Era uma noite chuvosa e fria em Fratner, Leo se escondia dos guardas da rainha de fogo. O reino estava em uma guerra terrível, e ele tentava falhadamente salvar a princesa a comando do rei, lutando com uma espada e o peito estufado. Derrubara imensos homens muito maiores do que si, um garoto que aparentava ter apenas dez anos, mas que se mostrava muito ágil.

Mas em um momento rápido e preciso, um dos guardas o encurralou, colocando a espada que carregava contra o pescoço de Leo e fez um gesto para os outros guardas que estavam ali, junto dele, se afastarem. Dali em diante era com aquele guarda. Eles se afastaram, deixando os dois a sós e tranquilos, quando o guarda tira o capacete da armadura e sussurra para Leo o que ele não poderia recusar a fazer.

— Tem que fugir para longe, meu filho. É perigoso para a princesa e para você aqui. Vá para o norte, onde encontrará a rainha Zoella. Diga para ela que você tem a habilidade e ela o protegerá. — o guarda retira o manto que estava nas costas de Leo e coloca em sua mão, o sujando um pouco de sangue. O cavalo do guarda estava esperando o menino mais a frente, como se tudo ali estivesse planejado. — Irão achar que está morto, até o dia certo, você retornará e será aquele que o rei sempre imaginou. Boa sorte.

Leo assentiu com medo e os olhos arregalados, fez o que o guarda pediu e ao longe, viu o guarda correndo, acenando de costas e assentiu, como um "obrigado" para o silêncio da noite escura como breu, sem olhar para trás e para a batalha sangrenta que deixara de participar com o bebê em seus braços. Definitivamente uma noite obscura de Fratner.

Ele cavalgava com o manto de seda marrom envolvendo o bebê em seu colo, ela dormia calmamente sem se dar conta do que acontecia em sua volta. Quando o sol começou a raiar, ele viu a sua frente um castelo branco e grande, que resplandecia harmonia e risadas, flores brancas cresciam nos belos jardins que enfeitavam ao redor do castelo.

Sujo de sangue, molhado da chuva e cansado das lutas e das desavenças da noite anterior, ele clama por ajuda e adentra no castelo, onde nota enormes salões enfeitados com branco, dourado e vermelho, com poucos enfeites ou detalhes, apenas cores. Curioso, mas sutil.

Ele andou exausto até uma mulher que refletia alegria. Ela vestia um grande vestido branco e a trança bem feita em seu cabelo cor de ouro. Ela tinha flores estampadas em seu vestido e uma linda flor branca atrás da orelha.

Assim que ela o viu, naquele estado, chamou duas mulheres que traziam bacias de prata resplandecendo uma água cristalina, puramente limpa, com um vapor morno flutuando acima dos recipientes. E panos.

- O que o traz aqui, adorável viajante? - disse, o acolhendo, enquanto as mulheres o ajudavam com o bebê e seus trajes, sujos de lama e sangue.

— O rei de James me enviou, me orientando pedir ajuda para a senhora. Ele disse que se eu falasse que eu tenho a habilidade, a senhora me ajudaria. — O menino dizia, enquanto tinha seu rosto limpo por uma menina ruiva, que sorria enquanto passava o pano quente em seu rosto.

A rainha assumiu uma expressão de preocupação e espanto na mesma hora. Rei James? A quantos anos não ouvira seu nome?

- Por favor me acompanhe, depressa. - ela disse, afastando as criadas de Leo, com gentileza. - Mirella, emergência, querida. Eu sei que você é nova e que quer mostrar o quanto é capacitada em seu trabalho, mas é preciso. Depois, sim? Obrigada. A menina de cabelos ruivos assentiu, enquanto a rainha Zoella acompanhava Leo para uma sala privada, ao leste de uma das torres do castelo, com o braço sob os ombros do garoto, andando rápido.

— O que é a habilidade, rainha Zoella? — Leo perguntou, inocentemente. A rainha andava apressadamente e atordoada. Ela murmurava coisas baixas.

— Leonard, a habilidade é um poder antigo, uma magia antiga. No nosso país, é difícil nascer com esse poder. Você e a pequena Sophie estão em perigo, em grande perigo. – Zoella pronunciou tão rápido, que Leo quase não entendeu o que ela quis dizer.

- Mas acalme-se, pequeno. Vamos para a torre. Aqui, não se sabe ao certo quem é aliado ou não, as paredes tem ouvidos e nós nunca sabemos quando elas gostam de falar a verdade ou brincar de telefone sem fio. - os olhos da rainha Zoella adquiriram uma cor que antes azul, agora amarelos. Leo notou, mas manteve-se impassível e continuou andando, sendo guiado pela rainha.

A expressão de alegria da rainha agora parecia não significar nada. Ela disse aquelas palavras com puro ódio, e era óbvio que Leo não podia se intrometer em alguns assuntos, mas a curiosidade não lhe dava direito.

Assim que eles entraram dentro de uma sala, a rainha trancou a porta, suas mãos tremiam e a chave quase caía de sua mão.

— Eu poderia somente falar sobre como isso pode ser perigoso ou em como você pode fugir de tudo isso. Mas é uma coisa irreversível, daqui a 5 dias ela crescerá, e não parará. Você irá se transformar e o círculo vai se repetir. – novamente, Zoella pronunciou as palavras tão rápido que Leo não conseguia entender sobre o que ela poderia estar dizendo. Mas dessa vez se pronunciou.

- Eu sei que é faltar um pouco com respeito à senhora, vossa majestade, mas pode falar a minha língua, por favor? - disse Leo, deixando explícito que não estava entendendo nada, mas ainda sim com medo do que a rainha poderia estar falando ou insinuando, ou até mesmo do que ela poderia fazer com ele dali em diante, mas mesmo assim disse o que o deixou inseguro. O que, para sua surpresa, apenas fez a rainha sorrir. Obviamente, ironicamente, ...mas se ela sorriu, isso deve ter sido um bom sinal., pensou.

— Meu querido... você não sabe de absolutamente, nada? — ela perguntou, suplicando alguma coisa que aparentemente o garoto, de somente dez anos não sabia. —Como ele é capaz de suplicar minha ajuda e me mandar, a fera, sem ele saber exatamente nada? – ela murmurou, para si mesma.

— Não senhora, eu não sei de absolutamente nada. — ele diz, desejando não estar ali naquele momento.

— Você e a Sophie sofrem uma maldição, uma terrível maldição que leva vocês ou à loucura, ou à morte. Mas vocês são condenados a viver de 100 em 100 anos, se apaixonando e morrendo um nas mãos do outro. — ela disse, com exatidão.

- Eu e James decidimos que é muito perigoso para vocês aqui, então... iremos ter que matar um de vocês, para o outro viver em boas mãos e ter uma morte, finalmente, boa. — a rainha continuou, tirando a adaga de dentro de uma gaveta e a apontando para Leonard. Seus olhos adquiriram uma coloração vermelha, e assim que Leonard olhou para baixo viu o lindo vestido branco da rainha decorando em um canto ali com rosas e o lado oposto não, agora molhado pelo o sangue do eternamente amaldiçoado.

- Por quê... - Leo pronunciou suas últimas palavras como um sussurro, mas com uma curiosidade que ninguém poderia ter dito que existia ali. Mas as últimas palavras do garoto foram um mistério, afinal, o eternamente amaldiçoado teria acabado com a maldição ali...?

Os olhos arregalados, uma adaga no peito e o sangue vermelho carmim caindo em gotas nas mãos da rainha e escorrendo pela adaga a fizeram voltar à realidade. Os olhos antes vermelhos agora eram azuis como céu de verão, e ela voltou a caminhar pelo palácio como se nada houvesse sequer acontecido.

Será?