajuda! Eu nem ao menos vou poder te ver! Você vai estar sozinho lá...

– Então, será uma aventura da qual eu jamais vou esquecer. - ele sorriu. - Falarão sobre meus feitos em canções, e os livros de história registração o que acontecer. Serei um herói.

– Você já é! Será que não consegue entender? - eu solucei - Os livros já contam sua história, e as canções já glorificam seus feitos! Em vida! Não faça isso, Rilian! Se for, ninguém poderá garantir que vai voltar!

– E tem motivo mais empolgante para eu ir? - ele disse, com um sorriso nos lábios. - Não chore por mim, Zahra. Vai ficar tudo bem! E se não ficar, o que tem? Pelo menos, ainda tive uma aventura.

O olhar tão confiante dele abriu um sorriso no meu rosto.

– Eu estive sempre observando você... - eu sussurrei - Nunca pensei que também veria sua morte...

– Ah, Zahra! - ele segurou minha outra mão - Estamos na Nárnia Eterna! Ninguém pode morrer.

– Mas você ainda pode não voltar. - eu fechei os olhos.

– Então você me buscaria. - ele soou tão confiante.

– Como se eu pudesse... - eu desanimei.

– Todos estão quebrando regras agora. - ele riu. - Só porque é um anjo, acha que não poderia?

– Você promete se entender com Aslan por mim? - eu arqueei a sombracelha.

– Prometo. - ele disse, confiante.

– Então eu busco. - eu sorri - Mas me promete uma coisa?

– Claro!

– Promete que eu não vou precisar te buscar?

Ele apenas riu, mas não conseguiu me responder. Ele sabia que não poderia me prometer. Aquilo me fez me sentir tão mal, que as lágrimas começaram a rolar por meu rosto. Rilian percebeu isso, e abraçou-me com força, fazendo-me chorar ainda mais. Eu não queria nem pensar no que ele iria enfrentar lá embaixo. Aquele lugar é o lugar que castido, dor e sofrimento eternos, preparado para todos aqueles que foram infiés, traidores, maus e cruéis. Mal posso imaginar os horrores que meu protegido vai passar lá. E eu nem poderei ver! Aquela neblina negra e densa, não permite que nenhuma luz entre lá, nenhuma estrela pode ver, e eu também não.

– Lilliandil vai me matar... - eu solucei, fazendo ele rir - Vou arrumar briga com sua mãe por causa de sua teimosia, menino!

– Zahra!... - ele riu - Já se esqueceu?.... Não sou mais um menino.

***

O céu começou a se iluminar com os tons rosas, laranjas e amarelos da alvorada. Eu e Rilian passamos a noite, sentados aqui no jardim, apenas conversando. Agora, ele está adormecido, recostado suavemente em meu ombro, enquanto minhas asas o aquecem. Eu não consegui dormir, nem um momento sequer. Fiquei apenas ali, sentada, observando ele. Uma última noite, observando meu protegido.

– Bom dia, meu anjo... - ele sussurrou, abrindo os olhos lentamente.

– Bom dia, meu rei... - eu repondi, com um sorriso suave.

Ele olhou para mim, erguendo a cabeça suavemente. Seus olhos verdes brilhavam com a luz colorida e manhosa da alvorada.

– Será que eu posso dormir mais um pouco? - ele perguntou.

– Por mim, dormiria o quanto quisesse... - eu o abracei um pouco mais forte, com o braço que o segurou a noite toda - Mas você está determinado demais para isso...

– Ainda magoada, meu anjo? - ele sussurrou.

– Nunca vou me perdoar por isso. - eu fechei os olhos com força.

– Eu também não. - ele respondeu - Principalmente porque a culpa não é sua. É minha.

– Vamos, meu culpado. - eu me levantei - Vamos te preparar.

Rilian voltou para o castelo, enquanto eu voava para o estábulo. Lá dentro, Guaia estava adormecida, bem como todos os outros cavalos. Eu adentrei, e vi uma figura ali, parada, acariciando um cavalo castanho.

– Como está meu filho? - Rei Caspian perguntou, olhando para seu cavalo.

– Mais determinado do que nunca. - eu respondi, me aproximando.

– Destro é o meu melhor amigo. - ele mexeu no focinho do cavalo - Tem sido muito leal, e um bom companheiro de aventuras. Meu filho não poderia querer companheiro melhor para essa jornada.

– Vai dar Destro pra ele? - eu perguntei.

– Dar? Não! Destro é meu e só meu! - ele se assustou - Vou emprestar.

– Prometo fazer o possível para devolver, então! - Rilian disse, entrando.

Ele usava uma capa cinza, e mantinha uma espada atada ao cinto. Usava também um colete de ferro, e roupas escuras, difíceis para reconhecê-lo como narniano.

Com a ajuda de seu pai, eles celaram Destro, e Rilian logo montou, trotando um pouco.

– Você me lembra sua mãe. - Caspian suspirou - Na vez que eu a ensinei a cavalgar pela primeira vez.

– Obrigado, pai. - ele sorriu, e vez o cavalo trotar mais rápido, saindo do estábulo.

– Só não vá cair igual ela! - Caspian gritou.

Rilian cavalgou, saindo das fronteiras do reino. Eu voei, seguindo-o, mas quando ele chegou perto das Montanhas Externas, eu tive que parar. Agora, meu protegido está entregue à própria sorte. E talvez nem Aslan possa livrá-lo agora.


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Notas finais do capítulo

Agora, vamos torcer pra que o Rilian fique bem!



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