"Como sabemos quem é a pessoa certa? Vem escrito em algum lugar? Sentimos isso ao vê-la? Ou é apenas normal, e o destino continua o serviço de nos fazer ficar juntos?
Acharia mais fácil um letreiro em cima da pessoa, com letras bem coloridas e iluminadas escrito PESSOA CERTA. Assim saberíamos mais fácil por quem lutaríamos, sem se machucar. Ou talvez se machucar, mas pelo menos ter a certeza que tudo vai dar certo no final."

A professora me fuzilou com os olhos, e larguei imediatamente o lápis, fechando meu caderninho, me debruçando sobre ele. Suspirei pesadamente me sentido extremamente cansada.

— Na próxima aula — A professora continuava — Quero ver as duplas formadas para esse trabalho, e darei as próximas instruções. Não esqueçam! Uma menina e um menino.

Os alunos cochichavam animados. As meninas faziam planos para conseguir fazer duplas com os garotos que mais lhe interessavam na turma. Não havia nenhum que me interessava. Isso me deixava mais desanimada para qualquer coisa. Talvez eu faça o trabalho com Alexy, já que Rosalya talvez faça com Lysandre.

— Estão dispensados.

**

— Você está brincando? Eu adorei esse trabalho! — Rosalya quicava em sua cadeira, com a boca cheia.

— Claro que você adorou. Fará com Lysandre — Alexy dizia balançando seu garfo de um lado pro outro.

— Você irá fazer com a minha melhor amiga. Não reclame.

— Não estou reclamando, amor. Estou apenas dizendo que quero um homem. HOMEM. E aposto que a Liz não é um.

— Claro que não sou — Respondi com a boca cheia, e Alexy balançou a cabeça, sorrindo.

Ficamos um tempo conversando, até recolhermos nossos pratos e irmos para a sala, esperar o horário de aula.

Vamos por partes. Rosalya é minha melhor amiga. Desde a quinta série, até agora, não tenho o que reclamar dela. Sempre esteve comigo em todos os momentos da minha vida. Ela é minha irmã. Não tem como contestar isso. Já decidimos até onde moraremos durante a faculdade, porque sim, moraremos juntas. Rosalya está ficando atualmente com Lysandre, um dos gatos do colégio da nossa turma. Ela sempre teve meio que essa vontade de ficar com ele. Vamos combinar uma coisa. Quem nunca teve vontade de ficar com ele? Sério, eu já tive. Mas os dois são lindos juntos, então Lysandre virou oficialmente pra mim uma menina.

Alexy veio depois de Rosalya. Esse ano, no segundo ano do ensino médio. Ele é um dos meninos mais gatos do colégio. Alexy, meu fiel escudeiro, totalmente e absolutamente gay — o que é um desperdício, já que ele é maravilhoso — é colado em mim, e rola um ciúme com Rosalya. Alexy não quer ninguém da escola, pelo menos ele não me disse nada, mas isso não o impede de sair a noite e pegar quantos caras quiser. Sério, eu já sai com ele. Ele pega quantos ele quiser. Também, com a beleza dele.

— Não aguento mais essa escola! — Alexy gritou, se jogando na sua carteira.

Os alunos foram entrando na sala, sentando em seus lugares.

— Cala essa boca! — Rosalya o cutucou.

— Tá vendo aquele garoto ali? — Alexy apontou para Lysandre que entrava na sala — Vai encher o saco dele.

Rosalya deu língua, se levantando e entrelaçando seus braços brancos em volta do pescoço de Lysandre, lhe dando um beijo. Alexy fez careta, e cara de nojo mas parou imediatamente ao avistar ao mesmo tempo que eu um aluno entrando na sala. O que eu posso dizer? Impactante?

Branco, alto, ruivo, musculoso, estiloso. Ótimas palavras pra definir o garoto que entrou na sala. Eu definitivamente nunca o vi na escola. Disso eu tenho certeza. Lindo demais para eu ter esquecido dele. Impactante demais para ter passado despercebido. Com toda a certeza, um aluno novo.

— Senta aqui, Castiel — Lysandre puxou uma cadeira perto do grupo e deu tapinhas nela.

O garoto jogou sua mochila preta, e se sentou, enquanto observava o ficante da minha melhor amiga se sentando, e a minha melhor amiga também. Virei meu rosto pro lado, e Alexy ainda encarava embabacado o ruivo que aparentemente é um amigo do ficante da nossa melhor amiga. Uau. Finalmente um garoto para abalar as estruturas de Alexy. Mas o garoto tem totalmente jeito de hétero.

— Esse é o seu amigo? — Perguntou Rosalya, debruçada sobre Lysandre.

— Arrã — Confirmou Lysandre olhando pra mim, Alexy e Rosalya. — Pessoal, esse é o Castiel. — Castiel olhou pra mim e Alexy talvez pela primeira vez. — Castiel, esses são Rosalya, Alexy e Elizabeth. — Nossos olhos se encontraram assim que Lysandre disse meu nome.

— Muito prazer em conhecê-lo. — Alexy sorriu de orelha a orelha, e Castiel deu apenas um sorriso de canto. Acenei com a cabeça, e ele continuou com seu sorriso de canto.

— Todos sentados. — Faraize entrou na sala, com seu livro embaixo do braço. Mais aula entediante.

**

A hora seguinte até que passou rápido. Fiquei com minha cabeça baixa, prestando atenção em tudo o que Faraize dizia enquanto rabiscava alguns versos de música em meu caderninho vermelho. Ele é o professor mais gente boa. Ele deixa a gente conversar, viajar durante a aula, desde que nas provas tenhamos notas boas. Isso é fácil, porque ele é um bom professor, e entender tudo o que ele fala sempre é fácil. Mas, colar durante a aula dele é impossível. Faraize tem quatro olhos. Nada escapa da supervisão dele. Falo por experiência própria.

— Liz, você não sabe. — Alexy começou, enquanto guardávamos nosso material — Violette me chamou para fazer o trabalho com ela. Eu nem disse que já tenho parceira. Ela é tão fofa e legal.

— Hum, faz com ela Alexy. — Falei — Eu caço outro parceiro. Olha, tem meu primo também. Eu posso chantageá-lo pra fazer comigo. É fácil.

— Tem certeza? Você sabe que eu te amo demais, mas eu também amo muito a Vio. — Ele juntou as sobrancelhas. — Eu fico dividido.

— Tenho, bobo. Olha, assim que eu chegar em casa, falo com o Dake. — Sorri, jogando a mochila sobre o ombro.

Violette. A garota mais fofa da sala. Sério, é muito amor. Ela é totalmente tímida, linda, fofa, inteligente e completamente apaixonada por Alexy. Já conversei com ela sobre isso, e ela sabe que é uma história meio improvável. Ela não se ilude, e é muito forte. Eu admiro isso nela. Mas ela acaba se machucando, tenho certeza disso. E mesmo assim ela age como se nada tivesse a incomodando. Alexy não sabe dos sentimentos dela.

Dake. Dakota. Meu primo. O que eu vou dizer dele? Hétero, cafajeste, lindo, musculoso, loiro de farmácia e destruidor de corações. Um ano mais velho que eu na escola. Ele tenta, a muito tempo, ficar comigo. Só tenta, porque conheço os joguinhos dele. Comigo não funciona. Moramos juntos, com meus pais. Os pais dele estão em outro país, e ele acabou ficando com a gente. Ele já é de maior, então não tem problemas. Mas, meus pais estão sempre trabalhando, então na maior parte do tempo ficamos sozinhos juntos em casa. Tenho medo disso as vezes. Mas eu o amo. Somos irmãos. Não somos mais primos. Hoje ele não foi a escola, porque acordou com febre. Tenho certeza que irá me explorar quando eu chegar em casa.

— E o Dake? — Rosalya perguntou, enquanto estávamos no ponto de ônibus.

— Em casa, morrendo. Me mandou mensagem. Disse que não aguenta mais comer biscoito. Quer lasanha. — Revirei os olhos, e todos rimos. Todos, menos o ruivo.

— Então, Castiel... — Alexy começou, olhando pro ruivo — Porque se transferiu no meio do ano?

— Fui expulso da outra escola. — Ele disse sem rodeios.

— Porque? — Rosalya entrou na conversa.

— Quebrei a cara de um garoto — Deu de ombros.

— E porque? — Insisti.

— Porque era babaca. Me irritava. Bom, quando eu vi ele me implorando pra parar, me senti muito satisfeito. — Sorriu de canto.

— Ele é um selvagem. Ignorem algumas atitudes dele. — Lysandre pediu.

— Adoro selvagens — Alexy sussurrou no meu ouvido.

— Castiel, tem um trabalho de geografia pra fazer — Lysandre o informou — A professora passou hoje. É em duplas. Menina com menino.

— Tem alguma menina sobrando? — Castiel perguntou e Alexy apontou pra mim.

— Vocês não iam fazer juntos? — Rosalya perguntou.

— Violette pediu pra fazer comigo, e Liz falou que depois procurava outro par. Na verdade, ela ia chantagear Dake, mas ele provavelmente vai fazer com a ficante dele.

— Violette né? — Lysandre sorriu maliciosamente, fazendo Alexy revirar os olhos.

— Sou gay. Por favor.

— Ah, eu posso fazer com o Castiel. — Falei.

— Então tá. — Ele concordou e novamente nossos olhos se encontraram. Cinza com Preto.